domingo, 26 de abril de 2009

Um cachorro adestrado

Vamos reviver aquilo que já atormentou meus anos mais jovens.
Na verdade, nesse momento aproveito pra dizer que o pior já passou e agora só fica a sensação do que poderia ter sido e as lembranças de algo que não aconteceu; nossa mente faz questão de inventar todas as situações possíveis, brincando como criança nesses jogos perigosos. E eu embarco nessa onda, ou surfo nesse barco, pois o ócio toma conta do meu instante e nada mais interessante do que mexer nas coisas do sentimento passa pela minha cabeça.
Eu, do fundo do meu coração, me desculpo por te culpar por todas as coisas que eu não pude fazer. E eu me machuquei machucando você. É assim mesmo que aconteceu ou só a letra da canção que sopra nos meus ouvidos uma inspiração momentânea? Sei lá, nem me interessa saber. Tudo o que poderia oferecer caiu por terra e ainda vejo escorrendo pelo ralo sem vontade de fazê-lo voltar só por um orgulho que cultivo dentro de mim há tantos anos e não me desfaria dele por nada. Como uma mãe que tem no filho o amor mais sincero do mundo mesmo sabendo de sua má índole.
E sempre disse que mulheres difíceis apaixonam meu sentimento. Mas esqueci de mencionar o simples fato de que meu orgulho é pai da dificuldade e não poderiam jamais se bater para que faíscas de amor queimassem nossos rostos. Uma família separada traz menos dor do que uma vida inteira de diferenças juntos.
Mas ainda assim, se tudo fosse menos egoísta e o coração não fosse tão cruel com todas as suas posses e más intenções para com os seus portadores, a vida a dois seria bem interessante pra nós. Claro que o meu convencimento é notável nessa hora, mas não digo isso como um tom humorístico, digo do fundo do meu coração que minhas ações seriam todas as possíveis pra que brotasse a cada segundo um sorriso no rosto lindo que Deus lhe deu. E também brotaria um sorriso no rosto meu sempre que lembrasse que o rosto seu pertencia a mim.
Mas ainda assim veríamos o futuro de outra maneira. Dois olhos quando miram um horizonte enxergam bem mais longe, e não seria exagero se dissesse ao pé do seu ouvido que te amo e que te quereria pro resto da minha vida. Por mais que não fosse verdade, por mais que a hipérbole se fizesse dona das minhas palavras, por mais que tudo em volta provasse o contrário, sei que você acreditaria... sei que você sorriria de novo pra mim e diria que seu desejo também era de estar comigo nos momentos eternos que a vida nos reservaria.
Bem utópico, o meu amor. Mas eu sou todo uma utopia infinita. E nem sequer tens a intenção, a boa vontade de ler as letras que dedico à sua beleza, cruel como és, pisas na minha paixão sempre com um sorriso no rosto e uma palavra que me conforta e me faz acreditar que a verdade é essa que está mesmo estampada no ar. Tu és assim e nada te mudará. Linda e indecente na sua vergonha e não depende de mim pra ser feliz, pois ainda não se envenenou com minhas mentiras. Ouve tudo e nada em ti fica.
Morro de medo de saber que seres assim existem e preocupo-me imensamente com o futuro, antes promissor, das minhas paixões incontidas. Temo pelo meu sofrimento pois amo como ama um amante desesperado. Como um cachorro de apartamento que é solto nas ruas pela primeira vez.
Morro de medo de ser atropelado.
P.V. 20:22 22/04/09

Pérola Negra

Tu me beijas dentro do transporte coletivo justamente quando a coletividade mostrava-se exagerada e nem assim teme pelo que possa acontecer. Mas também admito que não temo pelo que pensam os alheios transeuntes estáticos que nos cercavam no momento que colaram-se as bocas no chacoalhar do ônibus. Meça suas palavras quando as dirigir pra mim pois posso acreditar em tudo que me dizes e assim teria um pouco mais de elevação o meu ego que já não se agüenta mais de tão alto que sobe todos os dias. Quando, na verdade, eu que deveria chutar sua bola pois ela é redonda e pisca pra mim pedindo meu pé.
Era só um encontro marcado no fim do feriado que todo mundo queria enforcar mesmo depois que o portador do nome dado ao dia já ter sido enforcado na data de sua morte. E caía, nervosa, a chuva lá fora como anunciando uma noite de frio que pede corpos quentes a aquecerem-se mutuamente. Tudo muito propício ao amor. Um feriado, a chuva, a noite, um encontro. E ainda dizem que as coisas não são escritas... Como não, se justamente nesse momento passo meus minutos derradeiros do dia martelando as teclas do meu negro computador que brilha frente aos meus olhos, fazendo doer o que ainda me resta de retina...?
Pérola Negra é o que há.
Pérola Negra é o que toca.
Toca de leve na minha orelha e faz de mim um escravo, pois a negação eu não mais domino. Nem sequer faço questão de dominar. Certas vezes na vida, devemos deixar de lado os problemas que nos assolam pra dar lugar à alegria que nos é enviada. Como uma blusa molhada é tirada pelas pernas dentro do metrô, eu dou as costas para o que de mal tenta vir de encontro a mim. A blusa molhada sai, o mal também.
Palavras soltas no meio de uma multidão nunca são ouvidas, mas se bem pronunciadas em seus devidos locais, mostram-se muito interessante de serem escutadas. Mas ninguém sabia dizer palavras construtivas, somente as frases já conhecidas que despertam o sorriso largado e escandaloso a atrair toda a atenção dos passageiros que cercavam a dupla. Ninguém se preocupa com os outros como já foi aqui dito, então que morram de inveja da felicidade alheia e encaminhem-se pra suas respectivas casas imaginando como seriam boas as suas vidas se pelo menos uma vez durante o dia que tiveram pudessem ter o prazer de rir como ríamos.
A viagem era longa, mas fez-se curta, pois o entretenimento era grande. Mas como todo corpo precisa descansar, os olhos pesaram e deixamo-nos cair, pois o conforto interessava a ambos os lados. Não dormi, pois temia que o sonho invadisse o meu descansar e trouxesse à tona pensamentos dos quais não queria lembrar naquele momento. Eterno precavido, sou eu.
Porém tudo que inicia tende a terminar, e logo se deu a chegada à ultima parada do que se fazia doce. No fim da noite a chuva já tinha ido embora e sua intenção primeira de molhar para depois pedir um aquecimento fora cumprida com êxito.
Brilhavam fortes as estrelas no céu, tanto quanto o sorriso da Pérola Negra que jazia aqui no chão ao me ver partir.
P.V. 20:50 22/04/09

Na terra de Duriique

Pois então eu esperarei pelo terceiro encontro, preta. Já que o primeiro foi ao acaso e o segundo planejado, espero pra saber como será o terceiro. Mas já tiro de mim a ansiedade e deixo-me levar pelo momento sem que nada de exterior penetre pra que não me sinta novamente anestesiado com expectativas tais que possam me frustrar.

