sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Num canto escuro

"De todos os normais que em minha vida passaram, eu quero exclusivamente só um, um só normal. Naquele dia, naquela noite, naquele momento, naquele certo canto, naquele escuro, tentei de diversas vezes por dentro controlar meu impulso que era tão forte e me queimava demais. Me encontrava naquela situação, em que por várias vezes desejei estar e com tal pessoa. Aquilo me tomava conta, era uma coisa que nunca senti antes; eram músculos fortes, curvas maliciosas, uma boca carnuda e deliciosa quanto o tal normal. Mas de todos os normais, não quero chamá-lo de normal também, ele é único, e também não parece ser real. Não quero cair e iludir meu coração, não quero só um momento, eu quero momentos e situações como aquele escuro, quero mergulhar nisso, mas de forma certa pra não cair em furada, sei que não é intenção dele levar sofrimento ao coração de ninguém, mas com todas as minhas forças, vou agarrar esse momento e que venha outro, e outro com mais malícia e privacidade pra que minha temperatura quente se esquente mais com o contato de sua pele.
Quero me encontrar largada e que ele tire de mim, um sorriso prazeroso e satisfatório. Quero um momento em que não há faróis de carros tentando clarear aquela situação, ou talvez agindo ambos com rapidez. Quero tudo no seu tempo, quero tudo no seu devido lugar, quero tudo correto, pra que eu possa sentir realidade. Após aquela situação prazerosa e escura, dormi leve e com um prazer de Ter me deliciado da boca que tanto participou dos meus sonhos, e de uma ou duas vezes, tirado meu sono. Acordei com um sorriso, meigo e carinhoso, dedicado a ele que dividiu comigo essa alegria. Tenho fé nos meus sentimentos que outros cantos escuros como aquele nos esperam . Eu estou preparada.
É só ver no meu olhar, ele te dirá que em outro escuro ele quer contigo se encontrar !"

R. 27/02/09 04:??

Victor, Paulo Victor..

Espera-se desse casal outros filhos. Filho Paulo lhe chamamos a este, sem curar de saber se é antes uma lenda, se um romântico: o futuro chamar-lhe-á obra-prima.
Plagiando Machado, vou me definindo, ou quem sabe definhando. Exagero ou não, devo dizer somente a verdade, e jamais hei de faltar com a mesma. Auto-biografia de uma metamorfose ambulante, missão difícil de se cumprir, mas como o ócio resolve se bater contra mim, vou eu rabiscando no papel o passado espelhado no meu presente de gregos ou espartanos.
Fui desenvolvido por experiências sexuais, uma cobaia que surgiu em momento inoportuno, talvez por um erro de fábrica no tal látex protetor, talvez por um erro de cálculo no tempo, coisas essas que não traumatizaram minha cabeça fazendo-me acreditar por algum motivo que sou fruto de um equívoco. O importante é que cá estou, de um modo bem viril pois papai não deixou entrar ar em momento algum evitando qualquer tipo de rachaduras provenientes de má colocação do membro.
Fui cuspido pra fora de mamãe, um alívio, o fim de um pesadelo que parecia não ter mais fim dado o diâmetro de meu humilde crânio. Então a glória tomou conta do hospital. Foi uma alegria total ao verem-me lindo, belo e ensangüentado com a boca aberta a berrar escandalosamente. Diziam alguns que a beleza atingira-me de forma exorbitante. Outros diziam que havia entrado na fila da feiúra algumas vezes. Muitas contradições, chegaram até a comentar pelos escuros corredores que beato eu seria, teria carreira de seminarista, viam em mim uma aura pura e clara, o primeiro padre da família, quiçá o próximo Messias.
Pura balela, coisa de gente que não tem o que falar. Ainda bem que segui outro rumo, do contrário seria mais um desses pederastas padres que estão dando sermão (e mais) por aí.
Meninice enjoada, chata, repleta de metafóricos apelidos, cito alguns pois me satisfaço com o riso alheio, como botijão de gás, bochechas de buldogue velho, barril do Chavez, lacraioso, Jotalhão o elefante da Pomarolla. Enfim... entre vergonhas e épicos micos passei por essa traumática fase. Sobrevivi pra contar histórias.
Depois de tudo ainda vem a famosa história de que as jovens crianças se apaixonam perdidamente por qualquer coisa que use calcinha de algodão e aqueles sutians com enchimento pra repor o que ainda não existe. É bem verdade que passei a maior parte da minha infância sonhando, acordado ou não, com uma menina diferente a cada semana, e sempre me doía as entranhas de saber que não conseguia o objetivo desejado. Chega a ser engraçado porque eu tinha um medo terrível de beijar na boca, desses que até tremedeira dão, e a vontade era tão grade de fazer. Como ter medo de barata e querer comê-la. Eram meninas de todos os tamanhos, todos os tipos, todos os pesos, todas as cores, uma diferente a cada período de dor no meu coração. Não beijei nenhuma delas. Descontava no travesseiro antes de dormir. É... eu beijava o travesseiro.
Mas tudo bem pois tudo na vida passa e o tempo agiu de maneira igual. Fui crescendo e descobrindo que não poderia deixar o medo tomar conta de mim em tudo que quisesse fazer. Me soltei, me libertei da corrente que tanto me prendia, abri minhas asas pra voar e pulei do desfiladeiro da vida. Me estatelei no chão. Ainda não sabia voar, como poderia pular de um lugar tão alto. Quebrei a cara ainda muitas vezes antes de conseguir obter o alto do pedestal. A gente precisa apanhar muito pra saber de verdade o quanto dói.
Hoje, depois de muitas histórias incríveis que ainda cismam em me perseguir, descubro que nada é pra sempre. Encontrei nos caminhos escuros por andei que o que acontece é só um espelho do passado, só que de uma forma aperfeiçoada. Tudo que faço agora, eu deveria fazer antes, mas não sabia como. E daqui a algum tempo, tudo se repetirá e eu farei de forma diferente. Talvez melhor, talvez pior. O que importa mesmo são os fatos inacreditáveis que brotam do chão por onde piso.
E que minhas lágrimas de alegria continuem a regar meu solo pra crescerem fortes as minhas histórias.

O mundo nunca mais foi o mesmo depois que eu cheguei por aqui...
P.V. 19:12 27/02/09

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Fernanda

Ergam-se os maus sentimentos e tentem me enfrentar. Pois tentar é algo que nada custa e diferente não será. "Fiquei preocupada com você. Tá tudo bem mesmo?" Se somente um de seus olhos brilhasse, a claridade de uma paixão já cegaria o que nunca tive coragem de enxergar; mas são os dois, negros e grandes, que se jogam em cima de mim, quando devagar ela vem caminhando e estanca na minha frente, curiosa por saber os motivos de minha feição cansada, forças únicas que só se levantaram para vê-la passar. Pois maus sentimentos jamais conseguirão me derrotar se a luz dos olhos de Fernanda pairar sobre mim.
E perco-me ainda mais quando chicoteiam-me a libido, seus loiros cachos sem fim nem começo. Rede complexa de fios multicor, cientes da adição charmosa que são todas as formas que podem ser tomadas por um simples penteado feito em frente a qualquer espelho; mesmos penteados que inspiram as palavras que agora derramo no papel, assim como os sonhos que teimam em invadir minhas noites. Fernanda deixa cair seus cabelos pelos olhos e perdido eu fico sem saber o que amar mais, se seus cachos que me desorientam, ou seus olhos que me encantam. Pois digo que maus pensamentos não me derrotarão quando loiros fios de Fernanda voarem e caírem aqui perto de mim, aqui de onde a vejo de longe.
"O que que você tem? Por que você tá triste assim?" Então martela em minha cabeça a idéia de que por um instante, um único momento em que fui o dono de seu pensamento com meu nome ecoando em sua boca. "Você tá bem, Paulo?" Minha humildade nunca pensou que um dia chegaria em que a dona do meu inútil coração pronunciaria as fracas e comuns letras de minha graça. Pois na sua voz a beleza e perfeição provaram existir na face pura e bela de Fernanda. Quem é essa mulher que não existe e de repente surge na minha frente indagando-me sobre as inverdades de um costume diário? Quem é essa deusa inalcançável que brota do chão ou cai dos céus quando o dia escurece?
É Fernanda que me sussurra aos ouvidos doces palavras com sua voz rouca. É Fernanda que me pisca um dos olhos e convida-me para dançar sem música. É Fernanda que me invade sem pedir licença e permanece pois ninguém tem coragem de tirá-la. É Fernanda, doce ou salgada, mistério e ilusão, verdade ou fantasia, tudo fruto do meu sentimento, do seu sentimento. É Fernanda, diabo vestido de anjo que me ilude, que me engana, que me come, que me bebe, me traga; joga na minha cara a fumaça da perdição que sai de sua boca, e eu, bobo e insatisfeito, peço por mais. É Fernanda que ainda não me pisa, mas me faz apaixonar. E como eu poderia me apaixonar todos os dias por ela...
Minhas noites não são mais as mesmas, nem a Lua brilha só como antes. Disputa-se, uma na terra, outra no céu, pra saber qual beleza mais me atrai. E as duas são tão belas, tão naturais. Sinto que vou cair toda vez quer encaro seus olhos, toda vez que seu rosto vem de encontro ao meu pensamento, sempre que seu perfume invade meu ser, é assim que fico, vertiginoso, pronto pra cair e não mais levantar, deitado no chão com tudo dela ao meu redor. E ela? Pode continuar de longe, pode continuar lá em seu mundinho de onde me observa amá-la. Não tenho pra onde correr, nem como fugir, muito menos me esconder. Por isso fico aqui e não saio até que a calma se apodere da falta de razão que é característica minha em momentos apaixonadamente cruéis como este.
Deixa eu te amar, Fernanda. Pois sou feliz assim.
P.V. 10:40 18/02/09

