sexta-feira, 31 de julho de 2009

Paixão antiga

Adoro quando você chega perto, com esse seu sorriso aberto. Me diz coisas que não sei se quero ouvir e justamente por isso que escuto com toda a atenção suas palavras perfeitas a entrar e sair dos meus ouvidos com a mesma leveza e dedicação que seus beijos molham minha boca. Acho sinceramente uma perda de tempo falar qualquer tipo de coisa com você quando poderia estar usando a boca para o prazer melhor que a conversa. Ouço suas frases soltas que se perdem no ar e só tenho olhos para sua boca que está tão perto de mim.
E vem você com essa saia, vem você com esse decote e me perco no mar de beleza que vai escorrendo do seu corpo sempre que passa por mim, sempre que pára e me encara com seus olhos que não sabem mais o que ver. Tem muito mais que ainda pretendo fazer com você por isso acredito que a noite não deveria acabar tão cedo para nós dois, nem essa praça teria lugar para abrigar o sentimento que se multiplica dentro de mim a cada dia que corre e eu vejo seu sorriso mais uma vez me dizendo que nada mudou nem mudará.
E pensei nisso tudo e lembrei de novo da sua saia e seu decote...
Sou seu e não escondo mais de ninguém pois as paixões antigas têm muito mais força do que qualquer vontade do presente, têm muito mais poder do que qualquer outra coisa de hoje em dia a perturbar minha paz quando estou do seu lado. Posso fechar meus olhos agora mesmo e sentir seus lábios que tocam os meus com tanta vontade que já não poderia dizer se é um sonho ou a realidade de um passado que voltou pra me completar.
Foram anos que se passaram e nada mudou. A mesma escola atrás de nós, parada, estática, a praça no seu mesmo lugar, os vizinhos, as ruas, o ponto do ônibus. Mas o que antes se fazia distante agora senta em um só banco a esquentar o frio que tentava nos envolver. Queria uma paixão de volta e ganhei você de presente. Tudo que volta tem um gosto especial.
Dizem por aí nas letras das canções que paixão antiga sempre mexe com a gente, e não é mentira. Só de ouvir o que tens a dizer já me lembro com perfeição dos momentos que passamos juntos há tantos anos, de algumas brincadeiras que marcaram minha vida, momentos tão simples que fizeram toda a diferença na minha juventude distante.
E vem você tão linda, com esse sorriso aberto a me enfeitiçar com suas palavras e seus beijos eternos. Em certas ocasiões tenho medo do que você pode fazer comigo. Sou do tempo em que tudo era mais difícil e sangrava meu coração por qualquer tipo de recusa que recebesse de quem amava. Amava você com toda a intensidade precoce que uma criança pode ter e minha infantilidade e inocência fazia nascer o pranto no meu sentimento. Hoje tudo mudou, minha princesa... menos o seu sorriso lindo.
Quero cantar pra todo mundo ouvir a música que ainda não fiz pra você, quero gritar pra todo mundo escutar o livro que ainda não escrevi pra você, quero me molhar com tudo que de ti escorre mesmo não tendo provado ainda desse mel, quero todas as noites eternas ao seu lado, quero de novo seus beijos, quero mais dos seus abraços, quero outras palavras bobas que trazem seu sorriso, quero você agora, quero você mais que antes, quero só você que se faz nova mesmo sendo tudo que eu sempre quis antes.
E estou lembrando de novo da sua saia e seu decote...
P.V. 21:48 31/07/09

Pastorando...

Aleluia! Disse o pastor em tom bem alto na sua forma gritante e entusiasmada a contagiar todos os fiéis que colam seus crentes ouvidos nas caixas de som do humilde rádio de pilha, provável presente de Deus. Na bondade da fé, na religiosidade que tentam me passar frequentando igrejas lotadas e decoradas, nas palavras plagiadas do livro sagrado e essa enorme vontade de se alcançar o céu inatingível. Têm medo da morte e que caminhos ela pode levá-los a seguir.
As paixões que me acometem veem na carne mais fraqueza que a força da palavra de Deus. E não devem se culpar por isso. Devem sim juntar as mãos e mirar às nuvens pedindo o perdão que lhes dará mais outras oportunidades de errar em minha homenagem.
A graça só lhe pertence assim que ouve as palavras de algum dos escolhidos pelo Pai para arrecadar dinheiro e, mesmo assim, por mais incrível que pareça, ainda deixam-se levar pelo luxo do prazer. E me liga, e me escreve, e me deseja, e clama aos céus que Deus provoque milagres. Mas Deus atende, mesmo ocupado. Admiro algumas ações do Senhor... servem de bom exemplo para os mais novos. E para as mais novas também.
Fico somente a observar tudo que se desloca ao meu redor, tudo que pega fogo ao se deparar com o sinal da cruz, todas as devassas, as ninfas, as lindas e as feias que sentem o mesmo com intensidades diferentes. Sou um mero espectador nesse circo onde criticam-me por me fantasiar de palhaço com direito a todas as maquiagens que vão esconder meu rosto do público que insiste em admirar o show que dou. Deus é testemunha e só Ele sabe das verdades ocultas do amor comercial que não mora mais em meu coração, nem no seu.
Elas são criminosas e não querem nem pensar no julgamento que as aguarda no futuro, pois não sabem, pois não lembram, pois não pensam. São todas minhas, todas perdidas em um sentimento que é nosso e de quem mais quiser, ou quem pedir mais alto. Como um aleluia gritado nas caixas de som a prender crentes ouvidos em um humilde rádio de pilha.
Já se perderam no erro, as pecaminosas que me querem, essas loucas mulheres de Deus cometendo adultérios comigo, falsas ratas de Igreja que se deixam levar pelo queijo sujo que ofereço, trocam pederastas palavras enquanto levam por baixo do braço a sagrada Bíblia que já foi lida algumas vezes.
Terríveis e maravilhosas, adoro seus pecados. Sou eu o maior dos pastores pois tenho o mais poderoso poder da persuasão sem precisar de rádios de pilha nem altares e microfones. Falo baixo nos ouvidos dessas que tem a carne fraca só pra conseguir o que quero, sugar coisas melhores que outros padres sugariam.
Desliguem seus aparelhos de som e visitem meu templo. O testemunho será dado e a glória alcançada.
P.V. 14:15 24/07/09

