sexta-feira, 22 de maio de 2009

O canto das três raças

Num canto do Brasil, um lamento triste sempre ecoou, mas meus ouvidos ainda não tinham tido a plena noção do gemer que grita desde o mais alto ponto até o mais baixo. E nem sequer qualquer tipo de questão fariam meus ouvidos de querer ouví-lo pois o sofrimento é contagioso e a chuva que rolaria dos meus olhos não precisa molhar mais o chão que já se mostra inundado...
Pairei como uma pluma ao saber do que não se esconde, mas nunca esteve à vista de meus olhos. Preciso sempre que sussurrem ao meu pensar tudo que se atropela todos os dias pois a massificação de notícias deixa-me perdido nessa aldeia global que vivemos. Uma aula interessante, uma música bem cantada, um jornal amassado jogado em outro canto do Brasil... são coisas desse tipo que abrem meus olhos pra enxergar esses erros que não se diminuem, esses erros eternos de tristeza pura e complexa, esses erros que não se acertam jamais pois os interesses são maiores do que a razão, esses erros que cometo, os mesmos que você também comete.
É triste perceber que tudo que acontece não tem nenhum propósito senão nos fazer lembrar das desgraças que o passado nos trouxe. Não lamente pelo que tenha acontecido pois, felizmente, a culpa não foi sua. Estávamos em qualquer outro lugar na época em que tudo se desenrolava da forma errada, estávamos no pensamento de um futuro que prometia falsas esperanças e se profetiza nos dias de hoje. Os profetas de antigamente ainda se encontram nas várias esquinas de nossas mais humildes ruas, gritando suas próprias e interesseiras verdades dentro de casas ditas sem fins lucrativos. Nada mudou. Nada vai mudar.
E tudo o que era o básico do passado continua sendo visto nos dias de hoje. Por mais que mudem os nomes, por mais que as pessoas tornem-se diferentes, a crueldade ainda é evidente nos eternos crimes culposos que fazem desse país tão triste. As pessoas enxergam o que querem, e a maioria prefere ver as belezas naturais do Brasil, com suas bundas grandes, seus morros verdes, com suas praias lindas, com o autor que vos fala, mas um lamento triste ecoa nesse momento nos meus ouvidos e não posso me calar diante da verdade empírica que acho ser a suprema, por enquanto.
Digo, não por simplesmente querer um motivo pra escrever, e sim porque já não se aguenta mais em mim todos os equívocos que estão jogados pelo mundo e essa necessidade de auto-ajuda das pessoas que se alienam em busca de uma ignorante individualidade que, talvez, seja o maior erro de todos. Será que precisamos mesmo de palavras escritas em um papel para saber quem realmente somos ou como devemos nos comportar perante as ações que semelhantes produzem? Será que precisamos realmente gastar fortunas para deitar nos divãs mais fofinhos e passar horas ouvindo o que já estamos cansados de saber?
Um canto de três raças já não me diz mais tanta coisa desde o momento em que comecei a divagar. Vejo agora que a situação é bem mais grave do que aparentava ser; o pensamento mais uma vez me transporta à novas descobertas das quais, talvez, não me interessasse por saber se antes da imaginação a informação da previsibilidade me fosse dita. Bem mais do que apenas três raças entoam seus soluçares de dor. Nem a revolta dos homens de bem, nem a revolução que sempre deixará cicatrizes, nem a espera infinita pela transformação da mente humana, nada disso dará jeito no que já foi escrito, nada disso fará mudar o que estamos preparados pra viver. A evolução trata de cuidar do que não se pode impedir.
Os movimentos passam, pois é a tendência da modificação e interesse pelo novo. Mas nem a sentimentalidade do Romantismo, e a frieza do Realismo podem se igualar à dor de um povo acostumado a sofrer e que faz de cada dia o mais feliz só pra tentar ser ainda mais forte do que o dia passado. Nada grita mais forte do que a voz do povo que busca uma luz no final do túnel, mesmo sabendo que o túnel nunca acabará.
Todo o povo dessa terra, quando pode cantar, canta de dor. E cantam felizes...
P.V. 14:30 22/05/09

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Aconteceu no dia das mães...

Histórias possuidoras de começo, meio e fim são muito previsíveis, mas nem por isso perdem a mágica do enredo apaixonante no qual são baseadas. Eu, com a imprevisibilidade que Deus me deu, procuro desenhar na mente os fatos que pretendo realizar, porém as experiências me mostram o quão falho eu posso ser ao tentar adivinhar o futuro próximo. Mas a felicidade é jogada em mim quando as dezenas sorteadas são aquelas que minha voz gritou primeiro.
O dia das mães nunca foi tão feliz.
Temos muito o que pensar, um pouco mais a dizer, e uma infinidade de coisas a fazer, no entanto o tempo e as obrigações mostram-se inimigos do amor de sangue que é nossa característica principal. Já tinha minhas intenções certeiras quando me encaminhei para o local, mas não imaginava que seria tão perfeito como foi. A conversa é necessária, porém melhor uso da boca se faz quando duas se juntam. E meu pensamento não era outro, senão beijá-la enquanto as palavras se embaralhavam no ar vindas de todos os lados.
Momentos propícios devem ser aproveitados e, como sempre, aguardei a hora certa pra que pulasse em cima de minha presa. Uma tigresa era minha presa.
Lindas mulheres passam pela minha vida, mas poucas brilham como a de ontem brilhou. Por mais que o Sol mostrasse força no céu, nada ofuscava mais meus olhos que o sorriso estático na minha frente. E me esquentava também. O Sol pode emanar calor, mas não possui o fogo que o toque dela me proporcionou.
Finjo não me interessar para atrair, mas dessa vez não consegui ser falso pois minhas atitudes mostravam o contrário. Um ano inteiro havia passado desde que a vontade fora despertada dentro de mim e já não sabia mais o que fazer senão beijá-la e jamais deixar de beijá-la.
A gente se aproxima, se encosta, se encara e foge. E tudo faz parte do jogo da sedução que aumenta meu desejo, o desejo que ferve dentro dela. Mas não consigo esperar, então faço da vontade uma realidade e me entrego aos seus lábios. Me entrego pois não pertenço a mais ninguém, não pertenço a mais nada. É só o dia, a luz, o Sol, eu e ela, e o beijo. E parece que nada mais interessa, nem o copo de cerveja pendente na mão, nem as pessoas que passam na rua, nem o ciúme que pode ser sentido. Nada, naquele momento, era mais importante do que sentir a sua língua dentro da minha boca enquanto minha mão descobria seu corpo em cada centímetro de perfeição que ele podia me apresentar.
E tudo se torna eterno quando se conhece a melhor parte de alguém, quando se experimenta a melhor parte de alguém. Essa melhor parte ainda há de me trazer bem mais do que já trouxe. Pois o ritmo de nós dois mostrou que o desperdício é evidente, que há muito tempo já deveríamos ter nos entregue ao desejo. Senti seus lábios, seu corpo, sua língua, seu toque. Senti um sentimento antigo e um desejo novo. A paixão não tem mais fim...
P.V. 09:28 11/05/09

sábado, 16 de maio de 2009

Seja minha

Ainda me perco nesse mar de libido mostrando que o amor ostenta a eterna fama de estar em segundo plano no meu coração dando lugar mais uma vez à paixão incandescente que me faz suar. Mas é óbvio que o que digo é a mais pura verdade pois o sentimento é angelical e jamais terá em sua essência algum tipo de falsidade. Meu peito treme quando lembro do seu perfume, do seu toque suave, da sua meninice infantil que é todo o charme que emana dessa mulher que se esconde de mim, quando lembro do seu sorriso sem igual, sua boca que já me pertenceu...
Foram dois momentos que pude sentir a verdadeira noção do que é saber o que é ser o homem mais feliz do mundo e admito que em outras ocasiões não a largaria assim tão fácil, só pra tê-la em meus braços alguns instantes,pra provar dos seus lábios com mais intensidade, pra mergulhar sem receio de me afogar naquele mesmo mar que antes mencionei. E diga-se de passagem, como Deus caprichou quando jogou um dos seus mais belos anjos aqui embaixo, aqui perto de mim...
Vivo a esperança de uma possibilidade de, mais uma vez, estar frente a frente com uma das mulheres mais lindas que vi em minha curta vida. Posso vê-la agora mesmo quando fecho os olhos e fantasio na mente as mirabolantes situações que sonho realizar ao seu lado, entre quatro paredes, ou não..
A lei não me permite fazer qualquer uma das coisas que passam pela minha cabeça, mas nenhuma Constituição até a presente data, censurou os sonhos de um jovem apaixonado. E meu desejo é tão grande que extrapola os limites do que é certo ou errado. Só quero satisfazer minha vontade e fazer feliz aquela que mais amo.
E nem sei o que sentes por mim quando leio suas coloridas palavras que tanto conseguem iludir meu coração e fazer brilhar meus olhos. Penso (talvez seja um dos maiores erros) que nada do que vejo seja sincero, mas a razão nunca foi mais forte que a vontade e continuo tomado pelos seus olhos que são donos de mim. Seja minha. Seja minha hoje e não pense em como acordará o dia de amanhã. Simplesmente se entregue ao prazer de não saber o que esperar, sinta-se amada e ame com a vontade de uma criança. Seja simples, seja espontânea, seja minha. Faça caretas, não seja careta. Beije minha boca e caia em meu corpo como se fosse o único lugar em que estivesse salva. Sinta tudo que a juventude proporciona a nós que temos tudo para sermos os melhores. Eu te quero tanto quanto você me quer, portanto, mostre ao mundo que eu sou seu maior desejo e você será minha. Só minha...
P.V. 16:30 13/05/09

