segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Tempos de Carnaval


Vai ser num dia de verão
Pra semana ou no final
caminhando sem razão
Ou curtindo o carnaval?

Todos de queixo caído
Perguntando sem saber
Como pode ter dormido
E acordado em prazer

Meu sorriso bobo e falso
Mergulhado em moral
Caminhando sem mais rastro
Lá curtindo o carnaval...

Na cadência do desejo
De voltar pro meu amor
Da delícia do seu beijo
Nossa transa de calor

Nas areias de uma praia
Onde nasce um Luau
Caminhando pela orla
Ou correndo o carnaval?

O sucesso do meu copo
Pendente na minha mão
Cada lance eu mando, eu topo
Engolido em aflição

Minha preta me aguarda
Relembrando Arraial
Caminhando na favela
Ou pulando carnaval

De saudade eu canto e grito
Esperando amanhecer
Esbravejei “aqui não fico
Tô voltando pra você”

Pois sem medo não há paz
Faço um mundo radical
Caminhando aqui jaz
Um defunto carnaval...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Gotas em potes de felicidade


Que na sala, que no quarto, que no banheiro e cozinha, eu me veja, eu me encontre ao teu lado ou atrás de ti, pois nessa minha condição de vontade, cada uma das tuas roupas eu hei de rasgar sem força, com pudor, sem medo, e na intenção da carne, essa carne que te cobre e que me alimenta, ainda mais essa saciedade que há de ser posta em fim, que há de ser colocada a parte pois do que sou e do que pretendo poucos loucos um dia conhecerão...
Quiçá saberão em alguma oportunidade os puritanos dessa minha época do que se trata o sexo selvagem e despretensioso que, por pretensão, tem somente dar cabo na libido que rodeia esse povo maravilhoso que me segue. E nas histórias alheias eu me encontro tão perdido que por lá ficaria pelo pouco tempo da eternidade...
Queria eu, com meus vinte e poucos anos, adentrar em toda essa serenidade de casos e adversidades, queria tanto poder dizer aos quatro cantos do mundo o que já fiz, e essas intempéries que rondam minhas cabeças nos dias mais monótonos da primavera. Em invernos outros eu já fui mais eu. Hoje estou um pouco encabulado...
Quantas e quantas saias já não levantei com meus olhos poderosos, quantas palavras perdidas num meio de álcool enorme que não me dava a sensação que eu pretendia naquelas tardes recheadas de amigos, quantas noites mal dormidas e madrugadas alucinantes, quantos carnavais? Já nem sei... quantos natais e anos novos, milhões de sensações escondidas por baixo desse pano sujo de lamentações.
Que no chão, que na cama, que na rede, que na areia da praia mais deserta, eu me veja entrando e saindo da felicidade pois na alegria se esbarra com a tristeza e com o sofrimento damos mais valor aos sorrisos bobos, que eu me atenha a um amor somente, que eu saiba dar valor a quem esteja do meu lado na caminhada, que eu saiba deliciar quem me delicia, que eu saiba dedilhar quem me dedilha e que eu não me canse jamais, pois no cansaço se vê o ócio de Satanás atentando o bom homem...
As minhas energias em ápice fazendo donzelas virarem mulheres, o meu poder de conquista cada dia maior, minha força em realizar os suspiros, cada um dos quesitos maravilhosos do ser moderno se espelhando em mim e não tenham medo, não se acanhem em se chegar pois mordo sim, mas mordo devagar... nada que não doa tanto sem que deixe guardado no fundo de sua ferida uma saudade saudável dos momentos que passar ao meu lado, e se for, que não se lembre de mim, pois do meu peito fraco pouco respondo, das dores que eu também sinto pouco digo, e me dizem, sim, me dizem desleixado, relaxado para com as pessoas, e me vejo mal, e me vêem mal, coração de pedra, quando na verdade é mais mole do que as lágrimas que dos meus olhos escorrem na sua partida...
Guardar em potes gotas de felicidade é trabalho árduo para quem tem pouco tempo na vida para amar, eu sou desses...
Prefiro torneiras abertas a me banhar nos lagos de alegria que a vida pode me proporcionar por isso não deixo de lado ninguém, não deixo de acordar todos os dias com o sorriso no rosto, reclamo às vezes mas me lembro que a moeda sempre sobe e cai virada para o lado que mais irá me apetecer...
Julgar-me-ão os tolos e sem opinião formada sobre seus próprios entendimentos e saciedades de seus corpos, mas não hei de me abalar pois a força do pensamento ultrapassa qualquer tipo de crítica proveniente de puritanos bobos e sem brilho nos olhos pelas aventuras vividas enquanto vivos foram.
E é isso.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Ano de eleição

Mão cerrada, punho forte.

Cada um vai pelo seu caminho, os candidatos maravilhosos, trilhando becos e ruelas nas favelas, organizando comícios milionários com o nosso dinheiro suado, trabalhando em prol da reeleição, tentando dar seqüência aos seus devidos crimes de estelionato, corrupção, safadezas, e promiscuidade, cativando eleitores sem mente, comprando votos por migalhas, fazendo girar a enorme roda de imperfeições desse nosso país...
Pra exprimir um sentimento sincero que não cabe em mim e atenta o desejo de ser escrito, eu lhes digo que venderia meu voto sim.
Pasmem...! com que razão vem esse jovem advogar em causa própria tal façanha sem tamanho em rede pública contaminando puras e revolucionárias mentes sociedade afora?
Pois do que cortam do meu salário todos os meses, pois da maior porcentagem que fumam de meu cigarro, que tomam de minha cerveja, que abastecem da gasolina que eu boto no carro, da facada absurda que engolem em cada parcela de tudo que eu tenho em meu nome, do ar que eu respiro quiçá também eles talvez cheirem um pouco, do meu ir e vir garantido em lei que eu tenho que abrir as pernas em cancelas cobrando pedágio, de siglas malditas de impostos que eu não conheço que sempre terminam numa outra sigla chamada CPI para prender os que gastam indevidamente o meu e o seu dinheiro sem que alcem sucesso, nada disso vale a pena, senhores.
Pois se o favelado aceita uma cesta básica em troca do seu sagrado voto no bandido que veste terno, eu aperto sua mão, pois pelo menos em um mês ele irá comer às custas do eleito, nos outros quatro anos nada acontecerá.
E não me venham com as grandes opiniões de que sim, há por aí alguns bons e honestos que hão de lavar do governo toda a sujeira que lá houver, há, perdidos por aí, alguns candidatos que vieram do povo e pelo povo irão trabalhar contentando-se com somente o seu salário e nada mais, não entrando em esquemas e nem patrocinando outros corruptos que dão proteção do lado de fora da Assembléia, ou da Câmara, ou do Planalto, tanto faz...
Pois a verdade é uma só, senhores. O sujeito até tem a boa intenção de adentrar e fazer algo pra mudar, mas é engolido pelo sistema, o sistema é muito maior do que esse número já absurdo de parlamentares que lá estão e dos que hão de entrar. Nada vai mudar, nunca vai mudar, quem nasceu pra pano de chão não chega a edredom.
Mas a revolução começa de baixo, somos nós a população que escolhe o governo, entremos então no mais alto patamar das lideranças e arranquemos a cabeça de todos a começar por nós mesmos, pois todos somos corruptos, todos nós nos corrompemos vez ou outra na vida; se o erro deve ser erradicado, degolemo-nos uns aos outros até que os bebês apenas possam crescer num país livre de más idéias... não poupemos idosos com suas histórias de passado, muito menos mulheres, cobras malditas, espécie venenosa a contaminar nossos futuros adolescentes guerreiros.
O sangue, esse sim vai escorrer pelas ruelas e becos das favelas, sujando o sapato dos candidatos sedentos por  votos nas comunidades mais pobres, aí então, quando os eleitores todos já não mais existirem, quando as máquinas pararem, quando o consumo cessar, enfim, passarão fome também os que estão na ponta da pirâmide, se rebaixarão ao nível do que precisam e pela vez finita colocarão ordem nesse prostíbulo chamado Brasil.
Admiraremos com orgulho nossa façanha, vendo crescer a pátria amada em honestidade, em igualdade, em alegria e futebol, em cerveja e churrasco, em praia e bundas... pois somos isso, senhores, somos praia bunda cerveja churrasco e futebol, somos coisa boa, não somos terremoto, não somos vulcões, não somos tsunamis, somos o povo mais feliz desse planeta dito redondo, mas continuamos enterrados numa poça de merda, as moscas mudam a cada 4 anos, mas enquanto não houver sangue o suficiente pra pintar o muro da burguesia com as letras de revolução, nada mudará, nada.

Silenciando pensamentos

Mente aberta, cabeça fechada.

Quando a noite chega e as afirmações querem nos mostrar alguns pontos de interrogação, eu me jogo ao chão, eu me escondo em medo pra não dar asas à imaginação, eu retiro meu time de campo com receio da derrota, eu vou pro quarto, eu ligo a TV, eu leio palavras e me ausento. Porém se a noite for dessas escuras e quentes, se a noite for de Lua cheia, de estrelas penduradas no alto do céu em forma de brilhos intensos a iluminar nosso caminho, se houver a dúvida alheia para com nossa precisa sinceridade, se houver barulhos extremos e aparições satânicas em esquinas de amizade isentas de fêmeas, aí senhores, aí eu ganho o mundo, aí eu boto a fé pra pista, eu recordo os tempos de juventude e me reconheço.
Sim, não me julgue estranho, não me diga mentiras exageradas, não bote drogas no meu sangue, eu me reconheço pois esse que o espelho me mostra todas as manhãs não é o verdadeiro reflexo do que sempre fui, esse que acorda tarde e dorme cedo não é o homem das atitudes drásticas de um tempo saudoso, esse que se ausenta em temor não faz páreo para o que se joga sem medo em piscinas vazias...
Um bando de meninas a discutir e querer confusão, um bando de calcinhas jogadas ao chão e acharão que eu fugirei? Que o mar do meu quintal seja testemunha das verdades que aqui eu digo, que o mundo inteiro ouça o que eu tenho pra dizer, senhores, pois das minhas vontades discurso eu, ainda que sem público fiel, ainda que nostálgico das grandes palestras de antes, porém com o mesmo sangue nos olhos ao jogar em sonsas caras os argumentos todos que eu levo no bolso direito, mesmo bolso do cigarro que se transforma na fumaça limpa da minha falta de energia.
Tô um pouco cansado dessa mesmice, to muito me lixando pro que vão pensar, to nem aí pras lágrimas escorridas... quem trabalha e paga as contas sou eu, quem tem capacidade de mutação diária e a faz só pra agradar a uma maioria é esse dono das palavras, sou eu que carrego o barco e ainda assim sou obrigado a ficar a ver navios?
O barco vai virar, senhores.
Esse calor vai gritar, essa certeza vai tornar-se coisa parecida com outras mentiras ditas muitas vezes a nos atordoar a mente, essa cerveja vai virar água, e dessa água eu não vou mais beber pois dessa água eu já bebi. O milagre de Jesus vai se ver nas minhas mãos, o copo de vinho no teu caminho não vai se transformar em nada, a taça ainda não quebrou mas está por ser rachada de todo esse ódio; toda essa gordura excedente vai pro lixo, o que tu conseguiu adquirir durante anos, agora faz questão de retirar sem dó nem piedade, um aborto de si, uma traição...
Ahh sim, uma traição.
Quiseram os homens da vida me coroar com dádivas dos céus e confrontar meu destino com outros deuses, alguns sem noção alguma, sem nexo de verdades e essas coisas, mas eu vou por cima das especulações, vou me redefinindo cada dia que passa, vou mais uma vez botando minha fé pra pista sempre que o confronto se der, e sei que não perco. Meu time continuará em campo, além dos 11 jogando, há todos os reservas com os quais ainda posso contar; o futuro não há de me desmentir.
Vou indo.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Fraca murcha flor

Na morte, a natureza renasce.

