domingo, 19 de setembro de 2010

A fumaça do meu cigarro

Falar do que já se foi não deveria ser permitido de forma alguma, deveriam prender esses homens que se embriagam em algumas tardes eloqüentes e se deixam levar pelas palavras que saem de suas bocas e adentram no passado que já morreu para dar pano à manga das vontades de querer refazer os erros que já morreram, apodreceram, foram comidos pelo mundo mas ainda deixam seus perfumes pelo ar quando passamos perto de seus cemitérios...
Seda Verão Intenso... um belo perfume...
Foi-se como um par, o vento e a madrugada iluminavam a fada do meu botequim. Bêbados eternos conseguem entender as palavras que venho dissertando desde tantos anos para miim mesmo poder me entender num distante futuro, tão distante que deixará os perfumes ainda mais saborosos, assim que sentidos.
Parei, sentei, a ocasião pedia um cigarro, o acendi sem vontade de terminá-lo, saboreei com vontade o copo que se colocava em minha frente, não tinha medos nem anseios de jovem desacreditado, não era mais aquela criança que todos me julgam como ainda sendo, não andava mais os passos tímidos do tempo em que o mundo não me pertencia, traguei mais uma vez e vi na espessa fumaça que saía de minha boca todos os desenhos perfeitos dos dias mais interessantes que já vivi, mergulhei de cabeça em tudo que me pertencia e fui feliz.
Diz-lhe numa prece que ela regresse porque eu não posso mais sofrer, chega de saudade, a realidade é que sem ela não há paz, não há beleza, é só tristeza e a melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai...
Queria ser poeta. Minhas teses não tem mais base alguma, a concreticidade das minhas idéias se perdem perante tanta rima, tanto ritmo, tanta melodia numa só massa, tanto dito em tão pouco, e minhas coisas tão longas e sem pertinência não parecem mais abster o que tenho para contar, por isso afirmo, tenho pouco para contar, ultimamente.
Mas vi de uma forma diferente, quando subiu minha fumaça, quando desceram dos céus os anjos que podem me dar a direção correta, quando pensei com outras cabeças mais sinistras do que as que eu estava acostumado a pensar, e vi que não queria saber de forma alguma o lado que o Sol nasce, queria tomar as rédeas da minha vida, tomei a decisão maior de todos os tempos desde que me faço gente, desde que me vejo vivo, desde que a vida me colocou pra fora do útero e tive que galgar os objetivos sem olhar pra trás e engolir o choro em cada momento frio ou triste que eu vivesse.
A fumaça do meu cigarro foi mais alto do que eu esperava, adentrou em outras mentes, contaminou completamente o mundo que estava girando em minha volta, foi amaldiçoando os transeuntes que passavam sem culpa alguma pelo lado, e começaram a me seguir, deram-me títulos de Excelência, tive algum medo por um tempo de não corresponder ao que me foi ofertado, tentei fugir com meus erros previsíveis, não pude pois a fumaça era mais forte que o que meus olhos podiam ver, parei, sentei, essa ocasião pedia mais um cigarro...
Deus é testemunha de tudo que venho passando.
Quem entende, pode me oferecer o ombro.
P.V. 17:54 19/09/10

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