quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Só mais um pedido

Eu sei, Meu Deus, que tudo não passa de um grande sonho, onde a realização do desejo há de ser uma das maiores conquistas já obtidas desde que me prontifiquei a viver neste mundo e, dependo de Ti, pra que possa interceder no meio de todo esse mundo de pessoas que também almejam um lugar no seu devido merecimento, a fim de que meu nome esteja relacionado onde tanto quero há algum tempo.
Não é nada de mais se estiver lá um resultado positivo, como todos andam dizendo, incitando meu pensamento para a concretização dessa vontade, como também será normal se for visto lá uma má notícia de que não foi dessa vez, mais uma vez.
Nesse ínterim, entra Aquele que tem o poder de dar e tirar. Veja que não quero, de forma alguma, intimidar Suas pretensões com as minhas palavras. É só um pedido formal, quase que um telegrama por meio de minhas intenções nobres de que adentre em Seu coração cheio de paz e amor pra que eu entre onde pretendo entrar.
Se for possível, se estiver ao Seu alcance, com o perdão da humildade, interfira em meu nome agradando ao meus olhos na vista quando adentrar no sítio da felicidade que poderá fazer dos meus próximos anos, os melhores. E se não puder, fique contente em saber que o amor destino a vós continuará sendo do mesmo tamanho, visto que tanto já me ajudara desde que o mundo é mundo.
Conto com Sua colaboração.
Obrigado, amém.
P.V. 18/11/09 21:32

Ao meu alcance, inalcançável

Não é nem um pouco ruim a aula que se desenrola frente aos meus ouvidos, mas a presença rápida e constante de uma beleza exagerada me fez parar de ouvir para simplesmente admirar. Não sei se faço o certo, não sei se poderão querer me julgar pelos meus erros de largar a responsabilidade de um estudo que pode fermentar meu futuro por um simples desejo que o instante de uma paixão pode me afetar. Mas só a beleza que me atrai de uma forma tal a me jogar em seus pés, se possível fosse, visto que são também de extrema perfeição, consegue me fazer esquecer completamente tudo que vai sendo dito lá na frente pela boca de uma pessoa que conhece o mundo tanto quanto eu.
Se fechar meus olhos, acredito que posso conseguir sentir seus lábios que não estão à minha vista. Sei de cor seu perfume que me inebria todas as noites e nesse momento consegue me embriagar de um jeito tão grandioso dada a proximidade de nossos corpos que prefiro calar-me do que falar aos seus ouvidos dos sentimentos que permeiam meu peito agora. Teria medo de estragar tudo que não vai nunca acontecer. Mas só a esperança de uma falsa possibilidade já me deixa menos triste na minha caminhada vital rumo ao fim de tudo.
Juro pra mim mesmo que já ouvi seu nome algum dia, mas não me lembro e nem sequer se faz importante quando o desejo de consumir um corpo é maior do que possuir uma vida. Seu nome ou seu passado, ou suas vontades, ou qualquer que seja algum desejo que viva dentro de si, nada disso me importa desde que se torne um algo solto e meu, somente meu.
Há um certo tipo de alvura intensa em sua tez tão perfeita que me vejo sempre que encaro seu rosto com um mínimo de timidez em minha vista só pra que não mostre aos olhos meus o reflexo feio de minhas feições estampadas nas belas dela. Estragaria muito todo trabalho que os anjos de Deus tiveram em criar essa dádiva dos céus pra que fosse um colírio aos olhos meus todas as noites do ano letivo.
E esse exagero todo de libido que escorre pelo seu corpo é só um motivo a mais para que minha vontade seja totalmente dela quando se coloca dentro dessa sala de aula. Todas as outras finezas, todas as outras que tentam se igualar a uma perfeição estereotipada não me enchem os olhos, uma vez que só posso encarar esse corpo que nesse momento se põe em minha frente.Melhor eu voltar assistir a aula antes que alguma mais decontrolada aconteça por aqui...
P.V. 17/11/09 21:46

Meu nome é FM O Dia - I


No sábado que antecedeu a sequência de acontecimentos que narrarei com muito prazer em seguida, me vi dentro de uma sala grande com centenas de pessoas olhando fixamente, com a visão de horror, para uma tela gigante onde se desenrolavam acontecimentos cheios de efeitos especiais que me deixaram tão perturbado que até mesmo o celular vibrando com o despertador na madrugada seguinte, me obrigando a acordar pra trabalhar, me fez gritar de medo temendo ser um terremoto de magnitude tal que fizesse o mundo girar e toda a água cair em cima de mim. Que seja, vi esse tal de 2012 e tô realmente preocupado com o fim de tudo, tanto que já pretendo entrar numa escolinha de aviadores, tirar meu brevê logo, pois já percebi que só se salvarão aqueles que souberem pilotar.
Toda a introdução magnífica de um ser pensante como eu pra justificar toda a vontade que sentia por dentro quando se abriram os portões do tal templo da alegria; foi o que fiz. Sabendo da profecia do fim do mundo, quero logo aproveitar tudo antes de morrer.
Nada pode justificar o início de uma narrativa sem que se tenha um começo digno de fatos que se sucedem de uma forma a se embolarem uns nos outros nos levando, de repente, a mundos desconhecidos, esses que jamais quereríamos visitar, ou talvez sim...
Pois todos sabem que trabalho num lugar distante, e se não sabem eu vos digo. O presidente da união tem suas forças voltadas para o consumismo e, tendo isso como base, todos os meses chega lá em minha humilde residência a fatura dos cartões de crédito; justamente por esse motivo sou obrigado a trabalhar todos os dias da semana cansando tanto a minha beleza quanto o meu corpinho sexy. E é lá na Tijuca que eu me escondo dia sim, dia não...
Pois então despenquei de lá e me dirigi rapidamente para o local onde estava acontecendo uma bela festa, dessas que só se realizam uma vez ao ano, visto que os aniversários são anuais.
Nada mais justo do que me embebedar antes de chegar ao certame pois nesses tempos tão difíceis de vacas magérrimas, meu salário não comporta a falta de educação dos realizadores do evento em vender uma mísera lata de cerveja por três dólares brasileiros. Parei lá no seu João do Boteco de Fefy’s House e fui me deliciando com o líquido cor de vinho disfarçado em uma garrafa de Coca-Cola pra não influenciar de forma errada as crianças que iam passando por mim.
O perigo era realmente grande.
Minha mãe sempre me diz pra tomar cuidado, ela sempre diz que devo estar atento e não dar mole ao azar pois na próxima esquina o mal pode estar me esperando pra derrubar-me ao chão e dar uma catarrada na minha cara. Não foi tão nojento quanto isso, mas ao caminhar solenemente com um sorriso estampado no rosto, um vulto passou ao meu lado de uma forma tão veloz que quando me levantei só pude ver o relógio Rodex comprado com muito esforço no mercado alternativo de Bangu caído ao chão, quebrado, rachado, terrivelmente ferido, com uma “fluidorragia” muito grave. Elevei meus olhos pra anotar a placa do caminhão que me atingira, mas só vi um rapaz com jeito de Emo indo ao longe em cima de uma bicicleta dizendo: “Foi mal aê, amigão...!”
Malditos emos...

Meu nome é FM O Dia - II

Já me fazia feliz ao extremo pois aquilo que mais me dá prazer na vida ia conquistando mais uma vitória perfeita e chegava aos meus ouvidos toda a alegria do povo que tinha também a inteligência de torcer para o melhor time do mundo. Até mesmo me desculpo aos deuses do futebol por ter optado estar no meio da pederastia a dar atenção total à saga do Flamengo rumo ao seu sexto título nacional, mas admito que duas felicidades num dia são melhores que apenas uma.
E sabia do fundo do meu coração que essa festa seria ótima.
Adentramos, com o peito estufado de um ar poluído cheio da fumaça dos cigarros e charutos muito consumidos nesses tipos de festa com o intuito de passar essa falsa imagem de pessoas adultas e sérias, que sabem que querem se matar só porque o mundo é redondo e toda a violência não levará a lugar nenhum. Deve ser mais um povo doido que nem eu que viu um filme e já não quer mais saber de porra nenhuma a não ser serem felizes já que todos irão arder no fogo do inferno que se abrirá sob nossos pés daqui a três anos...
Logo que passamos pelos portões do templo, já era notória a presença de uma sociedade sem destino que se fazia feliz só pelo motivo de que o som ia tocando enquanto o álcool era ingerido debaixo daquele sol perfeito escondido por algumas nuvens de boa índole.
Assumirei nesse momento a intenção que tinha nesse evento, a intenção perfeita que tinha de querer mostrar ao mundo uma inovação plagiada, porém aperfeiçoada de conquistar aquelas que se colocassem no meu caminho. Ainda não explanei o amor em forma de palavras aqui nessa página da internet pois faltou-me o tempo necessário para que dedicasse ao mundo minhas idéias de sentimento. Porém fui ao local da festa tentanto praticar uma tática que há de se tornar uma máxima em minha vida dentro de algum tempo, depois que tudo se encaixar e puder ser confirmado pela minha capacidade exagerada de mentir. Admito que a tal cantada perfeita ainda não pôde obter seu sucesso. Muitos estudos serão feitos até o momento em que eu saiba que a palavra saída de minha boca atingindo o ouvido da vítima terá um impacto tão forte a ponto de fraquejarem as pernas da felizarda escolhida pelo meu coração.
Tinha a vontade plena de que o amor sem frescura, de que a pederastia total, de que o prazer momentâneo, seria dono de mim nessa noite sem fim. Então fui sem medo em todos os desafios que me eram jogados aos olhos, sempre que me diziam que era impossível, sempre que me falavam que minha capacidade não era tão grande a ponto de realizar quaisquer que fossem as suas atitudes impensadas. Já deveriam ter em mente que não me acomodo com nada, já deveriam saber que a vida ainda é limitada pra mim, deveriam ter a noção plena de que tudo ainda é muito pouco ao meus olhos e que grandes coisas se fazem pequenas quando colocadas na minha mão, humilde...