Todo mundo espera alguma coisa do terceiro encontro. É bem verdade que no normal na vida cotidiana, o terceiro encontro já prometa bem mais do que a mim fora prometido. Na terra de Durique, as coisas são um pouco diferentes do costume ao qual minha vida mundana está habituada. Lá na terra de Durique, o passaporte de entrada é caro e a burocracia impede que qualquer um entre onde não é permitido. Na terra de Durique o céu é rosa e tudo ao redor parece estar numa eterna alegria onde um só sorriso fica estampado pra representar a bela musa, rainha da terra. E eu tô chegando pra adentrar na terra de Durique, por mais que não tenha sido convidado, por mais que talvez minha presença não seja bem aceita, por mais que a fila na porta seja extensa. Burlarei as regras pra conseguir o que eu quero.
E vou aguardando com gosto o terceiro encontro. O mundo nem sente mais vontade de girar desde que uma promessa fora feita pela desejada boca de uma preta linda. Também não me importo se gira o mundo ou continua estático; nos últimos dias tenho vivido cada instante como o primeiro de todos. Como fosse a virgindade de uma paixão, saboreio os sintomas que já nem mais conhecia dado o tempo exagerado em que estive emparedado, empedrado, congelado com relação aos amores perdidos. Quando se menciona um terceiro encontro, fica explícito que um quarto poderá vir depois. E nem consegui ver logo de cara a maldade que se esconde por trás das palavras dessa última frase, o que prova coisas das quais interessariam-me mais se não soubesse. Um futuro que está se abrindo quando ando mirando o horizonte e de repente me deparo com um penhasco aos meus pés que abriga no seu leito a tal terra de Durique para onde estou agora caindo sem freio e sem vontade de freiar.
São só palavras, preta... palavras sinceras, porém ainda assim são só palavras.
Acredito piamente nas coisas que digo e tento dizer bem alto, gritando, pra que todos acreditem da mesma forma que eu. Mas nem sempre acontece dessa forma e então sou sugado para um buraco negro e fétido, ralo das paixões, lar dos amantes não-correspondidos. Já frequentei lugares assim e admito que não me agradaram. Por isso e só por isso ainda sinto o frio a cortar-me nos dias quentes, sinto as lágrimas molharem-me o rosto no momento dos sinceros sorrisos, sinto o medo de me machucar por causa do amor ou pior, machucar alguém que me ame. Mas não há problemas... Na terra de Durique não há nada disso...
P.V. 16:45 17/04/09

segunda-feira, 20 de abril de 2009

A saia não é nada sem o rabo

A gente fica olhando pra uma saia que vai deslizando pelas ruas quentes do Rio de Janeiro, e não só olha por olhar ou porque a saia está na moda ou qualquer outra coisa parecida com isso. A gente olha com a concentração total de que o movimento das pernas faça com que ela vá subindo sem que nossa modelo que está dentro da saia perceba. Ou então assopramos de leve, mesmo que de longe pra que um vento sudoeste venha e junte-se ao nosso e levante a saia de tecido fino, tão desejada de estar jogada no chão de nossos sujos quartos.
E toma cuidado porque se fechar no movimento, a gente pega de jeito e não tem quem solte. Porque as crias do mundo foram educadas pra não dar brechas ao azar, nem mesmo àquele que espreita da esquina querendo saborear primeiro a presa que nos pertence devido ao nosso esforço pela conquista primária. A gente continua na caça porque a fome nunca tem fim. Por mais que hoje a gente coma, o vaso há de levar o que jogamos fora amanhã e a fome voltará assim como volta a noite depois que o Sol se deita.
A gente vai nessa batalha pelas ruas diariamente sem ter momento nem instante que nos faça prender o passo, pois uma vez que os olhos miram um horizonte não há mais chance de que voltem em busca de algo já passado. Os olhar de que falo é um olhar animal, um olhar sem igual, um olhar que não vê nada mais do que lhe interessa, um olhar que segue seu instinto caçador, um olhar que eu tinha perdido, mas vejo agora brilhar mesmo quando a luz do sol insiste em não me atingir quando tenho lhe enfrentar.
E o preparo é todo especial pois o rumo é um só e a beleza fundamental. Mentem os idiotas que pregam o amor pelo que vive internamente. Mas se não conheço o mundo por dentro, como me apaixonaria à primeira vista? E a primeira vista nunca há de mostrar o que há por dentro. Ainda não me conheci apaixonando-me por coisas feias, nem coisas que andassem sem que seus respectivos músculos glúteos não chamassem a atenção da minha pessoa, um tanto quanto apaixonada por bundas e derivados.
Por falar em bundas, me lembro das saias.
E ainda tem também os vestidos.
Mas nem reparo nos vestidos quando as que os comportam são coisas das quais ressenti-me por dizer aqui nesse pedaço de papel digital. Admito que temi pela minha saúde pois não gosto de falar mal das pessoas. Simplesmente não falo, mas o pensar já instrui ao pecado, o que me deixa triste do mesmo modo.
Mas não vou dizer que olho pra mulheres feias só pra agradar a Deus pois estaria mentindo. E Deus não gosta que seus filhos fiquem proliferando mentiras pelo mundo afora.
Prefiro as lindas que desfilam em seus minúsculos minishorts que deixam à mostra a tão desejada pontinha do bumbum que fazem nossos coração bater mais forte quando balançam de lados a lados a estacionar o trânsito provocando congestionamentos infinitos dos quais ninguém há de reclamar pois fora por uma boa (e bota Boa nisso) causa. Ou então aquelas que passeiam todos os fins de tarde voltando de suas respectivas academias com as calças apertadas de ginástica pra provar a todos e todas que são as mais gostosas de todo o universo. E eu as acho as mais gostosas mesmo. Mas as que vêm todas serelepes com seus vestidos de tecido fino a se jogarem pra lá e pra cá (e como gosto quando vêm pra cá) são as que tiram meu sono, são as que não me deixam pensar direito e até mesmo provocar acidentes terríveis nas ruas. Louvemos aos que criaram esses vestidinhos e também às incríveis mulheres fruta que perpetuam por aí o uso cada vez mais indiscreto das roupas tão lindas que me fazem passar mal...
P.V. 18:18 20/04/09

