segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Desenganos do coração


Quem foi que disse que o mundo pertencia a pessoas impuras e descredenciadas à possibilidade de lhe comandar com punhos fortes?, quem foi que disse que a lágrima, quando cai, não leva consigo toda a tristeza do passado, das dores vividas, lavando com fé um rosto sujo de sofrimento? , quem foi que disse que não há espaço para o crescimento quando a moeda se joga ao chão e mostra o lado que não queríamos ver?, quem foi que disse que o futuro não reserva o melhor para quem merece todas as coisas que foram planejadas, toda a alegria de uma responsabilidade, e mais, quem foi que disse que estarão fechadas as portas do firmamento para esse que vos fala assim que a tal hora chegar??

E se chegassem, assim de repente, assim do nada, assim como quem nada quer, me levando pelos pés, pelos braços, de corpo inteiro ou em pedaços...? Quem dirá a Deus que eu ainda tenho muita coisa pra fazer aqui nesse mundo??

Minhas decisões têm fundamento. Minhas atitudes drásticas têm razões. Toda dor tem motivo. E toda revolução deixa cicatrizes...

Foi por aí, andando sem vontade, que o homem por trás dessas falsas palavras encontrou dentro de si tudo o que procurava, foi em sessões eternas de conversas, foi em carinhos tão perfeitos, foi em olhares tão plácidos, foi em horizontes tão infinitos, em copos de cerveja, em risadas, as melhores risadas, que ele viu o quanto de felicidade pode se esconder das vontades que se guarda dentro do peito, quanta sincera alegria pode existir quando se há a plena intenção de procurá-la, de viver para experimentar o novo, o diferente, o algo mais que nos joga ao alto nas manhãs chuvosas, nas tardes quentes, nas noites de barulho...

Todas as possibilidades são válidas desde que o coração seja puro, e eu não me sinto bem com esses clichês matinais, ainda que a força da palavra seja maior que meus dedos e tudo vá escorrendo de mim ao teclado, tudo vá fluindo de meus olhos em direção aos seus, tudo vá apaixonando tão levemente quanto um sentimento qualquer dedicado a adolescentes estranhas e lindas que passam pela minha ainda sutil vida, repleta de canetas prestes a escrever as histórias que sempre foram meu sonho de homem.

E essa bagunça onde me encontro se reflete no momento que vivo, essa fumaça que sobe é o espelho da minha visão, sombras, vultos de coisas que vão e voltam, e muita sujeira que pode e deve ser limpa, possibilidades de um brilho que pode e também deve ser admirado...

Quis outras reticências.

Em tempos outros, eu fui mais do que eu já sou, em tempos outros quando a vida me mostrava tão poucos lados, eu me virava do avesso e fazia caber na cabeça todas as aventuras possíveis, fazia caber no meu coração pequeno tantos amores que outras mãos não seriam suficientes pra que contasse nos dedos os sentimentos que eu devotava a quem ao menos se desse a esse capricho do meu peito...

E era feliz, inegavelmente. Bem mais que sou hoje, talvez.

Pois o coração, meio desenganado, agita-se sempre e sempre e sempre...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A paçoca

Fui de paçoca.
Nem todo salgado pode ser substituído por um doce, mas qualquer tipo de ilusão pode ser improvisada com a felicidade do momento.
E se são palavras o que tenho para lhe oferecer, coloco-me até mesmo com os joelhos a beijarem o chão, ainda que beijos outros sejam desejados em virtude do que já fora e do que há por vir.
Há quem diga o que queira e esses puritanos que insistem em somente pensar; insistem loucamente em imaginar coisas das quais não tem a mínima noção de certo ou errado; insistem em desenhar minha vida sem as cores que me correspondem, sem o brilho que me é necessário, sem os contornos suaves que ainda faço questão de oferecer ao mundo.
Fui de paçoca, então.
Já que a verdade não transparece, já que o sentimento evoluiu, já que o sentimento regrediu, vá saber por onde anda nossa evolução, abri o pacote amarelo que deveria ser digerido como vermelho, uma vez que essa máquina que nos comporta foi pintada de rubro forte, e por negra ser a noite lá fora, ainda podemos gozar outro prazer, dito futebol, além das carnes que se misturam...
Digam lá, então, os senhores dos doces, minha 'candy shop', que amendoim louco é esse que produz tal paçoca maravilhosa, que cultivo orgânico é esse que traz a fruta até minha boca de uma forma tão pura, e se forem levar a conversa para o lado da boca, prefiro até mesmo me ausentar, que maciez é essa que desliza tão perfeita que jamais outra perfeição poderá se equiparar?
Dirão, e não faço questão de querer assinar embaixo, os puritanos de plantão, ou quem sabe os mais temerosos, que um dia na semana é muito pouco para que a verdade seja vista à tona, ainda levando em conta a escuridão do momento, uma vez que altas horas eram observadas e a noite não favorece os que têm a intenção plena de enxergar alegrias postas em prática quando se menos espera.
Minha paçoca doce, amendoim que levanta o ânimo, felicidade instantânea que preenche minha mente de tantas possibilidades que jamais, mente outra, poderá ser tão fértil a ponto de não necessitar dos adubos da vida, e entenda esse adubo como as merdas que sempre nos acometem nos instantes óbvios em que tudo se faz perfeito, para que eu possa me dedilhar a cada noite com os planos rascunhados, para que eu possa dialogar durante horas com o reflexo do meu espelho abordando todos os detalhes perfeitos e as mil maneiras que estou desenvolvendo em segredo de saborear o tal doce que tanto me assombra as madrugadas em forma de sonhos tão intensos...
O povo é bem visto, a quantidade é bem vista, o preço é bem visto. Se as três linhas se encontram nasce daí um triângulo que há de se eternizar, pois uma vez que a reta finda, o ciclo é infinito... vão lá os senhores dos doces, puritanos e temerosos, vendendo a paçoca em intermináveis promoções a testarem meus desejos mais profundos, a mexerem com a minha carne já surrada, a tentarem meu tesão, e acima de tudo, a provarem meu pecado excessivo da gula.
Salgados caem bem com cerveja...
Algumas noites clamam por uma paçoca.

Ave Maria das ruas

'No lixo dos quintais,
na mesa do café...
No amor dos carnavais,
na mão, no pé,
tu estás, tu estás...'


Com o medo da palavra ou com a força da fé, me pus a escrever no fim de tarde, ainda que não tenha colocado meus joelhos no chão no dia de hoje pra agradecer a tudo que se sucede, e pedir perdão pelos equívocos intensos que ecoam na minha cabeça há tanto tempo, desde que o primeiro acerto se deu. Pois sei que estás em qualquer lugar que eu esteja, sei que me acompanhas de perto e posso até mesmo sentir teu perfume nas esquinas interditadas que eu faço questão de passar, pulando sem dó dos buracos que se colocam em meu caminho, com a cabeça levantada em cada curva que seja necessária ser feita, no momento perfeito de lembrar do que se pode ter e querer, minha fé é maior do que tudo, só porque sei que estás sempre comigo.

'no tapa e no perdão,
no ódio e na oração.
Teu nome é Yemanjá.
E é Virgem Maria.
É Glória e é Cecília.
Na noite fria...'


Deram-te nomes diferentes, tão distintos quanto o poder que guarda sob o manto sagrado que vestes, puro e alvo de magia, puro e alvo de preces, puro e alvo de cultura, o resultado é sempre o mesmo; quem tem por dentro todo o sentimento dedicado ao amor simples do que é acreditar naquilo que está acima de todos nós se faz tão leve com relação à podridão da vida que um simples ensejo de raiva ou ódio se desfaz com a mesma naturalidade que o fogo faz queimar o papel, a mesma força de que as cinzas não voltam ao seu estado primeiro, o amor que escorre do mal nunca mais volta a ser papel pois entende que é na cinza que se realiza...

'Minha mãe, minha filha.
Tu és qualquer mulher,
mulher em qualquer dia.
Bastou o teu olhar pra me calar a voz;
de onde está você, rogai por nós.'

E minha clemência é tamanha que há de se comparar ao medo enorme que tenho de te magoar, como fosse um amor de mãe para com um filho e essa obediência cega que todos nós devemos àquelas que nos deram a vida, é o mesmo sentimento que guardo de não gerar rancores em ti, Mãe, pois basta tua voz para me calar e assim, manter o caminho certo que sempre fora o bem, sempre fora o amor, sempre me levara aos objetivos todos que almejei nessa curta vida que vou levando.

'Minha mãe, minha mãe.
Me ensina a segurar a barra de te amar.
Não estou cantando só, cantamos todos nós, mas cada um nasceu com a sua voz...
pra dizer, pra falar de forma diferente o que todo mundo sente.
Segure a minha mão quando ela fraquejar e não deixe a solidão me assustar...
Minha mãe, nossa mãe. E mata a minha fome nas letras do teu nome.'


Na verdade, a fome que me mata é a fome que quero matar. A fome de te amar, amar sempre e para sempre, sem medo ou temor, sem que jamais outro alguém te ame tanto quanto eu posso, e se assim for permitido, alcançarei patamares nunca atingidos em níveis de idolatria, Mãe, minha mãe, nossa mãe. Pois se a barra de te amar é mais forte que essa fome que me mata, a mato eu primeiro, antes que morramos todos nós numa só voz, cantando a felicidade eterna de estarmos nos dedicando à fé que nos move, à fé que nos fomenta toda a esperança de que um dia, quiçá amanhã, o mundo irá agir diferente e girar um pouco mais devagar que o normal...
Jamais a solidão irá me assustar.

Lá e cá.



Cá desse lado a vida anda bem,
nem motivos há pra pensar o contrário
Lá do teu lado eu espero também
que a vida repita o mesmo cenário.

Cá no meu jeito a saudade tem remédio
e me sinto, assim, quase um doente.
Passo meus dias te desenhando em assédio
auto-medicando a libido, uma vez, ausente.

Cá no meu mundo tem espaço pra ti
e, sem culpa, não peço nada mais.
Mas admito que um dia parto daqui
se suas promessas não forem reais.

Cá sem razão ou medo, não estimo seu preço
pois se que enfim findará minha agonia
Continuo, eterno, te desejando pelo avesso
dessa forma suave, tão minha, e macia.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Pastor de cabras

E disse o Irmão Antônio, não me deixo esquecer, que tudo nos é lícito, mas nem tudo nos convém. Será?
Tenho por aqui minhas dúvidas, sinceras dúvidas, sobre os plágios bíblicos que o amigo pregado ao tronco me direcionava, ainda que aceitasse sempre, e ainda continue atuando em prol da perpetuação da palavra como fosse, eu, um bom pastor indicando caminhos para minhas ovelhas desgarradas, e quantas ovelhas estão em minha volta, ó Senhor, ajudai-me na cruel missão...
E vou eu, no alto do altar, essas pobres coitadas sem rumo ou direção perdidas no mar de judiaria que é a vida e os machos que lhes rodeiam alternando suas mentes fracas, fazendo com que se desviem do bem, do amor maior, fazendo com que, por míseros segundos, esqueçam da palavra da verdade, da sinceridade no olhar, das dicas infalíveis e posições interessantes que partem de ninguém mais nem menos do que esse que vos fala, pastor de nascença, religioso e mentiroso por opção.
Pois se nesse tempo que não ouvem a voz minha, se me coloco à disposição do futuro para poder analisar o que há de melhor dentro de mim e não dou mais o valor devido a quem tanto me necessita, se me vejo a estar parado, solto na inércia admirando o silêncio pra decifrar o enigma de um sussurro, minhas ovelhas já começam a debandar, largar a bíblia do amor, que é o livro da UCM, vêem-se sem dono e ao pisar no jardim do vizinho já vão sendo encoleiradas e ligeiramente adestradas, para que não saiam dos novos territórios dificultando de forma exagerada a minha missão de recuperá-las novamente com ajuda santa de mim mesmo.
Terríveis palavras, terríveis paralelos... hão de rir de tudo que sempre quis escrever, de tantas idéias absurdas que sempre passaram pela minha cabeça e só agora posso despejar, tranqüilo, no papel; pois pastor de cabras eu sempre fui, fazedor de filhos, povoador desse mundo inteiro, o leite que escorre pelos campos e as bezerras desmamadas que sentam, despreocupadas, sobre o líquido branco, levantando já prenhas, já desoladas por carregarem dentro de si o pedaço mais puro e perfeito desse bode velho que vos fala.
Vão caminhando, minhas crianças, todas serelepes e soltas a correr pelos imensos campos verdes da minha terra, meu quintal de pederastias, minha cabra maior, a melhor de todas a me aguardar de braços (e pernas) abertos sedenta de amor, e meu amor também sedento do seu, de saudade eterna que se sacia em alguns dias da semana, quiçá um único dia da semana para que o desejo seja ainda maior do que sempre fora, pra que o tesão seja transcrito em libido, que disfarcemos o amor em forma de paixão, que forjemos o eterno em momento, que achem que digam que pensem, que somente nós saibamos, minha cabra velha, minha princesa, delícia do meu campo verde, minha paçoca delícia, minha promoção de trem, minha bezerra gostosa, o melhor dos pêlos, o mais suave, dirão outros poetas, o mais macio pêlo de todo o rebanho...
Mas me vem novamente as palavras do Irmão Antônio, saudoso Negro do tronco, escravo feliz, que o amor é fato da vida, feto de Deus; mulheres destilam seu veneno como fosse o azeite do Diabo a escorrer-lhes pelos lados da boca, transbordando todo o resto e nos contaminando para todo o sempre, sem que possamos voltar a ser o que sempre fomos...
Em mim não, Irmão Antônio.
Esse presidente está vacinado contra a febre das Vacas Loucas...

O freio do corpo

“Calma, seu presidente, devagar com as precipitações que a pressão pode aumentar...”
Mas ora vejam, um presidente que se preza, no auge de seu poder, impingido de proporcionar o prazer que se esconde por baixo de suas vestimentas de majestade, no local propício ao amor vagabundo, no escuro da noite, no instante do vazio, do quase silêncio, a Lua no seu pedestal iluminando olhos pra que nossas mãos pudessem ser guiadas aos pontos principais que expulsam sussurros e gemidos das bocas que estão unidas por desejo...? Ponderei sua fala como uma brincadeira de mau gosto.
Porém, o que não cabe em si, extrapola os limites da razão e das roupas íntimas.
Tenho por aqui algumas coisas boas para serem contadas nesses momentos estranhos em que a libido, por mais forte que seja, não consegue ultrapassar os quereres da razão, tenho algumas boas desculpas para fazer alguém esquecer as vergonhas, tenho bons movimentos de corpo que podem fazer rir, e num lance de riso consigo um fechar de olhos, e num fechar básico de olhos, posso ser mais rápido que as mãos alheias e abrir botões que atrapalham as conseqüências tão necessárias.
Admito que não pude acessar essas virtudes, pois a noite era dada como longa, e seu início marcava aquele instante, sem a obrigação notória de burlar as regras do amor sujo com minhas jogadas de malandro, porém a tal da iaba maldita que me cercava e relava o corpo no meu, tinha mais jogadas por baixo do pano do que minha intenção imaginava.
Fiz o que pude, e quando me coloco a fazer o que posso, o universo conspira devagar um medo tão terrível de que outro big bang aconteça, que as estrelas mínguam, a Lua se move devagar, a Terra pára de girar por um instante aguardando, solenes, que minha vontade se esvaia e a civilização, obra-prima mais gloriosa de Deus, possa retornar à normalidade.
Tremeram, aqueles mortais que me acompanhavam no solo abaixo de mim, no auge da comemoração, nas suas mentes fracas de garotos novos observando o presidente desenrolando os motivos pelos quais ele teria razão de eternizar palavras algum tempo depois.
Não se vêem mais mulheres como antigamente, e me desculpo àquelas que vão lendo o que escrevo agora, mas também o faço como se quisesse dar-lhes um conselho suave do que deveriam fazer nos instantes básicos da vida em que um homem as deseja mais do que qualquer outra coisa vigente existente no raio tenso de alguns metros... ora, mas que bobo sou, quem eu quereria enganar? Quem seriam elas, perto do que o fenômeno há de proporcionar, em festas avulsas, em comemorações de aniversários duplos ou triplos, em grandes churrascos planejados por semanas, enfim, quando este que vos fala toma uma decisão da qual não se pode voltar mais atrás.
Fiz o que pude, e se o destino fosse um pouco mais cruel, meus filhos estariam fazendo aniversários atualmente. A vida sabe muito bem como me tratar, a vida me joga na cara cada uma das boas ações que já realizou por mim, vou agradecendo como posso cultivando minhas intensas e sinceras mentiras a cada esquina que me propõem a andar, ou correr, que seja...
No mais, fico com o que tenho que já é um tanto bem interessante e suficiente para ocupar as pretensões de felicidade que venho almejando.
Digam o que quiserem dizer.

Copos em milagres

Agora sim a besteira pode começar.
Se, num dia desses, a avenida Brasil resolver engarrafar, o rádio parar de funcionar, uma galerinha com blusas coloridas decidir que devem correr atrás do caminhão de som, se a vida me der oportunidades de vestir uma dessas blusas, largo o carro parado na seletiva e me deixo levar pelas batidas alucinantes do coração, cansado de apanhar depois de tanto tempo.
Foi assim que o homem deu início à sua caminhada de tantos anos, foi assim que o rapaz que insiste em querer escrever o que não pode se calar, deu seqüência ao mandato de presidente no instante óbvio que o círculo de amigos puseram os joelhos no chão e reverenciaram o poder absoluto que emanava de seu novo líder.
Pois se Roberto disse que chegara ao portão por ter voltado ao seu lugar, digo o mesmo também pois os portões do templo do amor hão de se escancarar com minha chegada triunfal, no fatídico domingo que já foi motivo de inspiração a uma das melhores canções gritadas pela trupe da saudosa união.
E já estão por lá, pessoas de todas as etnias, todas as raças e credos, esticando com muito louvor o tapete multicor que abrigará meus pés quando, em mãos seguras, estiver o líquido sagrado, sangue de Jesus, vermelho como a terra macia do recinto, a embriagar-me, suave e lento, jogando-me aos braços do amor, elevando minha posição ao mais alto patamar que possa existir desde que me propus a essa coisa intensa que não deram nome, desde que me coloquei à disposição de quaisquer aventuras que me viessem de encontro.
E sentiram minha falta, sei disso. Mas afirmo que a saudade oposta não se compara a menor parcela da nostalgia que me atingira todas as noites, todas as manhãs, algumas tardes dos dias em que estive imerso em águas distintas. Volto à superfície, vou buscando meu ar, vou respirando livre novamente da maneira que sempre sonhei, da maneira louca que o mundo me ensinou...
E se me vier a vontade estranha de querer sair correndo por aí, não tentem me conter.
Você, playboy, que reverencia uma atitude isolada, você que vem até mim só para apertar minha mão, julgando que num toque de pele irá sentir um pouco de todo o poder que eu acho ter, fique despreocupado... aperitivos de um presidente, apenas aperitivos de um presidente. Mastiga devagar, bem devagar pra poder render.
Quis sempre mais, quis me levantar para não ficar outra vez estirado no chão sem vontade de sair de lá, fui além e descobri todas as facetas que o amor pode nos oferecer, vi que preciso de bem pouco para estar satisfeito e que esse pouco, na minha mão, se multiplica da mesma forma que o pão foi repartido, a água que vira vinho no copo do pecador é a mesma cerveja que vira Big Apple na minha caneca, todo o resto importa quase nada desde que eu saiba dar os certos passos rumo a qualquer um dos destinos que me chamam em todos os dias da semana.
Andar de mãos dadas ou a 150km/h cheio de histórias na cabeça voltando pra casa são a mesma coisa com as inversas e bem medidas proporções de cada uma das opções. Se duas mãos eu tenho, com uma eu seguro o volante, a outra eu ofereço... a quem tiver coragem de segurá-la.
O mundo vai conhecendo novas formas de alegria, o espaço vai dedicando seu tempo para que possamos dividi-lo e acharmos uma ou outra fórmula perfeita, equações matemáticas tão insinceras que fazem de mim um adorador ainda mais fervoroso das letras e das palavras.
Continuo por aqui, o carro na seletiva, caminhões de som, blusas coloridas, copos em milagres...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

One sweet window

Sorry, I never told you...