Vai por lá, o rapaz solto, no embalo dos seus ímpetos, família feita, guerreiro do asfalto, carteira cheia de assinaturas, meses jogados fora por falta de competência, logicamente.
É desses que não têm futuro, mas acaba caindo num buraco de sorte vez ou outra e se levanta quando não parecia haver mais saída, é desses que não se esforça e só promete, e por só prometer, jamais cumpre... e a criança, sem culpa, sem pai, sem mãe...
Mas não há de ser nada, o povo que somos, a raça que nos une, a nutrição dessa terra alimentada pelas lágrimas de outrem fará com que brote outras opções, possibilidades mil, todas elas servidas em pratos de tristeza, é bem verdade, mas não há nada de felicidade sem as pontas de sofrimento que nos espetam a bunda.
Vai ser assim, pois assim eu já sei. Vivido...
O que aumenta a saudade é a razão básica de a rua ter dois lados opostos. O bom e o ruim, o dia de sol e o dia de chuva, a risada e o choro.
Quando o mundo se faz pleno, quando nada nos falta, quando os amigos estão desocupados, quando o bolso está levemente recheado, o que há é suficientemente bom para o que tanto precisamos, essa baboseira de analgésicos para as dores do coração e tudo mais o que dizem.
Entretanto, no contrário, quando estamos caminhando sozinhos buscando as aventuras, quando o fim do mês é inimigo, quando os irmãos se esforçam na distância para fazerem suas responsabilidades, aí guerreiro, o telefone na sua mão é de um peso absurdo, as palavras são todas estranhas de cores mil, as músicas da rádio gritam verdades tão grandes nos teus ouvidos que melhor seria se surdo fosse.
A luta é grande, a guerra maior, o mundo te dá as costas, alguma maldita faz a pergunta que não deve, outro maldito comenta o que menos deve, as fotos se jogam em teus olhos, outra falsa felicidade tal qual a tua quando a vida sorria se mostra à vista tua e tu murcha. Tu murcha, cara, mas toda flor no outro dia, no outro raio de sol, se ergue.
É mentira minha que nós homens não somos como flores? Não, não é mentira... então, brother, tu continua murcho e desenganado.
Os ônibus passam por você lhe convidando a entrar, todos com o itinerário do qual tu corre, do qual tu foge, o qual tu briga e batalha até o fim, mas o fim, parceiro é papo de alguns minutos... tudo isso te consome por dentro, tudo isso te mói, e eu digo mais, tudo isso te mastiga porque tu é fraco.
Não é flor. Mas é fraco.
Desabonando as regras de matrimônio, meu caro, abandonando famílias, deixando de lado aquilo que mais te apetece e faz por ti, és fraco de uma fraqueza absurda, és garoto novo, burlando as mais intensas formas de sentimento, o de um pai, por mais que minhas palavras sejam do quilate de outros cobres, longe da pele do que te pinta, sujeito...
Que faz?
Senta e chora, vacilão, senta e chora...
Pois na hora do retorno, nada mais será como antes, e digo com palavras de conhecedor, na hora do certo retorno, tu vais ser o mais baixo dos homens, tu vai se rebaixar à altura de quem tu pegou ódio mas não vive longe, tu vai se arrastar pelos cômodos da casa, tu vai rastejar pelo chão como bicho traiçoeiro, vai ser infeliz na caminhada rumo à morte ao lado de loiros fios que pela tinta de falsas pedras, indômitos quilates outros, se enxerga no reflexo sujo do vosso espelho...
Julgam-me assim, pessimista para com a relação dos povos. Pois o que já nasce errado está fadado a ser cada dia mais equivocado.
Eu vou por aqui no meu canto, sempre disponível quando preciso. Para ambos os lados. 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O distante lar

Quando o último trem sair, quando o último vagão passar, quando esse minério de saudade nos fizer carga inútil, veremos o que é, de fato, uma nostalgia dos momentos vividos. Quando a última onda bater, quando a derradeira areia nos sujar os pés, quando essa Av. Beira Mar for cruzada enfim, saberemos então dar valor à umidade que uma lágrima proporciona ao rosto. Quando a última risada gritar, quando o último amigo morrer, quando a nossa casa do subúrbio não tiver um mar em seu quintal, aí sim, saberemos que fomos felizes lá...
Pois do que somos, pouco lembraremos no futuro se não tivermos em mente hoje a imensa alegria de estar, a grande sabedoria de fazer, a absurda vontade de voltar.

Dos medos imensuráveis que a vida nos toma, dos goles sedentos que as esquinas nos entornam, dos pulos olímpicos que minhas pernas alcançam, nada disso vai ser escrito se não houver a vontade e inspirações necessárias, pois no silêncio dos imensuráveis medos se faz um drink em requinte de malvadeza, se dá um gole em proporção épica, se empreitam saltos que a vida jamais irá acreditar.

