domingo, 12 de setembro de 2010

O caso da toalha roubada

Não se fazem mais casais como nos tempos da tradição da minha família... terríveis palavras ao envolver a família uma vez que o exemplo dado não se aplica, mas de uma forma ou de outra eu deveria exaltar alguma coisa que me pertence só pra não parecer tão ruim assim quanto parece. Na verdade, se bem visto, se bem analisado, se bem aprendido, poderia até mesmo usar mais uma vez a família pra justificar o crime.
Que mal existe num jovem que adentra no recinto do amor pleno e de lá sai levando consigo uma lembrancinha, um pequeno item sem mais nem menos importância do que todas as outras coisas pertencentes ao dono do local, já podre de rico por fazer dinheiro a custa do prazer alheio? Que mal há, com essa sociedade hipócrita, que se deixa levar pelos dogmas atuais de que algo que não lhe pertence não pode ser retirado do devido local?? Que mal havia com o rapaz, talvez uma mulher, que escreveu nossa tão querida e repetida Constituição e assinalou lá no grande livro que todo tipo de furto é passível de pena de reclusão, um crime, vejam vocês, um crime...
Pasmei-me comigo mesmo, e me vi um pouco mais satisfeito ao lembrar que o Tio Lula vem pagando os honorários de minha Universidade e, assim, teria a facilidade de uma cela especial, não levando em conta as dores de minha respectiva companheira, cúmplice maior do meu equívoco, segunda voz no crime justificando meus erros, que seria levada ao Juizado de Menores, primeiro por adentrar em recinto destinado a maiores de idade, e segundo por participar de crime, caracterizando, nos termos da lei, uma formação de quadrilha. Acredito que iria parar até mesmo na FEBEM tendo seus lisos fios de cabelo raspados colocando em evidência as tímidas protuberâncias laterais conhecidas como orelhas, pra aprender a não errar outra vez...
Pra que o mundo saiba dos podres poderes que homens como eu tem em algumas ocasiões da vida, eu ponho em papéis limpos o instante que registrou a ocorrência e nossa incrível falta de decoro para com a ética de viver bem no meio do mundo que nos cerca e o exemplo que, um dia, deveríamos dar a nossa tão querida filha.
Roubei uma toalha de motel.
Aaahh... Puritanos! Não me olhem com esses olhos julgadores, esses olhos de quem não sabe o que é roubar alguma coisa num desses dias de primavera, não venham me dizer que jamais passou pelas vossas cabeças a vontade de cometer um delito; covardes... corajoso sou eu que boto a cabo os planos falíveis de minha cabeça e posso sentar com gosto na minha cadeira laranja pra dizer ao mundo as peripécias que minha namorada me faz passar. Tadinha... tão inocente.
Mas aí um senhor calvo na saída parou o nosso carro e indagou, sério e intenso, sobre o paradeiro de uma mera toalha rosada com o logo do Motel (o qual não direi o nome só pra não fazer propaganda de um lugar que não permite aos seus clientes roubarem toalhas) e queria saber se eu não tinha a visto por aí, sei lá, perdida...
O instinto assassino que corre em minhas veias falou mais alto, chamei na sinceridade de minhas falsas palavras, pude olhar fundo nos seus olhos pra quase deixar escorrer sobre minha face algumas lágrimas de comoção e disse: “Sei lá, cara...”
Já era tarde demais, já se via na minha testa o nome de criminoso, ladrão, patife, podia enxergar num futuro não muito distante meu rosto pintado em brancos papéis pregados nos postes de madeira de minha cidade, a recompensa de 52 reais e o anúncio em letras garrafais “PROCURADO, MORTO OU VIVO”... temi pelo futuro de minha filha, e de minha esposa. Mexe comigo, mas não mexe com a escola e a alimentação das minhas meninas.
Como fosse um assassino barato, como fosse um principiante na função, como era mesmo, escondi o corpo da vítima no porta malas do carro, sufocado, apertado, sujando com o sangue ralo o carpete do meu nem um pouco espaçoso porta malas...
Ouvi um papo meio estranho sobre chamar o Pedrão, dito gerente, dito matador, a mão que balança o berço, mais conhecido, na intimidade de “mata-rindo’ e decidi pôr fim ao que não estava mais cheirando bem. Convoquei o senhor calvo num canto bem arborizado, abri o jogo, afirmei sobre os anos que estive internado, sobre a clínica de reabilitação, sobre essa minha mania tão feia de querer o que não é meu, por um momento ou outro fiz questão de que ele não colocasse em jogo, no julgamento e na punição, a mulher que me acompanhava, Durique não tinha culpa de nada, se alguém deveria sofrer as dores do destino, que esse fosse eu, o fraco que ainda não conseguiu se recuperar de seus problemas mentais. E me olhou com sofreguidão nos olhos, tomou nas mãos a toalha, motivo de todo o caos e me disse para partir, partir sem olhar para trás.
O perdão fora dado, nada mais importava naquele momento além de me ver indo, indo, sem que um outro dia eu pudesse voltar...
E disse Durique: “Amor, fecha o vidro, por favor, que eu estou morrendo de vergonha...”
P.V. 09:44 12/09/10

3 comentários:

Karoline disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk'
fdppppp,eu disse isso ?
AHSUBEUHABSUHEBAUHSUBEUHAB
sério, uma boa e verdadeira história que minha filha vai amar saberr.
Obs: MINHAS ORELHAS NÃO SÃO GRANDES!

ps; eu amo vc demaaaaaaaais

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
cara, se fosse parar p. comentar as partes mais engraçadas escreveria o texto de novo .
ainda não acredito que você fez isso =OO

HUAAOISAHUSOAISHAUSOAIAHSUAOIHU

Loucos <3

Anônimo disse...

Vc ja pensou na Karol presa sem poder,fazer as unhas eos cabelos?
Vai matar minha nora.
Ps nâo façam mais isso .Bjs amo vcs
Jussara.