E nem haveria motivos para explanar, afinal, num momento desses em que a voz saísse de minha boca, as cortinas se fechariam, as luzes se apagariam, e seria eu, o mais triste dos servidores desse hospital inteiro sem olhos para enxergar o que mais me encanta, sem sonhos para deliciar-me nos deleites em que a vida profissional repleta de obrigações pode me oferecer, a cada toque selvagem em que os barulhos mortais dos fins de ciclos eternos brecam minhas intenções, fazem com que eu seja forçado a ausentar-me por instantes fatais a separar o bom do ótimo e, por fim, pego-me infeliz por não compartilhar do amor alheio dividido por folhas de vidro tão finas mas que segregam vidas que poderiam se unir para todo o sempre...

Encheria-me de satisfação se pudessem entender-me os mortais, puritanos, caretas, idiotas e ignorantes desse nosso tempo que não absorvem as razões e os fatos simples do sentimento que acomete certos jovens errados como esse que vos fala, os ócios da paixão que deixam sem sentido um plantão inteiro para com aqueles que já se cansaram do prato feito que, de uma forma ou de outra, ainda mata suas fomes, sacia suas gulas, mas não faz escorrer pelos cantos da boca a saliva da eterna felicidade, não faz com que queiram jogar-se, precipitando contra janelas opostas; filmes tão inéditos em nossa vã realidade que dariam aos autores inspirações suficientes para ganharem quanto dinheiro fosse desejado, e eu, também em vã filosofia pois não creio em realidades, me vejo com os pés prontos para pular, como se quisesse retirar de mim uma dor, substituindo por aquela que se diz superior e nos arranca a alma sem que sintamos.

A ausência da dor é a morte; e somente a morte pode nos impedir de sentir, de viver, de sofrer...

Ao descanso do leito, a perfeição que repousa no tédio se delicia com um dos vícios que o homem lhe propõe. Quiseram que fosse assim só pra que hoje eu me dedicasse a algumas palavras avulsas. Eu que não fumo, pedi um cigarro... antes tivesse me ouvido. Converso comigo mesmo quando me encontro no negro escuro de um recinto pequeno, as quatro paredes que me cercam me dizem que o barulho pode atrapalhar as intenções e em silêncio permaneço, admirando de longe toda a proporção que Deus tem, toda a capacidade que Deus tem de que pôr suas sagradas mãos no molde da vida e confeccionar tal maravilha a caminhar solene por entre os homens incitando suas mentes ao desejo, a caminhar altiva por entre as mulheres cativando inveja...

Já se foi o tempo em que me contentava com pouco.

Fiz o que pude para me retirar a tempo, nos instantes derradeiros em que o pouco de labuta ainda me obrigava a estar estático, porém quando estamos hipnotizados a decifrar enigmas assim tão intensos, não há força maior que nos faça deslocar a visão, movimentar os músculos, andar em direção à porta mais próxima; é fato comprovado que a vontade é bem maior do que todos os outros sentimentos existentes, maior que o amor, maior do que a paixão, maior do que o sofrimento, bem maior do que a saudade inclusive, a vontade é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida, com o perdão do plágio plagiado.

E de pé, no fim do descanso no leito, vejo bem mais do que poderia imaginar... quisera Deus que eu tivesse olhos, e hoje agradeço pela dádiva que me oferece em dias assim tão intensos e inesquecíveis.

Quem entende de exageros, talvez não vá encarar com muita fé aquilo que eu cismo em dizer quando me vejo sentado em frente às palavras.

Mas essa falta estranha e absurda do que fazer, essa saudade incrível de ser feliz, esse ócio podre de aventuras no meu coração fazem com que coisas tão pequenas sejam pontas finíssimas de icebergs que eu faço toda a questão de desenhar as bases... minhas bases.

Chamam-me Paulo Victor, vouyer de profissão, manhã de terça, setembro, dois mil e onze.

domingo, 18 de setembro de 2011

Tempo de chuva

Discursou, o homem das palavras bem acertadas, sobre as possibilidades da água que despenca dos céus a cair, sorrateiramente, em cabeças desavisadas e bem escolhidas, como fossem selecionadas pelo dedo maravilhoso de Deus para receberem tal benção nas ocasiões mais propícias que o mundo possa oferecer... E se a ocasião representa um evento do qual este presidente que vos fala esteja participando, com sua pessoa intocável e excepcional, então Deus caprichou no acerto e ainda me deu inspiração pra cuspir umas outras palavras no papel.
Disse, num passado distante, que, ao toque da chuva em meu corpo, a primeira atitude era tirar o relógio.
Puritanos e ignorantes mal julgarão os fatos, por puritanos e ignorantes serem... enfim, coloco-me à disposição.
Caindo sobre mim tamanha perfeição nos instantes óbvios em que a felicidade plena ia alagando meu caminho a querer me afundar numa poça qualquer de aventura, diz-se, e é verdade, que Cronos, deus do tempo, joga suas cartas contra as intenções de alegria de quem se dedica à loucura aqui no mundo.
Quando a eternidade é desejada, quando a história está sendo contada, quando, nos eventos maravilhosos em que estejamos participando, ou nas paixões de momento que estejamos vivendo, um beijo na chuva, línguas que se encontram em frações de segundo tão únicas que sua demora é relativada pelo fato simples de sabermos que em quantas vidas tivermos daqui em diante, nada há de se comparar com aquele milésimo tão perfeito, sons ensurdecedores e a poeira que morre pra dar lugar à lama nessa metamorfose tão perfeita e que jamais, os mortais, poderão entender, somente tendo olhos e analisando de perto pra que possamos transcrever um dia; nesses momentos, queridos leitores, o tempo tende a passar um tanto quanto mais depressa, razão básica para que eu me despeça ligeiramente daquilo que me mostra a verdade que não quero ver...
E me pego tão imóvel nos momentos de nostalgia que goteiras de meu velho teto tentam me convencer de que a chuva ainda pode me alcançar, me fazem querer fugir pelas ruas, correndo desvairado em busca de coisa alguma, destino maior que sempre fora dono das minhas noites, minhas madrugadas, minhas vontades e devassidões, meus mortos, meus queridos mortos que, enterrados no fundo do meu coração, olham por mim até hoje e me chamam, sempre, para aquela famosa dança fúnebre, o luto do abadá preto que cairia sobre nós, a balançarmo-nos de lados para lados, primeiro para a esquerda, depois para a direita, segurando com força na corda do carangueijo, coisas que me fazem sorrir...
E o que melhor pode ser do que pés de valsa ao som enlouquecedor de qualquer coisa, a comunhão da alegria exagerada, as mentiras que se contam aos ouvidos que jamais veremos outra vez, os beijos que se dedicam como se quiséssemos provar a cada lábio que é este o melhor de todos, que é este o lábio que eu pretenderia sentir para o resto da vida até que a próxima esquina nos separe e eu seja obrigado a inventar qualquer outra coisa a outros ouvidos que jamais verei...
E cai a chuva, e guardo o relógio, e passa o tempo...

Paulo Victor, jovem sonhador, nostálgico das águas, fim de domingo, setembro, dois mil e onze.

O meu Deus



O meu Deus é aquele que está sempre perto
E não me abandona quando estou errado.
O meu Deus me pôs no caminho certo
Ainda que numa brincadeira o tenha deixado de lado.

Falar de Deus nas horas da noite
É coisa simples quando os joelhos estão no chão.
Blasfemar seu nome sem nenhum açoite
É só pra quem não o chama de pai, e sim de irmão.

Se minha igreja fiel é a mesa
E a bíblia da verdade é a caneca.
Troco o pastor por outra rodada de cerveja
E o padre pelo funk da falsa discoteca.

E que me venham os fogos do inferno
Ou os portões do firmamento.
Na hora da partida usarei meu melhor terno
Pra que os homens do Senhor me preparem um aposento.

Sou sincero e não traio jamais o meu futuro
Que tracei desde o instante em que nasci.
Tenho duas pernas, posso pular esse muro
Barreira simples onde pula até Saci.

Mas a responsabilidade é séria
E recebo de coração aberto qualquer conselho.
Só não aceito que me venha com migalha ou miséria
Pois faço do pouco, um reflexo sujo do seu espelho.

E que tenham todos, seu Deus no coração
Como o tenho eu, e sempre tive.
Profetizo pois sei que abençoados serão
E no peito que couber, esse poema arquive...





Chamam-me Paulo Victor, por vezes adorador dos poemas e afins, fim de noite de domingo, dezoito de setembro, dois mil e onze...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

São Gonça? Babilônia? Micareta...!

Hoje à noite, a Brasil engarrafou, e eu fiquei a pé... tentei ligar pra você, a NEXTEL ficou sem rede, o rádio escangalhado, mas você crê se quiser.
Claro, nada mais justo do que nós, homens de bem, darmos as devidas satisfações àquelas que acreditam, ou dizem acreditar, em nossas sinceras palavras. Nada mais justo também que não creiam em misérias do que digamos, mas enfim, são tolas por natureza por acreditar, ainda mais tolas por desconfiar.
Quis assim, quis que fossem 'o tanto maior de ciumentas' que pudesse existir e hoje em dia me arrependo amargamente do que plantei no passado; não pelas histórias que foram escritas e o aprendizado que dá piruetas dentro da minha memória, mas pelo escândalo proporcionado pelos sete cantos do mundo onde me esfreguei, frenético e faminto, como fosse a hiena sorridente mastigando carnes podres de urubus que, em seus espíritos malditos, ainda rodeiam minha cabeça, minha casa, meu habitat, mexem com os brios do presidente o fazendo pecar muito contra sua vontade.
Porém, o que há é o que vemos e o que não vemos, diz-se que não existe. Assim age o coração com relação aos olhos e não sou eu quem dirá que essa colocação é falsa.
Fui por ali numa dessas micaretas perdidas no templo do amor que sempre foi meu palco principal de exibição, quando chegava, serelepe e alterado, quis Deus que eu não tivesse carro ainda, a garrafa de vinho na mão esquerda, uma caneta na direita a fim de riscar no chão um traço torto para cada uma das conquistas que se desse naquele dia, e ao fim da noite poderiam dizer que a terra fora arada...
Não que a vida se resumisse aos eventos maravilhosos desenrolados na terra fofa da igreja da paixão momentânea, mas por lá, como um octógono aleijado, esfreguei meu corpo suculento nos sente cantos daquele que eu dizia ser meu mundo. E se gritaram de prazer ou de nojo, não sei, o resto da população que me cercava ficava sabendo e como é de se fazer desde os tempos de vovô menino, perpetuaram as informações entre os seus...
Que sejam esses que me cercam adeptos da fofoca... sempre quis que meu nome ecoasse na boca alheia, sempre quis ressoar nas cabeças de quem não me admirava ou invejava, ego elevado e convencimento eram minhas melhores armas para o tédio no tempo que me deixa nostálgico... porém as conseqüências são medidas no futuro e hoje, quando pára a Brasil, o rádio me deixa na mão, talvez eu esteja mesmo num desses prostíbulos sujos, embriagando minha saúde aos goles do chopp mais gelado, afirmando com todas as palavras que caibam em meu vocabulário que as meretrizes largadas por lá são filhas legítimas dos irmãos de minhas mãe, minhas primas... a casa é delas, afinal.
Mas quem dera, Deus meu, quem dera se fossem essas as músicas que tocassem naquele tempo em que as batidas vinham de lados desconhecidos, de caixas tão enormes a esconder o segredo mais sincero por trás de seu barulho infernal, como se quisessem deixar guardadas atrás da equipe, os baús de moedas de ouro como num arco íris multicor, relembrando de leve aquela blusa verde, quando do céu despencou-se toda a água que Pedro guardara, quando Deus resolveu secar um pouco do chão com raios de Sol, e surgiu, mágico e incrível, o fenômeno mais belo da natureza, provando pelas forças do firmamento que seria mais um evento perfeito a nos coroar com histórias mil e saudades milhão.
Quiçá, e quiçá é palavra tão bonita que há de ser também de bom grado e superstição, nascerão outros dias tão intensos quanto aquele e serei obrigado mais uma vez a ficar parado na Brasil, rádio defeituoso, NEXTEL maldita...

Chamam-me Paulo Victor, saudoso adorador das micaretas e afins, começo de noite de terça feira de muita labuta, fim de agosto, dois mil e onze.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Exploda coração

Deve ter sido isso mesmo, uma vez que o pensamento, quando acomete o homem no instante que antecede o sono, não se deve levar muito em consideração, porém essa vontade estranha de querer abordar o assunto não saiu da minha mente tornando-se mais forte do que o ato de dormir, pus-me então de pé para depois sentar-me e tagarelar sozinho com o branco do papel a fim de que saia de mim essas possibilidades e esses prováveis erros de percurso, onde o percurso já se faz perdido...
Devo procurar algo útil e cansativo para me perder, para que eu possa gastar meus tempos vagos, enfim o descanso do rei chegou ao fim e é tão estranho quanto contraditório, uma força muito grande por dentro ansiava loucamente para que isso acontecesse, e por outro lado, uma fraqueza muito imensa no fundo do meu peito força minhas intenções a continuar aqui deitado ou sentado ou mentindo... sempre dá no mesmo.
Acabo por me fazer dono de mim mesmo sem saber que a grande verdade nunca será dita, nunca será abordada, não por uma falta de vontade de dizê-la e sim pelo fato simples de que essa verdade não existe... nem existirá.
E sei também que o nada é só a ausência de tudo, a espera lenta de que alguém o contenha, o vazio a suplicar por ser preenchido por qualquer coisa que haja por perto, o sentimento de ódio que se apaixona pelo amor e o quer dentro de si, a justificativa da guerra em dizer que é produto da paz...
tudo se equivale, todos os nadas juntos já formam alguma coisa perto de tudo e o resto se resolve com o tempo.
Quis, aqui ou ali, resolver uns problemas que não me competiam; desisti, por fim. Dizem-me ser maduro demais, enquanto ao mesmo tempo criticam-me em demasia na infantilidade com a qual encaro algumas das realidades do destino; soube perdoar, mas não serei idiota o suficiente a confiar outra vez. Até mesmo porque não há mais espaço e tempo para o sentimento, o amor não faz mais morada no coração de quem larga de mão a esperança, a paixão não queima mais quando o combustível da confiança se esvai, se esgota, corre junto à sarjeta rumo aos ralos mais sujos que possa haver...
E me vêm os eventos na mente, e penso nas possibilidades, e vejo as histórias sendo escritas, e vejo os fãs se aglomerando novamente, e vejo os elogios, e assobios, como já vão voltando e mudando meu sorriso, tudo isso junto fazendo do meu atual nada um pouco mais recheado... serão pés que caminharam na lama fofa do templo do amor, explodindo cada passo com o sentimento vagabundo da mentira que sempre fora característica minha e de mais ninguém e me dói tanto o ego quando encaro concorrentes querendo mentir mais do que eu... fazer o quê...?
Dormi e acordei com as mesmas convicções na cabeça e, dessa vez, tenho toda a certeza de que as balas perdidas terão fim certo, fim fatal, flerte com o vento que lhe muda sempre a trajetória, desviando de cabeças alheias para caber exatamente no peito de seu destino final, nascendo morrendo, tomando seu corpo, então, eu sofrendo, gostando adorando, gritando, analisando, por fim o fim, fim fatal, a sede do chão que é saciada pelo sangue do sentimento que há de molhar o solo, a verdade da vida que é a liberdade, pois no momento dos créditos subirem na tela escura, enxergarão, todos os mortais insistentes por me criticar depois da decisão, que fundamental mesmo é a aventura e, ao sair do cinema, haverá por lá um tapete vermelho, digno de abrigar meus pés na caminhada rumo ao desconhecido em busca de felicidade, plagiando esse que vos fala...

Chamam-me Paulo Victor, vinte horas e trinta e um minutos, dia vinte e quatro de agosto, dois mil e onze.

Vendendo canetas na entrevista

Hoje estamos aqui reunidos, queridos, para que possam ver, com seus próprios olhos, a maravilha do novo mundo, um produto de alta qualidade que há de revolucionar as mentes brilhantes desse nosso tempo, a maior facilidade, maciez ao deslizar pelo papel, botando o preto no branco e fazendo brotar do rascunho as verdades e novas idéias salientes e tendenciosas por mudar a sociedade.
Trago-lhes a caneta!

O diferencial que faltava em vossas vidas, o poder maior que cabe na palma de nossas mãos abraçada eternamente pelos dedos quentes que a protegem de qualquer mal e a fazem como fosse um de nossos filhos, escorregando suave e bela pelas superfícies mais intrigantes que possamos imaginar, riscando linhas e curvas, letras e símbolos, formando, incessante, as frases que hão de ficar para a posteridade!!
Dura até acabar!
O lápis é papo do passado, a pena está ultrapassada, a passagem das idéias via oral é algo que nem sequer está documentada, o novo mundo precisava de um produto tal qual esse, a caneta, maravilha criada pelo dinamarquês Pen Silver vem para revolucionar o modo de escrita no ocidente e oriente...!
Peguem, peguem todos, demonstrações grátis, na minha mão...
Pensarão, os senhores, que o preço está muito baixo e não condiz com a qualidade do produto vendido, porém, a validade é até o ano de 2015 e juro pela minha sogra mortinha que o que vendo não é roubado; talvez, uma vez ou outra, o caminhão tenha tombado lá perto de casa, nada mais sério do que isso.
Poderia, eu, estar fazendo coisas erradas, tais quais "traficano", "corneano", "vendeno" meu corpo nas esquinas, mas não, estou aqui, oferecendo o item mais essencial na vida de quem quer crescer na carreira, na vida de quem precisa anotar seus compromissos, na vida de quem sai pra balada e precisa anotar o número da gostosa que está dando mole perto do bar, na vida de quem caminha pelas ruas e de repente tem uma inspiração avulsa e precisa escrever as idéias para não esquecer depois, pra aquele supersticioso que aposta toda semana no Rio de Prêmios e não tem uma caneta pra escrever seu nome e endereço a fim de quem possa receber o que há de ganhar, e há de ganhar com mais veemência se escrever com essa caneta que trago hoje, produto de primeira.
Primeira caneta que não traz em si os preconceitos da sociedade.
Podem usar, tanto os destros quanto os canhotos!
Quem mais vai querer, a madame aqui vai levar meia dúzia...

