segunda-feira, 29 de março de 2010

Falta justificada

Certas vezes fico pensando comigo mesmo sobre o que posso e sobre o que devo fazer do futuro. Ainda não passou pela minha cabeça alguma possibilidade de impossibilidade. Não que eu tenha chegado à conclusão de que serei capaz de tudo, mas estou bem próximo disso.
Certas ocasiões me mostram uma tristeza tão grande que não há nada mais a se declarar a não ser ficar sozinho durante uma grande parte do tempo que me é oferecido, sentado talvez, ou em pé, mas sempre pensando em alguma coisa para que se alegre o momento e, apesar dos risos, apesar do bom papo, apesar de algumas situações prontas para serem criadas, calo-me e continuo no mesmo local, intacto e inatingível sem nada fazer, sem motivo.
Não gosto de pensar em coisas desse tipo pois sei que nesse momento não me agrada nem um pouco a comodidade que se joga sobre mim, ou então qualquer pensamento que venha querer destruir minha paz nessa noite que ainda está só começando e não promete absolutamente nada até que chegue ao seu fim.
Certas oportunidades deveriam ser criadas e até mesmo já estão acontecendo pra que eu pudesse me levantar e andar no destino que me aguarda, porém a idéia de que se tornem ainda piores os meus pensamentos quando voltar pra casa fazem com que eu permaneça aqui, sentado e solitário.
Minha única companhia são minhas palavras e já não sei se isso é suficiente pra se possa dar seguimento a vida que está por nascer num futuro bem próximo de mim.
Sei de tudo que está lá na frente e é isso que me deixa mais feliz quando me ponho a procurar motivos para que me levante de manhã, quando procuro razões para sair de casa e resolver as obrigações diárias que ainda tenho, em todas as chances que o mundo se mostra maior que eu e minha pequenez se faz imensa.
A verdade toda é que sou um baita medroso.
Tenho medo de enfrentar a dificuldade e por isso que não parto em busca de tudo que me é reservado em forma de bichos, continuo aqui parado para não enfrentar os tédios de sempre, fico aqui pois tenho essa intenção incrível e retardada de brigar com as coisas que se repetem. Mas, porra, se foram minhas decisões de antigamente que me colocaram nessa situação, sinto por dentro, mesmo que não admita, que devo fazer alguma coisa a respeito, ou adentrar de cabeça na opção selecionada, ou então pular fora de tudo que me prende à vida.
Mas não... fico aqui empurrando com a barriga, que se mostra cada dia maior, e nada muda a não ser a palavra em cada parágrafo.
Disse um conhecedor da história que um grande inventor, talvez aquele que inventou a lâmpada, não me recordo o nome, não gostava de ir à escola, fugia diversas vezes da aula, era um grande repetente e não prometia coisa alguma ao seu futuro. Talvez Einstein... não me recordo.
E eu estou aqui, enquanto algum professor fala asneiras aos ouvidos de alunos desinteressados numa sala de aula, gritando assuntos já conhecidos e sem relevância na graduação somente pra que seus respectivos salários sejam depositados na conta em todo início de mês. E isso me dói nos ossos...
A dor faz com que meu corpo não se levante...
Vou continuar aqui com minhas palavras, e peço perdão ao capitalismo que exige a mão de obra qualificada ao nosso mercado.
P.V. 09/03/10 18:39

Mulanovich e o Sharpei perdido


E se for, de fato, uma intenção assim tão nobre de ir em busca daquilo que não se conhece, se a vontade for de sair pelo mundo afora, botar o pé no chão logo depois de quando se fecha o portão de casa, se o desejo for grande o suficiente pra que tudo de mais seja abandonado, pra que as importâncias dadas caiam por terra, se assim for, se assim tiver que ser, não será nada tão incrível a busca pelo Sharpei perdido.
Cachorrinho engraçado...
Foi lá uma moça meio loira de olhos duvidosos que despertou a vontade de ter um desses, o amor pela beleza, só isso. Nada que envolva sentimento acontece quando se repara em um cachorro bonito. A não ser que eu já tivesse aprendido a latir.
Mas o que dizem é verdade e não tenho nem um pingo de vontade de contradizer os ditos populares desses homens que se dizem amigos meus, talvez dela também. A busca pelo Sharpei perdido, que não se perdeu, é só uma fase. Há muito mais a se escrever a respeito de uma história pronta pra nascer.
Dormi.
É estranho demais estar ao lado de alguma coisa que não se conhece. Se foram olhos que se cruzaram num sábado à tarde numa dessas festinhas perdidas no mês de março ou se há uma amizade de anos envolvida em tudo que se diz, não faz muita diferença; pois nos sonhos tudo é tão possível que faz a realidade ser chata e tediosa.
Havia lá um cachorro, havia lá uma moça de fios amarelos com olhos duvidosos. Duvidosos, porém lindos. O cachorro também não era de se jogar fora... ainda que me indagassem pela escolha, optaria pela loira, de nome estranho, talvez tirado de algum surfista.
Mulanovich
tem o sorriso certo para apaixonar qualquer tipo de pessoa que caminhe ao seu lado ou simplesmente assim nos sonhos de pós adolescentes aborrecidos com a demora do futuro. Mulanovich talvez não saiba do que existe por dentro de seus olhos quando eles sorriem mais forte que seu próprio sorriso e fique confusa em saber que olhos podem sorrir. Mulanovich anda de mãos dadas com outras pessoas diferentes de mim e isso não me deixa menos feliz, pois a simples oportunidade de vê-la andar já satisfaz minhas intenções. Mulanovich é abusada e invade meu sono, só pra que eu acorde com seu rosto na cabeça e coloque no papel as palavras que gostaria de dizer a ela...
Homens não deveriam ser comparados a animais, da mesma forma que as mulheres deveriam ser comparadas a frutas.
Mas durante o sonho que caiu sobre mim nessa última noite de domingo, o dia que vem antes da tão esperada segunda-feira, me coloquei de joelhos num chão frio qualquer enquanto olhava atento para o céu, as mãos coladas em oração. Não pedia nada pra essa vida, agradecia somente tudo o que estava me rodeando. Porém um único pedido foi feito com a nobre intenção de um mortal que há de viver novamente.
Que Deus me jogue na Terra, numa outra oportunidade, em forma de cachorro, um desses mais fofinhos que já nasceram por aqui, que me jogue sem lar, que me jogue com fome, que me jogue largado e carente, que me jogue Sharpei nos braços de Mulanovich.
Há de acabar a falta de lar, a fome, a solidão e a carência.
Há de acabar a vontade de Mulanovich pelo Sharpei.
Há de ser saciada meu desejo por estar em seus braços.
Aí, o celular tocou, estrondoso, e o dono do sonho acordou. Mas Deus sempre me ouve, até nos sonhos...
P.V. 10:37 29/03/10

