quarta-feira, 30 de junho de 2010

Amigo é pra essas coisas

Rosa acabou comigo.
Nem Deus sabe o motivo...
Que bom se eu morresse,
talvez Rosa sofresse,
na morte a gente esquece...
Adeus, já amolei bastante,
muito obrigado, amigo,
por você ter me ouvido,
Sua amizade basta,
o apreço não tem preço,
eu vivo ao Deus dará...

Vai por aí amigo negro, suas lágrimas molham minha mesa, e meu chopp fica mais gelado com seu corpo estático ao meu lado, vai por aí com sua tristeza básica de quem mereceu o que recebeu durante a vida e não inveje a felicidade minha pois num momento ou outro pode ser que eu caia no mesmo buraco do qual tu tentas sair agora. Vai por aí, enxugue essa dor, largue essas palavras erradas e engrosse essa voz pois homem de verdade não se deixa levar pela infelicidade de um amor não correspondido.
Vou nos meus goles...
Se queres mesmo saber, afirmo com minhas poucas loucuras que não ando mais como andava nos outros dias, aqueles mesmos em que éramos tão amigos, e não te encaro com os olhos de outrora pois a vergonha se apodera dos meus intentos e retiro o brilho que um dia poderia te dedicar com toda a sinceridade sempre intensa para com os amigos íntimos.
Tu sabes, tu conheceste a pessoa que está sentada em sua frente, não se vexe se vir um espelho prostado na sua frente pois seu reflexo é a imagem do meu ser. Já daí tiro mais de meia dúzia de desculpas bem esfarrapadas e convincentes para que tu possas levantar-te e andar com as próprias pernas, já daqui enfio nos bolsos mais outras dúzias de verdades que não lhe diria nesse momento, pois lágrimas outras nasceriam de seus olhos, inundando um pouco mais a mesa que abriga meus copos de chopp.
Pois vejas tu, ou se quiser vire para o lado, não me encare se for de tua opção. Chamas-me amigo e aceito essa evocação em minha pessoa, diz de mim tudo o que poderia ser dito de alguém que lhe quer bem e não vejo erro nessa afirmação, sente por mim o sentimento de irmão e confia nas minhas palavras tanto quanto confia nas minhas atitudes. Ponho fé e assino ao fim de cada uma de suas adorações.
Pois Rosa, menina do Leblon, mulata do morro, querida por todos, amada por ti também é amada por mim.
...
Disse, talvez num meio de semana, talvez num fim de mês, palavras soltas num papo de outros bares, um desses nossos novos poetas, um desses rapazes no auge do poder que podem lhe entregar em mãos, que a mentira nasce e só tem utilidade saudável se for destinada à proteção de quem mais se ama. Não entenda como lhe digo, amigo negro. Entenda justamente da forma como adentram em ti as palavras que vou lhe gritando. Rosa da praia, menina do Leblon, mulata do morro, seus cabelos negros que bailavam de lados para lados quando caminhava ao lado seu, e o cetim que não caía de seu corpo, encaixava perfeitamente nas curvas acentuadas que Deus lhe dera, eu em pé no botequim, sua deusa, meu sonho de consumo.
Paixões chegam e se vão, amigo negro. Minha paixão se foi. Porém meus olhos não conseguem fingir. Ainda deixo transpassar todas as emoções que nascem e morrem dentro de mim e Rosa do morro, mulata do Leblon, menina da praia, sentiu tudo o que era explícito em mim. Não se deixa levar por nada, não quer coisa alguma além das aventuras, não se faz mulher do mundo, pois nem mesmo o mundo poderia caber-lhe na mão, não faria sequer questão de abrir as mãos a fim de ter o mundo, optaria por saber que ele existe e lhe deseja; Rosa, sua amada, já me desejava bem mais do que eu um dia poderia ter lhe desejado.
E dizem da carne e suas fraquezas. Nunca tive essa força...
Já não caem mais suas lágrimas, amigo negro. Caem as minhas agora.
E não me compadeço de sua dor. Compadeço da dor de Rosa.
Tente inocentar um assassino e será crucificado em praça pública. Pois eu dou poderes mais belos a quem vive de amor e por amor sabe viver.
A questão mais bela que um dia eu poderia responder é a do que representa esse sentimento para alguém que não o conhece. Já cheguei a conclusão de que não há como responder, não há respostas suficientes, não há letras nem palavras que possam descrever o que sentes tu, o que sinto eu, o que sente Rosa...
Então vamos a Rosa na praia deixar aos beijos do Sol e abraços do mar...
Calarei meus pretextos mais uma vez e espero entender todas as minhas palavras no futuro. Digo a ti, amigo negro, e se não tem o poder da discrição, levante-se da minha mesa e deixe a gorjeta do garçom.
Parei de beber o chopp da estranheza.
É momento certo de pedir vinho outra vez.
P.V. 11:14 30/06/10

terça-feira, 29 de junho de 2010

A revelação do silêncio

Eu li um anúncio no jornal. Letras garrafais: "Educação Sentimental". E o povo, louco e intenso, abarrotando as bancas em busca de um exemplar, todos famintos pelo saber, todos em busca desse antídoto, palavras que trariam a analgesia amorosa que sempre buscaram e, enfim, era revelada.
A mentira me inspira. Nascem daí todas as idéias perfeitas que os autores fazem questão de cuspir no papel... comigo não poderia ser diferente. Tenho certeza que escolhi a profissão errada. O futuro me dirá.

Eu observo. Vejo resquícios de vício. Vejo caminhos de lágrimas caudalosas. Vejo ausentes tristezas. Vejo menos que isso. E o rosto fino de quem sofre é o saldo positivo do fim de um relacionamento?? Pois que venham todas as gordas ao meu encontro, venham com o coração tão inchado de amor quanto suas barrigas inchadas de comida e sairão satisfeitas, o prazer na boca, a saudade no peito, e a silhueta mais esbelta.