Chamam-me Paulo Victor, o melhor dos melhores nas entrevistas onde entrevistadores despreparados pedem para o entrevistado vender canetas, noite alta de quarta, pré jogo do Flamengo, agosto, dois mil e onze.

A nova Bíblia

Quando você pega a bíblia, o diabo tem dor de cabeça. Quando você abre, ele tem um colapso nervoso. Então você começa a ler, ele desmaia. Aí você começa a vivê-la, ele foge. E quando você estiver prestes a pregar essa verdade entre seus irmãos ele tende a querer te desencorajar...

Não vou dizer que não sigo as palavras do Livro Sagrado, da mesma forma que também não mentirei dizendo que sigo. O que fica, pra mim, é o convencimento.
Sim, o convencimento de que as palavras conseguem transparecer em forma de opinião, a melhor delas, diga-se de passagem, de que a vida só é vida se for pela palavra do Senhor, que a salvação está Nele e nada mais é tão importante quanto Lhe servir e deixar de lado todos os pecados, ditos ruins.
Tenho cá minhas próprias idéias a respeito dos pecados, as quais poderia dar mais ênfase do que já dei em colocações anteriores, mas não cabe aqui, ainda, discussão como essa. Se fosse eu, o autor da Bíblia, e vão me criticando por aí os que estão me lendo, alguns fanáticos julgando-me blasfemador, a escreveria de forma diferente, tiraria coisas que considero um tanto quanto desnecessárias, acrescentaria muito mais poder à Deus, faria as terem sido muito mais difíceis do que pareceram ser... por exemplo, esse papo de fazer tudo em uma semana é muito surreal, cara...
Faria eu, se Deus fosse, afinal foi em nome de Deus que escreveram, com a força de Deus lhes penetrando o peito e transparecendo em formas de palavras, as quais lemos hoje em dia, em, pelo menos, um mês todo o universo, dando muitas características avulsas para cada uma das estrelas, e escreveria eu mesmo um livro para cada uma delas, como se aquilo houvesse me dado um trabalho incrivelmente enorme, e nomearia cada uma delas, todas as galáxias, todos os planetas; deixaria no ar um pouco de suspense sem dizer de imediato se haveria ou não vida num outro lugar, pra fazer esse ciuminho nos humanos que se acham muito especiais, e sim, aí sim, adentraria na enciclopédia especial para o nosso planeta, diria devagar como tudo foi confeccionado, jamais me daria o luxo de um dia de descanso na semana, trabalharia arduamente, quem sabe plantões de 36 horas...
Poria fim, então, a essa idéia de Adão e Eva e toda a safadeza do Paraíso, conversas moles sobre cobras traíras e maçãs podres. Abordaria a verdade, por quê não, ô Deus??
Diria, eu, que a mulher, perfeita por assim ser, tal qual Angelina Jolie, essa nossa feita a partir da primeira forma já criada, saíra da minha costela, e nós, em nosso ninho de amor, nas nuvens mais fofas ao som das harpas de uns de meus melhores anjos, os mais nerds, propagaríamos a civilização, jogando no mundo, de dúzias em dúzias, pessoas de todas as etnias, sexos e credos, ao fim de cada sessão de amor; e esse amor eterno, intenso até os dias de hoje, pois o homem que deixa uma mulher tal qual Angelina sozinha numa cama de nuvens não pode ser considerado Deus, vai povoando ainda o planeta.
Tudo isso eu acrescentaria nas Bíblias, e não teria vergonha de pregar essas verdades nas Igrejas, não teria vergonha de subir ao altar, o livro na mão, os fiéis na minha frente, sermões tão intensos que sairiam chorando, todos aqueles crentes de bolsos vazios, corações cheios, fé renovada...
O mundo não me cabe mesmo... seriam guerras religiosas em todos os cantos se essas verdades fossem reveladas...
Quisera eu povoar o mundo... papo pra outros bares...

Chamam-me Paulo Victor, começo de noite de quarta feira, fim de mês de agosto, dois mil e onze.

O guloso

Pois se disse o poeta desconhecido que não tem preconceitos, odeia a todos igualmente, não poderia eu, nesse ínterim de monólogo, afirmar o mesmo pois estaria mentindo e a mentira não faz parte das minhas colocações, bem miradas e acertadas, a ponto de atingir úteros e afins.
O problema é que quando jovem sempre fui mesmo muito guloso, já sabia desde cedo que o melhor não era o que eu tinha; que o vizinho tinha um quintal maior que o meu e brincar lá talvez fosse mais interessante que brincar aqui.
A comida?
Talvez fosse o cheiro da comida que vinha de estranhos lugares muito mais gostoso do que o perfume habitual da cozinha de mamãe e isso me deixava com mais fome assim que o prato havia desaparecido, assim que a sobremesa não ocupava o espaço do meu estômago, assim que a saudosa Coca Cola de litrão esvaziava misteriosamente...
E todo o resto pode se enquadrar na missão que venho dissertando; o mundo inteiro é muito pouco quando não nos pertence e, se num dia desses qualquer, vier a caber em nossas mãos quereremos uma dessas galáxias perdidas por aí só pelo simples fato de abordar a verdade de dizer que possuímos tal coisa, maior ou melhor, ou diferente...
Não tenho pressa alguma de querer conquistar todas as coisas que me rodeiam mas a vontade existe e vou matutando devagar cada uma das possibilidades pra que consiga fazer que os meus últimos dias de vida sejam os melhores possíveis e que todos os objetivos cultivados enquanto jovem sejam alcançados no futuro próximo que o destino me reserva...
Sou desses, guloso por natureza e com os olhos grandes naquilo que ainda não me pertence só pra provar a mim mesmo que tenho a plena capacidade de esticar meu braço e agarrar o desejo do momento, como fosse a vida uma eterna micareta, relembrando fatos que derrubam minhas lágrimas, onde cada curva, cada esquina, cada passo é um novo instante a ser descoberto e uma história a ser contada, quem sabe agora, quem sabe quando ouvidos houver por perto....
Sei que me perco nas minhas palavras mas não é nada que me faça ficar preocupado nem coisa alguma que me faça mudar a forma de abordar a realidade. Faz tempo que não escrevo pra que me leiam, então estou aqui sozinho, hablando comigo mesmo para que as verdades de amanhã sejam contrapostas com as de hoje formando, quem sabe, alguns paradoxos que me levem a alguma conclusão interessante...
Chupei chupeta até os sete anos de idade por já prever que a vida me aguardava e tinha pra mim coisas muito boas, inclusive algumas que eu poderia coloca na boca. Sei que o futuro sempre está pronto pra mim e os sinais caem do céu a todo instante me provando que estou certo, que o equívoco foi deixado de lado, que moedas sobem e descem a todo momento pra eu que saiba enxergar e enfrentar o caminho certo, o caminho bom, a melhor saída para os problemas, o melhor pulo para os obstáculos, a melhor palavra que bata de frente com as indiretas, com as críticas, com as acusações infundadas, com as brigas e verdades que contam aos ouvidos de quem não está ainda preparado para as ouvir.
Mas vou continuar nesse ritmo, analisando o que está próximo pra que eu saiba entender a virtude do que não me pertence e alcançar esse intento, ainda que demore, ainda que o mundo gire algumas vezes e eu tenha que ver nascer e morrer anos; o que é meu será meu sempre, e não terei pressa de esticar meus braços, ou quem sabe abrir minha boca...

Chamam-me Paulo Victor, começo de noite de quarta feira, fim de mês de agosto, dois mil e onze.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Atrás da porta

Quando olhaste bem nos olhos meus /E o teu olhar era de adeus /Juro que não acreditei, eu te estranhei/ Me debrucei sobre teu corpo e duvidei /E me arrastei e te arranhei /E me agarrei nos teus cabelos /No teu peito, teu pijama /Nos teus pés ao pé da cama /Sem carinho, sem coberta /No tapete atrás da porta /Reclamei baixinho /Dei pra maldizer o nosso lar /Pra sujar teu nome, te humilhar /E me vingar a qualquer preço /Te adorando pelo avesso /Pra mostrar que ainda sou tua...

Fosse ou não fosse essa, a melhor maneira de mostrar algo a alguém, a transformação do normal já seria, no mínimo, o suficiente para mudar também a perspectiva de previsibilidade que enterrou-se na cabeça do autor, ou na minha, e se o suficiente não fosse, pelo menos, seria um motivo a mais para se acostumar com a tal dor enorme que acomete esses enfermos apaixonados jogados pelo mundo, perdidos em cada esquina...
Quisera Deus que fosse eu o pilar contrário, nesse momento, do que dizem os benditos defensores da poligamia, dos defensores também da monogamia, defensores outros das idéias oferecidas aos goles do mais gelado chopp, as melhores idéias, diga-se de passagem, de que a idade é base do futuro e não se deve discutir com a imaturidade que provém, infelizmente, da falta de experiência, característica primeira daquilo que me cerca. Quis bem, Deus?
Mas é assim que vão as histórias.
Loucas e insanas, correndo atrás de seus respectivos homens com unhas e dentes, mordendo o que acham que lhes pertence, cometendo erros grotescos nessa empreitada, e conjecturando possibilidades de bons conselhos alheios (e se fossem bons, conselhos seriam vendidos), abordando verdades que são tão podres quanto previsíveis mentiras, sete ou mais facas na mão não para dar cabo da vida do amado e sim de si próprias, ou que venham então com as cartelas de vitamínicos para sofrer com a morte agonizante de uma incrível dor de barriga no fim do dia, substituindo uma mazela por outra, o coração esquecido pelos nós nas entranhas... cada um colhe o que planta; o quadrado que lhe diz respeito não tem nada a ver com o meu.
Há de reclamar baixinho, me humilhar, falar mal de “tudo que já foi vivido”... é da idade, tudo se perdoa...
E se perguntado fosse, admitiria que não faria diferente. A vida é um grande jogo onde, por vezes, entramos sem sermos convidados, porém brincamos até o fim sem pensar nas conseqüências, pagamos um pouco caro pelas nossas apostas mal sucedidas, entramos em lugares difíceis de sair, assassinamos alguns bichos nesse caminho, atropelamos idéias, abordamos planos, e no instante perfeito do game over, chegamos até mesmo a desperdiçar lágrimas em vão não levando em conta o quão bom foi o divertimento do jogo... mas as novidades estão aí pra isso, lançamentos seguidos provando que um biscoito só é comido pra dar lugar na boca para o próximo.
Dizem, e concordo nessa afirmativa, que a canção reflete o destino. Adiciono um pouco mais de verdade. O destino inspira a canção...



Chamam-me Paulo Victor, ouvidor das canções de Buarque, meio de tarde, dia vinte e dois de agosto, dois mil e onze.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Verdades no cursinho de inglês

Mas darling, eu prometo que essa é minha última xícara de café. Vou arrumar um trabalho, levantar da cama, parar de escutar música enquanto escrevo os books do meu futuro. Honey, você tem que entender que my life está cada vez mais intensa e não são somente os plantões noturnos que irão alimentar a família. Você também tem que procurar um work, ocupar your mind, parar um pouco de perturbar a minha própria mind.
Fiz meus sacrifices para chegar onde cheguei, acordava muito early para desempenhar todas as responsabilidades que a vida me oferecia, e repare na colocação; a vida me oferecia, jamais me obrigava. Fi-lo porque qui-lo e continuo fazendo até que o limite do sky seja ultrapassado. Sei de cor que my intentions serão alcançadas nos instantes exatos que minha vontade se fizer, sei que posso andar sozinho pelo world, ainda que afirme a some people que seja mais fácil chegar no destino andando a dois, porém se os passos não forem coordenados, darling, os dois caem, estatelam-se ao chão, kissing o solo para não se levantarem never again...
To sing the song
numa única voz talvez soe better do que essas duplas sertanejas perdidas no espaço de nossas estações de rádio, maybe eu comece a pensar this way, maybe eu continue pensando como antes.
As coisas não vêm fáceis para quem pretende muito.
Deixa minha xícara de café aqui...
Conversei with a few people e não cheguei a conclusão alguma que fosse diferente do que eu já sabia, não abordei idéias contrárias àquelas que já viviam na minha cabeça, não mudaram minha opinião, reforçaram o que eu tinha inside.
Já havia lhe dito about os percalços que o caminho poderia oferecer, mas parece que nothing entra na sua mente, parece que está closed para as coisas que vêm de mim, não sabe como acreditar nas trues que lhe digo, não consegue absorver que o futuro não é yesterday, não mede the size das circunstâncias, do esforço que only one vai fazendo para que tudo se acerte, e in the end ainda sou obrigado a ouvir palavras e lies e gritos tão grandes que chegam a doer-me os ouvidos a ponto de fazer-me não querer mais escutar anything.
Love and hope são coisas que não andam mais juntas, não se pode mais acreditar nas coisas que o destino reserva.
Darling, a partir de now, vou sonhar sozinho, vou planejar sozinho. Se a xícara de coffee na minha mão pertence a mim, you não tem que opinar quanto a isso. Se as 24 hours de trabalho são minhas, you don’t have to know if eu estou fazendo alguma coisa considerada wrong.
I started a pensar nas pequenas atitudes, nos modos que não mudaram de tão pouco time ago, e que, de fato, não mudarão daqui pra frente, pois algumas weeks é muito pouco quando se aborda as intenções de eternity.
Darling
, não creio mais nas suas palavras, nem nas suas promessas. Isso é coisa feia, coisa ruim, mas has to be dito.
Enfim, vou levantando, colocando a xícara de café na pia, dando seqüência aos fatos, quem sabe eu precise de um novo emprego, a brand new work, I need more money, preciso de mais crédito, preciso de mais hope, mais happiness, preciso de mais ar puro, preciso tomar atitudes drásticas, como era de praxe nos tempos de vovô menino...
Bye..

They call me Paulo Victor, adorador de cursinhos de inglês, Thursday night, quase vinte e uma horas, two thousand eleven...

Lecionando as mentiras

O lado que nasce o Sol é onde bate meu coração e João sabe disso. Tanto quanto que o tal do tempo andou mexendo com a gente...
Mas são só suposições da canção, nada de mais, querido leitor. Analisem como queiram, olhem-me com quaisquer olhos, me julguem quando for necessário, mas nunca, jamais, em hipótese alguma, joguem na minha cara as letras e as idéias que as músicas libertam assim que são interpretadas pelos nossos melhores homens... pois eu sou um eterno fraco, somente admirador, um tanto quanto plagiador das melodias que me cercam os ouvidos, dedilhando devagar meus tímpanos, transpassando diretamente para o papel as opiniões formadas pelas composições.
E os homens de bem que bem me conhecem, podem, enfim, enxergar o que é ser eu.
Podem, se assim quiserem, acampar suas barracas no quintal das minhas palavras tentando um contato maior com tudo que exala de mim, podem ouvir palavras ditas em madrugadas inteiras quando o ócio da labuta nos obriga a gritar, podem ser um pouco menos egoístas com seus respectivos egos e deixar a mente aberta a novas idéias. Um tanto muito grande de evolução nasceria nos corações alheios, quantas e quantas mulheres, inumeráveis fêmeas a se debaterem silenciosas, a deliciarem-se com a notícia de que estariam, seus respectivos machos, absorvendo, como grandes OBs enfiados no útero de minha cabeça, a sabedoria e sagacidade adquirida durante todos os poucos anos que já passaram por mim, e soltariam seus gritinhos escandalosos, repetindo feitos antigos, de felicidade; e eu não teria a mínima vontade de cessar essa transmissão de conhecimento, essa divisão de saber que é a base mais pura da minha caminhada, os desafios que imponho a mim mesmo superando a cada segundo as forças do corpo, me pondo à prova, no Sol ou na chuva, como fosse um eterno pára-raios incorporando no peito uma energia cada vez maior assim que as tempestades me explodem...
Sonhei acordado.
Quereriam, e só não querem porque ainda não pensaram na possibilidade, que fosse, tudo isso, a mais pura verdade, homens e mulheres de todas as idades possíveis; dos mais jovens aos idosos, esses últimos inclinados à falta do amor insano e intenso que só acomete os seres viventes na melhor idade, e como queria eu estar na melhor idade.
Muitas das coisas que acontecem só acontecem porque eu quero que aconteça. E quando me ouvem julgam as idéias muito atrasadas, os silêncios muito alongados, a evolução das frases, por vezes, mais adiantada do que o próprio entendimento de quem se põe, ou se opõe, a ouvir. Sento num trono qualquer e com o microfone natural da vida que são os ouvidos alheios, discurso por horas sobre quaisquer assuntos pertinentes à saúde emocional, o amor, a paixão, a tristeza, a dor, a felicidade, a saudade... e quando toco na saudade me transfiro de esferas, saio do trono para o palco; dramatizo em demasia, me vejo na personagem, mato a mim mesmo como fosse um viciado em busca da sua melhor droga, a mais pura cor da nostalgia é tão branca quanto o pó de primeira que adentra nos narizes dos dependentes... e dependo tanto das minhas memórias que talvez seja esse o propósito das palavras, eternizar para o futuro as experiências que vivo hoje.
Ando escrevendo tão pouco.
E se assim quiserem, se o sonho vier à realidade, faço de minhas palavras escritas, músicas a emocionar os ouvidos do mundo inteiro, uma contagiante fascinação de anos e anos de verdades e algumas mentiras bem sinceras.

Chamam-me Paulo Victor, começo de noite dessa quinta feira que nada promete, agosto de dois mil e onze.

O alienista

Em Copacabana, essa semana, o mar sou eu.
No Corcovado, quem abre os braços sou eu.