domingo, 21 de março de 2010

Minha pequeníssima Eva I

Pois então não me deixo conter pela ansiedade de escrever sobre os momentos de paixão, sobre as alegrias vividas, sobre tudo que vi e senti; sento-me agora nessa cadeira fria pra lembrar os instantes quentes que o último domingo me proporcionou. Então já que tudo se faz recente, acredito eu que, mesmo com todo o álcool que percorreu minhas veias, ainda conseguirei lembrar de muito do que fiz e do que fizeram comigo.
Não havia mais nada para pensar a não ser tentar, desesperadamente, encontrar um alguém que pudesse me seguir, acompanhar meus passos rumo à felicidade, uma vez que o amigo vice-presidente da tal grande União se fazia ausente nessa ocasião. Porém admito com todas as palavras que falhei nessa missão e me perdôo, da mesma forma que também isento de culpa aquele que sempre esteve ao meu lado em todas as oportunidades de felicidade e tristeza.
Até peço permissão a quem tanto me lê e se vê nesse momento mais interessado nos fatos cabais e banais de uma noite ao léu, mas ratifico agora o poder de uma amizade e tudo que representa a esse pobre presidente que lhes fala. O irmão que não é filho de meus pais faz uma falta tremenda em qualquer evento e, na micareta, não poderia ser diferente.
Fui lá então, já que não havia mais como fugir do meu destino, e muito menos a intenção de querer fugir desse destino. Troquei minha roupa habitual pela armadura sagrada do abadá, que dessa vez viera em fortes tons de amarelo alaranjado, como fosse uma dessas frutas que dão suco e caem aos pés das árvores depois que se verificam suas respectivas podridões. Saberemos mais tarde da procedência da polpa que estava em mim...
Esse transporte que nos leva aos lugares nos quais queremos estar são de uma perfeição tão grande que já ia me emocionando antes mesmo de a peleja ter começado. Claro que o sentimento sempre esteve a frente das minhas palavras e atitudes, mas o simples fato de estar ali presente no meio dos populares, enquanto entram e saem outras pessoas totalmente diferentes, com suas respectivas roupas sem a cor da minha, sem o sorriso que estampava meu rosto, sem a alegria futura que ia cair sobre mim, com seus cansaços do dia exaustivo de trabalho e tudo mais que se verifica em pessoas que não estão na micareta no dia da micareta. Andam de lados para lados, preocupados em acordar cedo no dia seguinte, em preparar coisas fúteis em suas casas, alguns até são perdoados pois sequer sabem o que é uma micareta ou qual artista estará lá cantando em cima daquele caminhão intenso e louco...
Pois bem. Antes mesmo que o destino se desse aos nossos pés, caí daquele ônibus malfadado e perfeito pra alimentar a sede, saciar a fome do sangue, o poder que estava lá dentro de uma daquelas garrafas sujas jogados no estoque de Seu João do Boteco de Fefy’s House. Já se faz conhecido da maioria das pessoas e ainda faço total questão de exaltar-lhe a categoria, de lhe gritar o nome quando ignorantes proclamam sobre suas respectivas bebidas que podem ser melhores que aquela que sempre adquiro antes dos eventos que participo. Nem os reais, nem os euros, nem as libras, nenhum valor é suficiente para pagar o que me oferece dentro de uma garrafa de um litro repleta do sangue de Jesus que vai goela minha abaixo alertando, assombrando, iluminando, dando alegria de sobra, para que saia depois de meu corpo, pra que atinja quem quiser que esteja ao meu redor, o poder desse sangue que me move, e custa apenas cinco dólares brasileiros...
Saí de lá correndo em direção ao fervo, em direção ao mundo que me esperava de braços abertos para mais uma parte da saga de alegria que esse terceiro mês do ano, portador do aniversário presidencial, me reservara. Faz tempo que não dialogo sobre os portões do templo do amor, e hoje ponho-me a dizer o que não se pode esconder por muito.
Abriram-se com a minha chegada, pois nada deve acontecer antes que o amor exato do sentimento que carrego embaixo dos braços adentre o recinto. Chamaram-me presidente e atendi; chamaram-me líder e atendi; chamaram-me rei e entendi. Os portões de um templo caem para que eu passe com meus pés molhados transbordando toda raça e emoção. Um templo já não se faz mais necessário uma vez que o lar de um rei há de ser o castelo. Abram-se, então, os portões do meu castelo e estendam sobre esse chão de lama um tapete vermelho digno de um homem acima dos mortais que não se contenta em sujar os sagrados pés...
Ok...

Minha pequeníssima Eva II

Deixando de lado toda essa baboseira de alegrias excessivas para com nomenclaturas de que vão me chamando durante o certame, admito agora que a conversa com o Pai não surgiu muito efeito, uma vez que a chuva veio com tanta força a jogar-me ao chão durante algumas oportunidades. Sim... a laranja se mostrou podre e foi ao solo.
"Eu pedi pra chover, mas chover de mansinho..."
Não havia sequer colocado meu corpo para dentro da festa da carne e já iam martelando em minhas costas litros e mais litros de água, da mais gelada que poderiam se verificar nos céus de Campo Grande, nesse mês de março que tem suas chuvas pra fechar o verão e também pra molhar os micareteiros de plantão.
Corriam de lados para lados, aquelas novinhas lindas que fugiam desesperadamente das águas provenientes das pesadas e negras nuvens, temendo que seus respectivos fios de cabelo, lisos somente após uma grande sessão de escovas progressivas, se estragasse, arruinando assim alguns prováveis beijos que conseguiriam mais tarde com suas falsas belezas...
Mas está aí provado, mais uma vez, o amor que nasce dentro de uma micareta e mostra ao mundo como pode sim ser instrutiva essa festa da carne. Deixo-me de lado, somente analiso e conjeturo sobre o que se passou pela cabeça dessas mulheres novas ainda, essas mulheres que ainda não têm o discernimento sobre alguns fatos importantes da vida, talvez até mesmo porque suas famílias não tenham lhes dado uma boa criação. Mas o que a família não ensina, a micareta ensina.
Passou pelas suas respectivas mentes o seguinte fato. Já que passaram horas ali, de frente a um espelho, o aparelho pesado nas mãos, os braços elevados como fosse uma tortura a fim de alisar aqueles espessos fios de cabelo, e logo quando chegaram ao local do evento, a chuva pôs-se a cair dos céus maltratando o cuidado e carinho que tinham dedicado algumas horas antes, pensaram com suas próprias poucas idéias o fato de que o destino estava lhes mostrando que devem ser como, deveras, são. O destino mandava sinais de que a vida é assim mesmo, devemos nos manter da forma que somos, sem artificialidades, o mundo nos aceitará de qualquer forma, a micareta é liberal e deve ser dividida entre todos, sejam quem forem. Deixaram, então, que a água caísse sobre seus cabelos tornando duro o que se fazia mole, e os fios a lhe taparem a face, e o formol a cegarem-lhes os olhos, e toda a alegria da água que é meu amor maior, também, a partir de agora, é amor maior delas... e a micareta continua ensinando...
Mas, apesar da Chuva Facts, todos os outros elementos solicitados a Deus Todo Poderoso, na última oração realizada antes da partida, foram aceitos e atendidos com louvor... a chuva há de ser melhor conversada em outra ocasião.