Pasmem, os senhores que me leem, e as senhoritas virgens que me seguem, ou talvez que me ceguem mesmo, pois veio a cabeça minha, esta que anda tão cheia e tão vazia, o supra sumo do intento de por mãos à obra e evidenciar um trabalho único, um dever para a sociedade, o sermão da ovelha desgarrada, dirão os mais céticos sobre uma literatura vagabunda e eu, autor, juntarei meu grito ao coro, pois na verdade nunca tive tais ambições de tomar cadeiras como a de Machado.

Pois deixe que o segredo se faça e a curiosidade tome conta do recinto, uma vez que não tenho pressa nenhuma em revelar meus íntimos fatos muito menos meus desejos de amor.

Vocês correram vales pelados e foi por isso que eu pude enxergar tudo aqui de cima dessa fria pedra. Lá embaixo, correm na planície e não há árvores que possam esconder suas podres vergonhas. E vão em direção à banca de jornais, sedentos por amor, um amor educado; aprender a amar é o que precisam. E não sabem... deve ser coisa da idade. Tampouco sei eu. Mas só o digo pra manter a humildade...

Calarei meus pretextos.

Minha possível decepção é voltar no futuro e não retirar o verdadeiro significado das palavras expostas. Sei que vou me esforçar por querer aprender um pouco mais, porém deixo por aqui tudo que já passou e adoto a postura do que fez a consagração.

Os senhores do passado brindam à vitória. Os senhores do futuro aguardam meu sucesso. Eu, senhor do presente, trabalho calado.

P.V. 21:20 29/06/10

domingo, 27 de junho de 2010

Pétala

Viver é todo sacrífico feito em seu nome. Quanto mais desejo um beijo seu, muito mais eu vejo gosto em viver... viver...
Já não digo com essas minhas letras que não tinha palavras para lhe dedicar, ou então que a vontade de escrever-lhe sobre tudo que sempre morou em mim havia partido para longe, ou quem sabe a fadiga, quem sabe a falta de tempo, quem sabe a simples negação de me pôr sentado em frente ao papel e rabiscá-lo com tanta força até que enxerguem o sentimento em forma de vogais e consoantes; o que acontece é mais que isso.
O amor da minha vida tem nome, o amor da minha vida é Karoline Durique, moça do trem da paixão cujo vagão maior sou eu, com minha humilde carga de sentimento todo dedicado a ela, o amor da minha vida é Karoline Durique, dona do circo dos amantes cuja humilde lona de brilhantes sou eu cobrindo de leve toda sua perfeição que se mostra aos meus olhos nas melhores noites da estação, o amor da minha vida é Karoline Durique, a rainha do bloco, mulher maior do meu carnaval, inspiração de todas as minhas melhores idéias, destino que Deus colocou do meu lado, papo de futuro...
Cansei de buscar explicações, não meço mais minhas vontades, não deixo de lado cada uma das minhas intenções quando o assunto é minha felicidade e vou doando cada um dos meus segundos a ela, toda a verdade que sempre neguei a todas, ofereço a ela aos goles, grandes goles que sabe beber com sede, o vinho que pedi ao garçom.
E por falar em mim, e por falar nela, por falar no vinho, senti uma ponta de dor, uma dor dentro do meu peito, mas dizem os senhores da Medicina que isso não é bom, dizem que isso pode ser alguma algia estranha onde o estudo comprovaria sua razão, ou diriam mais, aqueles ditos por mim ignorantes, que é emocional. Contrario minhas teses por essa mulher; nesse instante, ficaria do lado dos ignorantes e gritaria alto também que minhas dores do coração são culpa do excesso de emoção que sinto quando a saudade de seus melhores sorrisos me vem à mente, a saudade dos seus quentes e molhados beijos, seus olhos que brilham, que já brilharam mais, que ainda brilham tanto...
Deixaria que meus dias acabassem da melhor forma possível se me fosse oferecido um único desejo e esse meu desejo seria de passar meus últimos instantes de vida ao lado da mulher que amo. E a mulher que amo é a minha mulher.
Falei algumas vezes com quem não tinha o que me dizer, dissertei sobre amores estranhos, comparei o hoje com o ontem e não cheguei em conclusão alguma que pudesse me dar mais ou menos alegria, deixei que a vida me levasse no colo, deixei que só ela dissesse palavras nos meus ouvidos, deixei um pouco mais que isso e agora estou aqui, apaixonado, me apaixonando de novo e de novo a cada dia.
Já não tiro a culpa de mim, mas deposito uma parcela em sua conta. Deve ser esse beijo que me tira o sono, deve ser esse corpo que me chama, devem ser essas palavras sem nexo que me fazem rir, devem ser os olhos... é, acho que são os olhos.
P.V. 09:04 23/06/10