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Be ready

Durma bem, meu amor. Tenha agora ainda mais base para alimentar os sonhos que já dominavam sua noite. Entregue-se aos braços de Morfeu e morra feliz pensando na alegria que eu te dei, pensando na alegria que ainda posso te dar; a mesma que você sempre tanto quis mas nunca fora lhe dada por esses normais que passaram pela sua vida.
Pois tu sabes que tudo é passagem e dessa vez também não será diferente. Aproveita, agarra com tuas mãos macias o que te entrego. Deixa brilhar teus olhos com o ouro que agora tu vês e não mais consegue mirar outra coisa. Encha-se da mais pura felicidade que agora sabes ser verdadeira, que agora sabes que existe. Tenhas na cabeça a comprovação que tanto aguardava, o número desmedido de palavras que já foram ditas ou escritas em nome desse momento. Pois agora olhe em volta, eleve teu ego aos céus e descubra, perplexa e feliz, o que sua capacidade pode lhe dar, as coisas que tens chance de alcançar. Bastas erguer teus braços e tocará o paraíso. Basta fechar os olhos que eu te guio e mostro o caminho do prazer. Suspire e sinta comigo essa explosão de sensações. Vamos dividir o que temos de melhor.
Não temos mais tempo a perder. Estou pronto. Agora entregue-se a mim e não relute contra o que vou lhe dar. A sua vontade é maior que a minha, mas esconde-se sob a falsidade que precisa demonstrar. Eu entendo. Se for necessário, sempre tomarei a iniciativa. Segura minha mão que te levo pro escuro mais uma vez.
Não costumo sentir pena de ninguém. Aprendi a ser egoísta, coisa da qual não me orgulho. Porém, minha vontade de sentir teu gosto falou mais alto e novamente envolvi-me num caso de adultério precoce. Peço que não me entendas mal, poi nunca foi minha intenção levar sofrimento ao coração de ninguém. Sigamos mais um ditado popular: o que os olhos não vêem o coração não há de sentir. Deixe estar e comece a me beijar.
Fui orientado a fazer tudo da maneira mais deliciosa possível e admito que sou competente nisso. Sentes agora o sabor da minha boca que mistura-se com o teu na comunhão sem fim de nossas línguas a confundirem-se nessa transa. Pelo tempo que a promessa fora feita, a vontade estava em altos níveis. Quando o tesão grita e não agüenta mais conter-se por dentro, extrapola os limites do tecido que nos separa e já não mais respondemos por nós nessa hora que não deveria acabar. O exagero do seu corpo mexeu com a libido do meu. Precisei de pouco, bem pouco mesmo pra despertar o que pode te deixar perdida. Minha verdadeira vontade era rasgar roupas, sentir pele com pele, morder tua carne, beber do que de ti escorre. E minha sede era grande.
Os movimentos eram sincronizados. Jogava-me pra um lado enquanto você optava por outro. Quando subiam minhas mãos, desciam as suas. E quando não desciam as suas, eu as levava pois lá elas pertenciam. Precisava de algo mais, qualquer coisa como só um pouco mais de privacidade pra que, talvez, roupas caíssem. Até me aventurei a adentrar pelos lados, mas recuei para preservar a ti. A vontade era fazer tudo. Estirar-te no chão, largada e sem mais forças, enquanto ensaiava um sorriso de satisfação, durante minha saída.
Nem sempre as circunstâncias nos proporcionam os desejos que temos, porém pude levantar da cama satisfeito hoje, o que já me alegra e muito.
Quem sabe outros cantos escuros abriguem a vontade de nossos corpos em outras ocasiões.
Esteja preparada.
P.V. 14:02 24/02/09