Minha pequeníssima Eva III

E como já afirmei que estava sozinho no certame da micareta, o local extremamente alagado devido ao temporal que ia caindo, fui eu abrindo caminho por entre os seres viventes e loucos que jaziam em pé naquela ocasião repleta de amor. E foram algumas conquistas realizadas com muito poder de sedução da minha parte utilizando toda a minha gostosura, os olhares cheios de vontade do sexo explícito no meio da multidão, meus braços fortes, um deles tatuado, e sem contar com a boca carnuda e vermelha que ia desfilando prazer em forma de beijos inesquecíveis...
Foi meio estranho, mas não posso me esquecer, muito menos deixar de registrar para as próximas gerações. Catava por lá algumas novas conquistas, quando deparei-me com um grupo de jovens adolescentes, no fervo da noite, no auge de suas libidos, com seus ventres desnudos, todos magrelos demais. Eram desconhecidos ao meu ver, não serviriam para ser meus amigos, passei mirando o horizonte. Porém um deles entrou em meu caminho:
__ Tá aê sozinho, brother!? Aposto que tu não pegou ninguém ainda...
A vida não sabe ensinar às crianças todo o poder de um homem, e muito menos fazer nascer nos olhos de um mortal o reconhecimento sobre um presidente, quiçá um rei. Mas fui humilde e concordei, pois já ia simpatizando com o jovem e seu grupo de rapazes do bem. Afirmei com todas as palavras que estava sozinho no certame e, por isso, me juntaria a eles rumo ao desconhecido da noite, navegaríamos sobre aquele mar, abriríamos buracos no local e jogaríamos lá as nossas histórias pra que, um dia no futuro, pudesse germinar naquela terra fofa, as aventuras de quem soube ser feliz enquanto ainda era permitido.
Não durou muito a parceira pré-estabelecida.
Saíam correndo desvairados, loucos e intensos, agarravam todas as mulheres que viam pela frente, iam contando aos gritos os arquivos conquistados, meus olhos mal podiam enxergá-los no meio da escuridão noturna. Alguns deles até me deram dicas sobre como conseguir beijos, não sabendo, ignorantes, do poder que carrego no peito e a faixa de presidente que colocaram sobre meu corpo. Mas o aprendizado sempre é válido e ouvi com gosto todas aquelas palavras que os rapazes do futuro gritaram em meus ouvidos. Justamente quando ia colocar em prática os ensinamentos passados, atirei-me à boca de uma das novinhas e, ao fim do beijo, levantei minha cabeça a fim de encontrar aqueles que iam me acompanhando, mas não tive sucesso.
Como um raio, apareceram e depois se foram. Como uma miragem, como fosse o amigo vice presidente que dormia em sua casa, e durante seu sonho tivesse saído do corpo e adentrado naqueles jovens que me fizeram relembrar todos os momentos de vitória junto do maior amigo.
Percorri então o campo de batalha sozinho mais uma vez, porém ainda com o mesmo sorriso de felicidade no rosto, alternando momentos para embriagar minha mente com latas de cerveja, outros instantes a procurar algumas conhecidas no meio da multidão, outras vezes a dançar escandalosamente sozinho, até o chão, mais laranjas podres que caem sem vontade de levantar...
E vi menina Leila.
P.V. 19/03/10 11:17

A lembrança de um beijo

Como fosse apenas uma comemoração entre amigos do aniversário de duas pessoas que, coincidentemente, nasceram no mesmo dia, algo a mais teve que dar novos ares à noite que prometia bem mais que somente uma Lua no alto do céu.
Não que eu tenha intenções maiores do que somente aquele beijo a se repetir, porém nunca fui dono dos meus sentimentos e não seria agora que essa situação mudaria. Há de se levar em conta tudo o que já foi vivido, as poucas histórias que podem ser contadas, e um dia, um único dia onde duas bocas se colaram sem nenhuma responsabilidade, com nenhum comprometimento, ao léu, ao desdém, inesquecível para mim.
E se envergonha a dona do melhor dos beijos...
Será mesmo que se envergonha ou é só uma falsa modéstia a correr-lhe pelo corpo por saber, de fato, que possui esse poder de fazer nascer nos homens a saudade de uma segunda vez ao seu lado.
A noite de hoje ainda não teve seu fim, é bem provável que nesse momento, a inspiração de minhas palavras ainda esteja lá presente ao evento do qual participei, porém as palavras insistem em querer sair de meus dedos para o papel enquanto posso me lembrar do gosto de sua boca, interminável paixão que eu troco pela posse de um simples óculos...
Há desculpas e razões melhores para se conseguir um beijo, mas foi só isso que eu consegui pensar naquele instante, seja talvez pelo álcool que já corria pelas minhas veias, seja talvez pela beleza daquela mulher que estava na minha frente, não sei...
Dezesseis anos é muito para um corpo como o dela; dezesseis anos é muito pouco para a mulher que ela é.
E se não concordarem comigo, não terei nada a questionar, uma vez que a recusa dos outros reduz a concorrência para mim. Se for do destino, poderia muito bem cumprir com as palavras ditas durante a tarde, as mesmas palavras que provocaram estranheza em seu pensamento.
Duvidam de uma provável paixão que possa partir de mim, e fiquei receoso enquanto descia a rua em direção à casa, na volta da festa, deixando borbulhar dentro do meu peito uma vontade inenarrável de voltar e conseguir mais um beijo seu, talvez uma outra despedida sem cura de saber a próxima oportunidade em que poderei ter a chance de sentir outra vez a perfeição de sua boca.
E se pensam que a vontade e o desejo é somente a partir de uma única parte de seu corpo, enganam-se. Há muito mais a se dizer e pensar a respeito dessa menina mulher do que imaginam as vãs filosofias de todos que nos cercam.
Blenda vai e Blenda vem com seu nome exótico, seu corpo esculpido às mãos dos melhores anjos que Deus pôde dar vida, com suas palavras bem colocadas e sem medo do que possam pensar aqueles que as escutam, com seu rosto de menina, seu jeito de mulher, seu beijo de devassa, sua voz que chama a quem estiver mais próximo, com suas histórias de dor, suas aventuras de alegria, seus medos das loucuras e tudo mais que pode se esconder por baixo do pano que cobre suas intenções.
Minha função é meramente guardar um óculos, e faço isso com o maior dos prazeres pois sei que em cada oportunidade em que encarar seu pertence poderei lembrar com felicidade de tudo que ela representa pra mim...
E fico por aqui, com sono nos olhos, felicidade na mente, e saudade na boca.
P.V. 22:42 20/03/10

