O mundo está se desfazendo, e a aventura está apenas começando, eis aqui uma nova era, o que antes não fora agora há de ser, essa era não representa o pretérito do verbo, e sim o futuro da ação em forma de substantivo.
Quis um pouco mais do que me fora ofertado, este presidente que escreve palavras soltas voltou com um pouco mais de animação para o mundo quando se decidiu pelo bem, quando entendeu que não existe sentimento nenhum a não ser o seu, eu minhas pessoas, primeiras e terceiras, intensas por igual, dizem por mim, e dizem por ele, estranhos que se confundem nas esquinas mal vistas da minha cabeça tão jovem, tão ingênua, tão virgem, podre por natureza.
Então é isso, tenho muito pouco pra fazer, porém as obrigações me deixam a par da verdade e escrevo sem ler aquilo que me vem às mãos, sedentas e calorosas nesse quarto frio que me foi doado assim que nasci. Queria explanar as podridões do governo, queria explanar as verdades dos que não são amigos, queria adentrar nos desejos da carne que não se calam, queria burlar as leis, pisar na grama, apertar campainhas, entrar na escola com cachaça na mochila, queria deixar de pagar as contas, queria dar calotes no Leão, queria um pouco menos de gordura localizada, queria muito mais sexo oral, queria todo mundo sorrindo ao mesmo tempo depois que eu parasse de falar, queria a vida como era antigamente, enfim.
E o que me resta é isso, é relembrar, é mostrar ao mundo do que se faz um homem, de quantas histórias são necessárias pra se escrever um livro, de que serve um livro quando a única utilidade do corpo são os olhos, então lemos.
Claro que ninguém em sã consciência conseguiria acreditar no que tenho a dizer, nas estapafúrdias insanas bobeiras do meu coração, das coisas que já fiz, das vidas ocultas que já vivi.
Mas minha memória me lembra que minhas palavras são para mim, que ninguém melhor do que eu para conseguir entender o que digo, pra fazer valer todas as boas intenções de relembrar o que de bom já fiz, pra acreditar num futuro diferente, pra ouvir os conselhos de quem não sabe nada da vida, pra provar que os inteligentes nunca tiveram razão, pra entender o que é razão quando não se sente com o coração, pra realizar que o coração não serve de nada desde que não seja reparado.
Escrevo para mim, somente, escrevo para que eu possa saber do que houve, uma vez que vou ficando velho, uma vez que a terra começa a comer parte de mim, de poucos em poucos, arrastando minha saúde para o chão, lugar de onde vim, destino certo do meu corpo, os olhos molhados de tristeza em volta do meu caixão vermelho e preto, e eu, solene e calmo, com meu abadá colorido, no céu, ao lado de Pedrinho, amigo inseparável do firmamento, colorido também, cochichando ao meu ouvido a resposta que sempre quis ouvir, após eu ter feito a ele a maior das dúvidas do homem, desde que homem é:
__ Meu filho, pode ficar tranqüilo, há mais micaretas entre o céu e a terra do que imagina sua vã filosofia...
E vou voltando ao escuro da noite, vou voltando pois de lá não deveria ter saído, e volto feliz, a vida me leva pois já cansei de carregá-la nas costas...
P.V. 15:55 09/12/10
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário