E seu táxi foi embora...
Só porque quis, porque não compartilhou da velocidade que é o tempo quando o vermelho atinge toda a verdade que a vida pode oferecer, só porque a vida é mais do que o tempo e o tempo é um pouco menos que a vida nos instantes exatos em que a água cai dos céus e lembramos daquela velha canção onde se pede que a chuva caia do céu mas que caia de mansinho...
Não dirá jamais ao seu amado muito mais do que ele já saiba, da mesma forma que não o direi eu, à minha amada, tudo já que ela sabe, porém guardemos em nós, guardemos em nosso peito todo o desaforo de nosso amor, toda a dor de nossa partida, todo o sofrimento de nossa união, uma vez que a ida foste bem forte tanto quanto a volta, prevista no futuro de nossas intenções.
Tenho pra mim essas possibilidades e não abro mão de nenhuma delas, uma vez que o que está aqui dentro não passa de uma saudade absurda da amizade que fora enquanto jovens fôramos.
Minhas palavras se resumem em muito pouco e esse mesmo pouco é o suficiente para atender-lhe o pedido se assim o houvesse.
Querida, queria, desde que o mundo pôs-se mundo, fazer-te feliz, porém há outro entre nós e sendo este entre nós, não há possibilidade viável que eu possa conjecturar a livrar-te desse bem trazendo-te de volta ao mal que bem lhe fazia.
Sei das minhas possibilidades e de todos os meus erros, sei da minha opção errônea ao deixar-te, mas também lembro da minha felicidade ao escolher-te além da fartura das carnes.
Sei que as brancas blusas se representam em esquinas frias ao meu toque, ao meu ver, ao meu passar diário pelo local no qual nos esbarramos felizmente pela primeira vez, no entanto há tanto que nos separe que meras ligações não seriam suficientes para dizer-me o quanto te dói essa distância, o quanto te doeria essa presença, ainda que coincidente.
E seu táxi foi embora, talvez fosse um carro batido, porém ainda assim, o vermelho da minha velocidade te abrigaria bem melhor se sua escolha fosse diferente, se tua necessidade se concretizasse em mim, se o teu desejo viesse à tona deixando de lado a voz da razão substituindo o certo pelo seu eterno duvidoso.
Poderão mares caírem dos céus enquanto o colorido da vida me faz feliz, porém nenhuma água irá, um dia, se comparar àquela que molhou nossos corpos unidos num só.
Tenho pra mim que os ares de Muriqui me trazem boas lembranças de ti, mas não serão as águas desse mar sujo que farão apagar sua memória do meu coração.
Em ti vivo, em ti sempre viverei.
2 comentários:
Lindíssimo :)
Lindo, perfeito...
Postar um comentário