
Mas nesse dia chuvoso de hoje, quando a natureza se mostra cruel devastando vidas onde a sociedade resolveu se colocar em seu caminho, vi com olhos e mente que a verdade estava escondida entre linhas bem escritas por um desses nossos melhores romancistas.
Deixem de lado as palavras, vejam o quanto que a vida nos oferece e ainda assim não temos o mínimo de agradecimento para lhe retribuir com algumas atitudes de boa vontade, simplesmente reclamamos de tudo e não vemos vantagem alguma nas coisas que nos circundam, somente colocamos defeitos quando tudo se faz fácil, quando tudo se faz possível ao alcance de nossas mãos. E ainda assim querem gritar nos meus ouvidos que não se pode, que não se deve, que não se há...
Pois bem, uma vez desabafado o que vomitava em meu peito, posso dar sequência aos pensamentos anteriores sem que nada mais incomode a linha que pretendo seguir.
Era Peri, era Ceci, era uma árvore, a água veio e eternizou o sentimento. Sei que fica difícil de entender para quem ainda não conhece a história, mas não importa, pois o leitor sempre me complica a vida e quer tudo explicado em todos os detalhes. Tenham paciência e queiram fazer o favor de ler o livro pra que assim, quem sabe, talvez, adquiram um pouco mais de cultura, algo melhor do que simplesmente me ler.
E nessas noites sem fim em que me ponho a correr sem direção buscando quaisquer paixões avassaladores e momentâneas que estejam na minha frente, a chuva cai e eterniza meu momento pra que sempre possa ser lembrado como o melhor de todos os dias da minha vida. Foi uma abertura de olhos, uma lembrança que se fez presente com letras do passado, a ficção que remonta à realidade, tudo que estava escrito e se colocou em meu caminho pra que eu pudesse entender minhas próprias vontades.
Desde que o amor de devoção que Peri depositava em Ceci se fez presente, a menina não quis nem sequer analisar um pingo de todo o mar de sentimento que o índio lhe dirigia. Cretina, cruel e inocente. Assim como todas as outras mulheres. Insento-lhe da culpa por ser do sexo feminino, exalto a bravura do herói por lhe amar com tanta persistência. Por vezes invejo a paixão dedicada desse homem da selva.
Mas hoje vi que tudo se iguala com os parâmetros que eu quiser. Tudo se coloca no mesmo nível pois a água que cai do meu céu é a mesma que varreu pra sempre o amor de Peri e Ceci. A água que cai do céu é a mesma que caiu naquele rio. A minha água, tão desejada, é tão odiada por eles, mas eles nem sabem do que eu sei agora.
Peri não sabia. Ceci sabia. A ingenuidade do amor fresco se fez mais conhecedor do que a solidez de um eterno sentimento. E a água veio e realizou o desejo da menina. Morrer ao lado do amor, um amor ainda desconhecido, porém um amor.
Eu, nas minhas noites eternas e molhadas, morro e vivo a cada segundo. Um prazer enorme toma conta do meu corpo a cada instante em que a vida me foge e volta aos meus braços.
Que seja então. Que venha a água e me leve.
Pois serei eternizado com meu sentimento que ainda não pertence a ninguém.
P.V. 17:47 08/12/09
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