Burlei, portanto, esses falsos desafios que a Literatura fazia a mim desde a juventude, e comecei a adentrar no mundo mágico das mentiras, no mundo intenso das lorotas, na magia do que se escreve, do que se pensa e se põe no papel diretamente sendo absorvido de forma contrária aos olhos de quem lê; toda essa balbúrdia de contos incríveis, personagens fictícios, lugares inimagináveis.

Não, queridas, aqui não há amor, aqui não há orgia, aqui não há Carnaval.

Sim, queridas, aqui há amor, orgia e Carnaval.

Entendam como queiram, no que eu digo nada mais é provável do que o possível e nada é tão impossível que seja considerado improvável.

Da minha vida e da sua, sabemos nós, eu um pouco mais da sua, você um pouco menos da minha, uma vez que me fazendo entender adquiro tantas e tantas perguntas partidas de ti. Sábios são os que aprendem mais respondendo do que perguntando...

Lá de onde eu vim, o mundo faz poucas perguntas, aprendo pouco.

Lá no horizonte dos meus olhos, o Sol se põe, lá por trás das montanhas verdes, a minhoca de metal que atravessas morros, que nasce e morre nas curvas da estrada, lá onde eu posso ir e vir, cambaleante sim, vivo por dentro, acendendo como um cigarro a labareda das minhas cinzas mortas por aqui, lá onde o sentimento se esvai, onde o sentimento se vê, onde o sentimento dá lugar à saudade do que faz bem e do que faz mal, lá a vida se faz contraditória mas quando estou lá não lembro de cá, quando estou lá, minha mente é vazia e meu coração é repleto, lá onde meus olhos brilham, onde meu queixo cai, taciturnos peitos batentes de paixão, ladrilhos de carinho, asfalto de sobremesa, cores e mais cores com canudos, e multidão, sim, a multidão precisa, outra vez, essa multidão é muito precisa, como as horas do relógio que voam, como as aves que dão o ar de suas Garças, de seus canários, de seus periquitos e afins, tudo ao redor é magia, tudo ao redor são palavras falsas, recheadas de sentimento, ou orgia, ou Carnaval... 

Entendam como queiram, queridas...

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O fulano e a formosura do Catumbi


Gosto pouco desses meus monólogos com quem não tem ouvidos para ouvir-me, pois faltam-me as certas palavras nos instantes que preciso as escolher, nos momentos decisivos que fazem parte da coletânea básica do meu vocabulário, quando analiso as possibilidades de poder ou não explanar aquilo que se encontra na ponta da minha língua de desejo.
Pois nem que as almas se levantassem e me fizessem frear o corpo, eu seria impedido de dar cabo à minha vontade, nem que as catacumbas de Catumbi Cemetery abrissem sob meus pés, eu me deixaria cair nesses sete palmos malditos a querer brecar tal libido, nem que o mundo se colocasse de cabeça pra baixo, nem que a negatividade me atingisse, nem que eu me visse em desvantagem para tantos outros que almejam o mesmo que eu, não... esses outros que caiam em covas fundas.
São tantas as ocasiões que pedem, enlouquecidas, para serem vividas que vejo em mim um eterno pecador a deixar de lado todas as incríveis situações que tive o prazer de participar não dividindo, assim, esse conhecimento todo com o próximo, não abordando os detalhes das emoções que acometeram pessoas de diversos quilates, levando-se em conta o solo fértil das redondezas de Catumbi, local extremamente propício a extração de metais valiosos, extração lenta, devagar, sem pressa...
Pois que digam o que quiserem; que o tempo não foi meu aliado, que as palavras prometidas demoraram a chegar, digam ou gritem sobre meus erros e minhas sinceras mentiras! Estarão todos certos, porém do final feliz dessa história só o sei eu.
O fulano ia caminhando pela rua meio apressado,
ele sabia que estava sendo vigiado...
Cada uma das esquinas que enobrecem o bairro de Rio Comprido foram detalhadas na obra de Machado, e árvores não faltarão a cair frente aos pés do escritor para que haja o certo caminho até os lábios de sua amada. Outros autores ajudam esse que vos fala.
Mas não quero abordar o que a palavra diz; sou apenas condutor do sentimento do fulano que vinha pela Haddock Lobo, quem sabe uma outra daquelas rua que não me vem à cabeça nesse instante, Moura Brito talvez, intenso e tolo, caminhando sem rumo até que em sua direção, a perfeição do marrom se destacou na paisagem cinza do bairro antigo. Quiçá os deuses tivessem deixado escapar do reino dos céus tal anjo sem asas a caminhar assim tão solene perto de imortal perseguido... quisera eu ser o imortal perseguido.
No ímpeto do medo, tomou de si os olhos com os quais nascera e influenciou um sorriso desejado no rosto de sua nova musa... que sorriso lindo, que lábios meigos, que olhar fatal sem pretensões algumas, que olhar devasso cheio de pureza, e seus pensamentos tão próximos mas que sempre se fizeram tão distantes se encontraram sem que uma só palavra pudesse ser dita, assim que o horizonte se fez ínfimo e nulo, no encontro dos dois corpos em meio à multidão precisa de um sonho vestido em falsa realidade...
Pois deitaram outra vez os mortos, presos em suas almas, nos sete palmos abaixo da terra fofa e fértil, fecharam-se todas as catacumbas, as árvores caídas, cortadas por Machados ou outros autores, ergueram-se novamente a fim de dar mais esperança nos tons de cinza da Tijuca; metais, preciosos ou não, subiram aos céus fazendo brilhar ainda mais o Sol que os iluminava e nada, simplesmente nada, pôde deter o que já estava escrito, mesmo que prometido, porém ainda não realizado...
Ó que formosura...