Esquadros

Cadê você que não tem nome, mas o rosto ainda fica gravado na minha cabeça mesmo depois de nada ter acontecido?
Cadê você que era meu amor, que se disse ter todas as qualidades que preencheriam meu coração que anda já tão vazio?
Cadê você que disse que minha perfeição era a qualidade que procurava em uma pessoa pra passar o resto da vida ao lado?
Cadê você que mexeu com meu sentimento em apenas tão pouco tempo revelando pra mim que o amor ainda não me abandonou?
Cadê você que ainda não conheço, que ainda não provei, que fugiu de mim, que me esqueceu, que me prometeu e não cumpriu?
Cadê você, meu amor, me diga onde está você que irei com toda a vontade em qualquer lugar que me chames pois o que arde dentro de mim já não me deixa mais ficar em pé.
Cadê você, criatura maldita que me fez voltar a viver os piores dias da minha vida, esses mesmos dos quais eu sempre tentei esquecer?
Cadê você, coisa tão linda e perfeita, apaixonante como nunca, menina mulher que vive tão perto e ao mesmo tempo tão distante de mim?
Cadê você, me diga que sairei agora de onde estou pra te resgatar dos perigos que possam estar em volta da sua beleza magnífica.
Cadê você que não mais falou em meus ouvidos pra que possa ouvir a sua voz tão doce quanto o mel que escorre da sua boca?
Cadê você que não me procura, não mais me entende, não mais pensa em mim como um dia talvez tenha pensado e voltado atrás pra me ver novamente?
Cadê você com seu sentimento tão puro que me contagiou desde o primeiro encontro que nossos olhos tiveram?
Cadê você que anda tirando meu sono, roubando minha fome, matando minha inspiração para outras, assassinando minha vida?
Cadê você, mulher cruel sem sentimento que não deixa o meu amor te pertencer ou sequer sabe que meu amor pode lhe pertencer.
Cadê você, insensível, bandida, dona do poder do mal, indiscreta, metida, impiedosa, frígida, cruel e linda, tão linda.
Cadê você, mulher, pois acordei hoje de manhã cedo e não tinha ninguém ao meu lado na cama que era nosso ninho do amor.
Cadê você...?
P.V. 17:25 20/04/09

sábado, 18 de abril de 2009

Vestido estampado

Já saí da mesmice momentânea que havia coberto meu ser com uma cor negra dessas que não se vê todos os dias, dessas cores monocromáticas que só fazem mal à vista de quem se interessar por algo mais colorido. Nem sei o que estava fazendo da minha vida nessa última semana que poderia ser um tanto quanto proveitosa se fosse da melhor maneira utilizada, mas os poréns que o destino nos entrega mostram o que não gostaríamos, mas infelizmente temos que ver. E não fecho meu olhos para as adversidades. Enfrento de peito aberto com o coração na ponta dos dedos tocando de leve o rosto da tristeza pra que ela sinta escorrer pela face meu sangue vermelho que vibra com as histórias que já viveu. Molha-se a tristeza e parte pra longe de mim pois eu não lhe pertenço mais.
Certas vezes na vida temos pensamentos que nos fazem contradizer aquilo que tanto pregamos durante os tempos passados. Mas nem por isso devemos nos crucificar e conjeturar sobre estarmos ou não equivocados. São só pensamentos que querem invadir o fazer e mostram-se fracos quando a razão e o sentimento vivido dão as mãos pra proteger o patrimônio que lhes pertence.
E comigo nem foi assim que aconteceu pois a diferença sempre me atinge pra mostrar novas tendências ao mundo, pra fazer evoluir o homem, pra que o futuro seja melhor para o resto das pessoas. Simplesmente acordo e meus olhos são instintivamente abertos pra que a visão seja aceita, pra que veja o que me aguarda, pra ponderar as alternativas e dizer a mim mesmo que isso não é característica que se encaixe no meu ser pensante.
Um presidente apaixonado seria a utopia maior que se possa dizer em tempos modernos onde a gritaria exagerada se mostra presente nos ouvidos que não querem nada ouvir. E os meus estão sim, muito interessados em absorver tudo o que me chega. Foi uma semana de surdez, uma semana de que não se deve acreditar em muita coisa, ou quase nada, ou bem menos do que isso. E o presidente que se faz homem mais uma vez prova que não tem escrúpulos ao se contradizer em tão pouco tempo o que só nos leva a crer que Deuses também sangram como já bem disseram os 300 guerreiros que me cercam.
É muito pouco pra me fazer feliz. Ou talvez seja muito diferente pra me fazer feliz. Sempre precisei de mais do que podiam me oferecer, sempre fui muito exigente em relação a tudo, sempre quis no meu tempo e não no alheio. O relógio que gira no meu pulso deve girar no meu pulso. Não interessa a mim que eu pergunte a quem tende a estar estático na minha frente as horas pois sei que eu posso enxergar com meus olhos o tempo que passa. Dependo de muito pra ser feliz e não dependo de ninguém pra depender do resto.
Estou velando minha paz. Estou jogando fora o vestido estampado de preto que pairava sobre mim durante sete dias da vida que me foi ofertada há vinte anos. E nem mesmo o carnaval voltou pra que eu espere pra usá-lo mais uma vez. Simplesmente aguardando feriados, jogado num canto escuro da casa onde se camufle pra que fique fora da minha vista, mas intacto. Intacto...
O que não nasce não morre.
E os abortos provam o contrário.
Aborto agora um vestido estampado de luto.
P.V. 20:43 18/04/09

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Terceiro encontro

Um domingo qualquer pode provar ao mundo
que nada nessa vida está escrito ou seguro.
Um sentimento que dura pouco mais de um segundo
dita o presente, o passado e o futuro.
...
Sem poder esperar, o inevitável acontece
e surpreende um alguém que não sabe o que fazer.
Seria bem mais fácil se apenas com uma prece
eu desenhasse as cenas e tivesse você.
...
Mas não me apresso pois sei que o tempo
só tem a intenção de criar um tipo de confronto.
Espero minha hora e o certo momento
que já foi prometido de acontecer no terceiro encontro.
...
E o povo que não acredita mais em mim
deve se retirar ou então que aqui fique.
Sempre sonhei com ela assim
minha preta mais linda, a bela Durique.
P.V. 22:43 16/04/09

Piano bar

"Ontem à noite eu conheci uma guria
Já era tarde, era quase dia..."