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Garoto de aluguel

Reclamam de homens assim como também costumam reclamar de mim, reclamam da sociedade abusiva assim como gostam de reclamar de mim, reclamam de qualquer coisa que possa vir a acontecer assim como gritam reclamações em meus ouvidos. Tenho minhas palavras certas e ouço calado cada uma das mentiras que me chegam aos borbotões, atropeladas como se fossem cuspidas boca a fora, sento, cruzo minhas grossas pernas, não tenho pressa em que o mundo se acabe em minha volta, afinal, da morte nada se duvida, nem nada se leva após a mesma. Tolos. Jamais saberão que minhas palavras morrerão comigo, da mesma forma que as críticas morrerão com seus críticos.
Fui um garoto de aluguel.
Talvez aquele que clama na canção não tenha sido, talvez esse que cata algumas poucas letras no papel também não tenha sido, mas da falácia da vida nada fica e você, querida leitora, tira suas próprias conclusões a respeito do que ouve ou lê.
Aviso sobre o cuidado para com os olhos quando mirá-los para o alto pois lá estarei, no infinito do céu, batendo minhas asas de forma que caiam sobre vocês toda a brisa fraca da força que ainda guardo dentro do peito, um anjo do inferno que resolveu passear no paraíso, um homem que não se agüenta por estar em pé, parado, andando quem sabe, o pior dos pesadelos que um dia o autor poderia ter escrito, o desenho mais incrível que o pintor poderia ter jogado na tela, a invenção mais nobre que os loucos deixaram vir à vida, o nascimento mais aguardado entre os melhores, o amor em forma de ser, o verbo que fala mais que o substantivo, a ação que precede o fato, eu, enfim, o orgulho, o convencimento, a felicidade que transborda pelos dedos, o que em mim reside, o que em mim há de melhor, e digo tudo... tudo.
Veja lá no fundo dos meus olhos, diga aos meus ouvidos o que quer de fato, não..! não fique pensando muito, meu tempo é curto, estou aqui de passagem, baby. Tire sua roupa, aproveite e tire também a minha.
Agora veja o silêncio...
Não dependo de nada para seguir voando, não quero que nada me siga no meu caminho, o mundo abriu as portas para mim e me deu ordens corretas para que a vida se faça da minha maneira, as chaves dos corações de um exército estão na minha mão direita, vou dedilhando devagar cada um dos sentimentos que posso brincar, vou andando solene sobre as brasas de algumas chamas que se acendem sempre que eu chego perto, vou caindo devagar em tentação na vida que nunca quis, vou fazendo minha parte do negócio, apertando a fraqueza contra a força e deixando escapar a coragem, na minha mão esquerda puxo sua nuca, seu rosto já não teria vontade de olhar pra coisa outra que não seja minha boca, meus olhos, sinceros olhos de paixão...
Deixe seu dinheiro que eu quero viver. Dê-me seu relógio que eu quero saber quanto tempo falta para lhe esquecer, quanto tempo para que fique eu eternizado em você...
Batem ainda minhas asas, mas não enxergam, não têm olhos, não tem simples intenções de me ver quando passo; tristes, as cabeças baixas, as asas escondidas por baixo do pano desse circo, da lona brilhante da minha eternidade. E choram... algumas em pranto terrível.
Fiz minhas escolhas.
A felicidade de uma pela tristeza de todas.
E já não sei mais ser garoto de aluguel... mas gosto da música.
P.V. 16:21 17/06/10

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O escuro a Deus

Tava ali curando minha ressaca, minha bebedeira irresponsável do dia anterior, tentando esquecer todos os problemas que assolam essa minha vida adolescente e sem rumo, quando tocou ao longe numa caixa potente de som um desses novos funks, canções belas que transportam para as batidas o sentimento real da vida. Dizia o rapaz em sua letra bem elaborada: “Quer fidelidade, arruma um cachorro...!”
Ora bolas, mas até mesmo o funk vai me lembrar dessa perda terrível daquele que fora um dos mais importantes personagens da minha carreira de homem, um dos ícones da minha ascensão no high society do mundo cruel, aquele que sempre esteve lá mesmo quando era ausente, o que deixará saudade em meu coração.
Pois vejam vocês, seres terríveis dessa Terra maldita que só sabe formar malignos homens para comandá-la no futuro, o meu cachorro lindo e maravilhoso não tinha culpa nenhuma se o sistema falha, se a mão de Deus não pairava sobre suas mentes naquele momento, se as trevas se colocaram no local e caíram, pesadas, sobre a vida do meu pobre companheiro.
Não há espaço para mais tristeza, não há guerras nem dores no sentimento, não vamos mais baixar as cabeças deixando o provável acontecer pois não devemos nos intimidar perante às adversidades do que sempre soubemos existir. Foi uma linda vida, terás também uma linda memória.
Mas, de fato, as investigações devem ser levadas a sério.
Digamos NÃO à falta de impunidade e relaxamento nesse mundo, vamos correr atrás dos verdadeiros culpados do crime, levantemos hipóteses e causas que possam nos levar à solução de tal enigma.
Era um cachorro de família, sempre humilde em sua pacata vida, dir-se-ia até mesmo que não era muito chegado em uma labuta dada a sua extrema e eterna falta do que fazer, talvez o desemprego cada vez maior que não lhe dera oportunidade de almejar mais altos saltos. Nada disso justifica a maldade.
Sempre foi amado por todos, alguns gulosos queriam apertá-lo, assediá-lo, morder sua orelha. Algumas vezes mal criado, não queria obedecer a quem lhe ordenava simples coisas, mas tudo se entende pela idade e essa revolta normal que têm os adolescentes em querer contrariar tudo e todos.
Passava por transformações no coração, amava em excesso...
Sinto falta do meu cachorro.
Momentos como esse me dão ainda mais saudade.
Pois estava entalado de problemas, cachorro sem vergonha e safado que não sabia diferenciar as amizades, andava com quem não prestava, entrava em problemas dos quais sabia que não conseguiria sair, devia ter algum tipo de vontade de viver tudo que não vivera antes, como fosse pior que um cachorro de apartamento que não conhecia as ruas, a não ser pela televisão de 52 polegadas de seu dono, rico, morador da cobertura...
Dark, eterna paixão dos meus melhores anos, assassinado cruelmente por alguém ainda desconhecido.
Ouvi rumores de bala perdida, ouvi de outras bocas sobre uma discussão na noite de Natal que terminara na morte do meu filho, alguns disseram de latrocínio, outros de vingança... nada me ilude, nada me tira do pensamento a tristeza da partida precoce de quem fazia minha felicidade.
Safado, cachorro sem vergonha esse que eu tinha, Dark, menino bom, moleque de rua, amante das mais belas cadelas da favela, assíduo com seus latidos em partidas do Flamengo, fedorento como sempre, fugitivo dos banhos das segundas, guerreiro incessante e cruel nas corridas mais avassaladoras pela casa, derrubando tudo que estava pelo seu caminho até este que vos fala com lágrimas nos olhos de nostalgia.
Pois se foi, o baque surdo de seu corpo duro na pedra me lembra que era assim também em vida, na morte se revela, me visita sempre nos olhos felizes desses ou dessas que insistem em querer andar de quatro. Nada é substituível, muito menos o talento. Crescem ramas de grama onde jaz seu corpo, se foi pra nunca mais.
Porém continuam as investigações.
Fora o pó do bandido que lambera no momento em que o sujo nariz do viciado ia aspirar? Já passou pela minha cabeça essa possibilidade, de uma esquina perdida, talvez a minha, largada ao léu, na noite triste de Natal, nascimento de Jesus, morte de meu cachorro, homens de negro, portando armas letais, e Dark, solene, lindo e belo, escuro como seu nome, passeando alegremente depois da virada e de todas as festas, avistando ao longe aquele grupo de pessoas, felizes em sua ingênua cabeça, decide também participar da festividade, adentra a roda, os rapazes lhe felicitam, lhe jogam de lados para lados, brincadeiras sem graça para se fazer com um cão, uma carreira de pó branco numa planície de pedra, algo chamativo, tão claro, tão alvo no meio da noite, e Dark lambe... lá se foi a felicidade, uma pistola, um tiro, e cai duro, o cachorro da minha vida!
Bandidos safados!
Fico por aqui com as possibilidades primeiras de investigação, tenho medo de também me tornar uma vítima da sociedade violenta que vivemos, mais um arquivo morto, despachado, eliminado, assim como fora o cachorro da minha vida, assim como fora aquele que mais me amou em vida, aquele que me aceitara da forma errada que eu sempre tive, o bom e velho, sujo e risonho Dark...
P.V. 17:52 16/06/10