Novas palavras sobre a União


União dos Conquistadores de Mulheres
Vieram assim pelos cantos da vida, analisando cada uma das partes envolvidas, não tinham muitas palavras para abordar o assunto principal e foram rondando as possibilidades, vendo qual pressão era necessária para adentrar onde ninguém antes esteve.
Foram caminhando sem pretensão, adentrando pelos becos escuros, foram por onde não tinham ido antes, talvez pra exercer algum tipo de influência sobre este que vos fala, talvez para se sentirem um pouco melhores com suas vidas medíocres até então.
Esquivaram-se de alguns pormenores, deixaram de lado suas amizades que não traziam saúde à jornada, se intitularam como outros, diferentes de antes pra que pudessem enxergar com seus próprios olhos que o futuro poderia ser bem melhor do que fora o passado.
Cresceram por dentro, cresceram por fora, analisaram o mundo de uma perspectiva nova, viram que o lodo não é a lama, viram que onde se escorrega não há paz, viram na pureza da terra molhada a fatalidade de um querer tão puro que jamais outro homem que pise esse chão poderá sentir.
A grama fofa nunca mais nascera onde seus pés planaram...
Acreditam, hoje, numa paz de espírito completamente além do que aquele antigo aquém os reservava, são novos homens, homens em fé de moral e mente, homens que vão rumo ao seu destino sem olhar para os lados, sem que idéias alheias lhes façam a cabeça, são homens de cabeça feita, cabeça forte, pensamento reto.
Não precisam mais que lhes digam de que lado nasce o Sol, a bússola do caminho está dentro de seus corações, a verdade das estradas a serem percorridas está inerte, plena, intensa dentro de seus olhos, sangue nos olhos, coisa de homem, coisa sem significado porém de enorme impacto.
E eu sei. Sim, eu sei que o tempo andou sendo dono de seus novos passos, eu sei que a felicidade é o que os guia, eu sei que a brabeza da alma se espelha firmemente da franqueza das palavras e essas sim, são a chave da conquista que os une, e que une quem deseja se unir a eles...
E eles, senhores, eles somos nós.
Pois na delicadeza do que digo, na intensidade do que falo, na maestria do que canto, o reino dos conquistadores de mulheres, desde que seu rei foi morto, um presidente fora posto, e este que dialoga nesse momento, entende cada um dos homens dissertados acima, pois os ensinou os caminhos melhores a percorrer, pois os guiou com sabedoria pelos cantos escuros dessas noites;  adestrou, como fora adestrado no tempo do reino, e há de continuar assim enquanto vida houver.
Não há saudade nem nostalgia, não há medos nem preocupações, somos todos iguais no ritmo frenético que é nossa correria, somos todos levados pelas batidas do coração ou do funk, pelos bumbos do peito ou do samba, pelas palavras dos conquistadores ou de Deus... vamos todos juntos sem receio ou opção diferente, vamos todos na rotina pra modificar o indiferente, vamos juntos sendo todos pois do contrário, nada seremos.
E o mais, não há de ser escrito, há de ser vivido, há de ser contado de bocas a bocas, entre línguas benditas, entre corpos que se batem, entre ondas que se beijam.
O mundo é pouco, as pessoas são demais. A UCM é suficiente.