Estão dizendo por aí, bocas nervosas em cada solitária esquina das ruas por onde não passo, que o presidente está apaixonado. Mas o nervosismo dessas línguas é realmente incrível, vejam só... Belos e malditos são os que perpetuam o nome meu em vão e ainda têm a coragem de explanar boatos dos quais não têm a mínima certeza de concreticidade. E o abstrato é tão mais interessante.
Pois que gritem e joguem na cara de quem for que o presidente também tem sentimentos e a previsível ebulição já começa a se formar na panelinha que me foi oferecida desde os princípios. Não é a primeira vez e algumas ocasiões dessas passadas horas já desejei que seja a última. Mas os fatos que ainda não aconteceram, os mesmos que não tenho conhecimento, não deixam o egocentrismo que me engole digerir tais ideias que se fazem tão absurdas na minha jovial mente; a mãe da razão que não se mete com o sentimento.
Então só ouço os boatos e calo-me. Pois um presidente calado mostra sua força pelos atos deixando de lado as inúteis palavras que poderiam sair erradas de minha boca. Deixo que ouçam, deixo que leiam, algumas vezes até faço questão que saibam. Gosto de curtir o eco de meu nome na boca alheia e a sensação positiva ao atingir meus ouvidos.
Prefiro que gritem meu nome do que calem meu coração. E nem sou assim tão dramático como parece ser. É que penso muito e isso atrapalha as ações que deveria tomar sem ponderar consequências. Depois que as duas décadas tomaram conta do meu corpo pude ver o quanto evolui em relação a algumas coisas e o quanto continuo estático quando o assunto envolve crises de sentimento. O presidente não mudou. O presidente ainda ama. O presidente ainda é bobo.
E o que seria de mim sem uma musa que abençoasse minha criatividade, o que seria de mim se não pudesse expor no papel tudo o que se afoga dentro de mim, se não pudesse ser quem realmente sou por trás de toda essa pomposa forma que Deus me deu? Seria um tanto quanto chato...
Mas os tempos são outros por mais que o clima ainda seja o mesmo. O reino ainda espera muito de seu eleito, o reino ainda espera as grandes promessas que foram feitas e não decepcionarei meu povo que tanto acreditou em mim quando, na posse, jurei amor aos que me amassem também. Mas a exclusividade não seria um pecado sem perdão. Entenderiam, os mortais, que um presidente também se aposenta um dia e seu lagado fica pra que as próximas gerações entendam que o mundo precisa de um líder, que o mundo não pode continuar regredindo, que a história marcada deve continuar e nunca estacionar.
Pergunto-me se é o certo a se fazer, se conseguirão dar conta do recado, se o talento é realmente insubstituível. Perguntas difíceis me estressam por isso deixo de lado o forçado questinário que fico me oferecendo.
Prefiro pensar que domingo à noite eu conheci uma guria; nem era tão tarde como canta a música e o dia ainda estava longe. Mas quem liga para defeitos em palavras quando o sentimento que elas exprimem é tão sincero quanto um beijo?
Gostaria de saber da sinceridade de um beijo negado...
P.V. 20:12 16/04/09

Vai buscar DaLeila - parte 1

ô Pretinha, você tá que tá
ô Pretinha, você tá a fim de dar...

Mas ora, vejam só. Só porque a pretinha linda que passava do meu lado me beijou (ou será que fui eu quem beijei?) o povo já acha que o que seria dado é pederastia. Mas a pederastia mora mesmo na cabeça daquela pretinha. Ou se não mora na cabeça, esconde-se por trás de seus lindos olhos azuis esverdeados com um leve tom de cinza assim que a noite cai, como caem também seus cílios, negros e longos...
Uma introdução à altura de um texto épico que há de se seguir, pois todos os que partem de mim são épicos e maravilhosos, ainda mais quando relato fatos verídicos (ou não) dentro do antro de poluição que é a festa das festas. Vamos ao que interessa, pois minha modéstia já não se compara mais ao meu ego.
Vinha eu, cantarolando um desses funks eternos e maravilhosos, canções que adentram em nosso ser, quando os relâmpagos de uma câmera digital, invenção de nosso tempo moderno, ofuscaram minha visão, arderam meus olhos e pude enxergar ao longe uma trupe de meninas que posavam como Power Rangers num ensaio de paparazzo no meio da multidão. O degradê de cores era evidente*. Do mais claro pro mais escuro, desde Leilinha, passando por Alinezinha, chegando em Biazinha. Não podia estar enganado. Na verdade, nunca me engano. A única vez, em toda minha vida, que estive enganado foi quando pensei ter me enganado.
Meus vinte anos que acabei de completar, duas décadas de prazer carnal e histórias mil acumuladas em pedaços de papel, donos de meus olhos que viram a nostalgia de meus nem tão áureos tempos. O ouro de tolo que consumia em antigos anos já me satisfazia. O verdadeiro brilho do dourado que vejo hoje me completa como nunca. Mas ainda assim corro em busca do que é meu, do que me pertence, do que me preenche.
Menina Leilinha me prometeu um bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Deu a desculpa de que o tempo feio que pairava sobre as terras de Campo Grande poderiam prejudicar seus planos de me levar o tal bolo. Suas mandigas e macumbas, os três negros patos que jaziam na esquina próxima ao local, o quilo de farofa amarela jogada da terceira janela esquerda do cemitério, o bangalô três vezes e as promessas a São Longuinho fizeram chover como nunca antes choveu durante uma semana e o consequente prejuízo ao falecido dono das Sendas, onde seria comprado o meu doce.
Mas ainda acreditava que conseguiria comer meu bolo, pois meu sangue precisava de glicose, o combustível necessário pra que pudesse continuar na batalha. Fui em busca de menina Leilinha como vai o coiote em busca da alva lebre a saltitar pelos campos do chuchuzal. Olhava em todos os cantos, procurei por trás da equipe pois lá ela poderia estar perdida ou sendo abduzida por uma sonda peniana, procurei na grande árvore que deitava suas raízes no solo, cuja copa parecia beijar as nuvens de tão alta e imponente que se mostrava aquela maravilha da natureza plantada dentro do recinto. Em todos os locais que olhei, nada achei. Mas o flash revelador pôde iluminar meu caminho e me guiar à pederastia. Em fotos assim, o fotógrafo não precisa indicar o passarinho pra que menina Leilinha comece a rir, ela simplesmente já pensa no passarinho durante as 24 horas de um dia, razão óbvia de seu eterno sorriso...
Os brancos dentes de Leilinha iluminaram minha vista e pude, de longe, enxergar o que tanto procurava. Fui ao seu encontro correndo frenético como o famoso Forrest Gump e pulei em seus braços, guloso, em busca de meu bolo, que fora prometido antes. Estava faminto, não comia há dias e aquilo seria a glória para meu estômago. Quando tive a notícia terrível de que a ausência do bolo de cenoura com cobertura de chocolate era certa, entristeci-me. As luzes do local baixaram, a alegria retirou-se, o sorriso murchou, a música parou, o povo não mais se beijou, e meu coração minguou.

