sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Se não fosse o samba


Bezerra da Silva
Bem disse o Bezerra, se não fosse o samba, quem sabe hoje em dia eu seria do bicho... E se eu fosse do bicho, o bicho ia pegar.
Só os tolos correm, e eu corro muito, só os tolos se apaixonam, e meu coração é fraco, só os tolos se importam, e eu peco pela ansiedade, só os tolos choram, e minhas lágrimas começaram a cair no instante fatídico que o juiz apitara o fim da partida, e entendam os senhores mais tolos, que o fim da partida é tão adorado quanto odiado, dependendo do lado que você esteja jogando.
Só os tolos desistem, e eu já me vejo sentado, só os tolos se endividam, e eu não tenho dinheiro, só os tolos vêem a mentira, e pra mim ninguém é sincero, só os tolos perdem seu tempo escrevendo, e eu já nem quero mais usar relógio...
Tolice é o que as pessoas te dizem, tolice são os paradigmas da sociedade, tolice é o significado de paradigma de sociedade que eu mesmo não sei, tolice imensa é essa coisa de vai e volta, leva e traz, fofocas incríveis, abusos para com a inteligência alheia, faladores que passam mal, malandros que cagam no pau, todo mundo, o mundo todo... já não duvido de mais nada.
E por tanto prometer pelas luzes artificiais, o Sol resolveu me dar uma moral e aparecer pra enlouquecer ainda mais a manhã dessa sexta feira que nada promete além de tudo...
E por motivos tão óbvios, o mundo insiste em acreditar em todas as baboseiras que alguns poucos disseminam entre bocas, entre palavras mal ditas, entre malditas palavras, entre pregações até. Tenho pra mim, dúvidas já suficientes e não entraria nesse ínterim tão delicado em horas tão curtas do dia, porém a inutilidade do meu ócio faz com que eu me veja na sujeira diária de todas as discussões sobre os assuntos mais polêmicos que possam existir; essa minha vontade estranha de querer ser melhor que todo mundo, essa minha fome por catar argumentos inexistentes até o momento exato em que saem da minha boca, fazendo com que sejam anabolizados, engordados pela minha voz, naturais e simples como quaisquer outras bobeiras que fosse dita sem vontade, como qualquer risada solene a respeito da mesma discussão que não mais tem sentido depois que todo mundo se ri das razões pelas quais o início se deu...
Malandro é malandro e mané é mané.
Acima do chão e abaixo do céu, qualquer lugar pra mim vai ser bom porque eu sei que levo na mala as aventuras que já vivi, pois entendo o quanto de felicidade existe em ir e vir, em estar e sair, em chegar humilde e sair saudoso. O mundo é disso, a vida é disso, cada um faz seu destino, ainda que a contrariedade das pessoas seja um absurdo imoral para com as intenções de cada um. Passa muito pelas diferenças que fazem atrair. Já disseram isso né? Que os opostos se atraem...
Sou muito de concordar com ditos populares não... mas dessa vez, há razão. Basta eu, de contraditório, falastrão, mentiroso, feio, pobre... quero justamente o oposto de mim para me completar, me fazer um pouco a mais do que já sou com tons acentuados de diferença.
Enfim, se não fosse o samba, eu seria realmente um contraventor, apaixonado, um aprendiz de todo amor, um bêbado jogado, um personagem de novela que entretém a população, que diz o que querem ouvir, que não paga suas contas, mas não ganha mal, que quer ganhar mais, mas não move a bunda pra agir, seria um desses que vagam pelas esquinas boêmias a galgar novos amores, outros corações arrebatados de paixão, dor e luxúria... se não fosse o samba, assim seria.
E haja visto que nunca fui do samba mesmo... tirem suas próprias conclusões.
Salve Bezerra.

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