terça-feira, 18 de outubro de 2011

O freio do corpo

“Calma, seu presidente, devagar com as precipitações que a pressão pode aumentar...”
Mas ora vejam, um presidente que se preza, no auge de seu poder, impingido de proporcionar o prazer que se esconde por baixo de suas vestimentas de majestade, no local propício ao amor vagabundo, no escuro da noite, no instante do vazio, do quase silêncio, a Lua no seu pedestal iluminando olhos pra que nossas mãos pudessem ser guiadas aos pontos principais que expulsam sussurros e gemidos das bocas que estão unidas por desejo...? Ponderei sua fala como uma brincadeira de mau gosto.
Porém, o que não cabe em si, extrapola os limites da razão e das roupas íntimas.
Tenho por aqui algumas coisas boas para serem contadas nesses momentos estranhos em que a libido, por mais forte que seja, não consegue ultrapassar os quereres da razão, tenho algumas boas desculpas para fazer alguém esquecer as vergonhas, tenho bons movimentos de corpo que podem fazer rir, e num lance de riso consigo um fechar de olhos, e num fechar básico de olhos, posso ser mais rápido que as mãos alheias e abrir botões que atrapalham as conseqüências tão necessárias.
Admito que não pude acessar essas virtudes, pois a noite era dada como longa, e seu início marcava aquele instante, sem a obrigação notória de burlar as regras do amor sujo com minhas jogadas de malandro, porém a tal da iaba maldita que me cercava e relava o corpo no meu, tinha mais jogadas por baixo do pano do que minha intenção imaginava.
Fiz o que pude, e quando me coloco a fazer o que posso, o universo conspira devagar um medo tão terrível de que outro big bang aconteça, que as estrelas mínguam, a Lua se move devagar, a Terra pára de girar por um instante aguardando, solenes, que minha vontade se esvaia e a civilização, obra-prima mais gloriosa de Deus, possa retornar à normalidade.
Tremeram, aqueles mortais que me acompanhavam no solo abaixo de mim, no auge da comemoração, nas suas mentes fracas de garotos novos observando o presidente desenrolando os motivos pelos quais ele teria razão de eternizar palavras algum tempo depois.
Não se vêem mais mulheres como antigamente, e me desculpo àquelas que vão lendo o que escrevo agora, mas também o faço como se quisesse dar-lhes um conselho suave do que deveriam fazer nos instantes básicos da vida em que um homem as deseja mais do que qualquer outra coisa vigente existente no raio tenso de alguns metros... ora, mas que bobo sou, quem eu quereria enganar? Quem seriam elas, perto do que o fenômeno há de proporcionar, em festas avulsas, em comemorações de aniversários duplos ou triplos, em grandes churrascos planejados por semanas, enfim, quando este que vos fala toma uma decisão da qual não se pode voltar mais atrás.
Fiz o que pude, e se o destino fosse um pouco mais cruel, meus filhos estariam fazendo aniversários atualmente. A vida sabe muito bem como me tratar, a vida me joga na cara cada uma das boas ações que já realizou por mim, vou agradecendo como posso cultivando minhas intensas e sinceras mentiras a cada esquina que me propõem a andar, ou correr, que seja...
No mais, fico com o que tenho que já é um tanto bem interessante e suficiente para ocupar as pretensões de felicidade que venho almejando.
Digam o que quiserem dizer.

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