Vai buscar DaLeila - parte 2

Menina Leilinha disse que seria impossível carregar um bolo de sua longínqua casa, seu esconderijo secreto, debaixo de chuva. Acho eu, que um pouco de sacríficio em nome de minha pessoa não faria mal algum à menina Leila. Até mesmo porque, eu sou tão maravilhoso e perfeito que qualquer coisa parecida como dar a vida por mim é pouco.
Depois que minha raiva inicial passou, a música voltou a tocar e as pessoas voltaram a se beijar. Tudo estava lindo e belo pois eu não guardo rancor dentro de meu puro coração de veludo, vermelho e sangrento, músculo redondinho que fica batendo...
Estavam lá as fieis escudeiras de menina Leila, Alinezinha e Biazinha, com um claro teor alcoólico elevado, que ficava óbvio quando encarava seus olhos, cujas papilas estavam deveras avermelhadas e também ao fato de que não conseguiam pronunciar simples palavras pois a voz já lhes faltava àquela altura do certame micaretal. Claro que eu não sou de julgar as pessoas por seus vícios ou defeitos, aceito todos da mesma forma, mas admito que o AAA (Associação dos Alcoólatras Anônimos) iria recebê-las de braços abertos a auxiliar nessa difícil situação que vem enfrentando.
Menina Leilinha estava a me fitar com seus claros olhos o que deixava-me um tanto quanto nervoso, uma vez que todos sabem que sou muito tímido. E se não sabem eu vos digo pois minha pessoa é de um grau muito grande de inocência, timidez e ingenuidade. Qualquer tipo de pressão sobre minha mente e já não consigo mais raciocinar muito bem, fico a me balançar de lados a lados, perco meu olhar em direções contrárias, faço poses duvidosas entre outras características bizarras. Mas ela continuava a me olhar. E até entendo.
Sou a beleza em pessoa, quando não me olham acho estranho. Sempre me olham pois invejam minha perfeição eterna, olham-me para querer talvez copiar meu estilo, meu penteado fashion, minhas roupas descoladas, o cadarço roxo do meu tênis, tentam imitar meu sorriso simpático, ouvem-me atentos pra decorar frente ao espelho minhas inéditas piadas, tudo fazem para se parecer um pouco comigo. Mas os olhos de Menina Leilinha a me fitar eram olhos de desejo. Olhos de cigana dissimulada. Olhos de cigana oblíqua, ou o que quer que isso signifique pois ainda não sei.
Retirei-me.
Mas antes de me retirar fui dar um beijo de despedida na menina dos olhos bonitos. Estendeu-me a bochecha como quem não quisesse minha boca. Boba, estava se fazendo de difícil... Mas Paulinho é presidente, e presidentes não beijam bochechas em micaretas. Pedi sua boca e recebi. Fui-me embora com um algarismo a mais.
Vejam vocês o quanto a menina Leilinha pode surpreender quando na sua vontade fica explícito um fato do qual ela poderia imensamente se arrepender segundos depois. Talvez pelo longo tempo a me conhecer, imaginou certamente o que eu faria, e imaginou certo. Mas em outras vidas eu poderia ter beijado sua bochecha fofinha e partido rumo ao desconhecido e nunca mais a ver depois desse momento. Uma vida arriscada, essa que vive a menina dos olhos claros.

Vai buscar DaLeila - parte 3

Mas na minha peregrinação pelo certame, senti-me como num deserto que andamos e andamos e não saímos do mesmo lugar; não que eu quisesse sair do lugar, não que eu quisesse chegar em algum lugar, andava a esmo pra que tudo me atingisse, pra que tudo acontecesse em minha volta, pra que as histórias fossem minhas e de mais ninguém. Nesse labirinto, até mesmo miragens apareciam em minha frente pra bendizer minha noite. Agradecia a cada espírito que me pedia licença e partia mais uma vez rumo a um horizonte que me esperava.
Numa dessas andanças esbarrei novamente com menina Leila, protagonista da crônica, conselheira de meus atos, mulher que me persegue e não deixa-me em paz nunca. Disse ela que estava já com saudades de minha pessoa e que não sabia o que seria dela se eu não aparecesse logo pois estava a ponto de transpassar os transeuntes e subir ao palco onde dançavam mulheres frutas diversas, tomar o microfone da mão do apresentador “Que Isso Fera da Silva” e gritar meu nome alucinadamente como quem está prestes a morrer.
Respondi sorrateiramente que se fizesse isso, o mundo acabaria e as mulheres invadiriam o Luso a me procurar pois saberiam todas onde me escondia naquele momento. Claro que as mentiras exageradas são característica só minha e o povo que me lê não deve jamais acreditar nessas baboseiras que digo, mas de fato esse foi o pensamento de Leila, só que ela não quis explanar.
Estávamos já desgastados, eu e meu fiel escudeiro, pela batalha que travávamos a algumas horas, resolvemos parar no ponto em que estavam as meninas a nos esperar. Ficamos ali alguns minutos pra tomar um ar, beber um energético, calibrar pneus, vistoriar motores e partir mais uma vez rumo ao primeiro lugar. Menina Leila não parecia muito bem. Fiquei sabendo mais tarde que no momento em que a deixei desde a primeira vez que a vi, ela virou para suas amigas e disse que seu maior prêmio já havia sido dado e que agora ela deveria comemorar, parou um menino feio que faria tudo por um beijo, um número só na sua zerada lista do dia, e o fez pagar uma dezena de latinhas de cerveja pra que ela pudesse molhar a boca depois que a minha já havia sugado tudo com meu beijo fantástico. Outros feios meninos também pagaram outras dezenas de latinhas pra ela que já não mais aguentava ficar em pé, o que somente era conseguido pela força de vontade que a fazia lembrar de que minha pessoa ainda poderia passar ao seu lado. E sim, eu passei, e sim, valeu a pena seu esforço descomunal.
O semblante alcoolizado de menina Leilinha era evidente, mas perdia-se frente ao meu que também era terrivelmente assustador. Identifico-me com meus amigos cachaceiros e me senti bem ao lado dela. Ela, boba e apaixonada, olhava-me com olhos de desejo, aqueles mesmos de antes.
E queria tirar fotos. Fotos pra que se lembrasse de mim no dia seguinte, fotos pra que eu ficasse gravado na memória do amor que é seu coração digital. Eu tirei fotos porque sou muito fotogênico, desculpa...
Então agarrou-me e beijou-me a boca.
Sua desculpa era de que queria um último beijo de recordação e uma de suas fieis escudeiras registraria o momento na Digi Cam Fucking Good And Crazy de Biazinha. Beijava-me com todas as suas forças, chupava-me a língua, devorava-me a boca. Indecente... Uma menina indecente, essa Leila... Mas eu entendo, é que minha gostosura é de tamanho tão imenso que ela afoga-se no meu mar...
Fui-me embora depois pois outros números ainda me aguardavam.
O tempo corria e eu também deveria correr.
Deixei lá Leilinha livre, leve e solta pra bater suas asas com alimento suficiente para seus sonhos até que na próxima micareta ela me agarre mais uma vez.
P.V. 18:52 14/04/09