sexta-feira, 19 de março de 2010

A capacidade em números

"Eu não tenho inimigos, apenas concorrentes que gostariam de ter o que tenho, fazer o que faço, ser como eu sou, mas não podem. E por isso me odeiam tanto que tentam denegrir minha imagem. Eu apenas lamento. Pois ainda não fiz um terço do que sou capaz.”
Estava, essa frase toda cheia de estilo e malandragem, escrita num desses perfis da rede mundial de computadores, um perfil desconhecido por mim, diga-se de passagem, e admirei-me com a sagacidade de uma pessoa a deixar registrados todos esses instantes bonitos e lindos na vida de alguém.
Fico muito feliz de saber que não sou o único no mundo com essas idéias toscas de vida e ideais próprios a fazer germinar por dentro a auto-estima e nos jogar pra frente assim que um probleminha qualquer se coloque em nossa frente. E é justamente isso que faço...
Não me deixo mais levar por um erro do destino que se reflete na minha vida. Porque, na verdade, não fui eu quem errei. Foi um outro alguém, talvez aquele que escreva o roteiro todo, e isso vai se juntando com outros poréns do momento e acaba por se enterrar naquilo que eu pretendia fazer dando fim às minhas boas intenções para com o meu próprio futuro, já desenhado, e agora rabiscado.
Mas então, que que eu posso fazer?
Chorar?
Jamais...
Eu ainda nem fiz um terço do que sou capaz e todo mundo já está batendo palmas e mais palmas por um degrau que foi alcançado. Agradeço todas as palmas com o orgulho estufando meu peito, pois sei da batalha, tanto física quanto emocional, que passei pra atingir esse grande objetivo, mas também não deixo que meus pés saiam do chão, uma vez que a vida sabe levantar e derrubar um homem num piscar de olhos.
Ainda há muita batalha por se vencer, a guerra apenas começou. Sei que minha companhia vai vencendo o inimigo devagar, minando suas forças, usando da tática para sagrar-se vitoriosa num fim impossível, mas agora o que devemos fazer é justamente aquilo que sempre digo quando o confronto aproxima-se. Concentração total, comidas leves, e foco no objetivo...
Sem graças, nem desalinhos, volto ao correto e reafirmo que ainda não fiz nem um sétimo do que posso fazer.
E as virgens soltam seus gritinhos, os homens deixam cair seus queixos como se quisessem, sem sucesso, duvidar da minha capacidade, e os pais, e a família, e os amigos, todos emocionados com meu discurso aqui em cima desse palanque, os milhões lá embaixo me ouvindo, outros tantos milhões em suas respectivas casas, alguns mais distantes do pólo metropolitano com seus radinhos de pilha e continuo sem fim, continuo pois sei do que querem e devem ouvir nos instantes em que mais precisam de mim, no momento em que um homem, apenas um auxiliado pelo mais forte, vai declamando o amor em forma de palavras, as promessas incríveis que fazem os populares sonharem com dias melhores em algum futuro...
Não me vejo presidente ainda, mas quem sabe, né...
Afinal, ainda não fiz nem um dezesseis avos do que sou capaz.
P.V. 10:24 19/03/10

Se há rei andarilho, andarilho serei

Fui por ali, mas sem dizer que o compromisso me chamava, da forma que me alertaram ainda há pouco, me concluí andarilho. Sou desses agora, mais uma fase que adentra em minha vida e dessa vez parece que meu rumo desconhecido achou destino no fim de uma estrada ainda não percorrida pelos pés que tanto já caminharam. Pois tudo é tão imenso e eu aqui preso nesse estado em casulo eterno. Não pode ser assim...
A vida foi me mostrando tanta coisa em palavras e algumas imagens que decidi pôr fim em tudo que me cercava pra saltar de uma forma que não há volta nem fim. Pularei ainda, mas como sempre foi costume em tudo que venho fazendo, vou me dedilhando enquanto não chega o primeiro passo antecessor do da felicidade. Sei lá em que lugares meu levarão meus passos, não faço a mínima idéia do que esteja me esperando quando pousar o avião ou quando parar o ônibus, quem sabe o carro que me pegou na estrada me levando ao seu destino depois de uma considerável carona ao lado de lindas mulheres sedentas de amor e tesão; a imaginação voa...
Temos por aí tantas coisas a fazer que não me sinto mais a vontade dentro do meu habitat, dentro do que sou conhecedor e dono. Vou sair pra caçar em regiões mais distantes que essa loucura estranha que chamam de lar, vou fugir de tudo que me cerca porque já não posso mais conviver com a mesmice do dia a dia, vou voar sem as asas que me foram negadas no momento de nascimento, mas sei que não poderei cair, quando alguém estiver lá pra me segurar, vou com palavras, vou sem palavras, vou sem medo, vou com música, e talvez até dance, por que não?
E se são andarilhos, também devem me acompanhar pois do amor que escorre de mim devo compartilhar com todos da minha espécie, uma vez que nada mais se opõe aos meus sentimentos novos, cheirosos e terríveis.
Um grupo de guerreiros, com a mesma ambição que eu, partirá sem rumo nem destino certos, somente com o intuito claro de sentirem aquilo que jamais sentiram, com a intenção de verem o que jamais seus olhos puderam ver, de pular de onde é perigoso, de cair onde se pode morrer, de ter na ponta dos dedos a natureza e poder gritar sobre a liberdade que um dia lhes foi negada pelos donos da responsabilidade maldita que nos prende ao chão.
Vamos fugir de tudo isso, vamos acabar com a labuta diária, vamos trocar os altos edifícios pelos arvoredos como bem disse um desses poetas, vamos acordar enquanto os outros dormem e vamos evitar o sono para aproveitar mais os momentos. O dia é lindo e a noite é perfeita. O que não há, não existe e isso para nós está distante. O próximo é o que interessa.
Quero as praias novas que ainda não conheço, quero o horizonte ao longe e o medo de não conseguir voltar, quero o litoral sem fim onde a vista não alcança sequer o seu começo, quero a brisa batendo de leve em meu rosto me convidando para o banho de mar, quero a intensidade de um amor desgarrado de costumes e que dure somente o tempo em que o mundo conseguir me segurar, quero novas terras, talvez virgens, talvez exploradas, quero o novo, quererei de novo, a aventura que me aguarda não guarda rancores nem tristezas, serão dias felizes os que eu passarei longe de casa, saudoso do que já não mais me agrada.
E quando voltar será para contar a todos sobre o que vi e sobre o que vivi, que é o dobro da realidade.
P.V. 06/03/10 10:14

segunda-feira, 8 de março de 2010

Ó Pai IV

Há de vir pelo caminho que meus pés me levarão, uma saga de felicidade tão intensa como jamais vista durante essa minha carreira de amores e paixões, um futuro que brilha de forma tão imensa que mal posso abrir os olhos e tentar enxergar o que está me aguardando lá na frente. Justamente por esse motivo óbvio que me coloco de joelhos agora, as mãos coladas e o olhar fixo no céu a pedir ao Pai que me conceda a benção, a unção, possíveis perdões e o justo andar ao lado meu enquanto meus pés me levarem pelo tal caminho um tanto quanto desconhecido.