Meu nome é FM O Dia - III

Vinha ali uma mulher com um uniforme, uma menina que carregava uma bandeja, talvez com cervejas, talvez com copos, alguma coisa, de fato, era carregada pela moça bonita que ia andando mirando no horizonte algum objetivo tal como atender um cliente, por exemplo. Não há nada nessa vida que ainda não tenha feito a não ser arrancar um beijo de alguém que trabalhe no local que eu tenha me destinado a obter diversão. Pois foi justamente isso que passou pela minha cabeça quando encarei os olhos daquela pessoa do sexo feminino dentro daquele quente uniforme feio e largo. Não me acomodo como já foi dito, e resolvi que ia terminar com esse defeito naquele momento. Por mais que não tenha tido o sucesso total, fiquei satisfeito ao extremo ao desenrolar a conversa durante algum tempo enquanto via um certo sorriso escondido no rosto da minha paixão do momento. Correu de mim sem que eu pudesse arrancar de ti o contato de lábios tão desejado enquanto vislumbrava seu rosto com meus olhos.
E os amigos que me acompanhavam pareciam não acreditar nas simples coisas que eu fazia, o que me motivava ainda mais; pois, entendam, nada mais confortante para um presidente do que seus súditos lhe mostrarem respeito aos feitos realizados.
Tinha lá uma senhora idosa que não mostrava sentimentos em seu rosto marcado pelas curvas sinceras da idade. Assim como me ensinou o Irmão Antônio, pastor dos meus dias mais terríveis, conselheiro maior dos tratos de Deus, dono das expressões mais engraçadas e intuitivas, as mulheres que envelhecem sem medo são as mais lindas criaturas viventes nesse planeta que há de acabar em 2012, como disse o povo que também já acabou, sábios por terem ido antes do mundo. Admirei com sabor todo aquele monte de perfeição que se colocava parada, estática, olhando pro nada sem que qualquer coisa pudesse mudar sua feição eterna. Não pensei duas vezes antes de partir para o ataque, visto que a bola só entra no gol se o atacante chutar. Era impassível, não se mexia, nada falava, não respondia às minhas investidas sinceras cheias de sentimentalismo exagerado. A inércia em que se encontrava fazia de mim um mero bobo em sua frente, uma pessoa que não conseguiria jamais atingir seus pontos fracos, se é que esses existem. Não me dizia sobre o que eu tanto indagava, não me sorria quando lhe contava uma anedota, era simplesmente algo parado sem dar atenção a mim. Conclusão? Apaixonei-me... mas como não poderia ter aquela mulher para mim, resolvi guardar com todo carinho nas paredes da minha memória seu rosto perfeito ao lado do meu. A fotografia estará sempre bem reservada.
Nada mais importante do que as conquistas maravilhosas que iam se sucedendo uma atrás da outra, todo aquele fervo que subia do chão entrando em nossos corpos contaminando sem piedade a mente que ainda se fazia virgem de tanta alucinação e os jovens que corriam de lados para lados sem rumo nem destino; tudo isso era tão lindo aos meus olhos que não queria nem sequer piscar para não perder qualquer detalhe.

Meu nome é FM O Dia - IV

Teve lá uma senhora sentada num banco de pedra que se fazia tão solitária em sua solidão que me despertou um interesse inerte de lhe fazer feliz ao menos por alguns instantes. Como já disse antes, os rapazes que me acompanhavam, membro e aspirante à membro da UCM, duvidavam veementemente da minha capacidade, então eu partia com tudo pra cima da vítima do momento só pra provar a eles e ao mundo que sou o presidente. Mas a moça era casada e não quis muita conversa comigo...
Teve também a outra lá com o namorado do lado. Mas minhas táticas de conquistas incríveis a fizeram tremer um pouco na base, antes que seu companheiro chegasse e quisesse me intimidar com seu tamanho e força. Mas Paulinho Pomarolla não se intimida e fui logo perguntando se o namoro era sério mesmo, se a relação era duradoura, se tudo estava caminhando para o destino do bem, quais eram as intenções dele para com a donzela, se alguma vez já havia acontecido uma traição e se não tivesse aquela hora era bem propícia para acontecer a primeira. Dito isso ele fez uma cara feia e eu resolvi ir andando antes que algo mais sério viesse a público.
Tinha lá também uma moça bem bonita, jovem, na altura de seus quase 19 anos, quem sabe menos, só pra que não sejam infringidas as leis de nossa constituição. Mas ela passou e me agarrou. Até aí tudo normal, dado o horário que já era bem exacerbado e a provável grande quantidade de álcool que já havia ingerido. Veio então um rapaz tirar satisfações ao pé de meu ouvido, falando grosso numa voz alta que era estranha ao meu ver pois certas pessoas pequenas não costumam ter vozes altas. Mas dizia que era irmão da menina e que o que estava acontecendo não podia acontecer. Deveria ser algum tipo de ciúme familiar que circundava a mente desse homem sem escrúpulos para me abordar assim no meio de um beijo tão intenso que eu desferia na boca daquela novinha linda. Mas Deus deu-me o dom da palavra, então discursei:
__ Veja bem, seu moço, sei que suas intenções são boas e admiro com muito prazer as palavras que dedica a mim e à ação que vou agora praticando enquanto tiro devagar a minha língua de dentro da boca de sua parenta. Mas entenda, analise do fundo so seu coração, pense com o sentimento e veja o sorriso que está agora estampado no rosto dessa criatura divina, veja como ela se mostra feliz depois de ter saboreado minhas papilas gustativas... aceite-me em sua família, deixe-me fazer sua irmã uma pessoa mais feliz, seja meu amigo...!
Então me abraçou com lágrimas nos olhos e chamou-me cunhado... disse que eu podia continuar a beijar sua irmã e ainda levou minhas mãos ao bumbum da mesma dizendo: “Aperta forte que ela gosta...!”
É uma coisa realmente muito louca essa festa da rádio.

Meu nome é FM O Dia - V

Mas nem tudo estava tão perfeito até que tive um encontro inesquecível com as forças negras do poder. Nem tentem mudar a página de seus navegadores, nem tirem as crianças do quarto, simplesmente tenham muito medo do que será dito agora pois ainda sinto meus dedos tremerem quando me lembro das palavras proféticas que me foram ditas num espaço que lembrava, de fato, um terreiro de macumba. Aquela figura gorda com roupas chamativas fez com que eu parasse pra que pudesse retirar dali alguma situação inusitada. Ora vejam só, se meus amigos já não agüentavam mais olhar-me parando em todas as esquinas inexistentes e já se aborreciam com o tempo perdido me admirando ao longe; mas dessa vez fizeram questão de se divertirem com tamanha ousadia que partia de mim. A menina era engraçadinha, no máximo simpática. Na verdade, era um tanto quanto chata. Sempre conhecemos pessoas feias que se acham as mais lindas do mundo e isso me atrai só por ser diferente do normal. Parei pra conversar, nem tinha a intenção de lhe roubar um beijo. E ela ia fumando seu cigarro de leve, comentando sobre as ações do dia, dividindo tragos comigo, quando viu meu celular e pediu pra ligar pra uma amiga que estava perdida no meio do povo da festa. Meu instinto canibal logo se animou e visando aumentar os números da noite lhe fiz a proposta indecente da troca dos créditos por um beijo. Admito que por dentro estava comprando muito caro aquele beijo, mas que se dane... se fez de difícil, joguei sujo, falei mentiras, citei até o santo nome de Deus. Nesse momento se mostrou grande e disse que eu estava brincando com coisa séria, disse que freqüentava centros de umbanda e que justamente naquele momento sua Pomba gira estava lhe dizendo que meus caminhos deveriam ser outros diferentes dos que percorria naquele instante. Juro que tentei me segurar, conter a risada, mas não pude. Foi mais forte que eu. O barulho alto de minha gargalhada única ecoou tão forte que ofuscou a potência das caixas de som da equipe número um do Brasil. Depois da felicidade, a tal menina de nome Sabrina, olhava-me de uma forma tão séria que cheguei a acreditar no que dizia, deveras. E eu rindo-me sem graça, procurando meios de arrancar o beijo que já despertara em mim uma vontade louca de ter essa retardada macumbeira.
Disse-me um amigo que o perigo excita, talvez por isso o motivo da minha libido. Fez sua ligação e eu cobrei meu beijo. Negou-me. Tive-o à força. Ela gostou. Mas antes de me retirar rumo às próximas conquistas, disse em alto e bom som que um tal de Zé Pilintra iria me buscar em algum lugar e que eu tomasse cuidado na minha caminhada. Incrédulo, falei pra que ela levasse então o Zé Pilintra e a Pomba Gira lá em casa pra gente fazer uma suruba. Quis saber onde eu morava e minha resposta lhe causou desconfiança. “Pois se não acredita em mim, pergunte ao seu pai de santo, ué...” E ela depois de um tempo em silêncio, disse que seu pai de santo falava que eu contava mentira sobre meu local de moradia. Sorri aliviado ao saber que era tudo uma putaria pois se não sabem nem onde eu moro, esses macumbeiros de jornal Meia-hora não vão conseguir me achar nunca. E parti, sem olhar pra trás...

