quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Mizael e Maria Elvira

Deve ser por isso mesmo, deve ser a minha alta idade que vai se aproximando ou então a grande expectativa do resto do mundo em cima do que eu posso e do que eu sei fazer e essa minha vontade de nada fazer, ou melhor, de melhor fazer, de fazer de outra forma, da minha forma, sozinho...
Sozinho eu sei mais da minha vida e das possibilidades que podem ser criadas do que em conjunto, e o mundo me prova isso a cada instante, fato meu e fato velho que não preciso trocar em miúdos, pois as idéias que andam na minha consciência dizem respeito somente a mim e mais ninguém.
Deus é testemunha do que é verdade e só disso Ele pode entender, não querendo justificar qualquer tipo de incapacidade do Senhor para outros assuntos, nem querendo livrar de mim o motivo e as causas de quaisquer pecados que eu venha a cometer, mas a mentira passa longe, o medo é inexistente, os erros e os percalços do destino são coisas demais pra que Deus tome conta e faça seus respectivos milagres nos pequenos problemas de cada um, nos meus também.
Não há o que se diga quando o assunto em si é o que mais importa.
Se me dizem que um fragmento do instante pode ser idealizado de uma forma diferente se colocado dentro de um outro fragmento maior, o que ele realmente pertence, eu acredito piamente. Um texto fora de contexto é só um pretexto...
A prostituta, portadora de sífilis, sem dentes, sem casa, sem caráter fez um homem se apaixonar.
Palmas para ela.

E isso não é demais quando a gente tenta entender o lado de quem ama, de quem se apaixona, de quem está somente no mundo com a intenção básica de viver cada momento de cada vez; quem vai querer que o mundo entenda o que é uma relação e o que significa o passado de cada pessoa, e quem vai colocar na balança o peso do amor sentido comparado a tudo que a outra pessoa já fez ou ainda faz com sua própria vida? Qualquer balança desse nosso mundo plano se quebra quando se coloca o amor numa ponta...
Mas o homem não queria entender quaisquer coisas do tipo, e fez toda a questão de lhe ter da forma que fosse, chamou médico, dentista, costureira, deu-lhe casa, deu-lhe amor. O enredo da história me sufoca e termino pelo fim, os seis tiros pelas costas que a ex-prostituta ganhou caindo ao chão pra não mais levantar.
E queiram julgar a casca do pão sem conhecer seu miolo...
Vou lá no meio do povo, entro e saio de cada história, entristeço-me com o homem que tirou a mulher da vida que lhe fazia feliz a colocando num patamar para o qual não estava preparada, e sabe-se lá o que fazia da vida também o homem antes de lhe tirar das ruas, antes de lhe tirar o brilho dos olhos, antes de lhe atirar ao inferno, de lhe atirar balas... isso não me importa nem um pouco, nada disso para mim importa, nada que pense o professor, nada que pense o autor, nenhuma discussão dentro de sala de aula, para mim o que fica são os trejeitos do sentimento que viveu eterno desde o instante em que a prostituta foi escrita em pé pelo homem até o último segundo em que ele virou as costas e a deixou estirada ao chão sem vida.
Deus sempre tem razão.
E o padre também quando declama seus sermões.
Que sejamos felizes até que a morte nos separe.
P.V. 11:19 09/09/10

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