Era uma boca e uma língua.
Claro que tinha bem mais que isso. E também a sensação que é dessas coisas que não nasceram para serem descritas em palavras só pra não apagar do mistério esse tesão tão grande que se mostra quando as carnes se juntam.
Não é uma boca e uma língua que vai me devolver a inspiração perdida, mas sei que, de sentar aqui e jogar no papel as palavras, já vejo que algo parece mudar. Então teremos que ter essa boca e essa língua mais vezes, quem sabe todos os dias...
Escreve ali um rapaz de branco que as mulheres são de tal forma, de tal tamanho, de tal cor. E todo mundo já está cansado de saber as coisas que faz ou deixa de fazer, tudo que acontece em sua vida poligâmica nesse mar de pederastias e traições e sofrimentos alheios e tudo mais que já não agüentam ouvir. Pois é...
Mas eu tenho um desses telefones portáteis que chamam de celular e uso quando o interesse me atenta o juízo.
Fico louco pelo seu andar sem destino, sua cor de jambo, pele morena sem vontade de crescer ou diminuir, estática na sua beleza que me encanta em alguns dias da semana só pra me tirar o sono, só pra me fazer pensar nela quando são outras que estão nos meus braços, só pra me deixar assim louco, quente, febril, cheio de vontades.
E as coisas vão dando errado só pra aumentar o desejo que sinto dentro de mim querendo botar pra fora tudo que pode se fazer dela pelos momentos poucos em que estivermos juntos. Parece que os deuses conspiram contra esse instante.
E me dedica palavras desmedidas. Me joga olhares devassos. Me aparece e fica na minha frente só porque sabe que eu adoro descobrir seu corpo com meus dedos, enquanto ninguém vê, ou enquanto todos vêem, não faz tanta diferença.
Se está escuro, é melhor. Se há música, a gente dança. Se há bebida, a gente bebe. Meu desejo continua, olhando sua boca, beijando seus olhos, sentindo seu corpo. Quero muito mais do que os fins de semana, quero todos os dias, quero em todos os intervalos possíveis.
Mas não digo, não mostro, não quero que algo de ruim aconteça só porque um desejo se tornou mais forte do que minha razão.
Mas se ela aparece com aquela boca e aquela língua de novo, que enfiem no cú a razão.
Sou um fraco que não pode ver mulher, que perde a linha pra qualquer coisa que passe dentro de uma saia ou vestido, que vira a cabeça pra analisar a qualidade do produto, que se deixa levar por qualquer sorriso que me dedicam.
Mas por essa morena, tudo se faz diferente. Guarda ali dentro de todas aquelas roupas algo que me faz realmente botar em dúvida a tese de que nada é perfeito.
Um exagero de cor e curvas e ritmo e aquela boca e aquela língua...
Ora vejam, só... depois da falta de inspiração, eis que nasce mais um texto perdido na “selva do nada”.
E se alguém perguntar de onde surgiram todas essas letras, posso dizer sem medo que foi uma língua e uma boca...
P.V. 14:19 23/12/09
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