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

What goes around comes around

Quando o fim se aproxima e já nos damos por satisfeitos com o resultado parcial, cai sobre nós uma reflexão tão profunda que o pensar não passa de um simples incejo depois do que foi feito. Dei-me por acabado, devido ao cansaço evidente que se mostrava em mim. Foram épicos dias, grandes histórias, o amor em sua mais plena forma, essa pura forma sem detalhes que atrapalhem o ideal que sempre foi o de se fazer feliz mutuamente. Mas estava enganado.
Ultimamente venho me enganando diversas vezes, porém enquanto tudo vai se encaixando no tempo certo, não reclamo. Porém, dessa vez o engano demorou pra se manisfestar. Algo como uma indecisão, algo que não deveria acontecer no momento, mas que tomou conta do que não tinha mais para onde correr. E quando dei por mim, estava no escuro. Jesus, apaga a luz!!
E não acende mais não porque a coisa aqui tá quente. Tá tudo bem escuro e não quero ver mais nada por motivos óbvios, dos quais não preciso comentar pois não sou mais tão aberto como antigamente. De olhos fechados podia ver mais, de olhos fechados imaginava o que quisesse, pintava o quadro que quisesse, a moldura de uma obra com cores quentes.
E só o que me cegava eram os carros a passar com seus faróis ligados, deixando clara a situação em que me encontrava. Não me encontrava, pra ser sincero. Perdido naquele mar de indecências, queria me afogar cada vez mais, mergulhar cada vez mais fundo, chegar onde ainda ninguém pôde ter coragem de ir.
Mas que bobo que sou. Fico me iludindo, achando que o que acontece é o certo, sentindo coisas que não deveria sentir, pondo fins em relacionamentos alheios, destruidor de corações maldito que não sossega nunca. Mas a culpa nem deve ser muito minha, sou inocente até que provem o contrário. Vou negando até a morte, como fiz até agora.
Continuei pois já não queria mais saber do que me contava o relógio, inimigo do tesão. Uma união que já deveria ter ocorrido antes; coisas assim quando demoram pra acontecer nos pegam de maneira ainda mais forte, fazem delícias nos sonhos de quem tem tempo de dormir, martelarão durante alguns dias até que se percam no imaginário ou se repitam com mais determinação, jogando-nos ao léu, derrotados no ringue do amor.
Eterno exagerado, não me contenho e sou obrigado a transcrever o que sinto sempre que sinto alguma coisa. Não me agüento por dentro e jogo pra fora tudo que não mais cabe no peito. Mas iludem-se aqueles que tentam entender-me pois o autor anda cada vez mais mentiroso, ou não... o autor anda cada vez mais apaixonado, ou não... o autor anda andando cada vez mais, ou correndo... percam-se.
E não vou soltar. Até porque ela também não tem a intenção de me largar. E por que soltaria, afinal? Tenho mãos bobas que não param quietas e não sabem mais o que fazer quando encontram-se de frente a um grande playground cheio de caminhos novos a serem percorridos. Continuei desbravando o que ainda não conhecia, queria sentir o prazer que é minha maior alegria, queria beber daquela água, queria me deliciar do seu fogo até me queimar sem sentir dor. Ainda há muito pra se ver, pra se sentir, pra se fazer. O escuro era claro aos meus olhos.
Sou dotado de algum louco sentimento que jamais acaba e não entendo como isso foi acontecer comigo. Entendam que nunca reclamei disso, nunca me entristreci, jamais deixei que as cores do meu dia perdessem a vida diante de um pensamento como esse, justamente pelo motivo de que me habituei a enfrentar os problemas que tenho. Bato todos eles, e os teimosos que continuam tornam-se meus aliados, como esse que agora vos digo. Meu eterno sentimento de não saber o que querer, meu eterno sentimento de querer tudo, meu sentimento que nem deve ser assim tão eterno, mas que insiste em ficar pra sempre. Já não me estresso pra saber o que quero e vivo cada dia de uma vez. Dou alegria a quem também me dá. Dou vida ao que também me dá.
"Vamos embora, vamos embora... "
Tinha que ir embora mesmo, por isso que fui.
Mas tudo que vai, um dia volta...
P.V. 08:44 24/02/09

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Drástica decisão

De mim nada grandioso deve-se esperar até que o acaso se esbarre com meu destino. E não demora muito pra que isso aconteça; uma vez dado o encontro, tudo muda da água pro vinho, o arco-íris colore-se em minha volta. Mas quando a paz momentânea chega ao fim, também se desfaz a cor que deixava mais viva a vida que tento levar. Não há mais brilho de Sol quando ela se vai.
Então levantei. Resolvi de uma vez por todas que não posso mais ficar pra trás, resolvi que devo ser o que sempre fui e nada pode fazer mudar a construção que um passado glorioso edificou. Nada nem ninguém pode mudar o que fui programado pra fazer; não vamos mais abaixar a cabeça pra problemas fúteis que a vida normal nos dá. Sou diferente e não quero mais continuar assim. Não vou mais me equiparar com quaisquer, não quero ser mais igual a ninguém, não quero níveis de comparação colocando-me ao lado de quem me segue ou não.
A partir de agora, mais uma vez, decisões drásticas deverão ser tomadas. E como sempre aconteceu em situações como esta, as conseqüências serão vistas de forma rápida pois não descansarei até que meu objetivo tenha sido concretizado. Sem medo de sofrer, sem medo de tudo dar errado, sem medo do que não conheço. Vou com a minha confiança elevada pois não tenho receio de tombar na esquina das desilusões que manda na curva que hei de fazer.
A intenção sempre muda o destino de um pensamento e sentar pra monologar sempre me faz bem. Sempre levanto mais feliz do que quando sentei. Talvez não quisesse mais levantar só pra poder viver esse momento de felicidade pra sempre. Mas existem outras possibilidades, existem outras chances de se fazer feliz sem estar sentado pensando em como dar o próximo passo. Um pé que ainda toca o chão, o outro que já começa a levitar.
Justamente o que quero é tirar meus pés do chão. Quero voar, quero mais, quero muito mais do que ficar parado esperando algo cair do céu, ou me acertar pelos lados. Chuvas ou balas perdidas não estão no meu cardápio, então mude a estação pois dessa vez será diferente.
Tudo que me cerca e me faz bem, será mantido. Será aperfeiçoado o que não me agrada. Mas nada será desperdiçado pois aprendi que nada se destrói, tudo se modifica. A vida é e sempre foi descartável pra mim. Uma lágrima derramada hoje não pode ser esquecida pois um tratamento específico pode transformá-la em sorriso amanhã de manhã quando o brilho do Sol talvez pense em voltar. Talvez quando ela voltar também.
Mas outra vez, digo que não ficarei esperando nada acontecer. Vou atrás do que é meu por direito, vou correndo pra chegar mais rápido, o tempo não é paciente comigo, então não serei eu, paciente com meu destino que também não pode mais esperar. São coisas complexas que fazem todo o sentido dentro de mim pois conclusões são tiradas em segundos que fazem toda a diferença em um coração que parece meio perdido no meio de tanta confusão.
Essas transformações acabam comigo.
Esse mundo está acabando comigo.
Mas estarei me acabando feliz. Antes que a transformação do mundo acabe consigo mesmo, eu irei prevalecer. Eu já terei a vitória de volta nas mãos e nada me perturbará. Nada nem ninguém.
Deixemos o Sol brilhar por si só. Não façamos esforços pra que qualquer tipo de amarelo nos atinja. Não quero essa responsabilidade pra mim. Quero aproveitar meus últimos instantes e poder ser plenamente feliz no que me designei pra viver. E hoje começa a nova era.
Não temei, pecadores.
Juntem-se a mim.
P.V. 14:31 23/02/09

domingo, 22 de fevereiro de 2009

O caminho do pecado

Tinha lá alguém cantando enquanto a fumaça se misturava com meus pensamentos. Não ouvia o que era dito, não fazia questão de ouvir o que era dito. Só porque o que murmurava em minha cabeça soava mais alto do que as caixas de som a gritar do lado de fora. Permaneci tentando me entender pois a intenção de querer ser feliz é tão grande que às vezes, sinto essa necessidade louca de me ouvir pra comprovar qualquer coisa que ainda não tenha sido considerada uma ação de fato. Mas isso tudo não deveria ser dito. Ainda...
O autor não se contém, como todos podem perceber.
Via pessoas que não hei de ver novamente e outras que, com certeza, tornar-se-ão constantes em minha vida. Justamente com a alegria a explodir dentro do peito, caminhava indeciso e incerto dos lugares a pisar. Certas vezes na vida encontramo-nos em situações tais como essa. Como poder explicar o sentimento, não sei, porém digo que acontece e estranho, é. Sabia de memória que acúmulos de pessoas sempre acabam em diversão, histórias inesquecíveis, dias maravilhosos. Música alta, bebidas, uma comemoração em nome do amor, pra quem quiser julgar mal as minhas ironias. Era a tal festa da carne.
Outro dia, dentro do trem, locomotiva maravilhosa que me desloca do lar ao trabalho, gritavam os homens de Deus, implorando aos descrentes, ou infiéis, ou desviados, ou mundanos, ou Paulos, que se guardassem durante esses 4 dias de pederastia, traição, promiscuidade excessiva, coisas que o Pai não gosta e nem ficaria satisfeito em ver. E durante algumas dezenas de estações meu ouvido foi torturado e massacrado por falsos pastores que faziam um rodízio a pregar e tentar orientar as falsas ovelhas negras que, cansadas, tentavam, sem sucesso, dormir. E eu não gostei de nada daquilo que falaram. Tentaram em vão me convencer. Ainda estou comendo da carne dessa festa.
Uma comunidade de idosos que formam um grupo de carnaval, uma geriatria. Sei lá se foi assim que o bloco nasceu, só sei que fui chamado e tive que comparecer. Meu corpo cansado e maltratado pelo longo dia de trabalho, como todos os outros que venho tendo, teve que se direcionar para a alegria, para a muvuca, essa loucura que chamam de pecado. Chamam assim pois são tolos; cegos que não conseguem enxergar o quanto se pode ser feliz sem fazer mal a ninguém, coisa que na minha opinião, humilde como sempre, não deve desagradar nem um pouco a Deus. E o pecado sou eu, como bem disse a menina dos olhos bonitos.
Em tempos de festa, onde o pecado é tão gritado nas ruas, sempre olho pra trás pra ver quem me chama. E de mau caminho também já fui chamado pela menina dos olhos bonitos. Segue-me quem quer pois não levo ninguém. Um caminho é só um caminho, nada mais. 'Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade.' Um caminho só não faz absolutamente nada. Agora aqueles que têm a coragem de passar por mim e alcançar a tal felicidade plena, esses sim são os donos do mundo, guerreiros que puderam cruzar a linha entre a vontade e o medo.
Seguem o mau caminho pra chegar no pecado, vejam que, segundo a menina dos bonitos olhos, eu sou tudo que resta pra quem já não agüenta mais a vida que os escandalosos pregavam no trem. Por mim passam, pra em mim chegarem.
E a gente continua pulando Carnaval...
P.V. 08:54 22/02/09