Meu nome é FM O Dia - VI

Canta uma música de um grande poeta nordestino onde ele diz que pediu pra chover, mas chover de mansinho pra ver se nascia uma planta no chão. Choveu horrores e a plantação foi devastada.
Paralelo sem vergonha esse que eu mandei, mas não se deixem levar por simples palavras, só entendam que o amor quando é desejado nos traz bem mais do que esperamos, seja para o bem ou para o mal. Minha paixão pela água que cai do céu é tão grande que chego a colocar meus joelhos no solo pra implorar por uma chuva abençoada que alivie as tensões daqueles que se sentem no direito de amar numa festa do prazer. E sempre me vejo admirando as nuvens, bendizendo essas massas de água pra que se possam precipitar algumas gotas sobre nós, tão jovens e quentes. No domingo último, de tanto pedir, ela veio... e ficou.
Meu Deus, eu pedi pra chover, mas chover de mansinho, não era assim tanta água que alagasse nosso pensamento de uma forma que botasse até mesmo medo nos que estavam em nossa volta. Meu sentimento de alegria se transformou em preocupação ao lembrar dos aparelhos maravilhosos eletrônicos que se encontravam nos bolsos da minha calça. Fui obrigado a subornar o dono da barraca de frango empanado pra que me desse dois saquinhos plásticos, proteção necessária pra que eu pudesse, enfim, aproveitar a chuva perfeita e sem fim que despencava dos céus. Estava mais feliz que pinto no lixo correndo de lados para lados, chutando as poças de água nas pessoas enquanto todas as outras pessoas também jogavam em mim. Aquela lama marrom escorrendo pelo meu rosto, a minha roupa que antes se fazia limpa, agora completamente suja, meus olhos irritados pela água contaminada que adentrava em minhas auréolas, algumas gotas que também se aproveitavam pra morrer em minha boca... tudo aquilo era de uma primitividade tão grande que me remetia à felicidade plena de algo indefinido e ainda sem nome. A chuva e seu poder maravilhoso sempre vão me deixar mais feliz, por mais que o infinito já esteja sendo dono de mim. Mas já era tarde e toda aquela água já fazia o povo correr em direção às suas respectivas casas temendo que não houvesse oportunidade de lá chegar uma vez que tudo estivesse inundado. Acho que em minha cabeça lembrei mais uma vez do fim do mundo, pela razão já exposta de ter assistido ao filme no dia anterior, por isso também temi pela minha vida e resolvi partir em direção ao desconhecido de minha humilde residência na companhia do amigo vice presidente que faria minha escolta no caminho do lar.
E assim chegou ao fim mais uma noite que há de entrar para a história recente dos grandes feitos da UCM e suas colaboradoras. Tenho dito e adeus.
P.V. 10:21 17/11/09

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Nosso coração é asa - parte I


Então nasceu o dia no domingo, com o Sol entre as nuvens, bem como já fora anunciado pelo Messias que vai agora escrevendo as ditas profecias de nosso tempo. Já não importava mais o sono que dominava meu ser naquele momento, pois a lembrança de que mais tarde se desenrolaria a festa do amor no templo da paixão fazia sumir qualquer vestígio de coisa ruim que pudesse pairar sobre minha pessoa.
Mas pulemos o drama, pulemos a melodia, esqueçamos do amor da canção e partamos em direção ao som pesado e nervoso do que não se deve nunca esquecer. Foi um homem que inventou a micareta pois ele sabia que o sentimento deveria ser exteriorizado de alguma maneira em algum evento e somente os escolhidos pelos deuses dos bacanais deveriam ser aceitos em tal ocasião. Eu sempre sou aceito, porra! E lá fui eu...
Mas o evento muda conforme a estação do ano e horário de verão. Já são novos companheiros que nos acompanham na busca do objetivo comum e serão sempre bem vindos os rapazes que tiverem no sangue o espírito UCMlístico por mais que a natureza não tenha ajudado em suas respectivas confecções de nascença.
O amigo certo de todas as festas estava presente, como era de se esperar; até mesmo porque um guerreiro não parte para a guerra sem seu exército. E Allanzinho é mais que um amigo, é um irmão que representa uma exército caminhando ao meu lado. Fomos nós rumo ao amor explícito que é a micareta e suas facetas de meninas virgens que descobrem o amor ao primeiro toque vaginal. Bela definição...
Tenho que apresentar desde já a figura marcante que trouxe de volta a alegria aos eventos, aquele que há de se superar em cada oportunidade que o mundo lhe der pra que esteja ao nosso lado, aquele que desde Felippinho Pegador não faz tanto sucesso com suas poses nas fotos que vão ao ar pra que o público Orkuteiro tenha noção do que aconteceu, aquele que não se compara, aquele que não se iguala, aquele que não deixa por menos nem por mais, aquele que bebe o que estiver no copo, pega quem estiver na frente, baba sem medo de engasgar... Gugu!
Podia ser bem o Domingo Legal, mas o nosso Gugu ainda não é tão famoso quanto o outro loirinho que fica gritando na televisão.
Fomos lá encontrar os amigos pra podermos partir para o templo do amor. Era uma demora sem noção desses rapazes que deveriam estar se embelezando pra atingir de forma plena o objetivo da conquista que é nossa maior vontade desde que o mundo tornou-se mundo. E estava lá já o amigo Felipe, rapaz de cabelo Emo, que provoca suspiros no público feminino. Estava lá o amigo Gugu, já apresentado nessa crônica.

Nosso coração é asa - parte II

Mas o silêncio reinava na espera pelos próximos amigos quando foi dissertando o poeta do nosso circo:
__ E vou te contar uma coisa que me aconteceu ontem, porque não gosto de mentira, não posso esconder, não consigo me controlar, é mais forte que eu e não poderia deixar de passar a informação aos meus parceiros. Estava em meu devido local de trabalho, fazendo um evento maravilhoso que atraía multidões ensandecidas, uma festa de 15 anos de evangélicos. Sei que vão rindo de mim, mas acreditem nas minhas palavras pois são da mais pura sinceridade. Todas as gatinhas de uma das mesas que eu ia levando guaraná ficaram doidas por mim e estavam querendo chupar minha língua, morder o meu lábio inferior, acariciar meu corpo sexy. Nem sou muito de fazer jogo difícil, por isso já fui perguntando qual delas teria o prazer de passar a noite comigo atrás de um carro qualquer parado lá no estacionamento do salão. Ficaram tímidas, todas se entreolharam e eu fui logo escolhendo a mais bonita. Arrastei, galera, arrastei mesmo porque meu nome é Gugu, não é bagunça! Ficamos lá atrás da Kombi velha na maior beijação, e eu subindo minhas mãos pelo seu corpo e ela toda sem graça, não querendo deixar eu acariciar seus mamõezinhos. Já não sei o que passava pela minha cabeça quando botei a mão pelas costas dela e dei um ‘estanque’ no seu sutiã... Caralho, cara! A parada abriu, mané! E ela saiu correndo pra alguma amiga dela tentar consertar... pô foi engraçado pra caramba, galera.
Então, atônitos com tal informação que recebíamos naquele momento crucial de nossas vidas, aguardando o desfecho da tal história ridícula que íamos ouvindo e ele simplesmente disse que ali chegava ao fim sua aventura da noite anterior. Alguns risos e outros tapinhas nas costas de Gugu pela incrível imaginação que lhe acomete nos domingos de micareta.
E os rapazes que esperávamos, enfim, chegaram depois de todo o tempo lá parados admirando a sagacidade do relógio correndo em nossos pulsos. Fomos em direção ao transporte que nos levaria ao local do amor, à festa da carne, à igreja dos pederastas. E eu já estava com minha garrafa de suco das uvas quase vazia em decorrência da sede anormal que tomava conta de minha pessoa nessa ocasião, fato que eu, estranhamente, não conseguia entender.
Chegamos, enfim!
Mas os amigos que acompanhavam o presidente e o vice estavam também com uma sede anormal. Nada mais justo do que pararmos nesse recinto maravilhoso que vende os líquidos sagrados do sentimento em garrafas coloridas, todas elas com sensações diferentes para o amor que nos foi reservado nesse dia tão maravilhoso em nossas vidas.
Entramos na Sendas pra comprar Vodca. E saímos logo, pois quase nos perdemos em todas aquelas delícias que eram jogadas em cima de nós com preços tão sedutores que quase caímos em tentação...
O caminho da felicidade era curto e o que impedia nossa alegria eram tampas. Que caiam então pelo chão, malditas, cruéis a bloquear tudo que em nós deve adentrar sem pudor, sem receio, sem medo do futuro ou dos reclames de um estômago virgem. Fomos andando e bebendo e sem perceber, o álcool ia acabando e a micareta chegando.

Nosso coração é asa - parte III

Pois então era hora da definição de nossas vidas até um destino que ainda não conhecíamos ou sequer fazíamos questão de querer conhecer. Chegamos no local da festa, já tumultuado pelo povo e sua perfeita vontade de serem felizes tanto quanto nós queríamos. Mas ora, como a contradição grita em nossos ouvidos quando o que se quer é ser feliz...
__ Paulinhoooooooooooooooooo!!!
Se não conhecem Renatinha, eu vos apresento. “A criatura é dessas que são encontradas mesmo. Do mesmo jeito que as múmias do Egito são encontradas ou um desses animais horríveis que ninguém nunca viu. Achado raro. Deveria estar em extinção. Existem mulheres feias, mas daquela raça eram poucas. Deus castiga, mas o que fez com aquela menina foi pura maldade. Parecia que ela tinha pegado fogo e resolveram apagar com paulada...” trecho devidamente retirado de um texto elaborabo por mim no vigésimo nono dia do primeiro mês do ano de 2008: “O rap da Renatinha” .
De fato, admito que não há nada mais a se falar sobre tal pessoa que entrou em nosso caminho antes que pudéssemos partir para as conquistas do dia. Já pensei no fato de Renatinha como um gato preto que passa em nossa frente, ou uma escada aberta sobre nossas cabeças, ou um vidro quebrado pelas nossas mãos. Amaldiçoaria tremendamente o resto de nosso tão louvado dia de micareta. Mas deixei de lado essas tristezas todas e fiz o sinal da cruz em direção ao seu rosto afastando de mim tal demônio cheio de malvadezas para com o espírito UCMlístico.
Fomos andando mais uma vez pra chegar ao meio da muvuca, nosso local de amor maior, nosso desejo mais forte desde a vitória do Flamengo que ia se desenrolando nos rádios de pilha ligados naquele recinto marcado pelo sentimento de felicidade mútua.
E a cachaça ia acabando assim como nossa vontade de permanecer do lado de fora do evento. Mas como a convenção nos pede que analisemos com total certeza todos os fatos antes de adentrarmos no templo do amor, permanecemos do lado de fora admirando as belezas que seriam desfrutadas do lado de dentro. Só me lembro que tivemos sede, e com sede deve-se beber. Era hora então da Tequila, companheira fiel de nossas aventuras mais loucas.