sábado, 1 de setembro de 2012

Zé Matuto matutou

Jânio Quadros, autor da frase Filo porque Quilo

Se você for por esse lado, vou ser obrigado a subir. Vou no alto pois de lá te vejo pequeno, vou voando porque assim chego mais rápido, vou de boa pra voltar melhor, vou leve e o que volta pesado é só o bolso.
No mais, a vida te mostra que nada é fácil, ninguém chega nos confins do mundo com delícias a contar sem que antes tenha suado a camisa, nenhuma surra foi em vão, nenhum trem cheio em madrugadas terríveis depois de todas as aventuras em eventos históricos levando na bagagem do transporte toda a ressaca que pode haver, não, não foi em vão, os contracheques magros não foram em vão, pois sabíamos fazer do pouco, muito... a multiplicação dos valores é fato consumado na carteira de quem gasta.
O mundo não se faz em dinheiro mas se compra nele, tá preparado?
Desde que o médico informou o sexo à minha mãe, estou preparado.
Vai por esse lado que é melhor pra você, jovem, me deixa voar, me deixa partir rumo ao desconhecido, deixa eu bater minhas asas porque o vento do meu sopro te joga no chão de longe, lá de onde eu estiver, minhas asas de liberdade e labuta vão te fazer gelar de frio aqui...
Vou ganhar o mundo.
Vai matuto, caminha por aqui que eu tenho receio do que posso fazer se começar a correr. Fica flexível a ponto de esticar, a ponto de crescer, a ponto de justificar tua passagem pela vida. Não se espelhe em mim. Você pode quebrar o vidro e o reflexo não será coisa boa. Recomponho meus pedaços, me junto devagar, uno todas as partes com a cola da aventura, reúno forças no além pra que minha jornada não tenha freios.
A coisa tá difícil, matuto?
Por aqui a coisa tá suave...
Tenho meus princípios, tenho minhas moedas, tenho minhas verdades incontestáveis, tenho todas as histórias estranhas que me acometeram num passado próximo, quiçá ontem, e o que guardo sob a manga do braço direito é mais do que tu, um dia, poderia transportar, ó matuto infeliz, traçando falsas linhas, fingindo alegrias infinitas como se pudesse, de alguma forma, entender o que é felicidade.
Só o digo porque o vivo. Não me deixo estar porque a inércia do momento não se compara à velocidade do movimento. Sou desses, matuto, sou desses que anda por aí sem destino, sem telefones na mão, deixando de lados os registros só pra não invejar os invejosos, sou desses que corre ao invés de caminhar, sou desses que prefere a Lua ao Sol, sou desses que, na madrugada, tem mais motivos pra enxergar do que no dia, sou desses que passa por você com a mente aberta, com o corpo fechado, com sangue nos olhos, pois homem de verdade, matuto, tem que ter sangue nos olhos, tem que ter sorriso no rosto, tem que ter falsas verdades e mentiras sinceras no bolso...
Sou do mundo e o mundo é meu.
Cabe aqui tudo que você possa imaginar, arrumo confusões intermináveis e me presenteiam no dia seguinte, filo porque quilo, ou como queira entender a gramática que nunca fora meu forte e ainda assim há raios de sol depois da tempestade, sou intenso e absurdo apesar dos trâmites do passado, passado de glórias e sofrimento, passado de dificuldades e entendimentos, passado que é a verdadeira forma mais clara de se analisar o presente, com o intuito de mudar levemente o que há de vir amanhã...
Mas vamos devagar, matuto.
Fica você daí, eu vou por aqui, não entra no meu caminho porque eu não gosto de azar.