quinta-feira, 14 de maio de 2009

O impossível

Preciso de uma musa que me inspire nos momentos de ócio
que me beije a boca quando tremerem meus lábios
que grite quando eu nada quiser escutar
que me ame sem que eu saiba
que me vire a cabeça
que me vire o corpo
que me vire a mente
que me vire ao avesso
que me retorne ao seu começo
que me bata sem precisar apanhar
que me morda mesmo estando sem fome
que me chame de seu homem...
que me chame de seu homem
que me faça dormir durante o dia
que me faça querer o que antes não queria
que me faça sentir um amor verdadeiro
que me complete e me complete por inteiro
que me faça chorar ao bater a saudade
que me faça lembrar da sua felicidade
que me ame como jamais amou ninguém
e me faça ser o seu maior bem.


P.V. 18:08 11/05/09

Numa dessas caminhadas

Ando devagar, mas ainda tenho pressa. Entristece-me o sentimento saber que não produzo o que tanto posso produzir, que não corro nos meio-fios que as ruas me oferecem, que insisto em permanecer errado e sem mira de obter o que é certo. Estou realmente preocupado com o que pode acontecer comigo daqui pra frente pois não vejo futuro algum nas minhas palavras, não vejo futuro nenhum em tudo que faço, não vejo nada em nada. Estou cercado por um vazio falso que não conseguirá jamais preencher o pote de felicidade que eu carrego nas costas.
Ando triste, mas ainda quero ser feliz. Tantas coisas que eu já tenho e nada disso faz a minha cabeça, tudo que me envolve já não me deixa satisfeito pois sempre desejo o que não me pertence. E o povo nas ruas já falam verdades sobre minha pessoa que prejudicam ainda mais o meu “tentar fazer alguma coisa decente”. Estou afundando vertiginosamente nessa poça de lama que já foi de chocolate e agora não passa de terra fétida misturada com água suja. Estou ilhado até o pescoço e ninguém pode me ajudar.
Ando sem vontade, mas ainda prefiro correr. Tenho saudades do passado e isso também me mostra coisas que não me alegram. Porque se tudo que faço é do presente, não quero mais lembrar de nada do que já aconteceu pois o que já foi não volta mais. Meus sorrisos estampados nas fotografias antigas, pedaços de papel que conseguem guardar pra sempre um momento de felicidade, são os mesmos sorrisos que dou agora. Mas tanto hoje como no dia que a foto foi batida, não me sinto completo, não me sinto bem. Mas se daqui a alguns anos eu vou lembrar do sorriso de hoje, vou dizer que sinto saudade da alegria que não tenho.
Ando descalço, mas ainda não furo meus pés. Pois piso nos lugares únicos em que ainda confio, nos lugares únicos que sei que poderão aconchegar meus pés tão queridos por todos ao redor. A vida vai e volta mas meu pensamento parece estático numa ação eterna que não tem mais rumo ou destino. Em alguns momentos penso que tudo não passou de nada e agora simplesmente vegeto sem ter pra onde ir, sem que minhas pernas possam me levar àquele lugar que jamais soube qual era. E tudo isso é tão triste de se saber que penso duas vezes antes de escrever tudo isso. Tenho medo de eternizar e tornar maior a verdade que tento esconder de mim mesmo.
Ando por andar, mas ainda acharei meu caminho. É justamente o que procuro quando tento invadir o local que não me pertence, quando tento descobrir o pensamento de quem não me conhece, quando escrevo palavras soltas pra pessoas que jamais imaginarão que estiveram dentro de mim. Justamente nessas horas que eu tento me encontrar, que eu tento me achar nessa bagunça toda que se tornou a vida minha, que já não posso abandonar pra que lágrimas alheias não sejam derrubadas devido a ações inconsequentes que partam de mim.
Já andei demais na minha vida, mas não estou cansado. E nem me daria por vencido se assim quisessem, pois não posso entregar os louros das vitórias que já alcancei assim que um simples problema se jogar em mim. Sou grande, sou tudo, fui algo e serei ainda mais. Minha esperança renasce a cada segundo que passa a partir de agora e não poderemos mais viver sem essa verdade, sem esse sentimento único que irá reinar por dentro da minha mente. Não abrirei mais meus olhos para o que não me faça bem. Não quero mais enxergar as coisas que não me são bem vindas à vista.
Vou indo... pois não quero me atrasar.
P.V. 20:18 12/05/09