Um caso ao acaso

Até caso com ela, caso ela aceite. E não seria só mais um caso. Comprazer aconchegaria seu dedo com ouro e diria "sim" dentro da mais bela igreja repleta de pessoas que eu jamais conheci, mas que me desejariam toda a felicidade do mundo. Passaria o resto dos meus dias a encantar-me todas as manhãs com o rosto lindo esculpido pelos mais criativos anjos do firmamento. Seria alegria demais pra mim se tivesse a sorte de tê-la todas as noites; como o beija-flor beija a flor, eu beijaria todos os dias a mais perfeita flor desse jardim que ainda não conheço: sua boca.
A ansiedade é um dos mais crueis e lindos sentimentos que se pode ter. Vivo meu dia em função de um momento único que talvez não dure mais do que alguns segundos e somente esse pouco já me alegra imensamente. Mas também aterroriza-me o coração pois a demora é grande e no tempo em que aguardo assassino-me diversas vezes imaginando quaisquer contratempos que possam vir de encontro com a utópica perfeição que sempre busco. Certas vezes torna-se uma dor prazerosa. São os meus sado-momentos.
Quando o dia é longo, a noite teima em não querer chegar. O claro é sufocante aos meus olhos e já não quero enxergar nada que não seja o escuro total que abrigará o nosso encontro. E pergunto-me mais uma vez se a Lua se fará presente. Pois sei do amor oculto que há tanto já cultivamos e não gostaria de mais uma vez ferir um sentimento que me pertence. Quero sentir a sua luz cair sobre nós como um néctar branco, como leite derramado que vai nos molhar e nos unir ainda mais. E as estrelas, princesas soberanas que voam sem destino no infinito do ceu, vão admirar e bendizer, como sempre, um casal que brilha tanto quanto elas aqui do chão.
Devo estar delirando, sintomas terríveis da doença que já suspeito estar carregando dentro de mim. E nem quero me curar, nem quero remédios. Vou andar descalço, vou beber gelado e correr na chuva. Quero ir pro CTI com paradas cardíacas de tanto amor que não caberá em meu coração. Nessa enfermidade eu serei o doente mais feliz do hospital. E que ninguém cuide de mim, por favor.
Uma pitada de exagero num pedaço de papel não faz mal a ninguém, muito menos a mim. Justamente por isso continuo rasbicando meias verdades pra que deixem de ser fantasia e tornem-se algo parecido com a realidade. Sei que sonho alto, mas a culpa nem é minha, acreditem. São meus olhos que filmam as cenas que continuam a se repetir dentro da minha cabeça nessa edição fantástica que me faz lembrar de coisas que ainda não vivi.
Eu vou lá, mais uma vez mergulhando em piscinas que não sei se têm água pra que me acomode. E o medo de se machucar já não faz parte do meu pensar pois agora evito o pessimismo pra tentar buscar a felicidade. E o sorriso dela pode me trazer felicidade.
Provoco sorrisos no seu rosto e só isso já me faz o homem mais satisfeito de todos. Saber que as palavras soltas que pulam de minha boca fazem a alegria momentânea dela me deixa imensamente completo.
Pois eu desejo sua boca como nunca antes desejei boca alguma. Desejo seu corpo como nunca antes desejei corpo algum. Mas seu sorriso...
É um jogo perigoso, esse que estou entrando...
P.V. 13:15 15/04/09

Chora mais uma Lua

Sem o leite derramado pela Lua, não pude unir o que tanto queria. Foi uma beleza contrária, uma beleza que não se esperava e justamente pelo imprevisível ser tão perfeito, continuo da mesma maneira ou até pior que antes, o que não me pode fazer muito bem. Sabe fazer as coisas do jeito certo, as coisas que não deveriam ser feitas, pelo menos na minha cabeça, mas que no meu coração foram muito bem aceitas. Mas meu coração é bobo, burro, vermelhinho e sangrento...
Voltei pra casa com sorrisos no rosto e a razão para esses sorrisos não sabia onde se encontrava. Talvez também estivesse voltando pra casa. Mas era tão estranho andar sorrindo e as pessoas a lhe encarar perguntando em suas mentes se algo de muito bom tinha acontecido com aquela pessoa. Imagino na minha cabeça se algo de muito bom tivesse mesmo acontecido.
Alguns momentos mostraram-se tristes pois desenhei no meu pensamento o que tanto temia, o que não deveria acontecer pois o futuro ainda me reserva bons fatos. Ainda agora passa por mim essas ideias que não fazem nada de bom a não ser apaixonar um autor melancólico e indeciso.
Numa hora tal da noite, a chuva caiu do céu.
Meu amor pela Lua, tão forte, tão sincero, nossa relação sempre aberta pra que tudo fosse dito e sentido estremeceu mais uma vez e vi que nunca terei nada parecido com o que ela me proporciona e o sentimento que admiro aqui de baixo olhando pro ceu que é sua casa. Chorava a Lua mais uma vez e deixava cair sobre mim suas lágrimas frias. Sei do que se passava em sua cabeça pois o sentimento de posse em relação a mim não é maior do que a vontade de querer-me bem. E como o que seu amado pretendia não foi alcançado, entristeceu-se, chorava copiosamente a molhar tudo e todos com seu gélido pranto.Mas não penso como um ponto ruim os fatos ocorridos. Estou me lamentando de uma coisa que não deveria, mas é só material pra poder escrever pois ando tão feliz que não aguento mais escrever sobre felicidades e futuros e histórias que irão acontecer e tudo mais. Quero a dificuldade estampada e uma negação quando a minha vontade for tão grande que transparecer pelos meus olhos de desejo. Quero a recusa mesmo com a falsidade explícita no rosto. Quero o amanhã, não quero mais o agora. Quero quando puder e não quando eu quiser. Quero continuar nesse jogo, nessa vida monogâmica da qual só o sentimento pode pertencer a uma só. Deixe meu corpo...
E durmo pra dar continuar a vê-la. É fato concreto que o sonho e a realidade se tocam e se beijam pois tanto lá quanto cá não posso sentir o gosto que tanto almejo. Mas fracasso na minha empreitada, e o sono torna-se tão forte que derruba as fantasias que eu queria que se fizessem presentes em mim durante uma noite inteira. Vou dormir e a Lua continua a chorar lá fora velando minha paixão.
E cai a cabeça em um travesseiro que sei que não me pertence só pra que o peso de mim mesmo me prove que ainda existo, me prove que mesmo caindo as coisas continuam de pé, que mesmo que eu mude, mesmo que não seja mais o mesmo de alguns dias atrás, ainda posso mudar as coisas pra que melhore sempre. Mas não quero influenciar meus pensamentos com as palavras que escrevo, só quero um beijo pra me apaixonar. Um beijo que também derrube-me tanto quanto o sono, um beijo que me faça sonhar todas as noites, um beijo como nenhum outro, o beijo que me foi negado.
Lindas mulheres sabem o que fazem.
Homens, como eu, ainda se perdem feito meninos...
Dedico minhas palavras às lágrimas da Lua, consequências de um arriscado jogo de amor.
P.V. 07:33 16/04/09