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Erro de cálculo físico

Era o ano de 2003.
Ia todo prosa, com minhas espinhas salientes, pelo caminho já decorado devido ao hábito costumeiro que me obrigava a percorrê-lo. Sabem desse meu medo normal que já sentia naquele tempo de tudo que se fazia novo e minhas paixões eram assim também. Gostava da menina mais bonita dos quatro andares do prédio principal da escola e ela também parecia sentir o mesmo por mim. Continuava andando e além de todo prosa, ia também todo poesia daquelas bem bucólicas e melancólicas como já antevisse as características falsas do famoso autor português.

Ia pensando nela porque era o que de melhor havia para se perder na minha cabeça. A prova de Física com o careca professor Fábio no primeiro tempo não me interessava muito pois da matéria eu nada sabia, então pensava em seu rosto que era algo bem melhor que o brilho da calvice de meu mestre físico.
Mas sabem os mortais que tudo sempre tende a piorar em quaisquer que sejam as situações que eu me encontre. Pedrinho, amigo de Deus, deu início ao seu pranto e fez cair sobre minha cabeleira uma chuva torrencial que umideceu em demasia as vestimentas que cobriam meu corpo. Já me aproximava da escola então me atirei em disparada, correndo como um louco para que meu penteado sexy não fosse afetado pela força da água.
Ora, ora, vejam só meus caros leitores adoradores da comédia, do riso, do capeta ou toda a desgraça que me cai sobre o corpo... estava eu correndo em direção ao abrigo mais próximo para fugir da maldita chuva quando avistei minha musa, minha paixão do momento, lá parada a conversar com suas duas melhores amigas no último degrau da escada que me levaria ao paraíso seco.
Meus pensamentos pecaminosos e sujos, aqueles que só guardava pra mim (pois agora vou explanar) foram logo se disseminando na minha cabeça. O uniforme da escola era branco e ficava levemente transparente com a água que já o molhava. Ia passar por ela deixando à vista meus duros mamilos que se mostravam salientes a marcar a camisa e os poucos pelos do meu peito semi cabeludo. Tinha certeza que ela ia se apaixonar.
Me aproximei correndo e dei início à subida dos degraus da forma como me ensinaram e sempre disseram ser da mais chamativa. Fui de dois em dois. Os rápidos e ritmados movimentos atraíram a atenção da minha princesa como os animais selvagens realizam suas danças macabras para conseguir o acasalamento e dar seguimento à espécie.
Tudo estava perfeito. O olhar de desejo dela no meu mamilo duro, minha blusa molhada transparente e colada na barriga sexy, o balançar dos fios de minha vasta cabeleira ao sentir o vento bater.
Mas ao chegar no último degrau precipitei-me a tentar subí-lo antes do tempo e ele tornou-se grande na minha frente, quase um muro. Estatelei-me no chão deslizando devagar no solo molhado e sujo até parar junto ao pé daquela que julgava ser a mulher da minha vida.
Não sei se riram de mim pois levantei de um só pulo e corri para a sala de aula.
Fiz a prova de Física pensando em um dia poder escrever isso em algum lugar...
P.V. 19:44 26/07/09

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Sobre carros e vinhos

Ele já está vivendo sob a pressão mortal de um tédio que não insiste mais em se jogar nos seus ombros; simplesmente permanece como mais uma parte podre do corpo, sugando toda a energia que ainda existe, como um parasita que encontrou seu casulo que o levará à terrível consequência da metamorfose. Mas nem tudo está perdido.
Ninguém precisa ser conhecedor de vinho para bebê-lo, da mesma maneira que não há necessidade de haver amor na intenção do sexo.
Numa noite fria e melancólica, já não se sabe nem interssa saber o dia ou o mês, simplesmente o fato de a escuridão ter tomado conta de tudo e a baixa temperatura sendo a responsável pelos calafrios que cortam o corpo, surge a ocasião que carrega por baixo dos panos de sua simplicidade os desejos que sempre povoaram o coração e o orgulho de um alguém que ainda não se identificou com o mundo.
Existe muito a se pensar quando se encara uma ideia e se põe dedicação na conclusão dessa vontade. Meus olhos enxergam o futuro dele que se dedica a ela. E sempre me disseram que meus olhos só veem metade das verdades, e metade das mentiras. Por ser quem eu sou, continuo vendo o que quero. Somente as mentiras.
Se ele prefere sair, empurrado pelas duas pernas, decidir tudo que já vem batalhando há tanto tempo, gritar para si mesmo que o poder continua em suas mãos, dando a arrancada importante que o evento lhe pede, torçamos que esse garçom traga em sua bandeja o copo gelado do vinho mais doce que duas bocas podem provar.
Também há quem conte as fábulas daqueles que opataram pela luxúria do capeta, rejeitando o nem tão puro e sagrado amor de Deus.
Pára em sua frente um carro preto, com vidros pretos, e essa mulher, loira, bela, independente e bem-sucedida que o chama para arder no mármore infernal de sua cama. A tentação na tentativa de atentar ao prazer esfrega na cara do homem o poder da carne que nunca caracterizada pela fraqueza.
Sexo sem compromisso, intenso, quente e escandaloso, nessa faixa de idade onde, por um lado muito se quer e pelo outro muito se procura; a perfeição de um casal que pouco mais sabe que o próprio nome, justamente isso que transforma a perfeição de um momento destinado a se perder no imaginário do futuro, pois em nada acrescentará, a não ser na contagem das glórias e conquistas desse homem.
Uma escolha será feita, por mais que a vontade seja de realizar todos os desejos ao mesmo tempo. Entre vinhos e negros carros, há bem mais do que possa querer se imaginar e é só felicidade o que o aguarda no fim desse arco-íris.
Eis que o tal garçom traz sua bandeja com o copo de vinho, dentro desse carro preto luxuoso e as duas maravilhas se confundem e afogam o sentimento como quem rouba o fôlego da falta de ar, inebriando o cliente que aguarda ansioso, sentado, escrevendo...
P.V. 10:28 16/07/09