Pseudo Ângela

Eu sei que tudo é proibido, aliás, eu queria dizer que tudo é permitido...
Não se preocupe meu amigo, com as coisas que eu te digo.
Vou dedilhando então, talvez aquela antiga vontade e a inspiração que me vem a tona mais uma vez, talvez o desejo de sempre e as palavras mais novas, algumas que desconheço, deveras, algumas tão famosas que soam mal nos ouvidos que me ouvem e nos olhos que me lêem. Diz-se de um rapaz o que lhe deve ser dito, nada mais. E se as palavras destinadas a alguém são gritadas em ouvidos alheios não temos tanta culpa em ser ou não ser. Nem Hamlet explicaria, muito menos eu, querido leitor... Mas vamos, não se acanhe, adentre na minha vida, pergunte-me o que queres perguntar, deixe-me explanar meus segredos, pois já se faz hora.
Não se vê mais uma cor como essa, não se enxergam sorrisos tão falsos e sinceros como aqueles, não se vê mais um suspiro tão louco e final como os que gemiam em ouvidos assim tão virgens de indecentes propostas, promessas incríveis, desculpas esfarrapadas, motivos tão estranhos.
Deus sabe das intenções. E se o interesse Lhe chegar ao coração, diria que o autor dessas palavras não estaria em bons apuros. Assim classificam os que julgam Deus como uma má pessoa. Ainda bem que nossa relação é estreita e posso afirmar que o perdão está do meu lado sempre que possível, e sempre que o pecado não ultrapassar alguns limites pré-estabelecidos na assinatura do contrato de proteção.
Hoje eu vi um lindo negro anjo, anjo negro, lindo anjo, negra Ângela.
Fosse lá um instinto masculino qualquer, fosse qualquer coisa parecida com o que dizem os seres ditos pensantes dessa nossa espécie, fosse só a letra da música que vai tocando do meu lado e mandando nos dedos que não param de martelar fracas teclas do teclado do destino que se põe frente aos meus olhos, frente à mente que não se faz mais minha, frente à mente que dediquei à mulher da minha vida alguns dias atrás e parece querer ficar para sempre. Vejo nomes diferentes. Vejo rostos diferentes. Ela é tudo isso. Só enxergo o seu rosto, o seu nome...
Fui lá então.
Sabem, os senhores, que saio de casa com o intuito básico de voltar algum tempo depois, e o que se desenrola no caminho entre minha ida e meu retorno faz parte do destino que joga as pedras na minha frente ou as flores aos meus olhos e agradeço, tanto os tropeços quanto os perfumes que consigo sentir. Nada me deixa tão bem que não consiga ficar melhor, nada me deixa tão mal que eu não possa me recuperar a ponto de rever minha felicidade. E hoje eu divido tudo o que tenho. Já não sou mais um. Já sou dois.
Não sou muito adepto do que dizem e repetem aos gritos por essas esquinas mal freqüentadas por pessoas das quais não conseguiria me amigar mesmo sabendo da simpatia excessiva que se esconde por baixo de minhas melhores palavras, porém plagio o que me interessa e deixo registrado, pois se aplica. Nada é nada, assim como tudo pode ser um pouco mais que nada. Raul explica.
Eu que me achava o rei do fogo e dos trovões, eu assisti meu trono desabar cedendo às tentações, às tentações de Ângela...
P.V. 17:39 16/06/10