Ó Pai, venha comigo mais uma vez e não se sinta entediado pela repetição de que tanto lhe desejo nesses momentos em que a felicidade se faz ao meu redor, dê-me sua mão, Pai, anda comigo por esse vale de alegrias onde todas estão sedentas pelo amor do momento, onde a vida pára pra que nós possamos passar, onde tudo é mais lindo e eterno. Ó Pai, veja com meus olhos tudo que não se pode enxergar pela bondade excessiva que se verifica em ti desde sempre, entenda as coisas da forma que eu entendo pra que Tu saibas a verdade sobre esse evento, ou sobre todos os outros que irão lhe circundar o dia. Ó Pai, sinta na tua pele sagrada o poder de estar vestido com os mantos perfeitos que cabem em nós, como fossem pré fabricados para corpos tais quais os nossos, sinta a cor e a vibração de cada fibra a lhe cobrir o ventre antes despido, veja além da roupa, entenda como uma proteção divina para o frio, conjeture sobre uma possível forma de preservação do corpo, a ausência da libido, talvez. Não, Pai, não pense como a ausência da libido. Ó Pai, interceda no destino de um jeito tal que eu não possa jamais cair durante todos os momentos; guia meus passos como se guiasse a própria humanidade da qual Tu tens a obrigação de cuidar. Ó Pai, caia da nuvens, caia sobre nós com tua força, teu poder, tua presença única, caia sobre todos nós com tua unção de alegria pra que a micareta seja tão inesquecível e cheia de luz como jamais fora em toda a história dessa louca música de Axé derivada dos confins da Bahia, terra dos preguiçosos. Ó Pai, vá caminhando pelas beiras do meu coração, deixe que eu sofra um pouco com alguma paixão de instante em algum momento de extrema atividade no certame micarético, deixe que se jogue em cima de mim uma das mais lindas que por lá estiverem, mesmo que bêbada, mesmo que drogada, mesmo que pagando uma aposta, por que não? Por falar em beleza, ó Pai, esqueça todas as outras, somente uma mulher linda me satisfaz; deixe que eu faça a obra do bem alegrando o coração daquelas desprovidas de tal beleza, deixe que eu me satisfaça nos braços dessas moças de elevados quilos de gordura, essas senhoritas cujo cabelo são feitos de espessos fios nos quais diversos pentes são quebrados ao longo de um mês, essas indecentes que não tem a noção mínima de estilo e saem de suas respectivas residências com roupas das mais ridículas que possam existir. Ó Pai, vá conversando, em mais uma oportunidade, com Pedro, mas converse pouco, pois na última vez tua bondade fora tanta que a chuva caiu tão forte sobre nossos corpos que o local do evento ficou alagado a ponto de não conseguirmos sequer caminhar rumo às próximas conquistas; talvez fossem suas lágrimas de emoção a cair dos céus por ver-me lá radiante e feliz com tudo que ia acontecendo. Ó Pai, Pai meu e de todos que lá estarão presentes sendo felizes como nunca em suas respectivas vidas, adentre em mim, adentre pelo meu coração, suba por minhas artérias, veias, e dê um salto ligeiro em minhas cordas vocais, vá saindo pela minha boca em forma de palavras, as palavras mais incríveis que jamais disse em toda minha existência, deixe que o dom maravilhoso da fala, que Tu me deste, aflore de uma maneira tal que caiam de paixão aquelas que estiverem ao meu redor. Ó Pai, deixe que tempo não passe tão rápido no tal dia do evento, nos dias dos eventos, pois serão muitos. Entre num fechamento sagrado com Cronos, senhor do relógio, e retarde todos os minutos, os segundos, as horas, torne eternos aqueles instantes em que estivermos lá nos deleitando do melhor que a vida pode oferecer a um jovem como eu, prestes a adentrar na terceira década da idade...

Levanto-me agora, limpo dos joelhos a poeira do chão, alivio as mãos que antes faziam-se coladas e o olhar destinado ao céu admiram o horizonte neste momento. Deixo em tuas mãos, ó Pai, a missão de fazer-me feliz em mais essa micareta e até mesmo nos outros eventos que circundarão o dia da felicidade, assim que quaisquer portões de templos abram-se para que meu corpo invada sem vontade de sair.

Amém.

P.V. 09/03/10 10:28

domingo, 7 de março de 2010

Sobre bancos, guerras, enterros e estágios

Talvez seja porque dói a minha cabeça depois do estresse evidente para com as instituições particulares de bancos que não servem para nada a não ser colocar músicas, que nem sequer variam, para tocar em nossos ouvidos enquanto nos iludem o pensamento com uma provável, e já prevista, demora no atendimento, pois tem total noção a respeito de nosso desespero pela voz do outro lado da linha a não nos dar as informações necessárias a nossa vontade; ou talvez seja pelo fato de ter assistido a uma dessas obras primas da história moderna, quem sabe com muitos corpos caídos no chão em seu final, mas na certeza de um olhar crítico e esperançoso de que o homem ainda é capaz de saber o que é certo, com a intenção básica e única de almejar o bem, a paz, a liberdade, quem sabe, o amor. Paralelo simples é esse que vou dizer agora. Talvez tenha eu ligado para o banco com a intenção de querer procurar o amor numa tentativa de liberdade extrema para meu dinheiro que está preso.
Seria meio relativo ou até mesmo hipócrita da minha parte se começasse a crônica com assuntos tão banais e rumasse para os fatores básicos de algo ainda mais banal. Mas a repetição me agrada no dia de hoje e não vou medir esforços para que o dia termine da forma que começou com o fim básico de que isso não aconteça durante o muito tempo que ainda está por nascer justamente pelo fato de ter ocorrido seguidas vezes em um dia único.
E se foram lágrimas das mais diversas que rolaram pelo rosto dos meus amigos na tarde que prometia chuva, não vejo nada de errado caso chorasse também o dono do céu, ciente da tristeza vista aqui embaixo, acostumado com o sorriso estampado em cada uma daquelas feições, espantado, quem sabe, e surpreso, acima de tudo surpreso, tanto quanto eu. Mas deixemos de lado as más energias e pensamentos negativos para saber que estaremos, um dia, todos juntos no nível superior, na camada de cima, na esfera pura e calma, livre de todo mal, dispersos e em comunhão, felizes e notórios. “Um homem também chora, menina morena também deseja colo, palavras amenas.”
E é só a vida se repetindo mais uma vez pra mostrar que nada há de mudar com o passar dos tempos.
Retomo meu caminho sem nada a declarar remoendo de leve entre os dentes a última ação que resultou em catástrofe minha noite, minha tarde, talvez minha manhã. Vou me dedilhando devagar pois sei que o poder está nas mãos de quem possui mais altura no ego que lhe pertence, e no momento que vou passando tento não tropeçar pois dizem que em pessoas como eu, a queda dói mais.
E tudo ainda pode me fazer sorrir quando raiar o sol de amanhã prometendo muito mais do que hoje. Se bem que o dia de hoje também prometia prometer... falhas da vida e sigamos adiante.
Guerreiro que sou não posso baixar minha cabeça justamente no instante em que há tanto para se enxergar lá na frente, quando o destino se desenha das formas mais coloridas aos meus olhos, quando o mundo cabe na palma da minha mão e os deuses da sorte, que não existe, olham por mim de onde quer que eles estejam.
Vou, então, deitar a cabeça no travesseiro com pressa de pegar no sono pelo pé, pra que amanhã torne-se hoje e o mundo possa girar a meu favor mais uma vez como vinha acontecendo.
Deixo estar mais uma vez, só pra ratificar o desejo pela repetição dessa sexta feira.
P.V. 05/03/10 22:06