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Clube dos Cafajestes

Cafajestes são pobres coitados com a alma tão pura quanto um coração vazio. Criaturas que foram um dia rejeitadas pela vida e que, de repente, viram uma oportunidade de serem felizes de uma forma considerada ilícita por alguns, é bem verdade. Devemos sempre trabalhar com a sinceridade pois o povo não gosta de mentiras, honestas ou não. Cafajestes não prestam mas são de grande utilidade.
Vejam o meu lado por exemplo. Não me considero um cafajeste, porém a população feminina que me cerca insiste em dizer o contrário. Também é fato comprovado por pesquisas sérias que todo cafajeste não admite o ser, mas como podem ver, sou exceção e não me coloco nesse perfil.
O mundo dá voltas e os cafajestes também. Aprendem desde cedo a maltratar corações inocentes. Não por uma vontade própria, mas porque a cruel vida que levam os obrigam a tomar essas decisões impensadas. Pobres coitados que carregam o mal como defesa.
Eu mesmo já tive o desprazer de minguar corações e digo que não tenho o mínimo orgulho nisso. Claro que naquela vez em que as duas meninas que eu namorava na escola se estapearam pra saber quem ia ficar comigo ocasionando uma conseqüente divisão na turma e explanação no colégio, me deixou sim, muito feliz. Vejam que ser cafajeste tem lá seus pontos positivos.
Sabem todos, e se não sabem eu vos digo, que sentir paixão por uma pessoa não é algo muito legal. Como o próprio nome já incita, a paixão é algo que, quase sempre, acomete somente um. Se a tal doença pega nos dois, costumam chamar amor. Mas isso já saiu de moda faz tempo e aqueles que costumam viver esse tipo de coisa são considerados um tanto quanto bregas e antiquados. Cafajestes desenvolveram essa capacidade toda especial de se envolverem e não se apaixonarem. Deixam que a enfermidade fique do outro lado da relação. Isso e somente isso que provoca o previsível sofrimento que sempre foi atribuído a essas pobres almas que, infelizmente, não conseguem doar-se de corpo e alma. Só de corpo.
Mas não fiquemos com o coração ardendo em dó e pena dos cafajestes pois muitos e muitas gostariam de ocupar seus lugares. Donos das lábias mais poderosas já nascidas, rogam eles, para os céus buscando bençãos que os coloquem no caminho certo da perdição, procurando ansiosos por um carente ouvido disposto a acreditar nas sinceras mentiras que têm pra dizer.
Vale ressaltar que não é somente a classe masculina a que ocupa esse difícil cargo. Mulheres ao redor do mundo e dos homens também andam massacrando corações sem pena. E depois, querem crucificar minha raça e ainda se dizem ser do sexo frágil, que durante séculos sofreram em nossas mãos. Talvez seja por isso também que os cafajestes agem da maneira que agem. Uma forma de se defender dos perigos que os espreitam. Essas terríveis mulheres desalmadas que muito já nos fizeram sofrer. Pisaram forte em nosso então sincero sentimento sem pensar nas infinitas lágrimas que derramaríamos a encharcar o travesseiro que aconchegava nossas cabeças, justamente como o afago que tanto teimamos em procurar onde jamais acharíamos. Terríveis fêmeas malditas sem coração, chacais desalmadas, filhas do cão-miúdo, essas mesmas de qualidade duvidosa e destino incerto.
Justamente essas que menos prestam que nos apaixonam e nos fazem andar como caninos. E nós que também não prestamos, percebemos como é brando o poder de quem encontra-se enfermo.
Como um bom cafajeste (que não sou) roguei aos céus pra que me guiem aos certos caminhos errados, sempre me vacinando de qualquer doença letal que tente me derrubar.
P.V. 15:45 12/02/09