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Muito ou pouco de nada

Escorre de mim como uma dessas águas sujas, como essas águas poluídas que não têm uma outra saída a não ser o ralo mais perto, um tempo de insucesso, um tempo em que não deveria ser lembrado como fértil num futuro distante, apenas os ensejos, talvez nem mesmo os ensejos, pra falar a verdade.
Temos aí um sentimento dentro do peito e não há o que se faça para retirá-lo, coisa que preocupa os homens de bem dedicados a tal missão que um dia lhes fora entregue em mãos.
A tecnologia não revela os segredos, mas faz pensar. Não tenhamos medo.
Uns outros idos, uns outros dias, alguns anos atrás, mostravam muito mais ou muito menos facilidade do que consigo ver nos dias de hoje. Os homens, e me incluo nesse meio, sofrem uma parcela de culpa ao assinarem contratos do qual sabem que não vão cumprir. Não tenhamos medo.
Mulher, tal qual Lua Cheia, me ama e me odeia, meu ninho de amor.
Já se vai, já não quer mais ficar, planos que não podem ser escritos e assinados mudam do vinho pra água sem intenção de me fazer sorrir ou chorar, mas de uma forma e de outra transformam meu humor e me fazem pensar. A tecnologia não revela segredos, mas faz pensar.
O Sol me abandona no escuro, do teu reino noturno, ó feiticeira do amor.
Por vezes, muito mais do que agora vou descrevendo, penso sobre um tipo de coisa que não conheço o nome, uma coisa da qual caiu sobre mim e me faz agir dessa forma estranha, dessa forma como nunca agi antes, ou quem sabe já tenha agido e por não me ver feliz naquele tempo resolvi apagar da memória. Certas coisas me deixam um tanto quanto triste quando na verdade deveriam nascer sorrisos lindos no meu rosto, certas coisas mostram que o erro está em mim e somente em mim, mas o remédio mais próximo se faz tão distante e doloroso pra quem me ama, que prefiro continuar doente sozinho...
Um dia desses, ou talvez tenha sido uma noite, vi lágrimas.
E num outro dia também as vi.
Parecem me acompanhar, parecem querer me seguir para mostrar algo que já esteja tão visível e somente o mais cego não enxerga. Felicidade e tristeza se misturam tanto num mix de sentimentos que fico tonto de não saber o que causo mais; não sei, sinceramente, o que fazer, pela primeira vez nessa carreira que vou escrevendo...
Talvez sejam os efeitos do frio, ou da data comemorativa que se aproxima.
Fato importante e sólido é o pensamento que vai evoluindo, para buracos ou céus, enfim, evoluindo.
Conversei em algumas oportunidades com Deus, nada me disse, mais uma vez. Entrega em minhas mãos a chave do futuro, a chave de possíveis alegrias que eu posso proporcionar, as lágrimas que posso fazer nascer, as dores, acima de tudo o aprendizado, a felicidade.
Já não consigo mais pensar em mim.
Mas deixe estar.
Parei.

Ninguém está a fim de não entender.
P.V. 15:55 11/06/10

Perfeição²

E me disse ali num desses comentários perdidos em outras páginas perdidas do passado de um possível dia especial, de uma dessas datas onde nada morre, onde a felicidade grita dizendo que é realidade, onde as pessoas acordam com um sorriso e dormem com dois, onde o mundo se abre em polvorosa e louca intenção de não se fechar jamais, onde os homens de bem e as mulheres de mal travam o conflito do tesão, onde a falta de criatividade toma conta do templo do amor com todas aquelas blusas da mesma cor, onde caminhões equipados se fazem como bestas benditas a tomar conta do planeta com seu barulho interminável e contagiante naquele antro de pederastia onde jovens de todas as idades se relacionam desde o momento em que se vai o Sol dando lugar à Lua e esta última se cansa de nos olhar, somente, lá do céu, pendurada solene no seu infinito de escuridão...
É... era dia de micareta.
Saí de casa, louco, minha garrafa verde na mão com seu líquido cor de vinho, o mesmo que dá nome à bebida que morreria na minha garganta sem vontade chegar ao fim antes que a embriaguez se fizesse por completa na minha mente ainda saudável. Saí de casa com destino certo, conhecido, incrivelmente feliz, de forma como nunca outra vez estivera.
Falam por aí, esses moços do mundo, muito piores do que eu já fui, que o amor brota na mente de um jovem e esse se entrega como fosse o fim de seus dias, como fosse a morte certa o espreitando numa das esquinas que ainda nos aguardam, juras secretas, conversas intensas com o dono do mundo, e se vê a descartabilidade do sentimento como papel velho que antes era uma linda árvore, talvez até mesmo frutífera, e agora não passa de uma merda branca onde deposito minhas péssimas e mal escritas palavras.
Pois depois do tempo de clausura, lá estava esse autor que vos fala, lindo e belo, perfumado e arrumado, forte e gostoso, a boca vermelha como quem pede uma bitoca, as palavras certas na ponta da língua, o olhar maldito e sexy que ainda não aprendi a fazer e aquela tal perfeita cantada que ainda não teve êxito total em ser...
Deus conhece muito bem seus filhos e sabe o que lhes faz bem e o que lhes faz mal.
Talvez haja alguém nesse mundo com a boa intenção de dar-me uma bíblia a colocá-la embaixo de um dos meus braços e me levar para aquela Igreja onde grita um homem que não conheço, mas também há quem me dê uma blusa colorida e a jogue com perfeição por cima do meu corpo e me leve para o templo do amor para pular de lados para lados, de cima para baixo, entre loucos, entre todos, no intenso movimento do sentimento, na paixão do momento, na realidade de um instante, a verdadeira prova de que a vida pode valer a pena...
Fui lá.
Dispenso palavras, dispenso emoções, dispenso um monte de coisa, pra falar a verdade.
Pena que o mundo ainda não conhece tudo que eu tenho pra fazer, pena que a mentira da vida se coloca frente à sociedade e não deixa que o homem tenha o que existe, pena que nem tudo nessa vida se faz da maneira com que podemos gostar, pena que as decisões tomadas fazem com que a alegria seja colocada de lado, pena que o autor não sabe muito do que está dizendo e a imperfeição do passado vem morder seu presente, sorte que eu conheço algumas coisas que o mundo não entenderá jamais...
Deve ser Perfeição do Legião Urbana.
P.V. 16:27 11/06/10

