quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Escrevendo o invisível ²

Foi um leigo aquele que me enviou a mensagem à mente sobre acalentar em meu profundo pensar a tese de escrever o invisível. Pasmei-me com poucas reações quando me vi concordando e aceitando tal absurdo que, por tão absurdo ser, pareceu-me notável e interessante. Não há nada mais interessante nesse meu mundo mesmo... que seja, experimentemos o que não existe portanto, ou para os mais íntimos que conhecem mais da verdade, o que não está sendo visto.
Deixei-me estar por algum tempo, ausentei-me dos assentos luxuosos e teclas que brilham pedindo por meus dedos por algum tempo, retirei-me, pus-me num casulo sem metamorfoses, transformações zero, algo meio sem sentido que é justamente o que pede o invisível, o não visto, o silêncio das imagens ou das ações em prol do que realmente pode valer a pena.
E fechei meus olhos.
Há muito o que se ouvir e quando os olhos nada enxergam as palavras têm mais significado, têm mais poder, não influenciam em nada as idéias que já possuírem algum tipo de formação dentro da minha mente, mas, de uma forma ou de outra, ajudam a modelar a beleza que ainda é necessária.
Basicamente, a vida mostrou uma gama bem variada de opções e os risos soltos, os elogios tamanhos, a fama e o luxo, o dinheiro que não chega ao fim, as possibilidades que podem ser criadas a partir de toda essa pirâmide de mil pontas fez minha humilde pessoa abrir pelo menos um dos olhos antes que todos parassem de falar, só pra que a atenção fosse desviada um pouco... em pé, eu posso sair flutuando. Prefiro ficar sentado.
E toda a oposição de valores à qual eu vou me submetendo, todas as gritantes diferenças que eu vou enfrentando, todos os medos estranhos que vão lambendo minhas costas e arrepiando os poucos fios de cabelo do meu corpo me deixam um pouco desconfortável pra seguir caminhando nesse certame estranho.
Lágrimas não combinam com sorrisos, duas portas com destinos diferentes que estão a minha frente e pedem, loucamente, para serem abertas, mas eu preciso escolher qual caminho seguir, se, por um lado, abro a porta das lágrimas, posso ser levado pela enxurrada de tristeza e, quem sabe, morrer afogado num futuro não muito distante, ou pior, que fosse distante; por outro lado há a porta dos sorrisos, uma boca vermelha cheia de dentes muito brancos gargalha de forma tão bela no desenho ilustrando a felicidade que há por trás dela, indicando o caminho a se seguir, escondendo, porém, uma meia verdade, de que a cada vez que essa porta é aberta, muitas lágrimas mais são choradas na porta ao lado.
Mostra-se o invisível...
Certas coisas o mundo não vê, certas coisas não deviam sequer ser vistas, mas a sociedade tem suas opiniões, costumam dizer o que vem na cabeça e conselhos, se bons fossem, dados não seriam.
A expectativa é grande, mas o invisível continua sendo maior que o autor.
P.V. 21:43 23/10/10

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