terça-feira, 14 de abril de 2009

Um semáforo em Durique

Your love keeps me alive e nem sei ao certo quem tu és. Aparece assim na minha vida como um raio que não sabemos quando cairá ou onde cairá. Fato concreto é que o estrago será sempre certo quando precipita-se na cabeça de seu alvo. Dessa vez o alvo escolhido fui eu e agradeço pela oportunidade.
Certas lindas mulheres são lindas e não fazem esforço pra isso. Certas lindas mulheres como esta possuem por dentro um algo que me foge ao pensamento e não conseguiria de maneira alguma expor em papel se não fosse através de sorrisos sinceros de felicidade, através de beijos eternos estampados em fotografias que marcam como infinita uma coisa momentânea. Mas não pensei ainda em dedicar-lhe meus sorrisos nem meus beijos.
Essa pequena tem poderes dos quais não sabe que pode usar em fracos corações como o meu e entende-se com o pouco que acha que carrega dentro de si pra dominar o que deseja. E que continue nessa ignorância amorosa, pois poderia fazer-me muito mal caso conseguisse demonstrar seu segredo oculto. Uma pequena de grande porte interessa-me aos olhos meus, que poderiam ser dela. Mas ainda não pensei em dedicar-lhe meus olhos.
Fico pasmo quando autores perdem seu tempo explanando letras soltas a musas das quais eles não têm conhecimento. Platônicos amores a torturar seus sentimentos mais íntimos, talvez uma vida inteira doada a um alguém que jamais soube de um terço do amor sentido, um verdadeiro pandemônio, uma Torre de Babel ainda mais confusa dentro do coração; nem Platão gostaria disso. Talvez seja algum segredo de Jurema que guardam essas mulheres; terríveis mulheres. Sou um desses autores, por mais que o exagero que eu prego seja um tanto quanto falso. Um amor que não cabe em mim e cai por terra a manchar o papel que escrevo dizendo ao mundo que uma musa também existe em minha vida, e nem a conheço mais do que meia hora de um domingo de Páscoa, suficiente pra alegrar o resto da minha semana. Mas ainda não pensei, sinceramente, em dedicar-lhe minha eterna paixão.
São esses momentos os que mais me fazem lembrar de tudo o que quero viver e fico satisfeito por saber que existe vida inteligente no mundo ainda. A vida que sempre quis é justamente a errada, porém certas vezes enxergo com outros olhos que o certo também me atrai. Não vejo nenhuma certeza no rosto dela, mas quem disse que eu sei de alguma coisa? E, na verdade, nem estou procurando certezas. Não procuro nada além do que me faça bem, nem que seja por só mais meia hora.
Sei que sou alto e meu boné tende a estar virado pra trás, mas o semáforo não foi pintado de verde, como as palavras dela disseram ao meu ouvido. E nem mesmo esse texto inteiro é um cara alto com boné virado pra trás. São só palavras, e eu não sei o que são palavras.
Não acredito em nada nessa vida, só no semáforo.
Só no semáforo.
P.V. 07:24 14/04/09

domingo, 12 de abril de 2009

Um anjo

Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais fortes, das noites mais poderosas, dos cafés mais amargos. Tenho um apetite voraz e os desejos mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer: E daí? Eu adoro voar...!
Nada que fizerem vai me atingir pois sou inabalável, sou único, perfeito e desejado. Chamam-me de presidente e não é à toa, como podem perceber. Desde os primórdios do amor já podia enxergar como o futuro poderia ser perfeito para minha pessoa. Deixarei de lado essa palavra que me persegue pois ela é complexa demais pra me definir. E eu sou simples. E fácil.
Sempre fui assim. Diziam elas que meu maior problema era ser simpático em demasia. Ser dado demais às novas ou antigas amizades que a vida me proporcionar. Mas como não ceder às maravilhas que o destino me reservou; por que ceder? Não faz sentido ser infeliz. Não para mim.
Por isso sou como sou. Por isso o mundo ainda gira em minha volta.
Gosto de mostrar a você que a realidade não foge ao pensamento. Continuo dizendo o que sou pois uma verdade dita várias vezes há de se tornar eterna, há de ser a maior entre os dizeres populares.
Qual o verdadeiro objetivo de se exaltar a insincera culpa que não pesa em minhas costas, a falta do que se fazer em momentos de ócio, o amor que é inventado em cada palavra escrita pelo autor? Sei lá... essas perguntas difíceis acabam com minha mente em certas horas da noite. Mas eu continuo a escrever só pra alimentar minha fome de saber o que realmente sou.
Vou voar sobre sua vida, vou bater forte minhas asas e nem assim poderá escutar minha passagem quando, no sono, sua imaginação me chamar. Louco e sorrateiro vou te estirar no chão sem acordar o seu descanso. Sou o diabo vestido com as mantas sagradas do firmamento, sou o anjo do inferno que caiu aqui na terra pra fazer as piores coisas que um coração possa acreditar. E não trago o mal em minhas mãos, trago a felicidade, por mais que isso pareça ser contraditório. Sou o amor, sou o que mais te faz doer, sou tudo o que não existe e que não se vê, sou tudo o que seu pensamento possa imaginar, tudo o que jamais há de vir de encontro com sua vida, porém tudo aquilo que sempre desejara.
Continuo voando pois minhas asas não param um só segundo. Miro meu alvo e vou rumo ao destino que me aguarda desde que fora escrito por aquele que guarda o segredo de alguma Jurema perdida no mar de florestas que é futuro, ou que foi o passado. Tanto faz o tempo que estamos, tanto faz o que pensa ou deixa de pensar, na minha mente o que importa sou eu e mais nada. Envolvo-me com você somente pra sugar toda a qualidade pouca que ainda persiste em estar no seu corpo. Seu veneno de fel eu cuspo na sua cara pra que sinta o gosto da dor que carregas. Livro-me de sua carcaça velha e suja pra que outra mais nova e interessante me abrigue nos tempos de estiagem. Mas não durará muito... a mesmice é fatal para mim.
Se antes eu soubesse o que sei hoje, faria tudo da mesma maneira. Não vou jamais atropelar as barreiras que me fazem crescer a cada dia, não vou fazer as coisas que ainda não me competem pois não entro em partidas pra perder. Só pego causas ganhas, justas, interessantes, fáceis. Talvez seja a razão do sucesso, talvez não. Entendam como quiserem; mais assunto pra que meu nome ecoe em suas cabeças...
Ainda morrem de inveja, os estranhos que me seguem e não sabem o que fazer ao tentar copiar o meu entender. Morrerão... e eu não ligo, e eu não dou a mínima, pois o chão há de comer e sua fome há de ser saciada de alguma forma. Antes eles do que eu.
Fico por aqui, continuo por aqui fazendo o que de melhor sempre fiz...
Se não sabem o que é, saberão um dia...
P.V. 22:11 11/04/09

sexta-feira, 10 de abril de 2009

A cor do Bola Preta

Também tinha alguém lá cantando. Mas sinceramente minha mente andava por outros caminhos. Estava feliz pelo momento, ainda que tristezas extra-carnaval passassem por minha cabeça. Esqueci por um instante todo e qualquer problema que tentasse invadir meu ser e sentei pra refletir em como tudo podia ser tão perfeito. Misturava-se mais uma vez a fumaça com minhas invisíveis palavras querendo ambas embaralhar-se num amor que subia aos céus, cortava outros corpos e perdia-se na multidão que não parava de chegar.
Já estava exausto, pra ser sincero. Mas nem por isso desistiria se algum objetivo ainda não tivesse sido alcançado. Tenho isso dentro de mim de querer sempre partir pra cima de qualquer desafio que me proponho, talvez pra que passe o tempo, talvez pra que ocupe meu tempo, talvez pra que o tempo não me mate mais cedo; eterna batalha com Chronos.
Precisava expor isso que em mim tanto borbulhava. Não sabia como começar, nem por onde. Mas era uma necessidade que já me oprimia. Sempre digo o que tenho vontade, por mais que demore pra que o mundo saiba o que penso. E na verdade, o mundo não sabe o que penso.
Tenho essa mania feia de escrever como fosse tudo um incrível segredo indecifrável pelas pessoas, talvez eu tenha medo do que possam saber, talvez não queira que descubram meus segredos, não quero tornar-me previsível. Mas sempre deixo uma porta entreaberta... olhem pela fresta e conseguirão ver o que tanto procuram.
Uma pessoa que há muito não entrava em minha vida, de repente surge pra felicitar minha passagem pelo novo e desconhecido mar daquela festa urbana sem fim nem começo. Não poderia pedir por mais. Sei que não me contento com o que me é oferecido, mas nesse dia admito que fui pra casa com a satisfação de ter uma felicidade única, porém perfeita.
O pouco tempo que passei desenhando em minha mente o rascunho que há tantos anos já se fazia esboço foi de grande alegria dentro do meu coração, ainda jovem. Posso dizer com total certeza que não ficaria tão bem se não fosse aquela boca a me beijar na esquina tumultuada e barulhenta do centro da cidade. Bem no centro da cidade, assim como bem no centro de nosso sentimento. Um beijo nos atinge e nem sabemos como, simplesmente sentimos isso que não tem nome, essa coisa louca que dizem ser bom e por isso acreditamos, e por isso achamos bom também, e por isso, só por isso, continuamos a beijar como fosse o último beijo de nossas vidas, como se fosse apenas aquele beijo que nos dá vida, aquela única boca que pela qual podemos arrancar algum tipo de ar, e morremos felizes...
Mas o tempo é escasso em situações assim. Aproveitamos o quanto podemos pois somos jovens e não há segundas chances pra quem desperdiça as primeiras.
Um exagero de comoção e uma mão a arrancou de mim.
Conformei-me.
Admirei sua ida, a correria ainda continuava em minha volta, misturou-se no tumulto e não mais a vi. Brotava um sorriso no meu rosto desses que não se pede, desses que são naturais na sua essência. Precisava de mais um segundo pra que pudesse acreditar que aquilo, de fato, ocorrera.
Um segundo se passou, e precisei de mais alguns.
Ainda não tenho certeza se ela era de verdade mesmo...
P.V. 10:30 10/04/09

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Um copo cheio

“Só sinto no ar o momento em que o copo está cheio e que já não dá mais pra engolir.”
Mas engulo ainda assim pois não hei de colaborar com quaisquer desperdícios que o mundo tente me empurrar. Um copo cheio largado em um canto qualquer da vida, sem utilidade, um copo que ninguém mais deseja, um copo cheio que ninguém quer, um copo que eu vou beber com certeza pois nada deixo passar enquanto eu mesmo ainda estiver passando; o que passa é passageiro e acaba um dia, por isso extrapolo os limites do poder que me foi atribuído.
“There's no need to complicate cause our time is short...”
Peguei o copo e bebi com vontade. Não há necessidade de complicar porque nosso tempo é curto. E é verdade mesmo. Bebo até sem sede. Bebo pois posso morrer amanhã e dirão que não soube viver durante o tempo em que me foi dado. Quero fazer dos meus últimos dias, os melhores. Pra isso não vou deixar copos cheios, e não me venham com a conversa fiada de que nem tudo que nos dão pra beber devemos aceitar pois essa inverdade já não faz mais parte do meu ser. Sirvam-me gelado ou quente, doce ou salgado, que beberei com gosto.
Não tente fugir da minha sinceridade, nem tente entender o que digo pois seria impossível entrar em sua mente um copo cheio de qualquer coisa. Talvez um copo pela metade, meio cheio ou meio vazio possa te dar a felicidade de compreender o que não quero dizer. Mas a metáfora do conteúdo é minha e de mais ninguém. Até tentam os mortais chegar perto de alguma conclusão plausível porém perdem-se os intelectuais ao notarem a facilidade com que despisto as palavras que nem a mim mesmo pertencem. Elas correm de parágrafo em parágrafo e acabam por morrer afogadas em um copo cheio qualquer que esteja, talvez, em cima da mesa que escrevo.
Mas então deparo-me novamente com o que sempre sonho. E de repente me vejo perdido, me vejo angustiado naquele local, uma confusão de sentimentos, coisa típica de mim. Por um momento, imaginei se realmente era o que tanto procurava, se a felicidade era aquilo mesmo. Os grandes homens de nosso tempo sempre chegam em momentos tais que um abismo abre-se em seus caminhos, e a decisão de encará-lo ou não passa a ser o grande desafio vital que sempre lembrarão. Sou um grande homem e enfrentei de cabeça erguida a vala que se abriu em minha frente. Fraca... não aguentou comigo.
Passo de olhos fechados por essas situações pois sou velho de guerra, com meu coração já calejado de todas as brigas pelas quais já passei. Decisões drásticas são sempre tomadas num impulso instantâneo. Foi assim que aconteceu e simplesmente continuei minha caminhada eterna rumo ao lugar que já estava. E o anúncio da próxima batalha fez-me ainda mais forte disparando na frente em direção ao fim da noite que prometia ainda mais que o começo.
Foi um copo cheio derramado que me fez derrubar lágrimas. Um desperdício que não me faz bem, que entristece meus dias. E como sou o escolhido pra levar alegria aos corações necessitados, fiz o trabalho de recuperar seu conteúdo, tornar novamente cheio um copo que vazio estava. Mas um copo cheio sem ninguém para tomá-lo pra si não é nada. Bebi. E bebi com vontade como já afirmei antes.
Julguem minhas ações como quiserem. Talvez pensem que a vontade de beber é maior do que minha sede, e não dizem mentiras. São todos eternos sinceros, aqueles que tentam me dizer o que fazer, aqueles que dizem querer meu bem, aqueles que me seguem não por opção, mas por necessidade.
Seria eu o mais feliz dos homens se cessassem pra sempre os largados copos cheios que ainda consigo ver daqui... mas continuarei a beber sempre que a vontade for maior que a razão, sempre que o copo cheio estiver ao alcance de minhas mãos. Mesmo que não dê mais pra engolir.
Essa é a diferença entre os homens de verdade, e os que só dizem ser.
P.V. 11:49 30/03/09