A escolha do vinho

Deus é um safado.
“Mas cara, como pode você dizer uma coisa dessas, uma blasfêmia de tal tamanho sobre a maior das entidades, sobre os reis dos reis, sobre o maior de todos, o poderoso e tudo mais...?”
Pois não há nada que possa justificar o que me aconteceu nessa noite que ainda não acabou, essa noite que ainda mostra sua escuridão e lentidão para que meus dedos possam escrever o que lhes tenho a dizer. Tudo é muito intenso quando se bebe do vinho sagrado e gelado a obserrvar calmamente tudo que diz a mais bela das princesas que já puderam dividir o espaço comigo.
E diz que vai me ligar, e diz que vai me procurar, e sairemos juntos... tudo na mais linda das verdades por mais que se esconda por baixo desses panos um interesse mútuo. Mas isso não importa pra mim, não importa para a minha vontade que irá ser saciada, custe o que custar, morra quem morrer, sofra quem sofrer, por mais egoístas que sejam as palavras. Pois o amor, quando brota da paixão é impune. Nada pode incriminá-lo...
O garçom serviu-me vinho.
‘Lonely is the night’ como já dizia algum desses poetas saxônicos e suas letras sempre melancólicas e tristes. Mas no meu caminho de casa não consegui imaginar a tristeza depois de ter encarado fixamente o sorriso e os olhos de Durique, esses que me hipnotizam como a mais peçonhenta cobra que não sabe o que fazer quando seu algoz toca a maldita música que a faz dançar.
A paixão me arrebatou e isso só pode ser culpa de Deus. Já disse o feiticeiro que o feitiço há de se voltar contra o mesmo, e devemos sempre tomar cuidado com o que desejamos. É justamente isso que acontece; os únicos que não veem são aqueles que olhos não têm. E meus olhos...? Todos dedicados às palavras que rolam pela sua boca, às palavras que deslizam como pétalas a cair das mais belas flores da primavera.
Estou extremamente ansioso para que a cama me abrigue em seu sono eterno pois sei que antes que meus olhos se fechem durante a eternidade de um momento que durará algumas horas, irei pensar nessa maravilha que me tira a fome para eternizar o que sinto.
Durique e Deus estão arquitetando um plano secreto e sem-vergonha contra mim, para me jogarem ao chão, fazerem-me pagar por tudo que já pequei, mas enganam-se, bobos!! Sou mais forte que vocês com minhas idéias preparadas para atingi-los e derrubá-los antes de mim. Deus eu não sei... Mas Durique tem o sorriso que pode me derrotar.
Na verdade, deveríamos chamá-la de Karol, pois é assim que a trato no dia a dia, linda e bela com suas prováveis covinhas e sinceras promessas que não me deixam mentir. Suas verdades agora me atingem de uma forma que me fazem cair em contradição pois já não consigo mais encarar seus olhos, ouvir sua voz sem que acredite piamente no que sai de sua boca, no brilho intenso dos seus olhos quando me olham. Uma coisa tão linda assim deveria ser minha.
“Cara, se eu te disser que estou apaixonado, acho sinceramante que não acreditaria em minhas palavras, mas admito que o amor me pegou de um jeito que não há nada mais importante nesse momento do que ouvir as palavras que Durique pronuncia com a mais pura leveza e simplicidade que Deus pôde dar a uma mulher.”
Ela vai dizendo tudo que sente, vai entrando em mim, vai me contagiando com sua energia adormecida e seus amores do passado que ainda se fazem presentes, e não sabe mais o que diz, se perde em todas as suas afirmações exageradas, assim como eu também me perco em minhas respostas sem perguntas... Durique é tudo o que há de melhor para se olhar e olharia pelo resto da minha eternidade os olhos que dela saltam sempre que se enchem de lágrimas contidas e retidas... Ela consegue chorar sem derramar a água que banharia seu rosto. Uma mulher de verdade em toda a sua meninice.
E tenta gritar aos sete cantos do mundo que não existe mais amor em seu coração de garota. Claro que a mentira é aquilo que mais encanta seu pensamento para que uma verdade inexistente possa se tornar concreta. Durique não precisa disso, Durique é única na sua perfeição que pude verificar hoje...
“Não quero mais falar, meu grande amor, das coisas que aprendi nos discos...” e nem nada disso que estou vendo agora pois não quero acreditar no que diz meus olhos, no que vê minha boca, no que sente meus ouvidos e tudo isso que está aqui bem na minha frente, tudo que faz parte de mim agora e pode se perder amanhã, ou grudar-se ainda mais em minha pele... a verdade é nua, e não há roupas que lhe vistam nessa hora da noite, tudo que se diz é a mais pura verdade pois não sou dono de mim, não comando meus dedos, é a imaginação, é a mente que diz, que grita o que penso e que sinto nesse instante.
E Deus quer me derrubar só porque pedi algo que ele talvez não vá aceitar pois sabe que minha tristeza irá se aguçar. Estou pouco me lixando pelo sangue que há de escorrer pelo meu coração quando a provável facada adentrar em meu peito. Só quero viver a dor de uma paixão para daqui a algum tempo poder relembrar com saudade dos beijos quentes e intensos que Durique me proporcionou.
E nem sequer sei como desliza sua língua dentro de minha boca pois ainda não tive o prazer de prová-la, sou um virgem dos lábios da minha deusa.
"Durique, saia da minha vida por favor, pois já não sei o que fazer com tanto amor que escorre por mim sempre que te vejo falando as coisas mais fúteis e inúteis que possam existir."

