E eu acordava cedo,
não sabia o que fazer quando o domingo prometia um pouco
mais do que os dias normais de semana que me obrigavam a adentrar nas
locomotivas malditas recheadas de pessoas desconhecidas, mas que, mesmo assim,
ainda me emprestavam histórias magníficas que seriam destiladas nas longas doze
horas que se seguiriam até que eu adentrasse outra vez nos tais trens de volta
ao lar. Pois bem, não sei se falamos do domingo ou dos dias de semana, já me
perdi.
Não se faz mais como hoje em dia.
Tenho essa estranha sensação de querer descansar e ficar
no repouso da cama até altas horas da manhã, mas assim que me ponho de pé,
caminho sinistramente até a cozinha, analiso a costumeira sala, volto ao
quarto, e se dá o fim da aventura em minha casa. Nasce o tédio, o ócio, o
desgosto de não haver o que realizar. E vem o cão a morder minha orelha me
chamando para os seus braços vermelhos e quentes, jogando-me em direção a números
de telefone, palavras na tela de um computador, mentiras bem elaboradas para
que acreditem em mim outra vez...
E ainda gritam, os mortais, criticando meu modo de viver,
julgando características, abordando idéias, gemendo que não faço absolutamente
nada e que isso é um ciclo vicioso a nos matar devagar, cada dia mais.
Pois os que me criticam, que paguem minhas dívidas,
então, que me tragam atividades saudáveis, que me tirem do ócio, que alimentem
minhas intenções com boas ações, que me levem daqui, se puderem , no colo pra
que eu evite a fadiga, e me coroem novamente pois um homem do povo deve ser aclamado pelo povo, que o
moço do disco voador pouse no meu quintal e me convide para um passeio pelas
estrelas, que as ondas da viagem se tornem eternas na minha mente, que minha
mente seja feita, que meu corpo seja fechado, que minha cabeça seja aberta, que
eu não seja doente do pé...
Nunca me trouxeram nada mais que críticas, os que me
criticam.
Invejosos...
Talvez seja por isso que o mundo me mostra apenas portas
que não levam a lugares muito convenientes, entro por corredores e saio em
outros corredores, pulo janelas buscando o jardim e caio em outras salas.
Minha verdade é meio nula quando a busca por aventura se
torna um objetivo muito certo na minha intenção. Quando o ócio se faz mais
imponente do que outra coisa qualquer, o vício da virtude se coloca sobre mim e
flutuam maravilhas de minha boca tão levemente que por essa falsa leveza se
revelam em grandes fatos a coroar a vida de alguém que parou de procurar alegria.
Só assim eu consigo alguma coisa que preste, só quando eu
deixo de lado a busca por alguma coisa que preste.
E essa complexidade é fato que eu jamais vou conseguir
assimilar, nunca me colocarei de lado pra esperar o vento bater na minha cara,
sempre saio catando a brisa pra fazer tempestades, nunca vou esperar cair do
céu uma oportunidade, sempre vou ao encontro de pessoas e lugares pra contar
histórias...
Todo fim de mês é a mesma ladainha, promessas incríveis
pro próximo...
Dessa vez, será diferente.
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