A justa troca

Serão dez cultos em homenagem a Deus em uma Igreja qualquer que tenha um pastor com boa índole gritando seus incríveis plágios do livro sagrado, tentando converter-me em nome do Senhor, adentrando em minha vida pelas palavras bíblicas em troca de uma simples passagem, uma simples ida, uma viagem perfeita e linda, sem fim nem começo à micareta, evento dos senhores da alegria derivada da música baiana e suas vertentes de funk carioca, onde pessoas diferentes, de cores, credos, times, crenças, situações sociais diferentes se misturam, se embaralham, numa dança sem fim, glorificando com as mãos ao alto por algo de bom no dia seguinte... pode-se dizer que uma Igreja e uma Micareta são basicamente a mesma coisa em suas essências. E digo mais, como será no Luso esse evento, denominar-se-á a Igreja das Micaretas.
Pois blasfemei em nome da alegria e peço o perdão a quem quiser me perdoar, contradizendo os dizeres de Existencialismo propostos pelo gordo professor Paulão na última aula, porém a vida corre e não posso ficar parado deixando que uma pessoa assim, solta no mundo da religiosidade, não saiba das coisas boas que a vida pode lhe oferecer além da Bíblia.
Vai se perder e tenho total certeza de que não quererá conseguir a saída do caminho para um dia se achar.
Pois se alguém vier dizer-me, vier indagar-me sobre os malefícios que poderei estar fazendo a essa pobre alma, não saberei o que dizer, mas sinto por dentro de mim uma ânsia grande por querer vê-la lá solta, vestida com seu abadá colorido pulando ao som da música louca do axé, perdida entre braços, vivendo o que nunca viveu, o mundo girando devagar, quem sabe sonhando com a próxima vez em que poderá sentir qualquer coisa parecida.
Sei que Deus tem uma obra na vida de cada pessoa e não tenho coragem de sequer dizer algo parecido como se eu também tivesse a intenção de querer fazer obras e tudo mais. Até porque seria de uma hipocrisia muito grande. Deus faz a obra e eu demolindo tudo...
Mas as pessoas têm direito a serem felizes de outras formas, as pessoas têm que entender que minha intenção é boa e cheia do amor intenso da micareta.
E se eu tenho que cumprir com minha palavra de adentrar em dez cultos, dez celebrações para Deus, eu vou muito feliz e satisfeito podendo agradecer tudo de bom que vem acontecendo na minha vida. Deveria ser entendido como duas trocas. Eu pagando minha promessa, agradeço por tudo de bom que venho recebendo. Ela indo na micareta, arruma felicidades pra poder agradecer depois assim como eu.
Será intenso, será muito bom, a vida é feita de muitas escolhas e a melhor delas será se vestir frente a um espelho no tal domingo e sair de casa sem medo de voltar deprimida ou qualquer outra coisa parecida; vai se arrepiar tanto quanto quando o Pastor grita suas verdades, vai sentir tanta felicidade quanto quando ouve Deus sussurrar em seu ouvido enquanto dá seu testemunho na igreja, vai, quem sabe, pôr-se de joelhos por qualquer motivo banal que seja, pois na micareta tudo é tão banal, da mesma forma que se põe de joelhos a fim de orar, vai se lembrar para todo o sempre desse momento da mesma forma que tem gravada na lembrança a memória de algum culto, ou aquela ocasião em que cantou algum hino lindo...
Tudo se equivale, e tudo é diferente, e tudo lhe é lícito.
Por mais que digam que nem tudo nos convém.
Tolos.
P.V. 13:27 03/03/10

