domingo, 3 de janeiro de 2010

Era uma vez...

Era uma vez uma loira e um playboy perdidos em uma esquina...
Contos de fadas sempre fizeram as crianças mais bobas dormirem ao som dessas histórias tão criativas e fantasiosas, mas comigo foi tão diferente que naquela noite o sono fugiu de mim na cama. Nem carneirinhos ajudavam... eu só tinha olhos pra uma loira pulando a cerca.
Não que o playboy fosse mesmo um playboy, visto que na favela não são muitos os que se enquadram nesse estilo de vida, mas a blusa preta com as orelhas específicas de um coelho denotavam que o rapaz era adepto do amor desnudo, da paixão avassaladora que domina o homem na idade do fogo que faz as pessoas comprarem revistas nas bancas com aquele mesmo símbolo estampado em seu peito.
E a loira era uma bela loira. Com seu umbiguinho de fora tentando seduzir quem passasse perto, com sua voz doce, com suas doenças específicas de pessoas que possuem sérios problemas da cabeça, com sua beleza exagerada e sem fim, acompanhava o playboy que já não sabia mais o que fazer enquanto os transeuntes passavam calados, vizinhos olhavam com medo, carros e seus altos faróis cruzavam nosso destino.
A literatura me convence a cada dia mais que a vida é linda, e só escrevendo eu posso lembrar de cada detalhe que me faz um homem mais feliz.
Se fosse uma simples história onde uma loira e um playboy se encontram em uma esquina e vivem felizes para sempre não teria muita graça e seria um tanto quanto previsível para minhas intenções terríveis. Mas tudo se faz diferente...
Mas muito falam, muito dizem, e nada querem fazer pra que algo de concreto realmente aconteça. Os amores de antigamente, as paixões, os ensinamentos, tudo isso faz parte de uma história que ainda há de ser contada.
Não é só um beijo em uma esquina que dá a largada e pontapé final nesse enredo; é muito mais do que isso.
Posso falar tudo por aqui se eu quiser, mas a memória é que manda no futuro e nem tudo deve ser dito a fim de se preservar o sentimento que mora escondido. E ainda me diz que não lhe amo de verdade...
cega.
Foi pra bem longe me deixando só e abandonado aqui nesse infinito labirinto de idéias que quicavam de lados para lados dentro da minha cabeça. Mas ainda sou o mestre, e um bom mestre sempre será mais sábio que seus alunos. Deixe que ela se divirta por lá, com seus meninos, com suas meninas, com suas festas, com seus copos cheios álcool, enquanto eu vou esquecendo seu sorriso por aqui, enquanto eu vou me perdendo em outras bocas por aqui, enquanto a vida me leva a outros lugares distantes daquela esquina por aqui.
E acabam, o diretor fecha o cenário, os recursos se esgotam para o filme, a indústria do cinema entra em falência, e aí sim seria o fim da história.
Mas já me disse um poeta que sempre que houver uma vez, outra estará por vir. Uma vez uma loira e um playboy numa esquina, outra vez uma loira e um playboy dentro de uma Kombi, outra vez uma loira e um playboy em qualquer outro lugar que o destino lhes entregue.
Não há de ser nada, e o filme vai continuar rodando, o autor vai continuar escrevendo, os personagens vão continuar se amando, enquanto a platéia bate palmas e talvez lágrimas rolem no rosto de alguns fãs mais íntimos...
P.V. 10:28 29/12/09

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