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Uma força necessária

A gente usa a força. Mas nem sempre é necessário, da forma mais empírica que se possa dizer, já que a observação traz à tona um aprendizado. A gente usa o que tem, a gente usa o que Deus nos deu, mas isso não é suficiente, acreditem. A maior parte das coisas nunca será suficiente, uma vez que não saibamos como utilizá-las. Justamente por isso, a gente usa a força. Caminhos devem ser trancados, desculpas devem ser destruídas, as distâncias devem ser reduzidas, só assim a paixão momentânea pode se dar.
A gente vai ter que usar a força pois a recusa é cruel e não faz bem ao coração dos aventureiros, guerreiros em busca das glórias que somente um dia pode nos oferecer. E aquele que se deixa levar por uma falsa vontade alheia torna-se um fraco, um manso perdedor devorado pelo leão da angústia e arrependimento, esse mesmo maldito animal que nos arranca a carne com suas terríveis mordidas a deixar gravadas em nossa pele marcas de incompetência que jamais quererão nos largar.
A gente usa a força mesmo pois assim é necessário. Assim foi convencionado pelas regras que o momento nos mandou e, cegos e mudos, devemos obedecer, seguir as ordens da selva se quisermos acordar no dia seguinte com um sorriso previsível estampado no quadro facial que é nosso rosto, esse que também tem uma grande importância na disputa do certame. Não nos deixamos levar pela negação jamais.
A gente usa a força poque a gente é forte. E se o músculo nos foi dado, a gente vai usar. O desperdício não nos rodeia; não deixamos que nos rodeie. A falsidade não deve ser encarada em sua mais plena forma pois tudo ainda é relativo. Sabemos, por tudo que já vivemos, que a crença em palavras ou atitudes alheias não deve jamais existir e, justamente por isso que a persistência será louvada, lavada em bentas águas que adentram em nosso espírito e não nos deixam desistir.
A gente é muita gente e já nem sei se conseguiriam acompanhar minha força. O que sei é que em alguns momentos a usei pois a necessidade me obrigou. O sucesso andava ao lado e pude desfrutar do gosto da vitória de uma forma um tanto quanto agradável. Fui feliz em minhas poucas horas de fama, o curto tempo que aguardei por tantas noites sem sono, tantos quentes ou frios dias em que discursava laudas sobre laudas tentando curar minha ansiedade.
Fui lá e usei minha força. Toda vez que a graça não deu jeito, usei a força do amor.
Andando estava, como em todos os outros instantes, sempre mirando o que estava próximo, caçando como um faminto lobo que não come há dias. Prefiro poupar a tinta da caneta e a cansada mão do escritor que vos fala deixando de lado alguns detalhes que explanarei em outra oportunidade. Sei que na surdina da noite, com as lágrimas emotivas de Deus, ao ver-me feliz, caindo do céu, esbarrei com uma das adoradas novinhas. E me joguei lentamente em sua direção almejando possuí-la em meus braços, sentir o mel único dos lábios que somente têm as virgens. Mas ora vejam só, recebi a recusa com um desvio diante da minha investida. Tenho toda a persistência do mundo e a paixão momentânea que tomou conta de mim foi de um tamanho fora do normal. Enlacei seus cabelos em minhas mãos segurando sua nuca. Seus olhos fitaram-me e não pensei mais. Puxei sua cabeça e nossas bocas colaram-se num movimento rápido e quente, fazendo embaralhar-se nossas línguas molhadas.
Usei a força porque assim foi necessário. Usei a força porque assim elas gostam.
P.V. 22:08 10/02/09

