quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Conseqüente crescimento

Então me dizem que eu devo crescer.
Já perdi a vontade, pra ser bem sincero.
Se não há razão pra esperança, se o certo não pode consertar o que foi feito de errado, se o futuro a ninguém mais pertence, muito menos a mim, se o que é desejado não será trazido de volta, crescer e mudar é perda de tempo.
O problema maior que vai assolando a maior parte do meu tempo vazio é a falta do que fazer, mesmo que de uma forma ou de outra, eu vá me esforçando ao máximo para que caibam nos meus poucos segundos todas as maneiras de se mover, de gritar um pouco, de tentar correr nesse cubículo de vida, fazer valer a vontade que fora exposta.
E se eu fosse um pouco mais fraco, eu poderia colocar a culpa na chuva outra vez...
Já tinha pedido, com todas as minhas forças, pra não ouvir palavras duras, pra não tentar lembrar da dor, pra esquecer qualquer tipo de sofrimento. Deus parece querer alguma coisa que ainda não entendi...
Desejava com todo fervor um tipo de sofrimento, andava tão feliz comigo mesmo que a naturalidade da vida estava me entediando de forma que a mudança era necessária, não lembrava mais como era ficar deitado e deitado continuar sem vontade de se levantar, admirando a palidez do teto, escutando solitário as vozes das paredes, deixando o pensamento voar de lados para lados batendo nas quinas da cabeça, sangrando, fazendo doer cada vez mais... Tinha um desejo estranho.
Saber o que se passa na mente das pessoas é um tanto quanto chato a partir de certo momento, pois o que se espera não acontece, e o acontecido passa a ser previsível. Daí vem a desconfiança num erro qualquer que se ache que irá acontecer, e nasce o medo, e nasce a distração, e nasce a vontade de querer o passado que não trazia nem medos nem distrações, só alegrias, passageiras, mas alegrias.
Já parei de citar o nome das pessoas, então não venham me criticar.
Falo somente o que tenho na minha cabeça e se a dor vem, é dor bem vinda. Aceito os pedidos e começo a obedecer a partir de agora.
Minha vida está um mar violento demais a ponto de sacudir-me de lados para lados sem que eu possa nada fazer pra que isso mude. De um ponto positivo a um ponto negativo prefiro ficar na polaridade dos fatos. Que me joguem para lá e para cá pois só assim eu conseguirei saber o que está havendo. Que me lancem aos céus, que me dêem boas vindas, que me tratem bem, que se apaixonem por mim, que queiram o meu bem assim como eu desejo o bem de todo mundo, ainda que falhe em muitas dessas tentativas.
Meu erro foi crer.
Mas aí eu olhei pra aquela moeda jogada lá no chão, olhei pro teto de novo, vi que a tinta estava descascando, vi poeira em todos os lugares. Resolvi arrumar a casa.
Varri com violência, chutei pra fora toda sujeira, me livrei desse mal que faz tudo ficar feio e sem graça. Então houve um pouco mais de paz. Houve um pouco de alegria, até. Até...
Nesse ano que tem seu início, eu gostaria de nada pedir.
Que Deus seja sempre bem quisto por aqui, e eu O agradeço por tudo que tem feito por mim. Só isso. Tem muita gente que precisa mais de Deus do que eu.
E desejo tudo de bom, pra todo mundo, que assim seja...
P.V. 14:32 07/01/11

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Retificações do amor - parte II

Por alguns segundos desses últimos dias tenho sentido uma ponta de tristeza sempre que vem à minha cabeça as palavras duras e repletas de descrença que saíram de sua boca, pois tudo que sempre fiz nunca deixei de fazer e você só sabe agora que é verdade. Mas por outro lado, é ainda um incentivo a mais que me faz dobrar os esforços com o objetivo de que você veja, que você sinta, que você saiba, princesa, e nunca mais duvide do meu amor por você, somente.
Te matei algumas vezes dentro de mim por ser tão estúpida a ponto de sofrer sem a certeza que sempre te passei de ser minha pro resto da vida. “Para as flores, o jardineiro é eterno.” E você é única no meu jardim, tão só, tão colorida, tão virada para o Sol, tão minha. E te rego, meu amor. Cuido de você com todo o carinho que pode haver, e mesmo se não o houvesse, eu o inventaria só pra que você se sentisse melhor. Minha missão continua a mesma.
Vamos juntos desenhar nosso futuro, dessa vez sem pressa, minha linda, sem medos; escreva na sua cabeça a palavra ‘certeza’ e confie em mim pela última vez pois nada consegue ser mais forte que o que é nosso. Te empresto lápis e papel pra que você tenha quantos rascunhos quiser, aperfeiçoe ao máximo o nosso destino, que você rabisque da sua forma as manhãs acordando juntos, os corpos separados na grande cama, as noites intensas, algumas românticas, o nosso prazer que aumenta cada dia mais, as tardes de folga sentados na sala, os pés no tapete, o nosso apartamento, o seu perfume, a nossa filha, o seu cachorro, a nossa vida...
E tudo mais viraria detalhe. O que mais importará seremos nós, a união de dois, as histórias que contaremos aos novos amigos, e talvez haja por lá alguma mulher mais emotiva que deixará seus olhos se encherem de água porque... “como é linda a história de vocês dois e isso que você sente por ela, e isso que ela sente por você...” e “como vocês fazem um casal bonito”, e “sempre sonhei em amar alguém assim como vocês se amam...” E eu diria que não, falaria graças dos seus defeitos, que antes de afirmar essas coisas eles deveriam saber como tu és de TPM, ou como você fica ‘linda’ ao acordar, e do espaço enorme que ocupa na cama, das coisas que você fala enquanto dorme, da comida queimada que sou obrigado a comer... e iriam todos gargalhar, e você me desmentiria e depois de mais alguns chopps era bem capaz que eu quisesse subir na cadeira e declarar o meu amor, ou talvez soltar a minha voz afinada no karaokê mais próximo assim que encontrasse “Pétala” do Djavan...
Minha linda, eu ainda sei mil formas de te provar o que sinto, mas não me obrigue a fazer tudo isso pra que você acredite. Sei da sua capacidade de me amar, saiba também do quanto sou capaz e da vontade enorme que tenho de que tudo dê certo entre nós, não só por mais alguns meses, mas sim pro resto da minha e sua vidas. E que venham outras vidas no meio das nossas, da Cris, do Duque, e Pedro, quem sabe...
Deixe que o tempo te mostre, continue sendo minha, que continuarei sendo seu.
P.V. 09:16 12/01/11

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Retificações do amor - parte I

E eu desci mesmo aquela escada de ferro preto com poucos degraus. O que se diz é o que acontece, não poderia ser diferente. Tenho todas as verdades nas mãos. Só fui sincero em seus ouvidos mais uma vez e estava destinado a partir pra nunca mais.
Meu sentimento se destaca de mim como jamais, meu peito se enche de coragem e alguma esperança, solto minha voz fraca e tudo se faz tão pouco em volta de mim que até mesmo ela era só um detalhe diante da avalanche que desabava dentro de mim, inundando de novo o coração com aquele amor que não diminuíra.
E o seu perfume que me fez enfraquecer, minhas mãos traíram minha força, escorregaram sorrateiras por essa cintura esculpida, puxaram de leve seu corpo contra o meu inebriando ainda mais os meus sentidos com sua fragrância; como cortinas fechadas antes do início do espetáculo, meus olhos permaneceram sem querer lhe ver, mas imaginando todo aquele passado, as imagens voando pela minha cabeça tão velozes, que sua resposta foi pra mim como qualquer coisa, qualquer coisa, qualquer barulho insignificante que não mudaria a intensidade do meu desejo de deslizar pela maciez do seu rosto, afagar os fios lisos do seu cabelo, deixar minha boca reencontrar o caminho dos seus lábios... e a música parou, as luzes todas se apagaram, as pessoas se moviam devagar, tudo se fez tão perfeito que até badalares de sinos, como as trombetas que anunciam o futuro, eu pude ouvir. Cada segundo beijado, a falta desse beijo no meu, sua boca tão minha, tão logo era só mais uma detalhe também.
O que mais me fazia tremer era o ritmo, melhor que nunca, mais coordenado que nunca, como se já viéssemos ensaiando essa cena há semanas. Minha atriz principal, novela mexicana com final feliz, seu galã pro resto da vida, e chega de lágrimas, minha dona de circo, não caia mais desse pedestal, nem se levante mais do seu posto de primeira dama; Continue me beijando até que o dia chegue, até que a manhã grite em nossos ouvidos a necessidade real que uma mudança pede, até que a verdade de nós dois seja maior do que a intenção do resto do mundo, me tire do peito essa saudade e essa faca que estava alargando cada vez mais a ferida do meu coração, seu coração...
Dizer o que sinto primeiro que você já não é nada demais pra mim, engoli a seco todo o meu orgulho assim que te vi, mordi com raiva todos os meus princípios quando desci aquelas escadas, fui contra tudo que sempre preguei quando falei ao seu ouvido e vi que a fraqueza, uma hora ou outra, faz muito bem ao homem. Antes eu que você. Renuncio a minha suposta felicidade pelo fim da nossa tristeza.
Deixo estar todo o resto, reafirmo pelo nosso sentimento na frente de quem quiser assistir, ignoro, a partir de agora, a dor dos outros, vivo pleno e feliz ao lado de quem eu mais amo. A voz do coração é a voz de Deus. Sigo o Homem.
E ainda havia a madrugada, louca e insana, querendo me mostrar bem mais do que a noite havia jogado aos meus olhos, havia a madrugada que prova que as decisões tomadas são as melhores, confirmam os desejos, intensificam os desejos, fazem a paixão transbordar tanto pelas beiras de uma cama a ponto de terminá-la por fim, acabá-la enfim, marcá-la por mim, e o mundo se faz mais mundo, e os sussurros nos ouvidos se perdem, se encontram, se entregam à paixão de outrora, fazem do homem escravo da carne, a fraqueza no momento do amor é tão forte que o prazer sorri na vitória...
É, de fato, a mulher que eu amo. E só se ama uma vez na vida.
P.V. 18:16 11/01/11

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Pra onde vai o amor...?

Pra onde vai o amor? Pra casa do caralho... perdoem-me os termos chulos, mas de uma forma ou de outra não há maneira melhor para se explicar o que já fora dito tantas e tantas vezes. Se um coração que sente não consegue exprimir as vontades e desejos que tenta colocar pra fora, se um homem não sabe medir sua força e resolve se retirar da briga pra não machucar ainda mais seu oponente, se a vida nos dá opções e a mentira paira no ar quando se tem a intenção de respirar paixão, quando os erros que se cercam uma relação são bem maiores que os acertos, quando as lágrimas conseguem ser mais poderosas que os sorrisos dados, pra mim, só pra mim, eu digo então, que esteja na casa do caralho o amor, enfiado dentro do meu cú.
Ou será, pelo amor de Deus, que você não acha que minha vontade maior também é a de descer essas escadas, entrar dentro daquele carro e correr pra você, te ouvir me dizendo não, e mais não, e mais não, e no fim cedendo, me abraçando, sentindo seu corpo outra vez como sempre, sua boca que sempre foi minha, tudo isso que te pertence agora, que se deitava na minha cama há alguns dias; você acha mesmo que eu estou feliz com tudo isso, que eu não sofro, que cada palavra que surge do nada faz as letras se reunirem em torno do seu nome me enfiando devagar uma faca pra sangrar ainda mais meu coração...? E pra onde vai o amor? Agora já está sendo um pouco apunhalado, querida.
Não me venha chamar de irônico, a cada segundo que o tempo passa, o que era ruim vai ficando pior.
Tive dias e dias pra tentar absorver a decisão que tomei. A cada instante, ainda tento saber se fiz a coisa certa. Sinceramente não sei. Mas isso é problema meu, ainda que se reflita em você.
E as mentiras, e os erros, e as confusões, e tudo de ruim que tu achas que ocorreu de uma forma proposital, ou se ainda mais, achas que era só um plano maligno como outros de apaixonar a menininha mais bonita da favela, prometer-lhe mundos e fundos e depois se admirar com todas as lágrimas que ela consegue derrubar por mim, todo o amor que ela tem dentro do peito que é só meu; se é isso que você pensa, me perdoe, mas você pensa errado.
Se o mundo inteiro lhe disse horrores de mim mesmo antes do sentimento nascer, e se tu acreditavas em todas essas besteiras naquele tempo, é só um reflexo pra poder se escorar e encontrar uma solução mais viável pra tudo que aconteceu.
Há limites, há tempos eu vinha pedindo, quase implorando, todas as possibilidades de amor foram tentadas por mim (e por você também), mais forte do que o próprio sentimento fui eu que me fiz, me desenhei, me MOLDEI de mil maneiras pra te agradar de alguma forma que lhe fizesse reclamar menos. Nunca te pedi que não reclamasse, só que reclamasse menos.
Minha cabeça de jovem sonhador continua sendo a mesma de 9 meses atrás. Você entrou na minha vida, saiu da minha vida, e minha cabeça continua sendo a mesma. Não sou mais nem menos maduro do que era quando você se apaixonou por mim. Por que, então, me criticar disso agora? Se subisse naquele altar, se olhasse fundo nos seus olhos e lhe dissesse sim perante todos na igreja que ainda dizem ser seus amigos, eu continuaria sendo o mesmo jovem sonhador.
Pois os planos que foram feitos, foram feitos a dois. As aventuras que eu tanto quero também podem ser feitas a dois, o sentimento foi nascido como gêmeos, colados, alimentados pela mesma placenta que era um objetivo comum, não venha me culpar, por favor e pela última vez, de imaturo, de falso, de que lhe prometi e não cumpri por vontade minha própria, por querer algum tipo de bagunça...
Qualquer porta está aberta. E pra onde vai o amor? Se o amor quiser, ele sabe o caminho de volta, o amor é mais forte do que eu e você juntos, o amor dura mais do que somente 8 meses de namoro, alguns contratempos, muitas brigas, muito ciúme doentio, altas vozes, gritos sem fim, estresse alucinante, o amor dura mais que isso, tanto dura que se me perguntares mais uma vez pra onde vai o amor, eu lhe dou a chave do peito e você o verá por si mesma. Mas já está mais explicado do que nunca que não é disso que você precisa, não é só de um colo pra afagar seus cabelos num dia de sofrimento, não é só de um corpo quente pra deitar junto ao seu, não são de palavras sinceras numa só tarde de sexta feira, não são alguns beijos que lhe farão esquecer por um momento toda a dor que está dentro de ti.
Pois a dor que está dentro de ti é tanta quanto a dor que está dentro de mim. Não sei o que faria se eu te visse de novo...
Te olhando de baixo, parecia ainda mais linda... é o pedestal que te coloquei. Mas o vento do destino te derrubou... tão bom se caísse nos meus braços.
Pra onde vai o amor?? Pra onde vai você? Pra onde vou eu...?
Qualquer coisa que se diga será mal dita.
Todos os dias eu jogo moedas pra cima, e beijo minha medalhinha antes de pedir a Deus que tome conta de você. As moedas caem, e tentam me mostrar lados bons... Deus, não sei se está me ouvindo, mas uma hora ou outra Ele me atende.
Te peço desculpas mais uma vez. Continuo com meus planos intactos.
As cores, o sofá, tudo, a filha, os padrinhos.
Só o tempo poderá dizer o que fazer.
Enquanto isso eu vou me auto medicando...
P.V. 09:09 07/01/11

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Relembrando os motivos

Nuns primórdios da minha vida, há bem uns oito anos, tinha pra mim apenas uma caneta e um maço de papel, com folhas bem brancas e delineadas. Olhei ao redor, analisei tudo que me cercava, sinceramente não sabia o que fazer com o que tinha. A verdade é que o que eu tinha não servia de nada na minha concepção jovem de sonhador do futuro, sem saber que as possibilidades não viriam no dia seguinte, e sim, naquele instante se assim eu quisesse.
Pensei outra vez ainda, e não pude deixar de me levar pela pouca inteligência que era minha, rabisquei o papel com a caneta e vi uma ou duas palavras. Julguei boas aquelas palavras; escrevi mais meia dúzia; agradaram-me também. Escrevi até o dia morrer, até que a noite tomasse conta do dia, até que o outro dia tivesse seu início também, só então pude parar e ler tudo que havia escrito. Tive orgulho de mim mesmo. Todas as frases escritas eram recheadas de verdades, eram todas minhas, eram verdades que me pertenciam, fatos que eu tinha realizado com um pouco de suor, boa imaginação e criatividade, eram feitos só meus que se espelhavam em outras pessoas que gostariam de ler tudo aquilo e saber que alguém próximo tinha essa capacidade, não de escrever, mas sim de fazer tudo aquilo.
E então, desse dia em diante, parei de sonhar de olhos fechados. Cheguei a conclusão de que o sonho somos nós, o sonho é agora, a realidade é dura demais, e sonhar a fantasia é bem melhor que sofrer a verdade. Vivo sonhando desde então e não quero saber de coisa diferente do que isso, pois minhas palavras exprimem o que eu não sei dizer com a voz, minhas palavras me lembram que acordado eu sei bem mais do que dormindo, minhas palavras abrem meus olhos e não me deixam perder nenhum dos detalhes que soube aproveitar. Que soube aproveitar...
De uma hora para outra, de repente, eu vi que o mundo poderia muito bem caber na palma da minha mão e o que não estava certo, se continuasse errado não me incomodaria tanto quanto eu imaginava. O que não me pertence não me diz respeito, cheguei a essa conclusão de uma forma tão rápida que parecia não ser verdade.
Vi que o mundo é um tanto quanto relativo quando a intenção é boa e um tanto quanto complexo quando se quer fazer o mal. Optei pela relatividade da vida que é o que mais me interessa, vi que o mal não se deve ser propagado, somente o amor, jamais a exclusividade do mesmo... por uma outra vez, julguei que essa máxima estava errada e tentei ser domado. Jamais consegui.
Falei para um e para outro sobre o que mais me atormentava, ninguém até hoje conseguiu entender. Por outro lado fiquei feliz de não chegarem ao êxito de entender o que tenho pra dizer, isso me dá mais força pra continuar dizendo, gritando, cada vez mais alto, para quem quiser e puder, ouvir.
Mas a idéia que fica, a principal meta, o objetivo maior que há de ser sempre alcançado é o sonho que não deixa de ser sonhado, é a fantasia da vida que dá vida ao ato de viver, é o medo que se desfaz embaixo da nossa borracha de coragem distribuída aos milhões para que todos possam desenhar a vontade seus rascunhos de felicidade, apagando de leve os erros, absorvendo no papel todo o aprendizado que hão de adquirir enquanto vivos formos, enquanto ativos formos, enquanto ainda pudermos contar todos os fatos incríveis e impossíveis que o destino faz questão de nos emprestar...
P.V. 21:14 03/01/11

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Réplica da esperança

Há bem pouco do que se possa acreditar para quem não conhecesse aquilo que brilham meus olhos nos instantes únicos que chamam de sentimento, quando quatro ou mais paredes fecham o local que se encontra, quando nada mais interessa do que só admirar, do que simplesmente encarar, do que somente se apaixonar um pouco mais a cada segundo, sentir com as pontas dos dedos o corpo de quem mais se ama, de quem mais se amou, provavelmente de quem mais se amará... mas o mundo faz questão de colocar pedras no caminho de quem quer seguir o rumo.
Minha felicidade não se abala, tenho minhas convicções ótimas e perfeitas que me fazem continuar sorrindo e sei de cor tudo que mora dentro de mim e a decisão que foi tomada não foi mal tomada. Sei de tamanhos de dores, sei de mágoas tão grandes que poderiam terminar com uma vida inteira, mas do futuro eu tenho toda a esperança de que ainda há tempo para um recomeço, não vejo presentes sem dádivas, nem enxergo o passado com maus olhos como já fiz em outras ocasiões quando julguei uma perda de tempo todo o amor dedicado a outras pessoas. Dessa vez é diferente. Totalmente diferente.
Ando por todos os lugares, a noite vai me acompanhando e nada é tão especial quanto o que já vivi ao seu lado, não quero distâncias, nem separações, não quero palavras duras de novo, não quero outras lágrimas, não quero sofrer pelo seu sofrimento, não quero que tu sofras ainda mais num dia desses que eu sentir falta de tudo que não fiz. Seria tão bom se tudo fosse diferente...
Acreditei piamente que o destino trabalhou bem quando nos mandou aguardar ainda um ano para ficarmos juntos, vi que as centenas de histórias desenroladas enquanto te amava calado foram suficientes pra que eu vivesse o resto da minha vida ao lado da minha maior musa, tinha total certeza de que assim seria e assim eu queria que fosse... mas ainda me faltam alegrias...
Sou bem menos do que era, sou bem menor do que era, mas estou livre de fazer sofrer quem se ama. Tenho essa maldição cravada no meu peito e a minha maior intenção era me livrar disso pra que não houvesse mais tristeza ao meu redor.
Só sei de coisas que podem me dar alegrias, sei de tudo que já fiz e cada brilho de olhos foi sincero, cada sorriso bobo deitados juntos foi sincero, cada beijo quente e intenso foi o melhor de todos; não vejo motivos pra que pense o contrário, a não ser pela sua crítica a mim de falsidade, o que mais me dói. Mas de uma forma ou de outra, uma mentira que se grita muitas vezes pode virar verdade. Foram tantas acusações contra mim que começo a me sentir culpado e só sei pedir desculpas dentro do meu pensamento, só sei rezar todas as noites antes de dormir pedindo desculpas a Deus também, o único que me acompanhou, e talvez o único que saiba, deveras, da minha vontade que era mútua.
Seguro-me no que te segurava.
Meu sorriso bobo não é mais tão freqüente quanto antigamente. Tenho agora gargalhadas altas, intensas e frenéticas, é verdade, mas um sorriso bobo pode valer mais que isso em momentos únicos. Seguro-me no que ainda te segura. Minha esperança é o sentimento que não morre.
Temos metades distintas, diferentes, de composições totalmente adversas, mas que se completam; e completas, formam uma sinceridade tal que há de nos unir outra vez, quando eu não sei, já desisti de pensar nisso.
Levo comigo pra todos os lugares.
P.V. 11:30 03/01/11

