segunda-feira, 9 de março de 2009

O reflexo do brilho do céu


Tem certeza que foi realmente um sonho, ou simplesmente seus olhos que estavam fechados imaginando as coisas que tanto quis fazer? Digo pra você que costumo acordar pra poder sonhar; dormindo, as imagens que vêm na minha cabeça podem não ser do meu agrado e, eterno exigente que sou, prefiro escolher aquilo que penso. Num desses dias que nada mais importante do que nada fazer havia, deitei pra passar o tempo. Então sonhei...
Tão lindo como algo lindo (tome como exemplo aquilo que mais gostar) era o pôr do Sol. Um Sol que se vai é tão triste e feliz ao mesmo tempo que inspira-me ao limite. Saber que algo tão perfeito está nos deixando, trazendo o escuro, nos tirando a vida, partindo sem rumo para bem longe de nós é realmente triste. Mas a espera pela sua volta e essa certeza de que na manhã seguinte lá estará ele mais uma vez, reaviva por dentro o sentimento de esperança que é tudo que nos resta no fim da tarde.
Esperar pelo Sol nos dá idéias de fazer algo que seja no mínimo interessante. Mas sozinho, nada se faz, nada se produz. Olhar o Sol se esvair pelo horizonte deitando soberando no fundo do oceano ali naquela praia deserta que tinha como companheiras as árvores e, quem sabe, montanhas que atrás de mim cresciam sempre que as encarava, tornava tudo tão perfeito quanto monótono... Minguei como o Sol; e sentei.
Toda história de amor, se é que assim pode ser chamada, nos surpreende e joga situações inesperadas na nossa frente. Como quero que tudo seja assim incrível como num sonho que não sei sonhar, criei logo alguém que me acompanhasse naquela aventura. Não poderia passar a noite inteira sozinho esperando um Sol que só voltaria na manhã seguinte.
Veio você, Rayanne... Será que realmente escolhi você no meu pensamento, será que foi algo aleatório, será que era isso mesmo que eu queria?? Ou simplesmente o dono do destino quis assim, e assim foi? Sempre me canso com tantas perguntas e resolvi deixar de lado tantos questionamentos pra recepcionar quem havia chegado de repente:
__Querida, querida, de onde vens, e por que vens?
__Venho do fundo seu coração, perdida no meio do seu coração, livre e solta pra sair do seu coração e pular em sua mente.
__Mas de minha mente você já veio parar aqui?
__Foi justamente no momento que em mim você pensou... precisaste de mim, e aqui estou. Tomas o que é teu.
__Preciso de ti, quero a ti, e aqui sozinhos estamos, no meio da praia deserta, de frente pro mar vazio, encarando a noite que chega de mansinho...
__Pois então beija-me a boca, sente meu corpo, me leve pra onde você for. Sou sua, e quero que também seja meu.
Quem vê, não enxerga a praia pois a escuridão já tomou conta de tudo que nos cercava. E, sinceramente, nada mais importava do que o simples fato de existir o tato e o paladar. O resto era detalhe. Enxergar não mais fazia diferença quando no escuro, beijávamo-nos, e sentíamos o prazer de um simples toque. Se a intenção era de querer fazer chegar a manhã seguinte com mais pressa, nesse momento já queria que a noite fosse interminável, uma eterna escuridão a iluminar nosso prazer. Precisava agora mais da Lua que do Sol. Todos sabem do amor antigo que tenho pela Lua; e se não sabem eu vos digo:
Vê-des tu, Lua, que o amor me atingiu nesse momento e sua força há de me seguir enquanto forte bater o meu coração. Sempre te tive ao meu lado, não será agora que me abandonarás. Vem comigo durante toda a noite e não se vá enquanto a satisfação total tomar conta de nossos corpos. Sou todo teu, mas agora entrego-me a ela. Não sintas tu, ciúmes desta que me acompanha. O astro maior que brilha no céu és tu, porém brilham meus olhos aqui na Terra quando encaro Rayanne. Tente entender o que te peço; reine no espaço, mas empreste por um instante a coroa pra quem me dá prazer.
Acho que me fiz entender. Consegui convencer a Lua que tanto já me ajudou em toda a vida... Nada mais atrapalhava, então me joguei em seu amor que já parecia ser tão eterno naquele segundo. O tempo já não fazia mais questão de correr pois estávamos sozinhos. Ninguém tinha pressa de nada. Tínhamos a benção de todos os que por nós olhavam. Tanto a Lua que era nossa companheira e o Sol que prometera voltar logo mais. Quis sua boca, quis seu corpo, quis sua roupa no chão. Tudo tive, e não me contive. Queria mais. Sempre quero mais...
Hoje só acredito no pulsar das minhas veias. Essas que me indicam o tamanho do prazer que sinto. Elas pareciam querer saltar da carne quando o amor gritou em nome de qualquer paixão que houvesse no mundo. Tudo parecia tão perfeito, tudo parecia ser eterno. Nossos corpos pareciam somente um. Só um corpo que não parava de se mexer. Saí de ti... deitei-me ao teu lado e vi o que ninguém jamais viu.
Vi um espetáculo no céu. Chorava a Lua.
Chorava a Lua com a tristeza de alguém que perde o grande amor, como alguém que sente que aquilo que tanto ama já não mais lhe pertence, vi na Lua a face da morte, do desespero, da tristeza por saber que eu pertencia a outra. No show que desenrolava-se no céu, vi as estrelas que amparavam sua mãe a chorar por não ter mais alguém que a consolasse, alguém que lhe amasse tanto quanto antes. Precipitavam-se sobre nós uma fina chuva, fria ou quente, que eram as tristes lágrimas de uma Lua solitária.
Tudo quanto é exagerado, me interessa, me leva a escrever, me desperta.
Dormi, e meu sonho acordado terminou.
Quem saberá o que depois aconteceu...? Talvez não importe tanto, visto que a melhor parte foi viviva naquela branca areia que envolveu nossos corpos enquanto a alegria fora perfeita. Parece que aqui embaixo também existe brilho de Lua.
P.V. 12:23 09/03/09