Sofro por antecedência só de pensar em algum dia ouvir palavras de sua boca em direção a mim mostrando sentimento...
É muito mais do que só imaginar, é bem mais do que se querer, é algo tão forte que transcende a mente, e o coração, e o que chamam de sentimento, e tudo isso que escrevo e tento colocar no papel.
Nunca acreditei na exclusividade do amor, e não será dessa vez que também que acreditarei. Ela nem quer nada disso, ela está adepta da poligamia, a vida dela é tudo que eu imaginei pra mim, tudo que respira parece ser meu ar, tudo que come parece ser o que mastigo, um espelho se põe em sua frente sempre que encara suas feições e minha imagem se joga em seus olhos. Somos dois em um.
Disse um homem aos meus olhos essa manhã: “Por que sofrer se o amor lhe aguarda?? Por que derrubar lágrimas se a felicidade está lhe esperando na virada da próxima esquina??”
Achei bonito, fechei o livro.
E pedi vinho ao garçom.
P.V. 23:58 16/07/09

domingo, 12 de julho de 2009

Apresentando Breder

Foi marcado, foi previsto, foi planejado e parecia ser bem duvidoso. Mas nada de que se duvide falha quando se põe em minhas mãos. Fiz ligações diretas e ouvi a voz que, por não ter mantido o hábito de escutá-la, não reconheci. Era Breder que me confirmava o futuro e conseguia êxito na missão mais importante que assumi desde que vim parar nesse mundo: alegrar meu dia.
Saí de casa às pressas e faminto pela nova aventura que estava por se desenrolar. Admito que sinto saudade dos tempos em que tremiam minhas pernas e secava a minha boca temendo o encontro que se daria pois morava em mim um mar de timidez e vergonha e tudo mais que entristece a jornada dos adolescentes apaixonados como eu era.
Breder já me aguardava com sua ansiedade descomunal, nervosa por duvidar de minha chegada. Porém, costumo cumprir minhas promessas e aliviei o pensamento dessa senhorita que já me confundia com outras pessoas que por ali passavam.
Encontros e desencontros são normais na vida de todos; daí o costume pelos cumprimentos que se fazem por beijos e abraços. Mas além do que é habitual, percebi olhares tão intensos que conseguiriam vexar minhas atitudes de menino assumido que sou.
Algo na sua beleza curiosa típica da menina que ainda é, em todas as suas palavras desconexas que entravam e saíam dos meus ouvidos sem deixar rastro, seu sorriso bobo e fácil que contagiou meus olhos tornando-me um viciado em fazê-la rir, seu corpo quente que parecia chamar o meu mesmo sem tocá-lo, tudo isso me atingindo ao mesmo tempo, enquanto ardia o Sol e os transeuntes andavam por nós a invejar a felicidade; foi quando lhe beijei... tentei resistir à vontade, porém tive o prazer da fraqueza que me derrubou em seus lábios.
Beija como gente grande a menina que andava de branco. Tão alva quanto sua pureza que se faz intacta, fato que desperta ainda mais fome em mim. A virgindade dos mais belos anjos que se encontram nela. E o mal também reside ali. Talvez um diabo disfarçado.
E agora não havia mais nada que impedisse nosso andar leve e solto no meio da multidão enquanto uniam-se nossas mãos com a mesma intenção de se querer perto, o mais perto possível. Da mesma maneira que agora ainda quero.
Todas as palavras nada significam pois são fatos comuns e não relevam em nada a história que ando desenhando. Só o seu beijo é a exceção perfeita daquele dia. Ainda posso sentir o gosto de sua língua passeando na minha boca, enquanto, de olhos fechados, eu podia enxergar bem mais do que algum dia já sonhei.
E tem um nome bonito, a menina do sorriso bobo e fácil.
Breder me inspira.
P.V. 9:46 12/07/09