Nosso coração é asa - parte IV

Veio lá de longe um som desses que se pode identificar até mesmo se surdos fôssemos. Gritava um homem, que não conseguíamos enxergar, que sua Tequila era boa. E chamamos pelo amor, gritamos também pela paixão do líquido, entoamos nossas vozes numa só pra que se tornasse ainda mais forte e chegasse aos ouvidos deste homem de Deus que faria nossa alegria. E chegou todo espalhafatoso, cabelos compridos, dreads muito mal feitos em uma cabeça muito mal lavada, os cordões típicos dos maconheiros adoradores desse reggae do inferno, onde o Capeta maior, Bob Marley, e suas melodias que ditam o amor desmedido, são tocadas ao mais alto som que é ouvido até mesmo no firmamento provocando tremedeiras nos anjos que por vezes caem (literalmente) em tentação dando um rolézinho nas trevas pra curtir um sonzinho mais gostoso que as tão enjoadas Harpas do Paraíso. Mas o tequileiro chegou todo desastrado e esbarrando num e noutro, atingindo um amigo que estava conosco, fazendo ir ao chão toda a sua mercadoria tão valiosa! Eram copos, limões, sais, todos jogados no solo sujo daquela rua movimentada, e vinham os transeuntes pisando sobre seus produtos o que provocava ainda mais raiva ao genérico jamaicano. E foi gritando em nossa direção:
__ Qual foi playboy!? Quer me fuder? Vai pagar minha mercadoria, vai pagar... Porque eu sou trabalhador e não to aqui pra ficar aturando esses moleques cachaceiros que ficam derrubando bandeja dos outros não, tá ligado? Vai pagar minha mercadoria mesmo, vai morrer numa grana, tu derrubou meu bagulho, tá geral pisando no meu bagulho aí no chão e eu não vou embora no prejuízo não...
A gente começou a rir da cara dele porque foi uma coisa realmente muito engraçada. E o amigo Allanzinho dizendo que dava cinco reais pelo prejuízo, desde que o tequileiro liberasse duas tequilas de brinde. E o cabeludo ia gritando e dizendo que queria seu dinheiro, e nos maldizendo em via pública e peitando os amigos que também não sabiam o que fazer.
Usei de minha maturidade excessiva, como sendo o mais velho do grupo, presidente da União que fazia história naquele momento, deixei estar, me abstraí e convenci minha mente de que deveria agir em prol dos membros usando cautela e sabedoria. Era uma situação drástica, terrível, da qual jamais passei em minha vida. Analisei todo aquele drama, botei minhas idéias no lugar, clamei pela sapiência dos deuses e recebi a luz que precisava. Puxei na carteira, dei cinco reais na mão do Tequileiro abusado e fomos embora sem olhar pra trás...
São histórias assim que me fazem acordar no dia seguinte com um evidente sorriso no rosto só por ter a noção de que o evento marcou de alguma forma, seja má ou boa. Por mais que o objetivo de ingerir a tequila não tenha sido alcançada nesse momento, pelo menos passamos por uma situação inusitada e o sorriso brotou de qualquer forma em nossos rostos. Que seja, se não tem tequila, a gente bebe a vodca!

Nosso coração é asa - parte V

Gugu em toda a sua sagacidade de experiências com álcool, foi bebendo, na boca da garrafa, no copo, de canudinho, com as mulheres jogando tudo em sua boca. Parecia ter uma sede insaciável, aquele jovem de pequenos olhos e orelhas grandes. O mundo ia sendo descoberto a cada gole que sua garganta insaciável empurrava pra dentro aqueles líquidos de cores diferentes, toda aquela alegria que vivia dentro das garrafas, felizes por morrer nos lábios do nosso amigo Gugu. Mas todo império, por império ser, um dia cai. Sabemos de cor que Gugu não representa império algum, sabemos também que seu poder não se assemelha ao de qualquer um desses imperadores que já mandaram e desmandaram nos seus respectivos territórios e tudo mais, porém a ironia há de ser colocada e Gugu caiu, tão loucamente como algo ainda indefinido.
Estávamos lá prontos pra partir rumo à felicidade maior que seria encontrada dentro do recinto, quando prostou-se ao chão, o amigo Gugu, com uma face da qual não conseguíamos distinguir quaisquer tipos de vontades ou desejos, não respondia às nossas perguntas, ficava lá sempre estático com sua cara de bobo ainda mais acentuada pelo efeito que o álcool causa nessas pessoas sem experiência.
Mas não poderia ser, estava tudo tão perfeito, tudo tão maravilhoso, as mulheres passando e voltando sempre com mais vontade de nos possuir como fosse o último de seus dias, o sol jogado no alto do céu acompanhado de algumas nuvens que nos prometiam uma chuva perfeita em pouco tempo, toda a responsabilidade esquecida e deixada de lado, o prazer do esporte que se fazia imenso com uma vitória exagerada e, de repente, tudo cai, como caiu o Gugu.
Mas não poderíamos calar perante a situação que se desenrolava frente aos nossos olhos. Até mesmo passou, numa rapidez sem tamanho de talvez meia hora, o pensamento de abandonar ali o corpo estirado de Gugu pelo chão, entrar no templo do amor, deixar a vida nos levar pelo prazer que nos levou até lá e na saída elevar seu corpo mole e desfalecido nos ombros de volta pra casa apresentando-o à sua mãe, e oferecendo-se na ajuda de cavar um buraco no qual pudéssemos jogá-lo.
Vimos que essa idéia não podia ser boa e passamos a procurar uma ambulância que ajudasse nosso companheiro da melhor forma possível. Eis que sinto-me no direito de evitar os percalços dessa caminhada pois a dificuldade se pôs em nossas vidas no momento em que queríamos salvar a existência de Gugu, que a esse ponto da história, já não abria mais os olhos e ficava lá babando como algo que muito baba. E os que nos acompanhavam tinham intenções boas para com o rapaz bêbado, mas totalmente sem noção de ser. Queriam jogar balas dentro da boca do rapaz pra ele voltar, tapas na cara, levantá-lo e fazê-lo andar na marra, gritavam horrores com ele como se ele estivesse mesmo ouvindo alguma coisa.
Foi então que meus dotes de técnico em Enfermagem se afloraram e pedi licença para poder exercer do poder que os ensinos e a experiência na área me proporcionaram durante os anos. Joguei Gugu no chão, deixei-o lá sentado babando na minha mão e fui sincero quando falei em seus ouvidos, utilizando assim um procedimento muito prático na área da Saúde: “Olha aqui, seu viadinho, to puto pra caralho contigo porque você encheu a cara e agora a gente não pode entrar na maior festa do ano pra ficar aqui tomando conta de tu. Se é pra morrer, morre logo, ou então fica bom porque eu já to ficando muito nervoso!”
Então ao proferir essas palavras em seu ouvido, a moça educada que trabalhava na contenção das pessoas pra que não invadissem a área das ambulâncias nos autorizou a levar o corpo morimbundo de Gugu pra dentro onde poderia ser atendido da melhor maneira.
Alívio em nossos peitos e então fomos de encontro ao que mais prometia no dia. Já era tarde, a festa já estava pra lá de sua metade, tudo estava dando errado, mas a esperança nunca sai de nós. A esperança é dessas coisas anormais que sempre nos fazem levantar da derrota e admirar o novo plano que vai se desenrolar de uma forma tão ordinária que, por ordinária ser, ainda nos faz sorrir de desgosto. Entramos e curtimos a micareta da maneira que nos foi oferecida.
É fato real e não se pode negar que de todas as vivências já experimentadas, essa foi a mais fraca que já se viu. Porém em toda sua magnitude, a festa do prazer sempre deixa boas lembranças e as marcas de um dia melhor que irá nascer quando o sol voltar na manhã seguinte.
Não nos arrependeremos de nada que tenha acontecido e faremos tudo de um jeito melhor quando nos derem mais uma vez camisas coloridas pra que possamos cantar alucinados atrás de um caminhão cheio de luzes brilhantes.

Até lá, esperaremos.
P.V. 10:58 17/11/09

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Chove, chuva...

Ouço o som da chuva vindo lá ao longe, lá onde não consigo escutar, mas entendo que seu rastro vem seguindo o chão tão forte que me tremem os pés dessa maneira tal a me jogar ao solo só pra desfrutar das maravilhas que a natureza líquida há de me trazer. E que não seja hoje, que seja no próximo dia feliz que a vida reservou à minha intenção.
Há de cair a chuva do céu assim do nada, assim quando a noite já estiver cansada de nos esquentar depois de toda a animação em seu ápice e loucura exagerada só pra confirmar a perfeição de um dia que ainda não nasceu.
Vamos todos em seguida caminhando ou correndo de mãos dadas ou não só pra ratificar a beleza que não há, a beleza que se escondeu nos cantos mais escuros daquele lugar. Mas a água mostrará o que se esconde elevando sem medo tudo que tentar fugir aos meus olhos.
Somos companheiros e amigos nessa causa nobre e única, comum a ambos...
Se queres me molhar, eu deixo, pois sei que não é de má intenção que joga suas águas em cima de mim, sei que queres só o meu bem, sei que vai atender a um desejo antigo, sei que ocuparás minha mente com o molhado deixando de lado o seco e cru da vida que só faz mal.
Pois me dizem sempre aos ouvidos que depois de muito calor, a chuva cai do céu como se os deuses quisessem provar a contradição da vida, ou então talvez seja uma forma de mostrar algum tipo de equilíbrio entre as forças da natureza só pra iludir os olhos dos homens fracos.
Já não entra na minha cabeça nenhuma dessas hipóteses; somente o meu pedido basta para que a alegria evidente seja posta em prática quando estivermos lá juntos nessa festa do prazer desejando a todos os lados a felicidade mútua e a paz nos corações que merecem e nos que não merecem também...
Pois a água que vem do céu não vê diferenças nos pontos em que vai cair. Abençoa a todos sem distinção de cor, credo, raça, religião, tipo sanguíneo, etc... somos todos iguais quando o mundo vira de cabeça pra baixo e o som se faz mais alto que os pingos que caem no chão elevando a poeira molhada que um dia já foi vida.
E se me perguntam pelo motivo de tal desejo tão forte para com uma simples chuva, chuva esta que é odiada por parte dos integrantes dos locais onde eu esteja, seja pela má vontade para com o estado líquido, seja pela deformidade nos penteados demorados, seja pela umidade nas vestimentas que acarreta em transparências óbvias, ou qualquer outro motivo, digo simplesmente que
o amor se esconde na mudança de estado.
Desde sempre, as transformações afetaram a sociedade em pontos drásticos de revolução. Assim também acontece quando a chuva começa a cair sobre todos que estão lá se inebriando pelo calor excessivo do tempo e dos corpos que passam a todo momento de um lado para o outro.
E disse também o filósofo, sabedor das palavras do amor, detentor do prazer que se esconde por baixo de sua inteligência e sagacidade. Disse que a chuva que cai do céu é a impureza das mulheres que um dia deixaram partes de si mesmas deitadas ao solo. A chuva vem do chão como comprova o ciclo das águas e as didáticas que abordam o assunto, portanto, quando voltarem do céu, cairão sobre nós aquelas mulheres que um dia estiveram no chão...
meio complexo pra se teorizar, mais simples de praticar...
Então fico por aqui ainda ouvindo o som das chuvas que vêm para nos premiar pelo bom trabalho exercido durante a noite e deixar marcada na história a felicidade de sermos os escolhidos por estarmos em tal lugar, em tal ocasião,
molhados de amor...
P.V. 15:55 ??