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A provável crítica

Foi-se um tempo, e eram bons aqueles idos, onde a dita palavra de felicidade se dizia pela base na construção de um futuro imaginável. Era toda a utopia que pudesse ser pensada, eram os medos que caíam pelo chão sem vontade de se levantar, eram dólares brasileiros que pulavam vertiginosamente dos meus bolsos e eu nem percebia qualquer um desses pulos sem intenção de me provocar falta, eram amores, todos os meus amores reunidos numa só mulher que me traria toda a felicidade do mundo só de aparecer numa dessas tardes perdidas, numa dessas manhãs que mal nascem, de ir embora numa dessas noites tristes, eram minha realizações de homem, de ser humano que cresce, enfim, e resolve seguir sua caminhada sem olhar pra trás, um mundo que se abre frente a seus pés e, agora, a partir de agora, joga-se nesse desfiladeiro sem fim pra cair e somente cair até encontrar o paraíso no fundo do vale...
A jura secreta que não fiz, a briga de amor que eu não causei, nada do que posso me alucina tanto quanto o que não fiz, nada do que quero me suprime do que por não saber ainda não quis, só uma palavra me devora, aquela que meu coração não diz, só o que me cega, o que me faz infeliz é o brilho no olhar que eu não sofri.
Já não é mais nada como fora nos tempos que vivi ao lado de mim.
E se me pergunto, se me coloco frente ao espelho da verdade e vou jogando questões ao reflexo, se lhe indago sobre possíveis tamanhos e pesos de felicidades diferentes, cala-se, não me mostra respostas quaisquer, é um fraco, incompetente na missão de ditar o futuro e regras a serem tomadas, me deixa sozinho, foge, olho pra frente e nada vejo.
Certos momentos da minha vida me dão um pote cheio de certezas e mais seis ou sete potes cheios de indecisões. Se é o que eu penso, se minha intenção mostra ao mundo um descontentamento, se minha dor se faz pungente, se o amor é isso o que tanto dizem, qual é o problema, de qualquer maneira...?
Já me ausentei dos meus equívocos, já fiz questão de não representar meu papel na grande peça da vida, já retirei meu personagem de cena por algumas ocasiões temendo um possível trabalho que poderia ter tentando ajudar alguém que dizia me amar. E foi uma coisa tão feia que eu fiz...
Mas eu sei que nessa estrada só quem pode me seguir sou eu... sou eu. Sou eu. Sou eu.
Disse o poeta sobre um tal fogo ingênuo da paixão. E achei bonito. Só achei bonito.
Poderia me desculpar, ou poderiam se desculpar, já não faz mais tanta diferença, não há de entender de qualquer forma, não faço mais questão de fazerem entender, o mundo só me dá provas, a cada dia que passa, que meu pensamento é meu pensamento, e por mais que se tente retirar dele idéias possíveis de aprendizado, é impossível.
Um dia ainda poderão me criticar.
Tenho os olhos fechados, tenho o corpo aberto, tenho a mente acessível, tenho umas outras coisas a mais que isso.
E prefiro, a partir de agora, guardar pra mim.
A quem interessar, ficará somente o interesse.
Não há mais tempo para ser perdido, não há mais o que possa se fazer nem o que dizer, provas de amor ou sentimento, provas de resoluções absolutas e essas outras coisas que dizem existir já não fazem mais minha cabeça.
Fico por aqui.
Um dia poderão me criticar.
P.V. 11:16 09/06/10

terça-feira, 8 de junho de 2010

A verdade sobre os arcos da Lapa

Talvez tenha sido o efeito daqueles brancos arcos da Lapa.
Há, aí nesse mar de perdição que são meus pensamentos, umas outras explicações pro assunto, há o que dizem, há também o que não dizem mas me fazem entender, há muito mais do que sonham saber aqueles que acham me conhecer por completo, mas fico por aqui, com a culpa depositada somente nos tais arcos da Lapa.
Desconhecidos até então, pra ser de total sinceridade.

Poucas vezes na curta vida que vou vivendo, me pus na forma de um desses homens que aproveitam da vida apenas o que ela lhe oferece de melhor sem levar em conta os percalços, os erros, os problemas, as pedras no caminho, enfim. Muitas responsabilidades que se jogam nos meus ombros no dia de hoje são matéria simples e pura da vontade que se fez minha ontem. O amanhã ainda há de ser escrito e a mão que balança a caneta continua sendo minha. Penso pouco pra sofrer menos.
Fora um boêmio.
Deus sabe das minhas vontades e não me deixa mentir. Sou desses que não é amigado da verdade, mas infelizmente não se deixa levar por uma mentira. Se minha intenção pede, sou obrigado a dizer o que penso, seja lá o que for, seja lá a quem for. Era Quincas, guerreiro cru, amigo do mundo, quase um herói pra mim, ou quem sabe um anti-herói, coisa que me agrada ainda mais.
Deixam-se levar então. Eram alguns degraus, retratos da vida que se quer levar.
Lia-se saudade, lia-se malandragem, lia-se boemia, viam-se os arcos...
A luz não é suficiente, nada é suficiente, talvez nem o brilho enorme dos meus olhos pudesse ser suficiente para que tudo aquilo fosse visto num só relance, numa só passada de vista, num desses flashes que a vida nos proporciona e faz tudo valer mais a pena, faz o pensamento mudar como água pro vinho, outras vezes como o vinho pra água, enfim, qualquer revolução deixa cicatriz, dessa vez não poderia ser diferente.
Não temi. Apenas sorri.
A sociedade é fraca, a sociedade se acostuma muito fácil com o que me iludi eternamente. Talvez eu que seja o fraco. Um fraco feliz, admito.
Precisava de mais do que já tenho, ainda preciso de mais do que eu já tenho, o amanhã vai me provar que hoje não significou nada, o mundo me mostra a todo momento que eu devo ser mais do que sou, que eu posso ser mais do que sou, que as histórias que eram contadas não podem deixar de ser contadas, que os amigos que eu tenho também não acreditariam no meu enterro, me levariam pra passear, mesmo morto, mesmo duro, mesmo gelado de tristeza de não viver no meu habitat natural...
Vejo mudanças.
Quincas me mostrou.
Os arcos da Lapa me provaram.
P.V. 01:10 08/06/10

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Menina Leila e o camelô apaixonado