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Uma gueixa e seu olhar

Incrível como Deus consegue deixar escapar seus anjos mais belos só pra alegrar minha vida quando de repente me deparo com tamanha beleza frente aos meus olhos virgens de perfeição exagerada. Tens um corpo esculpido pelas mãos mais delicadas que já existiram. Abriga nesse corpo as belas formas que se destacam dentre toda a normalidade que se observa no dia-a-dia. E ela é única com essas curvas que me fazem delirar de sonhos pederastas e ninfas imaginações a mergulhar sem dó num mar de prazer que se abre aos meus pés sempre que nós nos encontramos.
E tudo isso que se vê é pouco perto do que mais me chama a atenção.
Os outros que se dizem amigos, aqueles que têm olhos apenas para o pedaço suculento de carne que ela é, aqueles que pensam com cabeças diferentes da que sente com razão, aqueles que salivam tanto quando ela vai quanto quando ela vem, esses monstros famintos por uma chance de serem felizes saciando o desejo que lhes sobe pelo corpo, sentem tudo que eu também sinto. Mas seus olhos são os donos do meu coração, apesar de tudo que me daria bem mais satisfação na imagem que ela representa.
A pura Nata que se Refaz sempre que peço a delicadeza de um suco e jogam-me ela em meu copo. E bebo até quando não sinto mais sede pois sei que a vida é feita de momentos, e sem aproveitá-los nada seremos num futuro que não está mais distante que a próxima esquina de folia, onde seu olhar me espera mais uma vez.
Renata é dessas mulheres que não se encontram em lugar algum, mas se faz presente dentro de mim em qualquer lugar que eu estiver. Pois segue-me os passos dentro do meu coração e sempre ocorre a comparação quando uma beleza diferente passa por mim, e me vem à mente aquilo que tanto almejo pra que consiga perpetuar a plenitude de minha felicidade.
Renata é algo além do real, quase que impossível de se alcançar, mas que se perde em suas sinceras mentiras a me iludir o sentimento, fazendo-me um mero seguidor de suas palavras, a admirar sua beleza.
E continuo nessa mesma saga sem descansar pois me dá muito prazer poder só olhar para tudo que ela tem a me oferecer. Conto os dias até que o próximo encontro chegue e minha boca possa mais uma vez sentir os lábios que ela exibe com tamanha perfeição. Um beijo e todo o evento passa a ser aquele que há de se tornar o mais especial de todos. Sua aparição faz meu dia transbordar de luz e somente uma foto consegue iluminar todas as intenções que se mostravam contrárias ao amor utópico que sempre busquei na minha vida.
Os olhos de Renata. Só isso e nada mais podem trazer a alegria à minha vida, pois tudo que é único desperta o interesse do meu querer. São olhos lindos, sem maldade, sem intenções primeiras, com luz, com brilho, com fogo, um abismo onde quero afundar vertiginosamente, seus olhos e suas lágrimas de emoção que banham seu rosto de anjo são os elementos perfeitos que fazem dela a minha pedra mais valiosa, a minha princesa mais poderosa, minha gueixa mais bela, minha amiga, minha amante, um amor que quero levar sempre dentro de mim, sempre deixando vazar a paixão evidente que se põe em frente de mim quando seus olhos me encaram e não sei mais o que fazer.
Renata e seus olhos são tudo o que quero ver.
P.V. 19:05 13/07/09

Durique e suas falsas promessas

Ela continua a iludir meu pensamento. E eu, bobo, ainda acredito em todas as suas falsas promessas que tornam o meu sono mais leve depois que recebo o seu ‘boa noite’. Durique tem o dom de me ter nas suas mãos, mas ainda consigo resistir e não demonstrar aos seus olhos mortais, toda a paixão e devoção que lhe dirijo pois sei que a mínima intenção que se guarda dentro dela pode se esvair feito poeira, devido às características do amor que nunca teve fundamento.
Vinha aguardando um terceiro encontro, que ainda não se deu. Numa dessas escuras noites, tive o prazer (ou não) de conferir de perto, mais uma vez, a beleza exagerada de Durique em outra de suas diversas formas. Sei de cor que todas me agradam, mas ainda assim sempre me surpreendo com o capricho que Deus devotou a essa jovem que encanta meus olhos a cada oportunidade que se coloca em minha frente. Porém, fez-se rápido demais o nosso contato e somente algumas palavras puderam ser trocadas, dada a responsabilidade que aguardava a dona dos meus melhores sonhos. Não deve se considerar um encontro. Pois no terceiro encontro eu devo beijá-la. E ela me prometeu. E eu acreditei...
Fico feliz sempre que acredito em uma promessa de amor pois sinto-me como um menino apaixonado pela mais linda do bairro, aquela que ninguém acreditaria que será minha. E Durique, de fato, é a mais linda com aquele sorriso perfeito que se abre toda vez que uma simples palavra lhe chega aos ouvidos.
E ao mesmo tempo que o movimento romântico me atinge, quando fantasio inúmeras cenas deitado antes de dormir, também vejo me cercar a ameaça do realismo que me traz à verdade do cotidiano costumeiro de meu sempre equivocado e poligâmico pensamento que poderia destruir uma eternidade pelo prazer de um momento.
Durique se faz mais forte que minhas ideias com suas promessas tão poderosas a ponto de transformar o desejo que sempre povoou minha mente. Durique faz sem saber como e se destaca na sua humildade me castigando sem dor por eu não fazer, mesmo sabendo como. Ela está acima de mim, acima de qualquer expectativa. Tudo pode-se esperar dessa mulher no corpo de uma menina que ainda nem completou a maioridade, mas já se mostra tão bela quanto as mais bem elaboradas esculturas femininas já concebidas.
Durique é o que há de melhor em mim. E sei que não me pertence, justamente por isso persigo seus passos, admiro seu sorriso, desejo seu corpo e acredito em suas falsas promessas.
Durique é o que há de melhor em mim. Durique é o que restou em mim.
P.V. 10:15 08/07/09