Federal


Pois se foi lá solicitado, com muito amor no coração e, quem sabe, uma voz suave nos ouvidos daquele que me fez, vou por aqui perdendo meu tempo com muita felicidade eternizando algumas palavras bobas e simples demais para poder representar a verdadeira sensação que povoa meu peito nesse instante.
Pois em cada ocasião que me vem à mente a memória do tal fato, abre-se um longo e perfeito sorriso no meu rosto, desses dos mais sinceros que pôde se abrir uma vez em rostos diversos, de diferentes felicidades e intensidades.
Mas é só porque num momento qualquer, num momento solto de alta tensão se pôs frente a meus olhos o nome de que herdei com suas palavras lindas, e letras juntas formando a convocação necessária a fazer o destino, quem sabe todo um futuro se transformar para o bem. E lá se vão formando em minha cabeça os planos mais incríveis que um homem de apenas vinte anos pode ter.
Não há mais nada que incomode minha alegria, já não enxergo o mal em nenhuma esquina que meus pés possam querer me levar, não consigo mais ver tristeza alguma que se jogue sobre minha pessoa, que faça pesar em minhas costas me jogando ao chão, nada que eu não consiga levantar depois com um sorriso no rosto só por lembrar que meu nome foi escolhido em um tal dia 22, dia dos loucos e desvairados felizes sem razão nem porque.
Querem desvendar, perguntam impacientes, alguns idiotas sinceros nem sequer acreditam nas palavras que digo depois que a humildade se deixou um pouco de lado na minha carreira, mas é tudo parte de um único show, preparado pelo Cara lá em cima pra que eu pudesse ser o protagonista maior, pra que o prêmio de melhor interpretação honesta pudesse cair em meus braços no dia da posse, no dia da concretização.
E se tudo isso gira em torno do dinheiro, já não tenho nada contra essa afirmação também. Existe o status, o glamour, a fama, o ego que se eleva por conseguir aquilo que poucos conseguiram e tantos outros quiseram, mas pra mim, pra mim mesmo o que fica é a felicidade e nada mais.
Não me esforço muito por pensar em causas, em motivos, em meios, o que me alegra é saber que daqui pra frente nada mais é tão importante quanto eu e tudo que eu vou poder fazer com o que adquirir a partir do meu suor, pouco suor, menos suor.
Sempre tive a certeza que algo de melhor estava guardado pra mim, talvez porque eu achasse que merecesse, talvez porque sentisse tal coisa.
Em certo momento da vida, quando as contas chegavam aos milhões em minha residência mostrando ao mundo essa minha mania incrível de consumismo, característica básica do capitalismo porco que domina nossa vida, tive que ser obrigado por minhas próprias forças a procurar um outro artifício que me desse dinheiro, mais dinheiro do que aquele que eu recebia assassinando frangos. E, de fato, pus meus pés pra fora de casa em busca do novo emprego, do novo trabalho, mais um desempregado sem carteira assinada no Brasil enfrentando todos os problemas que se pode imaginar, chuva que molha o currículo, filas enormes nas empresas, cachorros que correm atrás de você no meio das ruas pois são cachorros preconceituosos para com homens sem emprego. Talvez haja sim um pouco de exagero, mas o drama é meu.
Fato concreto é que a labuta já me persegue desde os onze anos de idade, não por força maior de poderes ocultos tais como fome ou necessidade familiar. Justamente pelo que já foi aqui explicado. Não que uma criança de onze anos tivesse contas a pagar todos os meses, mas sempre quis ter meu dinheiro, pra gastar com as coisas mais fúteis possíveis, pra dizer que o tinha, e gostava das notas de um real, pois com tantas, parecia que eu tinha ainda mais dinheiro... coisas de criança.
Os ofícios exercidos por mim pra alcançar o capital foram tantos que talvez não coubessem aqui nessa mísera página de internet, e as atribulações que me acometeram durante os plantões de trabalho também dariam muito o que falar, portanto calo-me por enquanto, mas em outras ocasiões prometo que abordarei com calma as merdas que já fiz enquanto conseguia dinheiro de forma honesta.
Fato concreto é que quando me pus para fora de casa, os pés no chão e o currículo embaixo do braço, senti dentro de mim uma alegria tão falsa que a primeira coisa que pensei ao fechar o portão era abri-lo e voltar para casa.
Mas sou forte. Encarei meu destino.
Fui de encontro ao que me era reservado, fui em busca do primeiro emprego de carteira assinada. E cheguei, fui entrevistado, fui elogiado, fui aprovado, mas recusei aquela proposta que me foi ofertada. Dei as costas ao ex-futuro-patrão e voltei pra casa.
Nada contra os empregos que são oferecidos no país que eu moro, nada contra o que dizem que as pessoas devem começar de baixo para cima, nada contra a humildade e a falta de condição de alguns empresários de poder oferecer salários decentes aos seus funcionários, porém eu não estou aqui para isso.
Sempre soube que algo melhor estava preparado para mim, e fora por mim preparado como se fosse um bolo, um bolo preparado pelas minhas mãos que estava num desses fornos perdidos, assando, aguardando o ponto certo para saciar minha fome.
Vim dentro do ônibus pensando em tantas coisas, martelando algumas desculpas para dar ao meu pai por ter recusado o emprego, jurando para mim mesmo que ia conseguir coisas muito melhores que aquelas...
Em 2005, último dia de inscrições, paguei um boleto num banco qualquer. Duas semanas depois, estava sentado numa carteira realizando meu primeiro concurso público. Fim de prova, voltei para casa com o mesmo sorriso que abro nesse instante ao saber que fui convocado, aprovado, nomeado, funcionário público federal, a mais alta patente resultante de alguma dedicação e competência.
E fico feliz por ter recusado aquele emprego.
P.V. 10:30 03/03/10

Envergonhando a Lua??

Disse por ali, numa dessas caixas de som que estão ao alcance dos meus ouvidos, que uma brincadeira na rua pode até envergonhar a Lua.
Mas ora, vejam só se não é justamente o que venho dizendo há tanto tempo, desde que me dediquei a vida noturna sem medo do escuro, desde que comecei a vagar pelos cantos perdidos, pelas esquinas sem saída, pela obscuridade de alguns eventos, desde que me pus nesse caminho do qual espero não ter que sair nunca mais.
É de noite que tudo acontece
e não há mais formas diferentes do que se envolver com a pessoa desejada senão sob os raios da Lua que iluminam os detalhes mais escondidos de que se pode querer enxergar nos momentos que somente as mãos podem sentir a pele macia e perfumada de quem está preso aos seus braços.
E diz que quer comer o fruto até o fim...
Pois eu afirmo que diz bem, o senhor dono da voz bonita que conseguiu dar novos ares à minha noite de sexta feira, abandonado em casa, sem dinheiro nem amor, enquanto outros, mais felizes do que eu, se esbaldam a gastar o salário que conquistaram durante um mês inteiro de trabalho e suado sacrifício. Não sinto inveja... sei que a Lua anda envergonhada enquanto eles fazem essas coisas, e dessa vez, posso me eximir da culpa.
Claro que também há de se lembrar, e nunca é muito salientar, do meu sentimento totalmente dedicado ao brilho maior que toma conta dos céus após o Sol se deitar para descansar nas profundezas do horizonte. Vejo que lá no alto, pendurada sob as estrelas, disco prateado, mãe dos satélites, guerreira invencível, chefe maior de nossas marés e guia indiscutível do poder sobre os signos, está a Lua, terrivelmente linda com suas deformações a lhe aperfeiçoar a forma, como se quisesse buscar defeitos em si própria a fim de mostrar uma certa humildade em não ser totalmente incrível...
Há quem se transforme em lobo, há os que uivam também; contento-me em simplesmente deixar explodir por dentro a vontade de amar e ser feliz. Não que, somente na presença da Lua e sua fase cheia, eu me torne um sentimental, um amante inveterado sem rumo nem caminho, mas é, de fato, o momento em que tudo florece de forma gritante em volta de mim. Sou dono de mim mesmo e me dou sem dó nem esperanças jogado nos braços daquela que estiver mais perto de mim. E entrego meu sentimento, deixo em sua vontade o amor que existia em mim, torno-me um escravo submisso a tudo que representa aquele instante escuro onde a única luz que se pode enxergar é o brilho de algo lá no céu e os olhos felizes de quem está sentindo meu corpo.
Guerreira invencível e inigualável, ainda sente ciúmes... sei que faço mal quando me deixo levar por fraquezas da carne e até mesmo pronuncio palavras mal faladas aos ouvidos de quem precisa escutar só pra agradar em um momento, pois chora lá do alto a Lua Linda que sempre me amou e nunca me trocou por nada nesse mundo ou no seu lar do universo. Continuo envergonhando suas feições a cada evento, cada segundo em que me deixo estar na base do amor falso por um instante de felicidade malfadada e incrédula, e ela chora lágrimas perfeitas a molhar-me e queimar minha pele com sua dor impressa na chuva que eu tanto almejo...
Já é tudo parte de um grande círculo vicioso para a sua tristeza que jamais irá acabar...
P.V. 05/03/10 23:00

Vento no litoral

“Já que você não está aqui o que posso fazer é cuidar de mim.”
E isso é só o que diz um poeta do qual não tenho mais conhecimento a não ser simples imagens perdidas e vozes em algumas caixas de som perdidas por aí... e se dizem isso de ti por aqui, eu repasso as informações que andavam sem rumo na minha cabeça para que tu saibas da consideração, quem sabe da amizade, ou ainda mais do amor que devoto a sua sinceridade, sua intensidade, tudo que és desde menina até mulher.
Respeito acima de tudo suas escolhas e não teria capacidade nenhuma de dizer que qualquer uma delas fora tomada com equívoco, pois na nossa idade, ou na sua idade, tudo é força do ímpeto e se age mais com o coração do que com a razão; admito também que essa é a melhor forma de se agir, de fato. Sei das idas e vindas, sei que erros foram cometidos e até existe uma vontade louca de que outros erros tais como aqueles sejam mais uma vez cometidos, mas isso só comprova o que já fora dito sobre razões e corações, sobre decisões impensadas que podem acarretar em problemas futuros. Mas todos os problemas podem e devem ser resolvidos, afinal, pra isso que existem mesmo.
Só devo ressaltar as coisas que pretendo lhe dizer pois a vida não é eterna e se sabe muito bem, pelas atividades expostas, pela pouca experiência já adquirida, pela vontade de se querer bem aquela que também me quer, o medo de ver-te sofrer sem necessidade, entre outros motivos. Vais por um caminho onde andas a passos largos para um fim que pode não ser tão feliz como se espera sempre.
Veja que minha intenção não tem qualquer tipo de alusão a um fato isolado, ou a qualquer tipo de pensamento que tenha por um instante queimado alguma coisa dentro da minha cabeça; lhe dedico essas palavras pois a preocupação com sua adolescência, o interesse pela sua juventude que não deve ser perdida, se ocupou de martelar dentro de mim, em todas as ocasiões que via seu sorriso, em todas as oportunidades que lia suas palavras, em todos os momentos que me indagava as idéias.
Admito que não deves muito bem entender o que vou dizendo e peço perdão caso as linhas mal traçadas que deito no papel não estejam adentrando em ti da forma correta, mas o que acontece deve ser dito e não quero jamais guardar pra dentro de mim um segredo que não se deve compartilhar com aquela que mais se beneficiaria.
Minha linda, não deixe jamais de sonhar, levante sua cabeça em todas as vezes que o mundo tentar te jogar ao chão, cuspa de leve na cara de quem duvida de suas pretensões, jure mundos e fundos, prometa o que não pode cumprir, diga coisas que não devem ser ditas, só pra que num momento de ócio, você possa ao menos tentar fazer metade de todas aquelas incríveis promessas, não se deixe levar por sentimentos fracos; empedre seu coração, meu amor, ame quem quiser, não deixe que lhe amem sem que você permita pois tu tens a capacidade de fazer sofrer pessoas que não merecem da mesma forma que já sofreu sem que tivessem pensado nisso que vou lhe dizendo agora, vá por caminhos diferentes do que já percorreu, pois há tanto ainda para se ver que a vida pode querer lhe negar certas sensações se você demorar muito para descobri-las, queira bem mais do que pode se querer, dance mais, dance sem música, cante se quiser ouvir música, você não precisa de ninguém para entrar em seus ouvidos, você tem o poder da escolha, basta soltar a voz e cantar aquilo que mais te apetece em qualquer momento que seja, se no silêncio, se na solidão, se no escândalo, se na multidão... tudo lhe pertence, e talvez queira ser egoísta sem dividir o que tem com outras pessoas.
E lhe parabenizaria por isso.
P.V. 06/03/10 16:36

O seu insistente perfume

Não era minha intenção... eu até acredito nas coisas que eu digo em certas ocasiões que meus dedos se põem a martelar algumas das teclas que são dedicadas a ti, mas em momento algum faltei com a verdade, e muito menos nesse instante em que acabei de ter a completa noção da paixão que sinto ao te ver.
Dizem por aí que é da cor, que é do perfume, que são os olhos, ou o sorriso... nada disso pra mim importa, pois fecho os olhos e brilham os seus na minha frente, pois me ausento de cheiros e vem o seu odor perfeito adentrar em meu ser, pois a cor é o que há e reflete em cada canto que eu me encontro, pois o sorriso é perfeito e já não consigo mais esquecer nem uma parte dessa tua boca perfeita. Fato é que nada disso mais importa, uma vez que só de sentir você em meus braços de novo, o coração que se fazia morto dentro de mim, acelera de forma tão inesperada que não posso sequer esperar segundo que for para registrar o que estou sentindo e a dor de ter que te ver partindo pra longe de mim novamente.
Há algo bem mais misterioso em tudo que envolve sua perfeição que fico sem ação quando lhe vejo, quando lhe sinto de repente sem esperar, quando a vida se coloca ao meu dispor e você é tudo que preciso para ser feliz depois que as coisas tornaram-se fáceis para mim.
E vou fugir para onde, se o seu perfume ainda está em mim...?
E tenho vontade de fugir para onde?
Por mim, seria para seus braços mais uma vez. Por mim estaríamos deitados dessa vez. Por mim não levantaríamos nunca mais. Nada é mais importante do que se ter por perto quem se gosta e tive a certeza desse fato na manhã de hoje, que ainda não acabou.
O sorriso nasce feliz no meu rosto somente agora depois que tu apareceste sem intenção de me ver, eu sei, mas apareceste e isso, somente isso, já me faz esquecer completamente quaisquer problemas que estivessem martelando na minha cabeça, se enterros, se contas bancárias, se aulas na faculdade, quaisquer coisas são muito pequenas perto de tudo que você representa às nove horas da manhã de um sábado de trabalho. E melhor seria se você ficasse, minha preta...
Esqueça tudo que já fizemos, todas as vezes que entrei e saí de ti, em todas as ocasiões que nossos sussurros se misturaram em algumas dessas salas perdidas de amor, esqueça das coisas prometidas, dos fatos comentados, das conversas sem nexo, de alguns beijos, poucos beijos infelizmente, esqueça de tudo isso... ainda que começássemos nossa história pelo dia de hoje, por essa manhã que você apareceu sem avisar, o meu sentimento seria inteiramente seu, como já é.
Uma preta só não é suficiente para mim, admito. Mas você basta... só você.
Sou um louco habituado a viver aventuras das quais sei que o fim não será tão bom quanto o começo. Justamente por isso, não quero dar início no que temos juntos. O que não começa não termina, e a intenção é a eternidade.
Agora que você já se foi, não adiantaria nem mesmo eu escrever essas palavras, pois só tive total noção do que fazer e sentir depois que a porta se fechou atrás de mim. Mas estava explodindo tudo por dentro e não me contive enquanto não dissesse nesse monólogo tedioso e sentimental, as coisas novas que descobri a respeito do que mora em mim...
Já estou sentindo saudade de você e admito que não gosto nem um pouco disso.
Outro saldo positivo é que você alcançou o segundo título, ainda que tenha total ciência de que pode ter muito mais que isso...
E seu perfume não sai de mim...
P.V. 06/03/10 09:38