domingo, 2 de janeiro de 2011

Causas e justificativas de dor alheia

Não são lágrimas que me fazem ficar triste, e sim as tristezas alheias provenientes de ações minhas exageradamente bem executadas, não por culpa e propósito meu, mas sim pela vontade do meu ser que tem como aliado o poder da conquista.
A verdade é bem mais plena do que a mentira, por isso insisto em fazer enganar, insisto nas palavras que podem substituir ações, calo meus êxitos pra dar lugar ao que não tem nome nem razão. E vejo todas as lágrimas rolando no rosto de quem estou acostumado a ver sorrir, e sorrir tão somente que me contagia com sua felicidade, que me deixa mais feliz do que já sou, que me transforma para melhor em dias sem noite.
Se eu pudesse modificar as coisas, e sei que posso, não optaria por retirar todas as lágrimas que derramam por mim, não optaria por fazer acabar o sofrimento de quem me ama, não gostaria que fossem somente felizes com tudo e nada lhes incomodasse; disse o poeta numa outra ocasião que a dor tem utilidade, o aprendizado só vem quando se machuca. Palavras duras, porém verdadeiras.
Tenho uma gama de possibilidades de fazer valer meu pensamento machucando quem mais me ama, porém não sei ensinar dessa forma. Ainda.
E aquele medo antigo já se desfez há tanto tempo que não há espaço sequer para mencioná-lo na crônica que teimo em escrever, pois do medo, eu não consigo escutar nada mais, do meu do medo, eu não posso seguir nada mais, o medo tem suas vertentes tão iguais, de braços dados com as lágrimas que correm nos rostos perfeitos de quem me quer bem, e a hipocrisia daria suas caras se eu chorasse também.
Porém, ultimamente, tenho me rebelado contra o sistema do sentimento; não que seja uma guerra com causas já ganhas, mas a intenção tem suas boas funções e não colocaria em risco toda a minha vida pensada no futuro para bem dizer quem tem pensamentos parecidos, também não deletaria todas as minhas vontades de jovem ainda sonhador para dar lugar ao mesmo pensamento alheio de futuro e destino, e a vida sem razão que é o que significa toda essa baboseira.
Não posso esperar acontecer.
A vida está correndo por mim.
Tenho por aí, perdidas nos lugares que já passei, algumas idéias jogadas, algumas cartadas certeiras e o tempo é curto, porém totalmente aceitável para o que se quer, totalmente certeiro a respeito do que se deseja, e não há espaço para falhas quando a intenção é o céu.
Sinto saudade de um monte de coisas boas.
Já descobri sozinho que as coisas boas que eu sinto saudade ninguém pode me dar. Ninguém. Só eu posso andar pelas ruas, só eu posso caminhar solene sobre o tapete vermelho de felicidade que se estende sob meus pés, catando de leve cada uma das alegrias que se perdem no caminho, que se esbarram comigo no meu caminho, o sentimento em forma de música, a multidão, o silêncio também, o mundo gemendo baixinho, a loucura da vida.
Pois então que sejam mais uma vez necessárias as lágrimas alheias pra que eu saiba de uma vez por todas qual o caminho seguir, que sejam utilizadas de maneira certa, sem desperdício, as gotas salgadas de sangue branco que escorre pelo rostos de quem me ama.
E que sejamos todos felizes.

P.V. 11:41 16/12/10

Tô deixando você

Tô deixando você/ Tô deixando essas coisas/ Que me sufocam/ O amor sem amor/ A emoção sem valor/ E o sabor das mentiras amargas na boca/ Tô deixando você/ O que eu quero dá vida é bem mais que o costume/ De viver com alguém sem prazer sem ciúme/ De viver por viver nessa monotonia/ Tô deixando você/ Se eu não posso te amar posso ser teu amigo/ Sem brigar com você faço as pazes comigo/ E te vendo de longe/ Eu te vejo melhor/ Adeus/ É a palavra que a gente tem medo de usar/ Eu não vou te dizer que não vou mais voltar/ Só estou te dizendo que tô indo embora/ Adeus/ Até breve, até nunca ou até daqui a pouco/ Desta vez eu me acerto ou então fico louco/ Desta vez eu te esqueço ou te assumo de vez...