Expo Itaguaí - parte I

Era um desses dias normais que começam pela manhã e só terminam no próximo nascimento do Sol. Louvamos ao funeral da Lua que nos acompanhou de perto durante toda a madrugada. Esses inícios do sétimos mês do ano são sempre promissores e revelo que dessa vez não está sendo diferente.
No último dia da semana, levantei antes do galo começar a cantar a galinha e me dirigi rumo à responsabilidade. Decorridas 12 horas de árduo trabalho, segui mais um dos conselhos de minha velha mãe: “Primeiro a ralação, depois a putaria.”
E já vinha ouvindo rumores sobre acúmulos de pessoas em busca de um mesmo ideal, todas reunidas clamando pela felicidade com seus respectivos copos na mão, dos mais variados líquidos, cantando sempre numa só voz a música que gritava pelas enormes caixas de som, lá numa terra distante onde o fim do mundo deve ter seu começo.
Porém sozinho eu não poderia ir. Tenho isso dentro de mim, essa necessidade louca de estar sempre acompanhado para que no futuro haja testemunhas dos mais ridículos fatos que parecem seguir-me. E foram Thaisinha, a Foca Preta, Joyce Dançarina, e a Cristiane, vulgo Kikity. Belas testemunhas, diria meu advogado. Rômulo, o Orlando Ronaldo também estava presente.
Thaisinha é uma pessoa de difícil gênio. Isso pode ser bem exemplificado com a guerra que esta adolescente trava com seus inocentes fios de cabelo, motivo de nosso exorbitante atraso. As pessoas têm que entender que os ditados populares possuem toda a razão quando explanam suas teses em forma de palavras. Da mesma maneira que um pau que nasce torto, morre torto, os cabelos que nascem duros, morrem duros. É bem verdade que Deus castiga, mas o que ele fez na cabeça de Thaisinha foi esculacho.
Passada a crise inicial e com os cabelos penteados, partimos rumo à alegria nas longínquas de Itaguaí City.
Pessoas inteligentes se programam e traçam um plano de trajeto quando se destinam a algum lugar do qual não conhecem bem. Posso dizer com bastante convicção que nós não fazemos parte desse tipo de pessoas. Tem gente que diz que quando as coisas dão errado, a tendência é que piore ainda mais e, com isso, o ideal seria retroceder. Também digo que não somos gente assim.
Em uma das conduções que pegamos pra tentar chegar ao local da festa, Joyce e toda a sua incrível capacidade de se achar feia dentro de um casulo de perfeição, indagava a todo momento se o seu cinto dourado estava descombinando com sua pulseiras e brincos prateados. Mas é claro que estavam descombinando! Mas ninguém liga pra isso, pois o mesmo cinto dourado que ela usava estava bem abaixo de algo que chamava muito mais atenção, se me permitem a franqueza.
E eis que entra na van, um jovem no alto de seus quase 19 anos, esbelto, magro, com o rosto desenhando com algumas espinhas e outros fiapos de barba, características básicas de quem vive essa idade de transição do menino para o homem. Eu, que queria informações sobre a Expo para a qual estava me dirigindo, perguntei se pra lá ele ia. Disse-me que não, que iria em uma festa onde havia muitas mulheres. Senti em sua afirmativa um ar de zombaria com minha cara e um pouco de ironia, mas logo concluí que uma pessoa como aquele jovem não saberia diferenciar esse tipo de atitude. Tive a certeza que ele ia mesmo para o puteiro.
A casa das primas, a casa da luz vermelha, a casa das mulheres de costumes fáceis... quantos nomes poderiam ser dados ao lugar para o qual ele se destinava, mas especificamente West Night Club era a que ele ia junto de seus amigos que já lhe aguardavam no local. E Joyce não pôde se conter e teve que indagar o rapaz sobre sua roupa. Quase que babando em cima dela, ele ficou sem palavras, engoliu a seco a vergonha, corou as bochechas espinhosas e disse alguma coisa que agora eu não me recordo, perdão, mas foi engraçado e eu lembro que a gente riu.
O relógio no meu pulso já me dizia que o sábado tinha ido embora para dar lugar ao domingo e ainda estávamos parados em frente a uma Van, pertencente ao maravilhoso transporte alternativo carioca, sem combustível. Uma Van sem combustível rumo à festa é a mesma coisa um homem broxa na cama com a mulher mais gostosa do mundo. Mas a raiva não supera a vontade de querer ser feliz, então os deuses da noite nos enviaram uma kombi maravilhosa que pôde nos levar ao nosso destino. Ou pelo menos quase lá. Porque, coincidentemente, o motor desse veículo também parou, mas o som alto da festa nos indicava que a proximidade era tal que poderíamos ir andando seguindo o barulho.
Sem mais contratempos, partimos em direção ao povo, esse povo maravilhoso, esse povo itaguiense, se é assim mesmo que escreve, esse povo que nos aconchegou com toda sua hospitalidade, nos dando a oportunidade de adentrar em sua cidade histórica e absorver dela tudo sem pedir nada em troca.
Fomos andando pelo mar de gente, atropelando tudo e todos, abrindo espaços pois as estrelas da noite haviam chegado um pouco atrasadas, é bem verdade. E por todos os lados, sorrisos estampados nos rostos eram vistos pois a festa do amor traz alegria ao coração de todos aqueles que nos cercavam e nos contagiavam. Decerto que a música não fazia muito jus à perfeição do momento, porém tudo se releva e até mesmo eu que não sou fã desse pagode extremamente romântico, me peguei cantarolando as canções que o rapaz em cima do palco gritava.

