quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A paçoca

Fui de paçoca.
Nem todo salgado pode ser substituído por um doce, mas qualquer tipo de ilusão pode ser improvisada com a felicidade do momento.
E se são palavras o que tenho para lhe oferecer, coloco-me até mesmo com os joelhos a beijarem o chão, ainda que beijos outros sejam desejados em virtude do que já fora e do que há por vir.
Há quem diga o que queira e esses puritanos que insistem em somente pensar; insistem loucamente em imaginar coisas das quais não tem a mínima noção de certo ou errado; insistem em desenhar minha vida sem as cores que me correspondem, sem o brilho que me é necessário, sem os contornos suaves que ainda faço questão de oferecer ao mundo.
Fui de paçoca, então.
Já que a verdade não transparece, já que o sentimento evoluiu, já que o sentimento regrediu, vá saber por onde anda nossa evolução, abri o pacote amarelo que deveria ser digerido como vermelho, uma vez que essa máquina que nos comporta foi pintada de rubro forte, e por negra ser a noite lá fora, ainda podemos gozar outro prazer, dito futebol, além das carnes que se misturam...
Digam lá, então, os senhores dos doces, minha 'candy shop', que amendoim louco é esse que produz tal paçoca maravilhosa, que cultivo orgânico é esse que traz a fruta até minha boca de uma forma tão pura, e se forem levar a conversa para o lado da boca, prefiro até mesmo me ausentar, que maciez é essa que desliza tão perfeita que jamais outra perfeição poderá se equiparar?
Dirão, e não faço questão de querer assinar embaixo, os puritanos de plantão, ou quem sabe os mais temerosos, que um dia na semana é muito pouco para que a verdade seja vista à tona, ainda levando em conta a escuridão do momento, uma vez que altas horas eram observadas e a noite não favorece os que têm a intenção plena de enxergar alegrias postas em prática quando se menos espera.
Minha paçoca doce, amendoim que levanta o ânimo, felicidade instantânea que preenche minha mente de tantas possibilidades que jamais, mente outra, poderá ser tão fértil a ponto de não necessitar dos adubos da vida, e entenda esse adubo como as merdas que sempre nos acometem nos instantes óbvios em que tudo se faz perfeito, para que eu possa me dedilhar a cada noite com os planos rascunhados, para que eu possa dialogar durante horas com o reflexo do meu espelho abordando todos os detalhes perfeitos e as mil maneiras que estou desenvolvendo em segredo de saborear o tal doce que tanto me assombra as madrugadas em forma de sonhos tão intensos...
O povo é bem visto, a quantidade é bem vista, o preço é bem visto. Se as três linhas se encontram nasce daí um triângulo que há de se eternizar, pois uma vez que a reta finda, o ciclo é infinito... vão lá os senhores dos doces, puritanos e temerosos, vendendo a paçoca em intermináveis promoções a testarem meus desejos mais profundos, a mexerem com a minha carne já surrada, a tentarem meu tesão, e acima de tudo, a provarem meu pecado excessivo da gula.
Salgados caem bem com cerveja...
Algumas noites clamam por uma paçoca.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu sempre adorei paçoca...mas você descreveu de maneira minuciosa esse desejo!Muito lindo! Quero comer uma paçoca agora, mas não tem e agora? Não posso matar meu desejo, o que me resta agora é me deliciar em pensamento com as palavras desse texto!!! E também imaginar seus lábios tocando os meus...

Anônimo disse...

Quando te vi pela primeira vez..não imaginei que pudesse ser tão simples assim! Menino você me surpreendeu, confesso que não sei o que está acontecendo comigo, é algo que não tem explicação! Só vejo você alguns dias na semana por algumas horas! Um homem com a ternura de um menino, você está me fazendo sonhar, isso faz tempo que não acontece, desculpa por fazer este comentário! É algo que não posso controlar, e por favor não tente saber quem sou eu? Só gostaria que soubesse que faz parte das fantasias de alguém de uma maneira linda e platônica! Se descobrisse a graça acabaria...Nas minhas noites solitárias, em meus sonhos você está presente...Afinal de contas, o que seria esse sentimento que arde no meu peito, mistura de desejo e medo?? Será carência, solidão??? Meu anjo não me julgue por sentir...você é especial, não precisou fazer nada pra isso...que bom que você existe, mas só nos meus sonhos você sabe quem eu sou! Melhor assim, existe uma diferença entre nós dois!!! Depois que ler o que escrevi, apague por favor! Boa noite meu amor!