Mostrava lá seu poder no intento do comércio, desde que os tempos tornaram-se tempos, desde a antiga base de troca tão fomentada na Idade Média, até que chegou aqui aos nossos olhos, até que eu pude sair de minha humilde residência no primeiro dos quatro dias de festa da carne e dirigi minha própria pessoa a um desses tradicionais blocos do amor...
Ah... sinto uma saudade do meu tempo de garoto.
O rapaz, no alto de sua idade já gasta, com seu corpo miúdo, a provável barriga feliz com todas aquelas cervejas já bebidas, admito que não me interessei por nomes, não me interessei por nada, pra ser de total sinceridade. Porém, o mundo vê, e eu também tenho olho para isso, naquela noite malfadada a sede tomou conta do meu corpo, avistei de longe o comerciante com seu devido isopor e placa onde estava registrada sua promoção de Carnaval. Meu desejo era a cerveja...
Mas o rapaz, interesseiro, indecente, safadinho eterno, avistou minha virgem amiga de longas datas, menina Leila, olhos de gavião (como me ensinaram as palavras do sábio irmão Antônio), enxergando ao longe, fuzilando de leve cada um dos moços semi nus que passavam desfilando seus corpos gordos ou bem tratados naquele frio que foi o carnaval daquele ano. Não tinha ainda percebido o amor do vendedor em toda sua beleza, não tinha ainda percebido as gotas de baba de tesão que escorriam pelo lado da boca e se misturavam solenemente com a barba mal feita (para seduzir) do moço que ia me passando as cervejas, menina Leila, admirada por mim pela sua inocência incrível quando o assunto são os homens que lhe desejam.
E não digo de palavras, não digo da boca pra fora, não se enxergam mentiras somente para que nasça um sorriso de elevado ego no rosto de menina Leila, digo pois o camelô da cerveja murmurava em meus ouvidos palavras estranhas tais quais essas que se falam no êxtase do amor. Pouco entendia, mas da linguagem do sentimento tentava decifrar a intenção.
Queria saber nomes, primeiro e segundo, origem, condição financeira, estado civil, localidade de moradia, jogou um questionário exagerado em cima de mim sobre aquela que se colocava ao longe esperando, sedenta, a cerveja que já ia esquentando nas minhas mãos.
O rapaz, interesseiro, tarado, talvez até mesmo já excitado, não se continha, não conseguia ficar parado, a todo momento abria os braços, queria que eu a chamasse, queria conversar com menina Leila a sós...
Deus me deu essa bondade no coração, Deus me deu o dom da palavra, Deus me deu a dádiva da inteligência e o poder de presidente, Deus me deu a convicção da conquista, Deus me deu a chance de juntar duas pessoas sozinhas numa noite de Carnaval, Deus me deu a opção de liberdade, Deus me deu até uma bundinha empinada... não pensei duas vezes antes de gritar menina Leila a fim de que fossem retirados de meu rosto sexy muitas risadas a partir daquele momento.
Beijou-lhe a mão.
Pensei comigo: “Que homem hoje em dia beija a mão de uma donzela...?” Menina Leila deveria estar bem feliz com a ajuda que lhe dei, do poder que coloquei em suas mãos, do novo compromisso que ia adquirir e tudo isso devido ao fato do tesão do vendedor ter sido misturado a minha intenção de sorrir. A vontade era me afastar e deixar os dois a sós, uma paixão dessas momentâneas de carnaval, tipo a festa da praia onde olhos apaixonados e quentes se cruzam, beijos se desenrolam, o sexo mostra perfeição, juras de amor são feitas, mas fica lá o sentimento, enterrado na areia daquela praia, o sentimento do carnaval fica no litoral, não sobe a serra. Porém aguardava ansioso meu querido troco, e fui ali ouvindo cada pedaço das técnicas de conquista do rapaz baixinho e gordinho.
Gritava o amor, dedicava sua vida, comentou sobre uma nova aquisição, sugeriu dotes, o rapaz tinha a sedução nas palavras, cuspia de leve em cada vocábulo que saía da sua boca, menina Leila limpava os olhos, vi emoção, vi o clímax, as bocas se aproximando, mas esquivou-se a minha amiga dos olhos claros, negou o amor, partiu sem olhar pra trás...
Perplexos, tanto eu quanto o amigo desolado, abriu-se o chão, eu permaneci em pé, um pequeno sorriso, o amigo parecia cair, estendeu a mão para que eu o ajudasse, não percebi, ele foi sozinho... voltou! Lágrimas nos olhos, não sabia o que dizer, enxergou de perto o azul apaixonante do olhar de Leilinha, estava agora pior do que antes quando a admirava de longe, queria soluções, sugeriu que eu levasse até mesmo as cervejas de graça desde que conseguisse fazê-la voltar, se eu conseguisse fazer com que um beijo fosse dado, ao léu, um beijo lindo, apaixonado, talvez...
Não consegui.
Não me esforcei, na verdade.
Já tinha as forças poucas depois de tanto rir de tudo isso.
Seguimos nosso caminho bloco adentro, menina Leila irritada, com raiva de minha humilde pessoa por ter lhe feito passar por tal constrangimento, mas no fundo, no fundo eu sei que ela também se interessou pelo rapaz das cervejas...
O próximo ano ainda prometeria mais emoções, mas deixemos estar, fiquemos por aqui.
A festa da carne nos aguarda!
P.V. 17:48 03/06/10

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Se não fosse Durique

Disse o Bezerra: “Se não fosse o samba quem sabe hoje em dia eu seria do Bicho...”
Se não fosse Durique, quem sabe hoje em dia eu seria do Mundo...
Não é nada demais...
Uma madrugada que se vai é só uma madrugada que se vai, o trabalho que se faz é conseqüência das escolhas de um homem, o cansaço, quem sabe até mesmo um provável e previsível sono, tudo isso faz parte de um só pacote do qual o futuro já dava provas de que viria à tona.
Agora se puderem, os senhores e as senhoras que se dispõem a ler o que escrevo, explicar a mim o quanto se pode amar uma mulher, o quanto de pensamentos dedicados a somente ela eu consigo deixar escapar pelo coração durante um plantão de doze horas, se puderem me ajudar com essa dúvida terrível eu ficaria bem mais feliz.
E se não puderem me ajudar, também não importa muito. No final de tudo era só mais uma desculpam para começar a falar de Durique, só mais um motivo pra dizer o que ela significa na vida do autor. E fico tão feliz com tudo isso.
Disse a estrela mais bonita do noite que nem tudo é pra sempre, mas torce com todas as forças pra que fiquemos lado a lado somente durante a eternidade. Qualquer imprevisto no meio desse sentimento seria percalço no destino, inveja do futuro, ciúme do amor...
E se chagasse ao fim, eu precisaria de provas, muitas provas pra confirmar a quem quisesse saber o quanto eu amava e ainda amaria Karoline Durique. Tenho palavras, se não lhes couber, não precisariam fazer esforços maiores para acreditar.
Tenho guardado dentro de mim toda a saudade que sentiria se ela fosse embora de mim, se ela me abandonasse assim numa segunda ou quinta feira solta da semana, num desses dias frios que a chuva insiste em querer cair contra a vontade do céu, choroso pelo fim do mais lindo dos amores, quando paredes falam, quando tetos querem cair, quando o chão parece invisível e a pessoa só cai.
Disse o poeta que podres palavras não se eternizam. Só escrevo o que me atrai, só escrevo o que me dá felicidade, mas a felicidade é vê-la feliz. Vê-la feliz... não entendam como um artefato liso e roliço de cera com sorriso desenhado que solta fogo na ponta...
Vai Durique, com toda sua bobeira, meu amor, minha linda, minha princesa, quanto chamego, Meu Deus, quanto sentimento, quase passo mal com esse açúcar todo, só falta eu chamá-la de docinho de coco. Ela sorriria, e não por estar feliz de eu chamá-la assim, mas só por rir mesmo da minha cara de palhaço e das coisas absurdas que gosto de dizer. E fico eu feliz, então...
Vê-la feliz me faz feliz.
Podem ver, então, senhores e senhoras, que preciso de pouco nessa vida...
Nunca tive a intenção de viver por alguém, nunca fiz questão de me sacrificar por outra pessoa, e nem sequer penso em fazer isso nesse momento, talvez nem nunca fosse pensar em fazer, deveras. Já falei e repito. É minha intenção egoísta de curar minha vontade de ser feliz; quase um casulo para mim é Durique, e se dissessem, quem sabe, os mais ignorantes, que uso minha namorada em benefício próprio não diriam grandes absurdos.
É o ciclo vicioso. Faço tudo pra vê-la feliz, só pra que eu fique feliz também.
E o mundo vai embora, enquanto ficamos por aqui, rodando, rodando, rodando... e cantando o funk da forma correta!
P.V. 16:26 02/06/10

A máquina do tempo

"Um dia pretendo tentar descobrir porque é mais forte que sabe mentir.
Não quero lembrar que eu minto também."

Preciso estar sempre atento sobre as probabilidades, amigo. Não vejo mais verdades explícitas desde que me tornei o que pareço ser agora. O medo não me atinge, palavras passam pelos meus ouvidos e só deixam as novidades da ortografia, intenções de outras pessoas são analisadas friamente e meu desejo se completa em mim, somente em mim.
Preciso sempre me lembrar que certas coisas não me pertencem; por vezes me intitulo autor e dono de certas atitudes, por vezes me vejo perdido nesse mar de indecisões que ainda não é de minha posse, por vezes me vejo além, mas esse além vai tão longe que meus olhos, ditos pequenos, não poderiam enxergar.
Se contam mentiras os senhores da música, não tenho do que discordar e também não poderia me ausentar de culpa se fosse de minha autoria cada uma das palavras citadas. O amor vai do mais baixo nível ao supremo acorde num só tom de paixão ou ódio. Olha eu aí falando bonito, largando minhas letras mais intensas nesse papelzinho sem vergonha, enquanto toca lá alguma música, enquanto morre aqui mais um copo de café, enquanto vou me apaixonando de leve a cada dia, o mundo não me agüenta mais...
Certas coisas eu posso gritar que são minhas e não tenho sequer a mínima intenção de guardar segredo sobre tudo isso que é de bom que me cerca. Se foram senhores, ou se foram senhoras, se me ouvem numa dessas esquinas, há também os mais inteligentes que sabem dar valor, alguns até que me elogiam só pra massagear sorrateiramente com o dedo do meio meu ego um pouco elevado, todos intensamente insanos. Ainda pretendo tentar descobrir porque é mais forte quem sabe mentir.
Só quero aquilo que é meu, de fato.
Outro dia, numa dessas ocasiões mais privilegiadas de silêncio total e solidão em excesso, conversava com Deus. O papo deve ser desenrolado; por mais ocupado que seja o Senhor, sempre sobra um tempinho entre uma gelada e outra pra ouvir seus filhos mortais que foram largados aqui nesse inferno que costumaram chamar de vida.
Falei um monte de coisa, Ele acreditou em muito pouco, pois sabe que são fortes os que sabem mentir, e nem queria lembrar que também mente, mesmo tendo que dar o exemplo. Ficaram elas por elas. Ele me perdoa de lá, eu assumo novas responsabilidades por aqui. O mundo gira mais uma vez...
Nada é legítimo, amigo. Nem aquelas outras ofensas...
E vai você, por aí, andando com mulheres da noite, teimoso, intolerante, insensato... Um dia a casa cai e o mundo enxerga que as músicas contam verdades, mesmo que você cante do seu jeito. Eu posso ver tudo isso, parado, escrevendo, na verdade, porém parado. Ainda que gire o mundo, e alguém chegue ao fundo de um ser humano, haverá uma estrela solta pelo céu da boca se disserem “eu te amo”. Nada disso me pertence, nada disso é meu... só ressalto as razões, só relevo os fatos, a vida mostra verdades, amigo.
Pois bem. Vamos andando em linha reta, pois o mundo girando mostra que por mais longa que seja a caminhada sempre voltamos ao mesmo lugar. O passado reflete o futuro e vemos que já inventaram o que tanto queremos...
P.V. 16:12 02/06/10