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Um certo alguém

"Aaaaaaaaah fala sério, a gente fica tão fofinho jntos. Verdade verdadeira é que agora eu já sou 'homem' o suficiente pra aceitar viver o que for; contanto que seja com você, tá tudo certo. E tô declarando que jogo fora todas as palavras já ditas em todos os acessos de raiva que eu tive. Por mais que seja por algumas horas, estar com você é indescritivel; tirando as porradas, mas eu retribuo e tá tudo certo. Quando provei pela primeira vez do teu beijo, a única coisa em mente foi manter o máximo de tempo possível seu gosto em mim. Só te abraço pra ficar com teu cheiro guardado, o que ocorre por exemplo agora. Só te mordo pra não esquecer teu gosto. Só te beijo porque é a maior prova que 1+1 realmente é = a LOVE... Você veio querendo me adicionar com uma foto um tanto tentadora, trocados msn's, foi como "gamar à primeira teclada". Ouvir sua voz foi altamente enlouquecedor, com relação a sua risada eu prefiro nem comentar. Foram vários telefonemas, com barulhos ensurdecedores ao fundo, fora o álcool circulando em nossas idéias, mas isso era o de menos. E o que eu tenho a declarar? Vai pro crepp e levanta a mão. Aaahh, ai sim a gente tem que realmente agradecer ao GUGU: “Aaah GUGU, nada que eu faça vai ser o suficiente pra poder agradecer, HAHAHA . Depois de passar uma semana sem acreditar que eu realmente tinha ganhado o beijo de um príncipe, ME FAZENDO ESQUECER O SAPO QUE, INFELIZMENTE, ENCONTREI LÁ, fiquei 'sonhando acordada' mooooó tempão. Por fim realmente enxerguei que 'meu principe' nem era tão príncipe assim... Estava mais para um plebeu; e sinceramente, eu viveria num vilarejo com esse plebeu tranquilamente. Apenas foram escritas até o exato momento duas páginas e algumas linhas dessa história. E se eu te falar que ainda acredito em um desses 'finais felizes' pra esse conto? Você arriscaria continuar escrevendo essa história comigo...? "

Estava aqui só escutando a música que tocava na rádio, quando decidi plagiar o seu título ao título dessa resenha, dessa crônica, dessa carta, desse mini romance, ou qualquer que seja a definição que a gramática normativa ou a literatura comparada deseje dar. Mas o sentimento não é uma ciência e nem jamais será.
Nada se compara ao que se sente, e já não poderia afirmar com toda a força o que se esconde dentro de mim, mas sei do fundo do meu peito do espelho com lente de aumento que se coloca frente ao seu coração sempre que tentamos descobrir o quanto te quero bem, e a sua felicidade se faz minha. Algo que só cresce descontroladamente no meu peito não pode ser, de forma alguma, irreal. Mas o que não se comprova não se discute. Prefiro me colocar de lado quando a intenção é querer saber quantidades...
Sei que fatos aconteceram antes de que a gente tivesse nosso caminho cruzado, mas tudo se resumiu naquele beijo, não o primeiro, mas o segundo...
Ahh e nem venha me perguntar se o segundo foi melhor que o primeiro, ou se o primeiro teve algum problema, tal como um provável gosto de crepp de queijo suíço. Nada disso. A perfeição, com todos os seus defeitos óbvios, se pôs em minha boca naquele momento e pude saber que dali pra frente algum tipo de dependência aconteceria entre nós.
Senti tanta vontade de saber onde estava, que percorri o local do nosso primeiro encontro por algumas vezes durante um curto espaço de tempo sem sucesso em ver seu sorriso de novo. Talvez já estivesse com forças reduzidas, dada a noite que ia caindo de forma cruel sobre meu corpo cansado das responsabilidades. Mas fiz questão de não deixar escapar a princesa da minha noite.
Temos vontades parecidas, gostos parecidos, desejos intensos... Sua boca com esse sabor de “me pega de jeito e me joga na parede e me beija de novo sem me deixar sair daqui antes que a noite acabe” tinha que estar em mim pra que eu lembrasse só de você antes de colocar minha cabeça no travesseiro e dormir.
Sempre me recordo dos melhores fatos da noite nessas ocasiões e, interessante foi, quando percebi que tinha minha mente dedicada somente ao seu rosto antes que o sono fosse dono de mim naquela madrugada. Algo de muito estranho ia acontecendo e já nem quero pensar tanto nisso, só pra não me perder dentro de meus sentimentos mais uma vez.
“Só sinto no ar, o momento em que o copo está cheio e já não dá mais pra engolir...” mas a sede sempre continua, mesmo estando longe de ti, tudo que quero é vencer as barreiras da distância maldita que nos separa do que melhor sabemos fazer quando juntos estamos. Se você ama minha risada, eu amo quando você me faz rir...
Vou me retratando em palavras pois é o que sei melhor fazer e, por incrível que pareça, sempre me descubro um pouco mais, quando a intenção é falar de mim pra você. Porque, afinal, sempre que tento te agradar, acabo sendo egoísta, já que me satisfaço bem mais do que poderia.
O mundo continua redondo e girando depois que nossa história teve um começo, mas com certeza cantam bem mais alto os pássaros nas manhãs de segunda feira, com certeza brilha mais forte o Sol nesse tempo que antecede o verão, com certeza amam-se mais os amantes, jovens que ainda nem sequer descobriram a razão do amor, se é que um sentimento pode ser racional... tudo parece bem mais simples e interessante desde que sei que posso contar com sua voz quando bater a saudade de ouvi-la, desde que possa ser feliz quando te faço sorrir esse sorriso bobo e sem fundamento, esses olhos que brilham tão faceiros, tão infantis, tão meus...
Aahh... Mas esse tal de GUGU é foda mesmo...!
P.V. 17:23 10/11/09

domingo, 8 de novembro de 2009

Coisas do sexo

Carne. Puramente canibal que sou, me deixei levar pelo êxtase da libido e perdi até mesmo a noção do tempo que denota a, ainda grande, responsabilidade que carrego dentro de mim. Um quadrado eletrônico e algumas palavras bem utilizadas, o milagre da tecnologia e a mão do Criador que deu o toque da beleza. E tudo isso acontece dessa forma rápida e quando menos espero, o orgasmo da vida já passou por mim e fico aqui deitado esperando o próximo vagão desse trem.
Justamente isso que eu queria dizer. Dou voltas e mais voltas pra chegar em um lugar bem mais simples pois gosto de pensar em tudo que ainda tenho pra dizer e, assim, sempre me surpreendo com as coisas descobertas pela virgem mente que ainda tenho.
O vagão de um trem chamado prazer. Uma só parte dessa sensação já é coisa demais; suficiente pra fazer tremer o corpo inteiro. Imagino então, o estrago que essa locomotiva pode causar ao me atingir, de frente. Vou gritar pra que venha logo. Estou aqui, de pé nos trilhos dessa nossa cama, com as mãos amarradas esperando você chegar com tudo que se esconde embaixo das suas roupas, esperando que você me tome em seus braços e faça o que quiser comigo. E se quiser me desamarrar, prepare-se. Pois vou sugar tudo que de ti escorre. Alucinações das mais variadas passarão pelos seus olhos enquanto trabalho na escultura do seu corpo, dessa vez com minha língua.
E me chama pra tomar banho ao seu lado, me convida assim sem mais nem menos numa dessas tardes calorosas pra partilhar da mesma água que cai enquanto nossos corpos molhados se embolam numa transa sem fim nem começo, onde o único intuito é o prazer mútuo. Não quero jamais que acabe esse sonho pois do seu lado sei que tudo será eterno, mesmo que por um momento único estejamos juntos. Seu desejo me convida pra deitarmos e eu vou cego e incrédulo de sua realidade.
Mas ainda não puderam inventar nada que mostrasse mais do que você tem escondido por debaixo das roupas que ficam cobrindo a perfeição da natureza que o seu corpo esculpido pelas mãos mais criativas que o Anjo da Libido pôde fazer. Você é tudo que há e tudo que eu quero aproveitar enquanto o tempo parar e eu me encontrar dentro de você, te explorando com as mãos, te lambendo com a língua, arrancando gritos da sua boca que já se faz minha desde que descobriu em mim o que mais te agrada nesse momento. Meu eu em ti, entra e sai e você adora.
Ainda tem dúvidas sobre a carne só porque eu quero que penses dessas forma, só porque meu pensamento já vai adentrando em sua inocente mente que julga minhas intenções justas e boas para o seu futuro. Pois o que pretendo é justamente isso o que digo. Quero sua felicidade, por mais devassas que sejam as palavras que saem dos meus dedos direto pro papel que não toco por entender que é sagrado o seu testamento de amor que lhe ofereço agora.
Mas chega de falar e volte logo pra cama pois ainda não quero que a noite se acabe antes de usar tudo que você tem a me oferecer. E não me negue o que negou a todos que tentaram pois eu sou diferente de tudo que já esteve ao seu lado, eu que ordeno, você que obedece. Sei que vai gostar.
E quando cansar de ti, te deixo estirada no chão, ou em cima da mesa da cozinha, onde quer que estejamos. Saio sem me despedir, deixo um bilhete ou escrevo com batom no espelho do banheiro. Quero que me esqueça e me deixe em paz pra todo o sempre. Mas como nunca acreditou em minhas palavras, correrá atrás de mim julgando serem falsas as minhas intenções. E, de fato, são...
Tudo faz parte do meu show pra que você venha ser minha novamente, pra que eu lhe faça mulher mais uma vez, pela última vez, talvez...
E você sempre volta...
P.V. 19:17 06/11/09