Ainda bem que existe outro dia, e outros risos, e outros sonhos, e outras coisas... Francamente desconheço o autor, não gostaria de atribuir a mim a genialidade da frase escrita acima, porém aquilo que atrai a verdade e interesse dos meus olhos é levado em conta, e já que o local me permite, me deixo levar pelo momento e a inspiração da vida se reflete nas minhas palavras.
O poeta disse que está te deixando, mas pelo que sei ouvir, ele também afirma com toda sua entonação que não está dizendo que não irá mais voltar, só está dizendo que está indo embora. Dado o fato de ser homem, o que canta a tal canção, sabe-se de cor que está implícita nessa música uma mentira. Quem vai embora não volta, e se volta, não é mais bem vindo, e se não for bem vindo quando lhe der vontade de voltar, é bem feito.
Tenho minhas próprias dores assim como o cantor solitário, assim como sua musa que vai sofrendo mais que ele, tenho minhas próprias dores, reafirmo. Ninguém deve se espelhar naquilo que não faz bem, mas o ócio é mais forte que a razão, então não se culpem, nem me culpem, pois o que não há não existe e o que não existe não há de fazer-lhe qualquer mal.
Pensei uma ou duas vezes naquilo tudo que estava me rodeando; em momento algum eu julguei culpados ou tentei depositar frações de injustiça sobre as pessoas que faziam parte da relação. Tenho minhas próprias opiniões sobre infantilidades e mulheres rejeitadas, nada que se aplique nesse ínterim, mas a ironia ainda é minha melhor aliada, por isso gasto minhas letras no papel branco sujando de preto a paz com a violência da escrita...
Deus sempre me dá morros pra escalar, mas dessa vez Ele me deu uma montanha. Se pensam que fiquei triste com o Senhor, enganam-se, pois do desafio mais me enamoro e fico satisfeito sempre que me tiram do sério com fatos tão grandes quanto a minha capacidade. A evolução pede a dificuldade...
Pairei sobre algumas nuvens escuras de chuva e deixei que a água fria caísse sobre meu corpo tentando absorver aquela antiga paixão pelo inesperado que retirava todo o calor do momento dando lugar ao que não tinha sabor, ao que não tinha paladar, ao que não tinha cheiro, e só por essa ausência de tantos sentidos fazia toda a significância dentro do que se almeja em felicidade...
Teimei comigo mesmo que era de ser pra sempre, burlei algumas regras, deixei que meu coração falasse mais alto que todas as razões idiotas de quem me cerca e se alegra por atitudes impensadas que poderiam trazer dor a quem me ama... uma vez cafajeste, nunca mais...
O presidente precisava trabalhar como sempre trabalhou, o presidente deveria manter o aspecto de importância que a sociedade que o cercava idolatrava e fazia como exemplo... Porém a chuva caiu forte sobre mim..
E não vi felicidade alguma.
Vi somente a frieza da água que me fez acordar do sonho eterno e despertar para a realidade enquanto tocava a música, detentora do título desta triste crônica que acabo de escrever...
P.V. 22:10 17/12/10