Réplica de um coração vagabundo

Mulher de uma noite, mulher de me fazer feliz por um único momento, mulher que me dedica sorrisos sinceros que não vão jamais me atingir por mais que pareçam ser da mais leve e apaixonante verdade. Só te quero pra curar o meu prazer louco e animal de jovem que ainda sou e necessitado, que sempre serei.
Saiba com todas as letras do meu pensar que tu não és mulher pra mim, a não ser de uma tarde ou outra perdida entre palavras vis, entre mentiras que arrancarão dos seus olhos as lágrimas que lavam a sujeira de falta do pudor de sua cara. Se precisas de mim, estarei aqui para ocupar o lugar que em ti se faz vazio, mas esse lugar não demonstra sentimentos, e sim a libido da carne que pulsa dentro de suas vergonhas, que não mais existem.
E se faz linda por fora. Tanto quanto quando caem suas roupas, pequenas...
Divago sobre a vulgaridade de suas palavras que invadem meus ouvidos nessas tardes chuvosas do mês de julho, posterior ao mês dos amantes. Talvez seja esse o mês dos adúlteros. Seu mês, meu amor... Nosso mês.
Me vejo em você, por mais que as críticas auto-protestantes sejam aqui gritadas pelos meus dedos que não param desde que o telefone se desligou. Você se faz suja, pois já cansou de todo o brilho da limpeza que jamais te trouxe a felicidade plena, caiu no antigo esquema dos “bonzinhos que só se fodem” e agora tenta recuperar o tempo perdido tragando aos goles a vida que se oferece aos seus pés.
Usar sua beleza excessiva para atos tais como esses que ouço é de grande burrice. Grandes poderes trazem grandes responsabilidades, mas vejo que a ignorância lhe atinge a cada dia mais fortemente. Continuarei me esbaldando de você...
Disse o irmão Antônio, em sua prosa poética, pregador das palavras do Senhor, moralista, sincero, arrependido dos erros do passado:

Escute as palavras que lhe digo
Não erre e evitará o pranto
Não pense só no seu umbigo
E sossega esse pinto branco

Mas ela é uma criminosa, as palavras da pregação, fruto da obra, não conseguirão me mudar, me transformar quando ponho lado a lado, letras, vozes, e seu rosto coberto pelos lisos fios de cabelo que lhe caem pelos olhos, pedintes, sedentos do amor... Gritem, minhas reticências; vocês podem.
És Lucíola, puta arrependida.
Sentes a vontade de se entregar ao prazer, sente todo o fervor que lhe sobe pelas pernas e, deveras, não consegue esconder esse sentimento que é bem mais forte que qualquer outra coisa que possam ter inventado e escondido dentro dos corações das pessoas. Mas ela sente também o que a razão lhe diz e a sensatez do sentimento lhe pede. Ambas as vontades farão mal se não forem bem administradas. E pessoas ignorantes não sabem utilizar o que a vida oferece, não sabem fazer simples coisas, como separar o prazer da razão, não sabem dar valor ao que tem em mãos, não sabem se dedicar a um grande amor sem que fira o sentimento daquele que está ao lado. Mais uma vez, ela gasta o dinheiro de um, nos fins de semana, pra se divertir comigo nos dias de feira...
E Paulo, personagem de José de Alencar, está completamente apaixonado por Lucíola...
P.V. 16:57 03/07/09

