E acabou o amor.
Sinto pelos senhores que vão dedicando o sentimento à pessoa que vos acompanha, porém quando as intempéries da vida mostram-se superiores à vontade de amar, diz-se que acabou o amor.
E se acabou o amor, que bom que acabou o amor.
Tenho eu, meus conselhos bem firmes para que possam seguir suas respectivas vidas sem olhar pra trás, para que possam caminhar de mãos soltas e livres pelos caminhos que desejarem sem que a obrigação horrível de dar satisfações lhes caia sobre os ombros, sem que o peso do ciúme alheio lhes roa o resto de paciência que ainda persistiu em permanecer dentro de seus corações, e por falar em coração, larguem de mão esse órgão vermelho e fofinho que faz o sangue jorrar, pois coisa assim que passa a vida inteira sangrando sem morrer não pode ser coisa boa de jeito nenhum...
Foi-se o tempo em que o amor era dado como sentimento bonito e verdadeiro, foi-se o tempo em que podia-se acreditar nas palavras empoeiradas retiradas daqueles livrinhos de cabeceira onde os mais lindos poemas repousavam, foi-se o tempo, e que bom que foi-se o tempo em que o amor existia... hoje o amor acabou.
Acabou assim como o planeta faz esquentando, e os cientistas gritam que acabará a água, o petróleo, acabará o carvão, acabará a comida... o que acabou primeiro foi o amor, e vamos ser honestos, acabou o que podia já ter acabado antes.
Não sei, não sei!
Se você já amou de verdade talvez discorde das minhas opiniões, talvez haja aqueles que pensem diferente, dirão os mais emocionados que estou completamente errado, que o amor não acabou e jamais irá acabar, força alguma pode ser mais forte do que ele e somente ele há de elevar o espírito do fraco, reforçar a esperança do covarde, encorajar o tolo, dar motivos para que as pessoas acordem pela manhã e vão dormir pela noite com o pensamento dedicado inteira e exclusivamente àquela pessoa especial, a qual dizem amar...
Mas aí que mora o problema, meu bem. As pessoas que dizem amar só dizem amar, e deveras não amam como pede o verbo, não praticam a ação, e se praticam, mal praticam, pois a escola do sentimento ainda não foi inventada, não há aquela cartilha básica orientando os amantes a amarem, ninguém sabe, de verdade, como se faz essa coisa de amar outra pessoa...
Será verdade o que diz o padre, ou o empolgado pastor, nas cerimônias caríssimas de casamento, a empresa mais hipócrita da sociedade...?
Juras eternas de amor, promessas que, por promessas serem, já nascem aptas a quebrarem-se como cacos de vidro no chão, tal qual a confiança, uma vez perdida, ainda que se tente colar os pedaços, jamais voltará a ser a mesma...
Sei lá, hein senhores... ou melhor, não sei, não sei!
Fui dedicado, fui dedilhado, fui intenso em minhas palavras, fui o que sempre fui, e por reconhecer que antes fora o que fui em outros momentos, admiti pra mim mesmo que me plagiei diversas vezes; concluí, sensato, que o amor deve ser exclusivo nas atitudes, que o amor não se repete mais de uma vez; concluí também que entro em contradição comigo mesmo na tentativa básica de explorar o exercício do amor, pois tentando e obtendo o erro, logicamente repete-se o intento até adquirir êxito... outros plágios.
Não me dirão o que pensam, não discordarão de mim, muito menos concordarão, os que me lêem e os que me conhecem e já ouviram de boca alguns dos meus pensamentos, porém ratifico cada uma das minhas opiniões. Jamais saberão do que se trata, jamais saberão o que fazer, jamais poderão admitir com veemência e veracidade que amam determinada pessoa, pois amor não se diz, amor se sente...
Mas quer saber legal...?
Não sei, não sei!