Tatoo

E sempre lhe perguntam, cansa de responder, andará então com esse pedaço de papel no bolso, diversas cópias a fim de distribuir para todos que lhe indagarem outra vez...
“Na verdade são dois desenhos, e não um só. O segundo só surgiu três anos depois do primeiro, e o único motivo para isso é que eu havia esquecido o quanto dói deixar alguém rasgar a sua pele em forma de cores e ainda ter que pagar por isso. O significado é o que menos importa e nem sequer deveria ser abordado porque cada pessoa pode entender de uma forma; é como um livro, ou um quadro, as interpretações são variadas. Se uma mulher faz uma tatuagem de uma flor no pescoço, ou de uma borboleta, eu acharia muita coincidência todas as mulheres que tem uma flor ou uma borboleta no pescoço enxergarem os mesmos motivos para esses desenhos. Mais uma razão pra afirmar que as mulheres têm pouca criatividade. Mas azar o delas, o desenho é delas, a pele também, não indago pelo significado, mas para aqueles diferentes de mim, sedentos pelo saber, fofoqueiros por natureza, lhes digo, enfim.
As duas tatuagens têm uma amplitude que há de se identificar com a minha pessoa, e justamente por isso eu as escolhi, e se em algum momento essa máxima não for verdadeira, muito triste eu ficarei, pois não poderia arrancar fora meu braço só porque o significado de um desenho eterno não condiz mais com a minha forma de pensar, então não esperem mudanças nas minhas atitudes, serei assim para sempre. Só por culpa exclusiva da força desses desenhos.
Duas imagens diferentes com intenções bem próximas.
A realidade da minha primeira tatuagem diz respeito ao teatro. Só que eu nunca havia me interessado por teatro, nem por atuar, nem mesmo por entretenimento, a não ser uma ou outra coisa nas escolas, que me renderam, fatalmente, prêmios internacionais e coisas do tipo. A graça do fato é que alguns meses depois de feita a tatuagem fui convidado para um teste em uma peça de um diretor amigo meu (daí a causa da minha provável aprovação para o papel) e todos lá no tablado ficaram impressionados com minhas duas caras, uma feliz, outra triste, e dizendo que eu tinha sim muito amor ao teatro por ter coragem de tatuar a própria pele com o símbolo sagrado deles e tudo mais. Tolos...
Uma outra face do desenho diz respeito ao carnaval. Coisa que me interessa bem mais que tudo... Pierrot e Colombina, assim por dizer, e suas danças nos salões e a lembrança dos primeiros tempos do carnaval e aquela boba ingenuidade das marchinhas. Mais uma contradição pelas máscaras invertidas de sentimento, o que traz à tona a verdade do carnaval atual, festa da carne, liberação da libido, propagação das doenças venéreas, a intenção da tatuagem.
E evoca também a tradicional fala popular de pessoas ditas “duas caras”, como a novela que estava no ar um dia desses. Julguem como queiram, o presidente que vos fala sempre há de ser sincero, e se duas caras eu tiver, serão duas belíssimas caras.
Adentrando no mundo do meu incrível curinga das cartas trocadas, assassino pelos seus olhos loucos, o punhal ensangüentado na mão, o sorriso mortal que morre em seus lábios finos, maltratados pelo tempo, o sorriso sempre espelhado nos outros, jamais em si próprio, o cansaço desse intento infinito.
Se não conhecem a história do meu curinga, lhes digo então que nos primórdios de sua vida, talvez lá nos idos da Idade Média, com os senhores feudais e toda aquela safadeza para com os camponeses, tristes e maltrapilhos, futuros burgueses capitalistas malditos, ele era nada mais nada menos que um bobo da corte. Sim. Um bobo da corte, palhaço com seu chapéu característico, com o intento único de fazer sorrir aqueles que lhe pagavam, aqueles que detinham o poder, a nobreza européia e todas as suas facetas do mal.
Dia após dia, as mesmas graças inventadas, as piadas infinitas que faziam rir que não precisa de motivo para isso, todas as bobeiras e falsas felicidades que eram passadas pelo meu bobo da corte diretamente aos reis, às rainhas, às princesas virgens, aos príncipes puritanos. Mas cansou-se de tudo isso. Da miséria, da alegria alheia em detrimento da sua própria, da humilhação de ser despejado quando a piada não agradava, acordou numa certa manhã de inverno, vestiu sua melhor fantasia, deixou cair pelos olhos o chapéu colorido, apanhou um punhal que sempre está jogado nos castelos de antigamente e matou toda a nobreza européia, num só dia, numa só empresa, a revolução deixou cicatrizes, as cidades começaram a crescer copiosamente, estradas ligavam umas as outras para que o bobo da corte pudesse chegar de reino em reino para assassinar seus reis, os antigos camponeses viram a necessidade de vender suas colheitas para outras pessoas, uma vez que seus patrões estavam apodrecendo, encharcados de sangue que lhes corria pelo corpo; chamaram-se então burgueses, outra vez que as cidades em que vendiam suas mercadorias foram conhecidas como burgos.
E o bobo da corte ficou tão famoso por acabar com o sistema feudal da Europa, que foi incorporado a um jogo inventado alguns anos depois: o baralho. Chamou-se então curinga, aquele que pode substituir qualquer outra carta, qualquer outra pessoa, qualquer função, aliás, substitui e faz muito melhor. Manteve ainda seu punhal na mão para que não se esquecessem de seus atos, e vive substituindo o trabalho alheio pelo mundo afora, além de ter feito um papel de grande destaque no filme Batman, sucesso de bilheteria mundial.

E é esse o significado da tatuagem.
E não me amolem com mais perguntas.”

P.V. 15/12/10 23:18