A verdadeira crise

O amor está desvalorizado. Hoje em dia todo mundo se ama. Bastam algumas palavras, um ou dois encontros e logo se ouve um “eu te amo” cheio de emoção e entusiasmo que só serve para ocupar um espaço onde reinava a falta do que dizer. Eu mesmo amo tantas pessoas que perdi a conta e estou à beira de um ataque cardíaco, visto que me coração não aguenta mais essa superpopulação exagerada.
Sou um bom menino.
Retribuo em dobro o amor que me oferecem. Por isso, talvez, que me amem tanto. Mesmo com toda a falsidade que se esconde por trás dessas 3 palavras mágicas. Truque velho. Se dizes que seu sentimento por mim tem nome de amor, digo que o meu consegue ser ainda maior, desses que nem eu mesmo poderia definir, por mais que o amor seja algo grande como o infinito.
Sei mentir a ponto de meu exagero se fazer crível. E eu gosto tanto dessa palavra. Mas nem tanto de mentir.
Já dissertei sobre os motivos que me levam a mentira, e ainda assim me levam a sério. Algo de muito estranho está acontecendo com os corações pelo mundo a fora. Sei que nada disso é verdade, sei que todas as palavras dedicadas são de um teor único de falta de sensibilidade, sei também das teses que se passam em minha cabeça. E explano.
Tenho quase certeza que as pessoas simplesmente passam por um tédio social imensamente grande,e por isso sentem essa necessidade louca de serem amadas, por um ou outro, por quantos for possível, de todas as formas que sejam, sinceras ou não. E dizem que amam, esperando receberem a mesma afirmativa. Dizem uma mentira esperando ouvir outra. Plantam o desamor pra colher o desgosto. E vivemos tão felizes com isso, que minha preocupação se esvai, corre pelo ralo da podridão que é nossa realidade diária escondida nas esquinas da falsidade.Acredite, meu bem, em sua rua também têm esquinas...
O amor está desvalorizado, inflacionado, sofre de alta corrupção, está sendo traficado, já foi pirateado, em algumas ocasiões mostra-se produto de contrabando, é vendido por camelôs, está em processo de extinção, corre alucinadamente dos poucos sinceros como um batedor de carteiras corre da polícia, é o amor que você me diz, o mesmo que lhe digo.
Mas meu pensamento é sempre de otimismo e tenho certeza que tudo irá se encaixar no futuro. Como um grupo de preservação, aparecerão pessoas que guardarão os últimos vestígios do amor verdadeiro em jaulas, ou pequenos vidros dentro de laboratórios pra daqui a algum tempo, com a evolução da ciência, poderem clonar e multiplicar essa tão rara forma de sentimento. E injetarão nos recém-nascidos a pedido dos pais, frutrados adúlteros sem amor próprio que pudesse ser passado ao filho, pra que, ao crescer, torne-se uma pessoa feliz.
Desperdiço minhas horas falando sobre isso e nem sequer sei a razão. As vezes me pego pensando como consigo escrever tantas palavras sobre algo que não conheço, algo que ainda não senti por dentro, algo que parece me arranhar de leve em alguns momentos, mas não me atingiu em cheio como uma bala perdida de fuzil explode no peito do seu encontrado. Seria bom se atirassem em mim, com uma dessas flechas do amor, essas flechas super enfeitiçadas que vão de encontro ao coração e mudam para sempre a vida de uma pessoa, transformam para o bem, para a exclusividade, para a monogamia. Chegará meu dia, e terei o prazer de saber o que é ser amado, de saber o que é amar somente uma mulher para todo o infinito do sempre.
Mas esses cupidos idiotas precisam treinar mais...
P.V. 17:25 03/07/09

Durique inalcançável

I get it all
That’s the true

So why don’t I get you?

Meio estranho tentar responder, mas esforçarei-me ao máximo para explanar o motivo da não conquista. Talvez eu queira abordar as partes mais simples do caso pra não complicar meu currículo, ou então resolva dizer toda a verdade, por mais que a verdade rasgue a carne do meu pensamento super insincero, sedento por gritar obscenidades.
Trata-se de uma história inacabada. Um “ainda” que não terminou, mas terá seu fim decretado com glórias e aleluias a louvar a mim, somente a mim, por tudo que fiz em tão pouco tempo com diminuto material que me é oferecido. Guerreiro eterno de um amor que não existe, tento sem sucesso há algum tempo uma conquista que não se dá pois algo de ruim está impedindo que o amor chegue ao seu clímax. Não reclamo, apenas indago às palavras...
Se, de fato, consegui tudo que me estava ao alcance, se estiquei meus braços curtos e pude ir além do que conseguiam minhas mãos, foi porque sou o que sou, filho de meu pai, neto de meu avô, presidente da União, acadêmico convicto, predestinado ao destino com os perdões e desculpas aos pleonasmos e metáforas que a convenção me obriga utilizar, ou não.
Não só por isso. Há muito mais, contando com a sorte e principalmente com a ajuda do Cara que descansa sentado no trono lá do céu. Já passei por situações bem mais complicadas e me saí muito bem, mas admito que dessa vez não vejo alternativa viável que me faça sentir a esperança pelos dedos, ou com um plano de letra, nem A nem B.
As palavras já foram ditas, em suas mais variadas formas, em todos os exageros possíveis, com todas mentiras sinceras que se escondiam em mim, com toda a vontade explícita e descarada que se mostra em meus olhos quando a via, mas mesmo assim, nada deu jeito de fazê-la consentir com meu desejo.
E não me desespero, sei que tudo tem seu tempo, sei que tudo é destino e momento. Sei de uma esperança única que não sai da minha cabeça jamais e é justamente nela que seguro quando vêm as tempestades de desconfiança tentando me levar com seus ventos fortes de maldade pura e cruel. Meu pensamento é mais forte que essas rajadas simples, e só não concluo meu intento pois não quero me levantar nesse instante e bater em sua porta, clamando por seu nome, convidando-lhe para conhecer algum lugar mais calmo e tranquilo onde lhe dirigiria algumas de minhas palavras mais desconhecidas, essas que pulam de minha boca no clímax do amor, e então beijar-lhe os lábios, finos, vermelhos, meus...
Mas esconde-se por trás dessas ações os medos eternos da paixão aguda, doença eterna que me segue mesmo com todas as vacinas devidamente administradas em meu coração, músculo que jorra sangue como um pranto interminável sempre que as mais belas mulheres do meu tempo resolvem fazer mal ao meu sentimento. E se não doer aqui, pior seria, pois doeria lá.
Um de meus braços para não ver escorrer pelo seu rosto uma única lágrima, consequência de qualquer tipo de erro que parta de mim.
Sou devoto da sua vontade, sou escravo de seu desejo, e um único instante a sós mudaria completamente o parâmetro de tudo que se desenrola atualmente. E todos os textos, todas as palavras, todas as noites mal dormidas, todos os sonhos seriam igualados a nada, pois é tudo parte de meu show particular, meu orgulho que deve ser preenchido com o querer do momento.
Terceiro encontro, inadiável e prometido. Há de chegar.
P.V. 03/07/09 18:09