Fulanos incríveis, pessoas absurdas, nomes fictícios e
histórias inesquecíveis são ponto de partida para todas as minhas palavras
pipocarem no papel e me colocarem de volta no patamar de pseudo escritor,
passador do tempo como passam por mim esses problemas mal vestidos e
inebriantes de pouco caráter a atordoar minhas segundas tediosas que pelo tédio
a me consumir deveriam ser um pouco menos dramáticas.
Sei que não sou dos mais realistas, faço do meu pouco um
tanto tão grande que não caberia numa só vista de olhos, faço do meu salário,
riqueza descomunal, fator principal dos meus gastos excessivos, faço do meu
prato, banquete real regado de especiarias, tempero proveniente da morte de
tantos, excursões exploratórias de meus melhores navegadores portugueses...
fruto da imaginação fértil quando me deparo com meus barquinhos de papel.
Porém, doenças mentais à parte, tenho otimismo apurado,
inteligência suficiente, e um pouco de sorte. Preciso de um monte de coisas,
mas como sei que a realidade da vida não me trará os louros da vitória,
mantenho meus olhos fixos no horizonte e o que consigo ver são apenas letras
pedindo para serem escritas.
No meu profundo âmago de interioridade, compartilho imagens
a fim de achar a solução dos meus percalços nas fracas intenções que se
escondem dessas entrelinhas malfadadas de pensamentos vis e desinteressantes do
que eu possa ou não estar querendo. E o que eu quero ou não quero vai um pouco
além do que eu preciso. Pouco não... muito.
Meus queridos mortos, meus finados, minhas finadas, todos
passaram pelas mesmas dificuldades que eu e estão por aí, perdidos nos meio-fios, nos andares de prédios, atrás de balcões, fomentando a canção, servindo
refeições, limpando bundas, saboreando pratos de diferentes gostos em
diferentes camas, algumas engravidando aos montes, casando e descasando como
fosse o marido as calcinhas tiradas das bundas que outras limpam... que fim
terrível terei eu?
Já não me assusto com os grandes animais que me
perseguem, já não me deixo levar pelos momentos de ossos feios, sangues
vermelhos, brotos de pizza, chopps gelados, maridos bêbados, mulheres devassas,
muros altos... pra mim, tudo é superável, tudo escorre, tudo volta, e eu
continuo em pé. Não sou de dizer não ao que não me é favorável pelo simples
motivo de que o desafio é dessas coisas que alimentam a alma do homem de uma
forma tão esplêndida que o mundo pode girar mais devagar ou mudar de direção,
que em pé, ainda, eu vou continuar.
Decidi meus passos por caminhadas abandonando de longe
minhas corridas e me vejo obeso. Culpa alheia? Discordo. Minha cabeça cheia de
chás de bebê, aniversários de casamento, provas de Buffet e afins mudaram
completamente meu ritmo nervoso de tempos atrás. Que fim terrível, eu terei, ó
Pai?
Talvez o mesmo de meus finados, meus queridos mortos.
E onde estão as sessões de cinema das 5, na saudade, na
camisa toda suja de batom, onde estão as manhãs de domingo, as noites de sábado
nervosas, sono leve e agoniado, comidas fracas, tardes de domingo intensas,
chuvas na minha cabeça, ó Pai, quantos pedidos, quantas graças, quantas camisas
sujas de batom... e não havia obesidade... ou havia? E vivo estava? Ou já era
como um de meus aniversariantes do dia 2 de novembro...?
Muitas intenções, poucas ações...
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