Reedição de fatos

Tudo nessa vida acontece por um motivo e a realidade, por mais louca que seja, sempre se compara com a arte, com os fatos fictícios que nos chegam aos ouvidos, ou então com tudo o que dizem por aí e nunca saberemos se é a verdade mesmo, ou só mais uma criatividade excessiva de quem não sabe mais o que falar e ficam inventando lorotas.
Conta a história, dessas que desconheço em sua plenitude, que um homem, desses famosos que andam pela vida e conquistam tudo que vêem pela frente, que num dia fatídico aconteceu alguns babados que o deixaram na merda sem ter o que fazer pois não tinha um modo de chegar em tal lugar que pudesse lhe dar a salvação.
Na verdade nem sei se sua vida corria perigo ou se era alguma coisa de muito valor que estava em risco pra que ele ficasse assim tão desesperado a ponto de fazer tudo que fez pra alcançar seu objetivo maior.
O poder sempre esteve ao seu lado e esse tal homem, que num lembro agora o nome, até mesmo pelo álcool que venho ingerindo há algumas horas, é de extrema importância no cenário mundial dada a época em que se situava a história.
Mas não é de nada tão importante quanto o que digo agora; o fato de vida ou morte, o fato de coisas preciosas serem perdidas em um piscar d olhos, nada disso se compara com a vontade que povoa meu peito sempre que sobe uma janela, sempre que lhe vejo, das poucas oportuniddes que tenho de sentir de leve a sua pele.
E tudo estava desmoronando, tudo estava acabando, acho até mesmo que sua vida estava em risco. Mas a única saída, uma última esperança, a chance de se salvar estava bem longe e em pouco tempo essa porta seria fechada. Sabia que nas condições em que estava não conseguiria chegar onde tanto precisava. A pé, jamais chegaria.
Foi então que as conclusões chegaram aos seus olhos. Viu que de nada adiantava todo o seu poder, toda a sua força, tudo que falava e fazia com relação as pessoas que lhe rodeavam. Clamou com toda a sua força, gritou a plenos pulmões, rogou aos céus e à terra:
__ Meu reino por um cavalo...!
A história termina e seu fim não me interessa pois um fato só interessa a um homem até o ponto em que se aplica a sua vida particular. Vejo tudo o que está acontecendo e sei das vontades e desejos escondidos dentro de mim com relação a essa mulher que há muito se faz ausente na minha vida.
Tem tudo que eu preciso pra ser feliz, mas parece não querer fazer questão com relação ao que sinto ou deixo de sentir, não por uma vontade de querer me fazer mal, mas pelo querer do destino que age impensadamente e atinge tudo e todos de forma impiedosa.
Vivo minha vida sem pressa de um dia lhe encontrar,até mesmo porque já ficamos tanto tempo separados que um pouco mais ou um pouco menos não faria diferença em tudo que está dentro do meu coração e pertence somente a ela.
Uma paixão única é a paixão que se leva pro resto da vida, e sei que nunca poderei esquecer seu sorriso tão perfeito quando era dedicado a quaisquer uma de minhas palavras. Ninguém sente algo tão forte por uma pessoa e passa despercebido pelo mundo, sempre há de marcar de alguma forma essa passagem pois o futuro sempre nos reserva bons momentos por mais que não estejamos preparados pra isso.
E brinca tão bem com meus sentimentos que pareço uma criança que corre nas ruas conhecendo um novo amiguinho que se faz tão perfeito em sua criatividade sempre o chamando para mais uma diversão. Estou viciado nesse jogo e sempre sei que vou perder com um sorriso no rosto, o que me parece um tanto quanto estranho em relação ao que sempre vivi.
Mas é assim mesmo que tem que ser se quiser de uma ou de outra forma conquistar meu coração. Na verdade nem precisaria se esforçar muito, visto que já conquistara a muito tempo, quando a concorrência era bem mais fraca e minha ingenuidade e inocência não deixaram que nossa história se prolongasse e se tornasse eterna.
Certas vezes até penso que foi melhor assim, pois temos mais tempo agora pra que tudo entre nos caminhos certos, e com a experiência adquirida possamos então ser mais felizes que seríamos antes.
Tudo ilusão, utopia de um coração burro e ignorante.
Vivo meu lado da moeda sem querer pensar no que ela possa reprensentar em mim pra que a dor não machuque meu sentimento e pra que não volte tudo aquilo que um dia se fez presente dentro do meu peito.
Volto a história e não digo o que simplesmente quero dizer, digo bem mais do que existe dentro dos meus dedos, digo tudo que se esconde dentro do meu peito quando o assunto é ela e o que representa pra mim. Sei que tenho algumas coisas, sei que moro no coração de algumas pessoas, sei que faço feliz quem me quer bem. Sei que me estimam, sei que alguns me invejam, sei que também me admiram.
Mas também sou fraco e ela tem mais poder do que eu.
Tudo que tenho, todo o meu reino, todo o meu império, os súditos de um presidente, as palavras, as letras, as vozes, as atitudes tomadas durante todo o tempo de minha curta passagem, as paixões, as alegrias, as festas, enfim tudo que representa minha vida de sucessos, tudo isso por um beijo dela...
O cavalo do rei o levaria ao lugar que salvaria sua vida.
O beijo dela me levaria à uma vida nova...
P.V. 14:51 08/11/09

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Na subida do morro

Pois eu subia o morro voltando de mais um dia longo da labuta de sempre quando os compadres do samba dominical assobiaram em meus ouvidos que você, cretino, havia agredido a mulher minha, a preta Durique que tem seus cabelos duros, mas coração mole... Veja que não aprovo a ideia de um homem esbofetear a mulher do homem alheio, pois é do meu bolso meu que parte o dinheiro que sustenta essa nêga. E nem quero saber o motivo que levou o senhor a sentar a mão em minha respectiva companheira, visto que a surra foi tão acentuada que quase despiu as vergonhas da infeliz, esta mesmo que por pouco não batera as botas em consequência de tamanha judiação. Ficam claras em minhas palavras que não foi de meu agrado todo esse acontecimento dentro do morro em que fui criado e achava ser respeitado, portanto, depois de refletir por dois segundos, cheguei à conclusão de que ia, de fato, mandar o senhor para a terra de pé junto, a lhe tornar em um defunto.
É realmente muita coragem de sua parte fazer coisa desse tipo pois sabes que já fui um mau elemento que encontra-se agora recuperado. Com toda a minha malandragem, já dei muito trabalho aos homens de preto ou cinza. Até mesmo naquela oportunidade em que, no meio da roda de samba, o dono da favela, por não ter a ginga do pagode no sangue, pisou em meu pé esquerdo e, apesar de todos os seus perdões e desculpas, um murro de meu potente braço beijou-lhe a face sem dó nem piedade.
E veja, homenzinho, com tudo isso que o povo já sabe, mesmo com toda a minha malvadeza mais do que evidente, jamais, eu disse jamais, abusei de uma mulher que fosse de um amigo. Justamente este é o motivo de toda a minha zanga, de toda minha raiva e ódio. Mas vejam só... animo-me agora pois passa por minha cabeça um pensamento tão maravilhoso que falta-me o ar pra tentar pronunciar as próximas palavras. Pra lhe castigar irei te deixar todo cortado. Meto-lhe o aço no abdome e tiro fora o seu umbigo.


Aí meti-lhe o aço, quando ele vinha caindo disse:- Morengueira, você me feriu.Eu então disse-lhe:- É claro, você me desrespeitou, mexeu com a minha nega. Você sabe que em casa de vagabundo, malandro não pede emprego. Como é que você vem com xavecada, está armado? Eu quero é ver gordura que a banha está cara!Aí meti a mão lá na duana, na peixeira, é porque eu sou de Pernambuco, cidade pequena, porém decente, peguei o Vargolino pelo abdome, desci pelo duodeno, vesícula biliar e fiz-lhe uma tubagem; ele caiu, bum!, todo ensangüentado.E as senhoras, como sempre, nervosas:- Meu Deus, esse homem morre, Moço! Coitado, olha aí, está se esvaindo em sangue- Ora, minha senhora, dê-lhe óleo acanforado, penicilina, estreptomicina crebiosa, engrazida e até vacina Salk.Mas o homem já estava frio. Estava na horizontal...
Agora, o malandro que é malandro não denuncia o outro, espera para tirar a forra.

Pois então acalmei as velhas senhoras que se colocavam todas em pranto desesperadas pelo defunto que jazia ensanguentado no chão daquele morro que sempre me foi quintal das piores aventuras que se possa escrever. Dei-lhes a ordem de jogar terra naquele sangue ralo e sem cor do vagabundo que mexeu com a minha preta e parti rumo ao desconhecido sem nome pra que não me achassem jamais os homens da lei que já iam se chegando todos devagar subindo as ladeiras pra averiguar os motivos de tal crime cruel. Pois eu deixei lá com as senhoras a mensagem subliminar do malandro que tira a forra com o otário:
_ Diga ao delegado que era um malandro apaixonado que acabou se suicidando...!
P.V. 19:00 06/11/09

O segredo da Vodca


Sinto o gosto da Vodca na minha boca.
Procuro outras coisas, mas me lembro do que sempre deveria estar na minha mente. Não que eu queira permanecer com as memórias do álcool que já ingeri, mas prefiro alegrar-me com os momentos em que estive tão feliz que poderia explodir a qualquer momento, tão feliz que tudo poderia morrer de repente que iria no movimento, satisfeito por viver aquele instante.
A intenção primeira nunca foi morrer. Ou mesmo morrer de felicidade, que fosse. A vida é tão bela e tanto posso aproveitar dela que não me interessaria nem um pouco se me fosse tirada. Por isso só exalto os momentos que passei que me trouxeram satisfação e deixo de lado tudo de triste que possa ter se jogado contra mim. O instante que relato foi de extrema alegria.
O povo não podia começar qualquer tipo de evento sem que minha presença não fosse dada como certa. E a presença sempre era certa, tanto como meu atraso que tem como justificativa, as estrelas serem sempre as últimas a chegar nos locais aos quais são convidadas. Minha garrafa de vodca balançava sorrateiramente dentro da mochila como se quisesse estourar de tanta felicidade pois sabia que iria alojar-se nas bocas mais deliciosas que eu poderia ter escolhido. A dedo, diga-se de passagem, pois não era qualquer pessoa que adentrava nas organizações realizadas.
Então depois de muitas ligações para mim, depois de muita ansiedade, depois de muita sede incontida, o portão se abria e a figura notória de um presidente em pleno exercício se mostrava solene e aquele sorriso já conhecido se abria para alegrar os corações de todos que necessitavam. Em certas ocasiões da vida, sinto-me como um escolhido a desempenhar a função de levar paz a quem precisa. Decerto nem sempre consigo, mas na maioria das vezes posso dizer que me esforço ao máximo pra alcançar esse objetivo.
E me abraçam, e me beijam, e me questionam sobre a vida, e querem saber mais, e nada respondo pois a verdade é que nada querem saber. Puras casualidades que devem ser seguidas pra manter a sociabilidade entre os seres viventes. E a garrafa já não se contém dentro da minha mochila, sufocada pelo calor excessivo no mês de julho, ou agosto, ou qualquer outro desses que eram tão importantes no ano.
Reúnem-se os sedentos por amor, clamam sem orgulho no peito pedindo pelo que tanto esperaram durante dias a fio. Cheguei com minha garrafa e abro agora para que o círculo do desejo seja desenhado e, a partir, daí possamos partir rumo às safadezas típicas da nossa idade tão precoce nesses tempos que em nada diferem dos antigos que costumam gritar os mais velhos.
Eu sei que bate a saudade como uma dor dentro do meu coração quando lembro da simplicidade, quando lembro da era romântica que vivi, quando lembro da falta de responsabilidade que era a característica principal da minha vida adolescente e que me permitia abusar de toda as coisas erradas que haviam pra se fazer. Sei também da esperança que vive em todos os peitos que participaram daquelas atividades em que era óbvio ver o sentimento de felicidade em todos os sorrisos estampados naqueles rostos tão comuns à época.
E era a minha garrafa a detentora da paixão do momento que a vida nos reservava pra que pudéssemos estravasar todo o sentimento que explodia por dentro. A Vodca tem esse poder incomum de liberar a libido e a alegria que os jovens clamam durante toda a juventude, a Vodca mostra o caminho da felicidade de uma forma bem mais fácil, bem mais rápida, bem mais inteligente...
Ainda sinto o gosto da Vodca na minha boca e a ansiedade pela chegada do presidente...
P.V. 18:50 06/11/09

Volta pra mim

Dizem que o homem não iria aguentar se a mulher que ele nasceu pra viver não mais o quisesse. Acho ridículo, o pensamento que prega essa baboseira. Claro que existem todos aqueles sentimentos malditos que me fazem contradizer todas as palavras já escritas, mas é só uma mania feia que o amor tem de querer me deixar com cara de bunda. Se pudesse um dia ser mais forte que o amor, com certeza evitaria uma quantidade imensa de problemas.
Todos os percalços e vergonhas que já passei, todas as dores, alguns afrontamentos, tudo isso não existiria em minha vida. Mas também não teria as mais belas e engraçadas histórias pra contar pra todo mundo que tem intenção de me ouvir.
Eu nem sequer tento qualquer coisa parecida com isso que acabei de dizer só pra não me estressar, só pra poupar meu tempo que ultimamente, infelizmente, vem sobrando... Prefiro não enfrentar batalhas das quais sei que não sairei vencedor, prefiro calar-me frente ao destino do amor pra não dar sopa ao azar. Dizem que quem não tem sorte nos jogos, tem no amor. Meu azar em ambos é tão exagerado que nem sei o que fazer quando, no jogo, perco uma aposta de amor.
Mas esse título é bem mentiroso, acreditem. Não sei o porquê de ele ter sido escolhido. São defeitos que às vezes cometo só pra complicar minha vida. Não escrevo títulos antes de terminar um texto e nesse momento, antes de começar a escrever quaisquer palavras já havia escrito que alguém ou alguma coisa deveria voltar pra mim. Talvez estivesse tocando alguma música que me fez agir assim ou talvez eu queira sim, algo de volta. Mas é tudo mentira...
É tudo mentira e complexo demais a ponto de nem mesmo o autor das palavras poder exprimir o sentimento que permuta seu coração. “Volta pra mim” é uma expressão tão séria quanto cômica e não se traduz em outra coisa que não seja “volta pra mim” mesmo...
Que que eu vou fazer se nem mesmo sei o que dizer depois de escrever um título tão monótono quanto nostálgico assim? Vou desenrolando então as possibilidades. Na verdade, acho mesmo que estava apaixonado quando escrevi esse título e alguma de minhas mulheres abandonara-me de uma forma tão abrupta que cheguei ao cúmulo de dizer “volta pra mim” com o acréscimo de “não conseguirei mais viver minha vida inútil sem que você esteja do meu lado pra me segurar em minhas quedas, pra ajudar-me a levantar, pra alegrar meu dia depois do trabalho, pra me amar como eu te amo, pra tocar uma punhetinha quando estiver estressado”.
Ou então é qualquer outra coisa que já não existe nesse mundo e agora se faz saudosa e minha intenção chama de volta pra que viva mais uma vez ao lado meu.
Abordando a verdade, deixando de lado a fantasia, trazendo à tona o passado, nota-se a clareza de intenção na expressão “volta pra mim” citada no título dessa resenha que está agora sendo lida. Era mesmo aquela paixão antiga que voltava de repente em alguma conversa perdida nas caixas de internet ou num dessas ligações loucas e improváveis no fim da tarde. Sem nenhuma intenção, só com o intuito de me fazer cair novamente em tentação. Tanto é que a crônica começa e não termina. Pelo medo do que minhas palavras possam me levar a fazer.
Mas hoje eu termino e ponho um ponto final no passado.
Eis que nasce o futuro.
E no futuro, ela voltará pra mim...
P.V. 18:21 06/11/09

Eu sou o Renascimento

Eu vim a pé, percorri meu caminho sozinho e cheguei aqui com muito sofrimento. Sei do que sou capaz com tudo que passei e tornou-se um grande aprendizado pra mim e, com isso, também descobri quais são os meus limites. Pra falar a verdade, esse papo de limite é bem ultrapassado e nem deveria mais estar nos dicionários que costumo trazer nos bolsos pra descarregar em cima de quem tem a coragem de jogar a palavra de encontro com a minha.
Descobri coisas que não fazia a mínima idéia que existissem e me decepcionei com algumas delas, tanto quanto quando nós fazemos questão de abrir olhos e a paisagem encarada não era aquela esperada. Assim perdido em um deserto de coisas que não existem, me achava olhando pra um oásis que eram os meus melhores sonhos de infância, eram as minhas paixões de criança, eram os objetivos que sempre almejei em minha curta vida que se colocava frente aos meus olhos pra que eu pudesse simplesmente estender a mão e pegar o quanto de flores e frutos conseguisse. Mas quando chegava perto via que era tudo de mentira e morria por dentro com essa falsa vontade de me fazer feliz.
Empedrou então, meu coração.
Aquele bobo feliz que corria pela escola, corria pela rua, sempre caindo depois de alcançar a velocidade quase esperada, só andava pelos caminhos que lhe eram impostos, media cada passo pra que não fosse derrubado no buraco que se abria em sua frente na virada de cada esquina.
A vida é triste pra quem é cego, porém também pode ser sofrida pra quem enxerga. Tudo nos é lícito, porém nem tudo nos convém, da mesma maneira que o Irmão Antônio plagia as palavras do livro sagrado.
Continuo seguindo meu caminho, traçando meu destino até o dia que nunca chega. Sei que a pressa não faz parte desse objetivo, por isso vou devagar, medindo calmamente o que posso e não posso fazer. Ando devagar porque já tive pressa.
Mas é a falsa tristeza que se põe nas minhas palavras quando o passado vai tentando refletir o presente e não obtém sucesso algum. Virgens olhos não conseguiriam jamais distinguir onde começa e termina o pretérito de uma das minhas orações, de pés juntos ou não rogando aos céus pela gramática maldita que se põe em meus credos ou pai-nossos. Mas vejam que até mesmo a religião faz parte da vida minha que vou escrevendo no pedaço de papel velho e roubado que tenho que esconder ao passar por baixo de uma câmera que vigia meus passos, hoje rápidos e corridos como nos tempos em que ainda desconhecia a dor.
Já sou outro diferente de antes, igual a antes. Sou o Renascimento na Modernidade. Eu não ligo pro que dizem, pro que deixam de dizer, me deixo influenciar pelas palavras que digo e escrevo somente, jamais por outras quaisquer que tentem me vender nas esquinas que não mais me derrubam, ando sozinho e com Deus, pedindo a toda hora pra que me dê a melhor saída depois da curva.
Porra, vou na minha estrada que eu mesmo construí sem a ajuda de ninguém. E o mais interessante é que todos agora querem caminhar por aqui, todos usam a minha estrada pra alcançar seus respectivos objetivos, todos andam de mãos dadas ou não, cantando ou não, mas, de fato, vão percorrendo o caminho que eu tracei pra mim e agora se faz reflexo nos olhos alheios.
São todos bem vindos em minha vida.
Não pisem na minha estrada, só deitem e rolem...
P.V. 17:40 06/11/09

24 de outubro de 2005

Todo o pesar de um homem mostra-se nos momentos reais
que fazem da vida um mero passatempo.
A alegria exposta é tudo aquilo que sai de quem faz
histórias verdadeiras que hão de se perder no meio do vento.

Num dia fatídico que o nada ocupava a minha mente
e a vontade era maior que a razão
fui obrigado a ter de transformar aquele presente
pra quatro anos depois cantar essa canção.

Todo jogo é um jogo e se torna imprevisível
a partir do momento em que são dadas as fichas.
Nosso lema foi sempre de não tencionar a baixar o nível
mas os que conhecem o fato, não criam rixas.

Foi na segunda que o povo desenrolou o domingo
e partiu pra ação num momento épico.
Segunda de sol, evitando respingos
pra não dar chance a qualquer tipo de ego patético.

E casais formados deram o tom
de um dia que entraria pra essa história.
Fomos em nossa certeza calando o som
deixando o destino agir na luta com a discórdia.

O local apropriado é o que menos se procura
Justamente porque o mundo se esconde lá.
Mas a idéia não mente, muito menos jura
Que a nossa intenção se encontre naquele lugar.

No entanto o futuro não pode se calar
Com o medo de uma possibilidade irreal.
Nossa vontade há de se colocar
Num patamar bem mais alto do que o normal.

Mas nem tudo são flores e nosso jardim
Parecia um tanto quanto desfolhado.
Uma moça querendo cair se apoiava em mim
Enquanto a outra vomitava no colo do amigo ao lado.

A vida se faz em pequenos detalhes
Que ocupam a cabeça durante anos.
Um momento é só um pingo que voa pelos vales
Passa por lagos, rios, montanhas e morre em oceanos.

Aquele momento eu jamais poderei esquecer
Pois mostrou que a felicidade reside no segundo passo.
Se duvidas de minhas palavras, posso lhe dizer:
“Tendo oportunidade, tudo de novo faço!”

P.V. 16:41 06/11/09

domingo, 1 de novembro de 2009

O anel perdido

E se me perguntar que que eu ando fazendo por aqui posso dizer sem traumas que estou só vendo o tempo passar, com o mesmo intuito de antes, realizando as responsabildiades de cada dia, analisando só o que não existe, bebendo a vida como os goles de café que ainda me deixam acordado quando o sono do tédio tenta me derrubar, me apaixonando todos os momentos que nascem e morrem e procurando ao mesmo tempo motivos pra esquecer quem consegue achar a chave do meu coração e desvendar o mistério de me conquistar.
Eu tinha essa vontade estranha de colocar no papel o nome de uma ou de outra, com pensamentos completamente dedicados a elas, mas já deixei de lado essas idéias que não me trariam qualquer tipo de futuro com relação ao que diz respeito a mim.
Quero ser, a partir de agora, o homem que sou.
E o homem que sou é bem mais do que conhecem, todos que me acompanham pela estrada que já percorri, pelos becos e vielas que já caí e sempre me levantei sem medo de limpar de minha roupa a sujeira do chão de quem tentou me derrubar. Mas ainda assim não verão quaisquer tipo de mudança no tratamento ou sequer no modo de agir pois o homem que sou é justamente o homem que sou, independente do que aconteça ou não.
O que vão dizendo, o que vão pensando é tudo parte de uma verdade, mas uma parte bem pequena com relação ao mal e também com relação ao bem. Pois existem vertentes de pensamentos e todos eles são atribuídos ao que se vê, e não ao que realmente existe.
Se uma ligação depois de um evento me traz a tristeza ou alegria é simplesmente um fato com relação ao que se vê de fora da relação que eu travo comigo mesmo. Mas o fervilha dentro do meu peito é bem mais intenso ou cruel do que se possa enxergar; o sentimento que não se vê, o abstrato da vida, o balãozinho pendurado em cima de nossas cabeças, tudo isso é só o que aquele que está vivendo a situação consegue compreender.
Mas que se percam então tentando em vão achar a significação maior de todos os acontecimentos. Só porque tenta me convidar tarde da noite para um evento já terminado, isso não comprova inocência, muito menos culpa em qualquer crime que uma criminosa possa ter cometido.
São erros corriqueiros de uma ignorância ainda jovem que não sabe agir em momentos de pressão e mostra toda a falta de maturidade para lidar com problemas ainda considerados de grande porte. Mas há de aprender com as lágrimas derramadas que uma gota salina lava bem mais do que um único rosto. Toda a sujeira presente em suas intenções cairão por terra e só ficará a parte boa de um aprendizado que eu sei que está sendo passado.
Cumpro minha missão e posso dormir tranquilamente por ter feito minha parte e desenhado meu desenho no papel que me foi ofertado desde que me comprometi a dedicar minha vida a esses momentos de pura dor e alegria. Mas o que vai acontecendo é só o reflexo da dedicação.
O saldo negativo é um anel especial perdido...
P.V. 22:21 31/10/09

Reflexões de um sonho sem fundamento

Andando por um retorno, crianças fazendo malabares pra ganhar a vida, policiais militares parados, descobre-se o motivo, um homem morto eletrocutado, ainda agarrado ao metal energizado que lhe tirara a vida, andamos mais e a chuva começou a cair, uma novinha com um guarda-chuva grande, outros rapazes se aproximando, mas nossa intenção é maior, pergunto se não posso me aconchegar embaixo de sua proteção, ela deixa, vamos andando, meninos fazendo badernas saudáveis ou não em um trem, e vamos pegar o trem, mas tu já perguntou o nome dela? Que ela se contente em ser chamada de linda... e acordo.

Preocupado por querer saber o nome daquela que nos acompanhava rumo ao destino comum de três pessoas perdidas no meio da chuva que caía sem dó nem piedade sobre nossas cabeças fazendo umidecerem nossas vestimentas, tão justas e perfeitas nos corpos novos que ainda nos pertenciam, perguntei ao amigo meu se ele saberia me dizer, então, a graça daquela jovem no alto de seus poucos anos de idade. Foi direto e claro quando me dirigiu a palavra desconhecendo qualquer informação sobre a menina e que ela deveria se contentar em que a chamássemos de linda. Linda, somente.
Pois se assim era, assim deveria ser.
E se recusasse tal oferta, poderíamos lhe mostrar que estava errada. Eis as opções de convencimento, tão abordadas nas reuniões UCMlísticas. Poderíamos dizer, então, que nos dias de hoje, com toda essa falsidade que existe no meio social, já não gostam mais de dizer a verdade e nós, como seres justos e dignos com família formada e educação passada de berço, não coagiríamos com tal impureza dizendo a mentira; diríamos que era linda pois essa é a mais bela sinceridade que há em nossos corações. Ou abordaríamos a gramática social, criada por mim, ou por qualquer outro que desconheço o nome e não mereça os créditos da criação, que diz em seus diversos livros sobre o assunto, a abordagem de um nome único pra que não se deixe de lado o nome verdadeiro, como fosse uma forma de não esquecer jamais aquilo que se propõe a lembrar-se. Um exemplo científico é daquele homem sem-vergonha que chama todas as mulheres de “coração” só pra não confundir seus respectivos nomes causando assim uma conseqüente terrível bagunça interna. São só alguns dos modos que poderíamos usar pra convencer, mas detenhamo-nos por aqui pra não prolongar em demasia os fatos que duraram pouco tempo de uma noite.
Tendo noção da responsabilidade, se me chamam, eu devo acordar, mas aprecio muito mais a posição horizontal do que a vertical, até mesmo por motivos pederastas que não precisam ser aqui explorados pra que a audiência suba. Vamos decorando Brás Cubas, imitando o presidente de honra da Academia, burlando as convenções, e subindo a escada de cima pra baixo.
Pois então no movimento das pernas, nota-se um homem morto, deitado no chão, mais negro que o carvão que já vai se extinguindo de nossa realidade. Mas o homem também há de se extinguir assim como tudo e todos. Tudo acaba menos a matéria, a matéria se transforma apenas.
Mas me traz à tona outra dúvida cruel. Sei que não é o espaço apropriado, mas tenho que me dizer. Se a matéria somente se transforma e não pode ser destruída, conclui-se que surge de algum lugar, do contrário já teríamos total certeza de que ela existe por si só, desde os primórdios dos tempos, e de lá até cá, tudo continuou igual, no mesmo peso e tamanho, somente modificando a forma. Mas se minha mãe teve a alegria e desprazer de dar-me à luz, então eu não existia, não tinha matéria a não ser o anão espermatozóide de papai em seu saco, já vasectomizado; pois se nasço, se estou aqui, do tamanho que pode ser observado, nota-se que a matéria foi, sim, criada e desenvolvida através de um crescimento observado depois dos anos. É fato concreto, depois dos argumentos apresentados, que se chegue à conclusão de que a matéria não pára de ser criada, com a fudelância evidente e previsível, e com isso, o peso da Terra vai aumentando, já que uma vez criada a matéria não pode ser destruída. E bem me disse meu professor dos dentes amarelos e cheiro de fumaça, de Física, do segundo grau, que matéria é o nome vulgar de massa. Se a matéria aumenta, a massa aumenta, o peso aumenta... Daqui a pouco a Terra vai começar a cair de tão pesada...
Porém, voltemos ao homem morto como um carvão pois cadáveres fazem mais sucesso que a Física. Era estranho observar toda aquela movimentação estática dos homesns da lei que viam o corpo estirado ao chão e nada faziam a não ser algumas caretas para a cena feia que ficava frente a seus olhos.
E meu carro era tão estranho que eu parecia andar enquanto o carro ia ao meu lado, ou comigo dentro dele, ou ele fora de mim. Alguma coisa parecida com ‘muito estranho’ acontecia e juro que não consigo descrever.
Então depois do retorno, os meninos que faziam malabares já não queriam mais jogar as bolas pro alto, pois ali estavam há tanto tempo e ninguém se importava com seus serviços de arte, só queriam passar pelo cruzamento, reduzir a velocidade para ver o morto e continuar a viagem, assim como eu parei um pouco, olhei pro carvão e segui no meu carro movido a derivados de petróleo.
Na verdade, os meninos no sinal fazendo malabares são um detalhe tão pequeno em nossas vidas, não é mesmo?
Um pouco antes, ou um pouco depois eu vinha andando sozinho, lembrando de amores do passado, justamente o melhor sonho que posso ter, o início perfeito de toda viagem, o primeiro passo para uma noite de vitórias sempre foi o passado, até mesmo porque se quisermos, de fato, analisar uma linha do tempo, temos que começar de lá pra chegar até aqui.
E como antes do começo está o nada, fico por aqui com meu silêncio.
P.V. 10:13 01/11/09