quarta-feira, 6 de março de 2013

Charuto de Rasta


Tava na tenda, no abismo do mundo, com minha trupe, com meu bonde nervoso.
Faltava alguém, sempre falta.
O meu sentimento é dos bobos
O meu medo é ridículo
Minha visão, fraca
Meu intento, sucesso.

Tava no esquema, no fundo da taba, conversando solenemente com o pajé.
Faltava nada, só fumaça
Só índio louco,
só Peri Iracema Ubirajara
Saí da taba, fui fumar na praça
Charuto de índio não faz fumaça

Tava na praça, no banco sentado, do lado a pele morena que me coloria
Faltava dor, sempre faltaria
Tava rindo à toa, ninguém disfarça
A tropa sempre passa
O que fica somos nós,
Sempre ficamos.

Toda multidão necessita, assim como um abraço no dia de carência, de um ritmo acima do normal, toda multidão precisa seguir um fluxo constante, um caminho certo, um destino comum, toda multidão está envolvida na fumaça branca que nos une.
E do que adianta o medo, o mal, o bem, e forte e o fraco quando sabemos que o fim é próximo e deitaremos todos em berço esplêndido, leito eterno, fuga desse hospício vida em que insistimos em ficar?

Somos nós, errantes malditos,
caminhantes equívocos
rumo ao destino incerto,
Delírio beleza e deserto
seguindo a alvura da fumaça a subir,
seguindo o sentimento do alheio a nos inspirar,
nos espelhando no que está por vir,
almejando algum lugar chegar...

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