E se quiserem chamar-me de Deus , também não direi que estão blasfemando. Sejamos quem quisermos ser. Loucos são os que discordam de quem tem a absoluta razão naquilo que fazem, naquilo que pensam.
Loucos são os que não têm perspectiva de futuro, não planejam sonhos exagerados, não vão dormir com sentimentos estranhos na cabeça, loucos mesmo são esses que não correm, que brigam que gritam que se estressam, loucos são os que não têm graça, não têm humor, loucos são aqueles que não acompanham os mais felizes, não por uma vontade plena de querer acompanhar alguém ou seguir passos, mas por poder absorver um pouco da alegria alheia, semear sorrisos, dividir as histórias, agir como loucos mesmo não os sendo, loucos são os reservados, os medrosos, os que não arriscam, os que não gastam, os que não beijam com língua. Loucos e insanos são os homens que passam pelo mundo e não deixam nada pro futuro, aqueles que atuam no recatado ambiente de um lar, aqueles que semeiam a muda do amor no coração de uma única pessoa, aqueles que não tiveram que chorasse de saudade ou de tristeza por eles, aqueles que não adquiriram a experiência da conquista abordando números, fazendo a estatística crescer, atolando de nomes os arquivos virais.
Disse o Raul, maior dos malucos beleza desse tempo, que só são felizes os que não amaram, e equivoca-se na sua acertada afirmação, pois se amortizam-se de dor, são loucos, e se não sentem o fogo desse incrível sentimento queimando dentro do coração também hão de ser internados nos manicômios do mundo. Loucos são os que não amam, loucos são os que amam, loucos e devassos são os que só amaram uma vez, mentirosos são os que dizem ter amado mais de uma vez.
Certo direis de ouvir estrelas, certo perdeste o senso e vos direi no entanto, enquanto houver espaço corpo e algum modo de dizer não, eu canto. E continuo afirmando e enunciando os loucos desse meu tempo.
Loucos são os que não sentem as dores no corpo de um contato intenso com a natureza, loucos são os que deixam passar os melhores momentos da vida nos locais mais belos que podem existir por estarem cansados, loucos são os que ligam mais de uma vez para ouvir a mesma coisa, loucos são os que ligam, uma vez que podem se ver, loucos são os que não beijam de língua, mais uma vez só pra salientar que pelo telefone não há troca de saliva, loucos são os que não acreditam em si, os que não acreditam nas pessoas, os que não acreditam no Brasil, loucos são esses ridículos pessimistas, loucos são os que não riem dos pôneis malditos que moram dentro do motor do meu carro amado, loucos são os que não escutam as músicas boas que os nossos tempos nos deram, loucos são todos os outros diferentes de mim, são os que não concordam comigo nas minhas afirmações, são os que ficam me olhando de canto de olhos, são os que me odeiam, me invejam, são os que tentam ser iguais a mim, pois tão louco como eu talvez não exista, mas os loucos que se dizem loucos não são assim tão loucos, embora ainda precisem ser estudados e analisados pelas palavras que escorrem de meus dedos nas noites de café, nos monólogos intermináveis, nas madrugadas de trabalho, nas loucuras da vida...
Sinto falta da minha sanidade.

Chamam-me Paulo Victor, maior dos loucos, começo de noite dessa quinta feira que nada promete, agosto de dois mil e onze.

domingo, 14 de agosto de 2011

Sobre trilhas e heróis

São coisas assim que me tiram toda a falsa esperança, que me entristecem por estar fazendo tudo que venho fazendo, e é um erro tão grande da minha parte que me sinto mal comigo mesmo e com o rumo que vou dando à minha própria vida desde que meus sonhos tendam a se concretizar da forma equivocada, da forma que não me agradará no futuro...
Vazio.
É assim que eu fico quando me ponho a pensar nas histórias que estão sendo escritas e o quanto disso tudo pode se comparar às coisas que fizeram parte do meu passado, as antigas aventuras que eram eternizadas em tantas e tantas vozes e palavras e letras que mal caberiam num singelo livro dedicado a alguém.
Posso bem mais do que isso, essa minha certeza é que me coloca no chão, é essa minha convicção, esse meu atual esforço pela transformação que me dão ainda mais pena de mim mesmo, essa minha intenção plena de querer me livrar não me dá esperança alguma, me sufoca, me amarra ao pedestal que não sai do solo, não há heróis que possam mergulhar nessa água para arrancar, num último esforço de bravura, fazendo-me boiar para o infinito, lar do destino que me reserva ainda muitas aventuras...
Subir um morro não é nada. A única certeza que se leva disso é que dele há de se descer em um momento. E desde que coisa outra alguma seja colocada em evidência a não ser a certeza de que o fim se dará, o morro jamais irá vencer o mochileiro.
Pois não nasceste para mim, não nasceste para a aventura que corre no meu sangue, da luz das estrelas que não vi no céu até o brilho do mar ofuscado pelos raios do Sol, não mereceste o mérito de poder desfrutar desses prazeres da natureza.
O herói saberia o que fazer.
Mesmo que a onça terrível adentrasse em seu caminho, se Ceci a quisesse para si, se o mundo conspirasse e a guerra acontecesse todos os dias de formas diferentes, a sagacidade do herói põe em primeiro lugar a verdade da vida que é a capacidade interna que cada um tem de salvar a própria vida da morte terrível que nunca fora a física, e sim a mental. Tentem, vocês puritanos, prender um homem livre, um animal por assim dizer, tentem domar uma fera, um herói pra mim, tentem enjaular um leão das matas que vive por viver, utiliza-se de tudo que o cerca para improvisar, para crescer, para ficar mais forte, para alimentar seu amor ingênuo pela mais delicada e cretina mulher que poderia aparecer pelas pradaria da selva brasileira, ou que seja qualquer um desses outros lugares intensos que o mundo nos reserva.
Não me coloco no lugar de Peri, não saberia agir nem com um terço de seu poder, não poderia de forma alguma entreter alguém por tanto tempo, não salvaria uma mesma vida por tantas vezes, não seria adorado e odiado sem me opor, não passaria o resto da minha vida nessa subserviência eterna, não sei se conseguiria sentir todo esse amor que se espelha em pura dedicação, mas uma coisa eu digo. Traduzirei todo o seu esforço eternizando sua caminhada da mais intensa forma que as palavras me permitirem.
Eu poderia muito mais que isso, mas estou aqui tão preso quanto Peri poderia estar, a selva não me deixa sair por aí pulando de galho em galho, torturando onças como antigamente, fazendo corações chorarem de saudade sempre que passava por algumas das esquinas mais quentes dessa minha floresta, não sou mais o mesmo índio de antes, não me coloco em guerras que não são minhas só pra salvar o amor da minha vida, não entro em buracos malditos só pra dizer que lá estive, não acordo de madrugada e fujo da cela pra que me procurem loucos no outro dia...
Admiro de longe, e só.
Mas a realidade ainda pode imitar a ficção.

Verão.

Chamam-me Paulo Victor, fã de Peri, meio do mês de agosto, nove horas da manhã, dois mil e onze.

Absurda perfeição

E se a culpa é dos homens de bem, essa formosa e curta intenção de querer o que não lhes pertence, talvez eu tenha me excedido, essa coisa que está em lugares dos quais nossos braços não conseguiriam alcançar dados todos os obstáculos que se colocam do caminho longo que vai da nossa inércia até o erro provável; se for isso mesmo o que pensei agora, se for realmente essa a realidade da vida e não houver saída alguma para expressar a dor que acomete o bom no instante fatal que o destino nos reserva para morrer de ócio, então tiro de mim a culpa e coloco no firmamento que dá escolhas erradas a pessoas certas.
Seria muito fácil abordar aqui ou em qualquer outro lugar as culpas e conseqüências de cada um dos equívocos que um homem pode cometer durante sua vida, porém não é sobre isso que precisamos nos ater quando correm as lágrimas pelo rosto de quem nos ama. Ainda que desculpas sejam necessárias para amenizar uma dor, o que mais importa são as causas que nos fazem agir dessa maneira tão errada que a sociedade acostumou-se a aprovar, e vem nos contagiando desde outras gerações, umas bem piores que essa atual, a minha.
Quiseram, e ainda querem, que o mundo seja de uma forma da qual nada pode evoluir para o bem intenso, querem somente esse prazer do instante que sacia a fome de quem a sente, as pessoas andam e correm em sentidos opostos só porque um dia disseram que os diferentes se atraem, magnetismo furado, cada um tem o seu pensamento egoísta, enfiam-se em cubículos para conversar com aparelhos eletrônicos, já não olhamos mais nos olhos de ninguém, somos forçados à falsidade por não conseguirmos mais medir o quão de sinceridade se enxerga nas palavras que aparecem negras na tela branca de um computador, não compartilhamos as canções como no tempo de vovô menino, adentram nos ouvidos fones potentes que segregam a música somente para uma pessoa ouvir, as mensagens de amor não são mais divididas entre todos, e a perspectiva é ruim...
Não pensam, sequer, nisso tudo; vão, ou vamos, deixando os anos morrerem, um a um, vivendo o que fora encomendado pelas televisões e as sérias mais engraçadinhas, comemos todas as besteiras gostosas que existem só pra saciar um desejo que já está dentro dos ingredientes dessas mesmas besteiras, deixamos de lado toda a natureza para admirar fotos de pessoas em revistas onde a verdadeira beleza foi esculpida por um programa de computador, não caminhamos mais, não corremos mais, vamos à padaria de carro e a tendência é o crescimento, para os lados, e o mundo vai ficando cada vez mais redondo.
Ligaram, sem saber, um intenso forno elétrico no planeta e ele está derretendo. O que mais me incomodava no meu tempo de criança era um tal buraco na camada de ozônio que deixava passar uns raios ultra-violetas do Sol que causavam câncer de pele. Hoje em dia só se fala no aquecimento e não vejo o globo dando as mãos para cuidar da nossa terra; gastam bilhões tentando decifrar segredos de Marte e se há água ou qualquer outra coisa por lá só pra ir migrando de planeta em planeta, acabando um por um, dando seqüência à humanidade, pondo todos eles num microondas gigante, lançando essa poluição toda na atmosfera só pra encher os bolsos de quem está vivo agora. Esquecem que amanhã outras pessoas quererão viver também...
Tolice.
Vou à academia na esquina da minha rua de carro, como todas as besteiras gordurosas, assisto todas as séries americanas, as mais engraçadas e tristes, faço parte da população que utiliza os produtos das indústrias que aquecem o mundo, e até agora não criei nenhuma ONG pra fazer coisa alguma pelo futuro...
Mas pelo menos já escrevi um livro e plantei uma árvore.

Chamam-me Paulo Victor, eco-boy, fazedor de trilhas, adorador da natureza e assassino também, meio do mês de agosto, nove horas da manhã, dois mil e onze.

Guerra interna no campo de batalha da UCM

Veio a carta.
Antes dessa, outras já haviam chegado e encaradas com o mesmo desdém que essa também merecia. O conteúdo era outro, ainda que quisesse dizer o que dizia antes.
A guerra estava no seu ápice.
Muitos e muitos líderes sucumbiram, os soldados se mostravam perdidos no campo de batalha, os portões do templo foram tomados pelos inimigos, a derrota era dada como quase certa. Era necessário um presidente. E outra vez me convocaram.
Minha intenção e responsabilidade, dessa vez, falaram mais alto que qualquer tipo de razão ou emoção. Aquilo para o qual fui designado, essa força interna que nasceu comigo não pode ser deixada de lado depois de tantos anos. Sequer respondi a correspondência.
Fui eu mesmo alertar aos comandantes de terra que aguardassem por mim pois em breve eu daria o ar da minha graça elevando ao mais alto nível de poder essa estapafúrdia sociedade que não consegue caminhar por si só, desde o momento exato em que me meti numa confusão da qual tento me livrar até os dias de hoje sem sucesso.
Quiseram que eu fosse outras vezes; não me senti preparado. Hoje, mais maduro e resistente, vou elaborando todos os meus planos físicos e mentais para estar à altura do que me aguarda, vou definindo o que ia sobrando pela preguiça de tantos meses sem trato, vou escrevendo em segredo todas as histórias que devem ser contadas quando o mundo estiver pronto para me ouvir de novo, vou cultivando no coração das sementes algumas novas plantas, a flora perfeita e intacta que homem outro algum teve a coragem de semear, o presidente dá as caras justamente no momento em que mais precisam dele. E isso é o clímax da vida.
É verdade que toda revolução, assim como toda guerra, deixa cicatrizes e torna-se produto da paz; dessa vez não será diferente. As lágrimas que cairão rosto abaixo serão para alimentar a sede dos meus soldados deitados ao chão fulminados pela dor pungente conseqüente de cretinas que não souberam, ou sequer sabem, que aqueles homens têm sentimentos, e sentimentos esses que são regidos pela União mais ordinária que esse mundo já teve o desprazer de abrigar.
Voltaremos pior do que já fomos em outras encarnações, tomaremos como exemplo nossos erros do passado e aprimoraremos todo o saber em forma de convicção, que é necessária para a conquista rápida e infalível. Pobres os que duvidam, tolos os que maldizem, estúpidos e imbecis os que esculacham.
Pois se pés nós temos para chegar até os locais sagrados, pois se vozes nós temos para contar as mentiras mais bem elaboradas, pois se coragem nós temos de prometer aquilo que jamais cumpriremos, o mundo é nosso, e se quadrado quisermos que seja, assim ele o será.
Seu presidente se apronta para o fronte de batalha, a guerra entra em sua reta decisiva, o mundo se prepara para os piores dias que já viveu, o homem aquece os dedos e as mãos para começar a escrever a história que há de entrar para outros livros.
E que soltem as feras em cima de mim, pois eu não as temo mais.

Chamam-me Paulo Victor, presidente, começo de agosto, vinte horas e trinta e cinco minutos, dois mil e onze.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Vital e seu carro

Quis eu, e quando quero, quero muito bem, uma dessas potentes máquinas que andam milagrosamente sobre apenas duas rodas, deslizando solenes pela pista maravilhosa de nossa cidade, o novo projeto de asfalto liso e equivocado do governinho que assumiu outro dia, pra que meu corpo pudesse ficar à deriva em cima da velocidade fazendo com que esvoaçassem meus cabelos lisos com o vento forte que passasse por mim sem tempo de me cumprimentar dada a extrema rapidez com a qual romperia a barreira do som que não chegaria em meus ouvidos, infelizmente.
Mas quis, e ainda quero, o que me põe a escrever, pois da vontade de um homem como eu não se deve jamais duvidar, muito menos atiçar. Sinto-me tão sufocado por dentro por não pôr as mãos naquilo que tanto quero, sinto uma dor tão grande no fundo do meu peito por não conseguir êxito num desejo que se faz meu, me jogo no chão de tanta pirraça por mamãe não me dar o doce que tanto quero para fazer com que minha boca pare de salivar dentro do trem quando o moço passa gritando todas as delícias que cabem e podem ser penduradas num fio de aço...
É tanto que todas as possibilidades que se colocam na minha cabeça são extremamente erradas e mesmo assim me deixo levar pelo azul da moeda que não cai fazendo-me acreditar que de uma forma ou de outra a vontade é mais pura e bela que a razão, que os meses a seguirem-se com todos os pagamentos do tal boleto que adentrará minha caixa de correio no futuro serão muito ligeiros, a passarem sem que eu sinta, a fazerem-me sentar com uma quantidade relativa de KY e anestésico, de maneira que não sinta nada ao ser empalado devagar e sempre, transformando as minhas noites de intensa bebedeira, meus amigos nos fins de semana, minhas viagens de poucos dias com aquela que me acompanha, os cafés da manhã no centro da cidade ao lado dos boêmios da Lapa, tudo isso perdido pelo poder avassalador, não da moto, mas de minha imagem no topo da cadeia alimentar, quicando intenso sobre os quebra molas da minha tão querida Taquaral.
Pois não hei de trocar minhas felicidades variadas por somente uma alegria momentânea que pode até mesmo tirar de mim a vida tão querida. Não baixarei minha cabeça para essa dor pungente que me corrói o coração, afastando das minhas mãos o acelerador que me chama para rodá-lo na palma da minha intenção de ir ao infinito. Não vou levantar dessa cadeira e me deixar andar até a concessionária mais próxima afirmando para todos os vendedores que acabou de adentrar ali um servidor público federal, fato perfeito para que os bancos financiadores abram suas pernas e liberem todo o dinheiro que eu quiser.
Pois bem, estou muito mais do que satisfeito com minha Ferrari suja no portão de minha humilde residência, posso adentrar numa compra muito mais satisfatória com o dinheiro que pretendo investir no mês que se inicia, tudo posso em mim mesmo, e vou nessa batida pra que no futuro não corra riscos desnecessários tais quais aqueles pelos quais já passei num passado não muito distante.

Chamam-me Paulo Victor, dezesseis horas, cinqüenta e cinco minutos, terça feira maravilhosa de sol extremo, vigésimo sexto dia do sétimo mês de dois mil e onze.

Feliz presidente

Quiseram-me assim.
Não fui eu que cheguei pedindo cheio de mãos e argumentos, levando em conta todas as coisas incríveis que vinha praticando, não fui eu de forma alguma que julguei melhores e piores para que chegasse onde cheguei, não sou falso a ponto de dizer que não queria e uma ou outra vez não pensava na possibilidade, mas a coroa me veio à cabeça sem que eu soubesse e desde então chamam-me de presidente... ou nem tanto.
É bem verdade que a vida dá oportunidades a todos aqueles que se fazem um tanto quanto interessantes por si sós, e eu, eterno escritor da minha história, faço parte de um seleto grupo de pessoas que tem a capacidade vital de saber adentrar e sair da vida alheia deixando um tanto tão enorme e incompreendido de saudade que não poderia ser catalogado, não poderia ser descrito, a morte e a vida não conseguiriam dar conta do sentimento, a não ser que outras e outras vidas fossem agregadas a essa...
Pensarão os mortais, “convencidinho, o garoto...”
E não me deixo levar pelos comentários alheios, não me elevo ao ego quando a vida se faz um pouco menos interessante nos dias de sol ou nos dias de chuva, pois sei que os dias de trabalho são bem mais notórios que os dias de paz exagerada. Não escolho o que tenho que fazer, simplesmente aceito o destino ainda que não concorde com o mesmo em uma ou outra oportunidade.
Fiz todas as escolhas que poderia ter feito, algumas delas são tão péssimas que hoje em dia tenho muito orgulho de tê-las feito. Outras, tão elogiadas por muitos, não me trouxeram satisfação alguma.
Sou assim, um todo fragmentado de muita gente, um mundo de idéias fertilizadas que nunca dão tão certo quanto deveriam mas me ensinam a gostar da quantidade de felicidade que me trazem; sou assim, um medo incrível do que ainda não foi conhecido até dominar o que me rodeia e chamarem-me outra vez de presidente. Sou eu, o autor da história, o diretor de qualquer um dos filmes que estejam rolando ao meu redor, o ator principal, protagonista eterno de todos os dramas, de todas as produções desde a comédia ao pornô, tudo que passa por aqui é bem desenvolvido e a clientela tem o costume de voltar sempre e sempre, geralmente mais de uma vez durante os dias...
Quis me encher de glória, quis me encher de paz, quis fazer tantas e tantas coisas que ainda não consigo entender porque a grande vontade dessas coisas que não dão futuro algum, não trazem nenhum aprendizado, pois da paz nada se leva, uma vez que somente a guerra provoca os verdadeiros frutos do futuro, pois a glória em si nada é se não houver a tal da batalha antes que nos dará a vitória... chega-se à conclusão de que nada se alcança quando se está parado esperando que nos tragam a felicidade, esperando que o dia acabe (que absurdo!), fazendo das horas, minutos, fazendo dos dias, horas...
Acordo com a vontade plena e verdadeira de ter algo bem tenso para se pensar antes de dormir, para que a vida tenha valido à pena, para que tudo que se foi não tenha ido a toa, pra que eu possa ser lembrado no dia seguinte por quem passou por mim nesse dia que vai acabando... uma pessoa só pra sonhar com você é muito, muito pouco.
Mas aqueles que me chamaram presidente no começo ainda me prestarão muitas e muitas homenagens...

Chamam-me Paulo Victor, dezessete horas, quatorze minutos, terça feira maravilhosa de sol extremo, vigésimo sexto dia do sétimo mês de dois mil e onze.