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Mas não sabem

O futuro nos aguarda como um menino que está ansioso por receber seu presente. O destino tem novo dono e me arrisco em não dizer quem é o tal sortudo, só pra fomentar a curiosidade de quem tem o interesse. Guerreiros dos mais valentes o temem de forma tão exorbitante que a vergonha os espanca cruelmente. Covardes. Se soubessem a verdade...
Pois sou teimoso e abri minhas asas mais uma vez, só pra provar a mim mesmo que ainda sirvo pra voar. Que ainda sou forte o suficiente pra encarar o desafio e ultrapassá-lo sem querer olhar pra trás. Pra esbravejar ao mundo toda a capacidade que se esconde por baixo desses falsos olhos que me foram dados. E não é justamente pra isso que servimos? Não é esse o propósito da vida, tão buscado pelo filósofos de plantão?
Molhariam minhas asas se pudessem, mas perdem-se nas poeiras que sopro com meu planar sobre suas ignorantes cabeças. Idiotas. Se soubessem a verdade...
Vou partir pra cima do oculto e digo que vou sem medo pois confio na verdade indecisa de que daqui pra frente as portas serão abertas pra mim. Um pecador deve pagar por seus equívocos, mesmo tendo guardado em minha mente que a vingança é um prato que não deve ser jamais servido. E a dor de cada pagamento faz lembrar a alegria julgada errada que há de se viver. Pergunto-me em certas oportunidades porque discurso sobre coisas das quais não deposito confiança. Talvez esteja curioso por querer querer conhecer o incomum. Talvez minha mente esteja passando por algum tipo de fraqueza. Decerto que o remédio do tempo irá cicatrizar as feridas que insistirem em ficar abertas.
O que se esconde por trás do nada? Quando o ócio me atinge, sinto-me impotente, porém mesmo no ócio, os problemas não me incomodam. Agora serei mais uma vez forte. Nunca deixei e não será hoje que deixarei abalarem minha moral. Imbecis. Se soubessem a verdade...
"Ser" é algo que me caracteriza. Um verbo na sua simples forma que aparentemente pode não mostrar muita coisa, mas torna-se deveras importante em situações alarmantes. Talvez a hipocrisia ainda não tenha me atingido e, assim sendo, não desviei o foco de um destino que ainda acho ser o mais correto. Também espero, sinceramente, que nada mude a trajetória do caminho que há tanto tempo resolvi seguir. Então "ser", "estar","ter" perdem-se todos de uma hora pra outra provando mais uma vez serem simples verbos e nada mais na vida de um homem.
Mas não descansarei enquanto essa ideologia me acompanhar. Vou aproveitando ao máximo tudo que me for oferecido. Coisas boas ou ruins, todas serão aceitas pois aprendi a extrair o melhor de tudo. Infiéis. Se soubessem a verdade...
Um verdadeiro oceano repleto de perigos. Uma selva com todos os percalços que pode oferecer. Um labirinto com todos os maus caminhos que podem ser seguidos. Uma simples cabeça deitada num travesseiro qualquer. Tudo se resume a mesma coisa. Os erros não vão se repetir, os acertos devem ser mantidos. A teoria mostra a facilidade que as palavras nos dão, mas sabemos muito bem que nem sempre é assim que funciona.
Aprendi a trabalhar de outra forma e faço valer a fantasia de todas as teorias. Incrível habilidade que penso em não mais desenvolver pra que a vida não torne-se ainda mais monótona. Ingênuos. Se soubessem realmente a verdade...
P.V. 11:05 04/02/09

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Sete dias, sete noites..

Deus, todo-poderoso, em sua incrível lógica de ser, com a maior humildade que o universo poderia ter reservado para Ele mesmo, ainda martelando em minha mente quem o criou, visto que Ele criou todo o resto, fez aquilo que vemos, em sete dias. Ó Deus, querido do meu coração, quanta agilidade! Sinto até mesmo uma ponta de inveja de tamanha sagacidade pra conseguir realizar toda essa empresa em prol de nós. Mas como diz o próprio ditado que também deve ter sido inventado pelo mesmo: "a pressa é inimiga da perfeição". Justamente por ter feito muito rápido (e a única solução deve ser essa pra que não firamos o ego do Pai) algumas coisas ficaram pendentes por aqui.
A gente perdoa. A gente já aprendeu a perdoar.


Mas eu, Paulinho, nem um pouco poderoso, com uma incrível lógica de tentar ser, deixando de lado qualquer tipo de humildade que alguém algum dia possa ter criado, fico do meu lado tentando martelar em minha própria mente as coisas que eu conseguiria fazer em uma semana. Fui mais rápido que Deus e concluí logo que não ia sequer chegar aos seus pés nessa empreitada. Que bobo sou, pensar que poderia me igualar ou quiçá ser melhor que o dono do céu.


Mas como todo pensamento é ingênuo e pela, sua inocência cria asas, posso fazer muito por mim mesmo em uma só semana; uma só semana que me resta pra que um único dia seja tão especial que faça valer todos os outros seis. Um único dia em minha vida que pode fazer valer todos os sete em que Papai do Céu construiu essa favela que a gente vive. Estava eu no domingo passado articulando meu destino na mente que me foi dada ao nascer, esta que esquenta até derreter em certos momentos decisivos da carreira que monto aos poucos. Sabem vocês, queridos leitores, que no próximo domingo encontrar-se-á uma festa dessas tão magníficas que arrepia-me os pelos do corpo de ter a felicidade de somente lembrar que lá estarei. E sabem também, ó queridos leitores, que em certas ocasiões devemos nos preparar de uma forma bastante especial, tal como fôssemos realizar um vestibular e deveríamos estudar até a morte antes de fazê-lo. Da mesma maneira, devemos nos preparar para além-morte quando vamos a uma micareta.


Então no domingo à tarde, cheguei a uma conclusão que há de apavorar aqueles que estiverem lendo e não forem tão inteligentes quanto eu. Sabiamente, descobri que faltava somente uma semana, sete dias, x horas (tive preguiça de fazer as contas), x minutos (mais preguiça ainda), x segundos (nem sequer saberia fazer as contas). Sabendo disso tudo, pensei em Deus que iluminou minha presença dentro daquele quarto quente onde me encontrava no momento e sussurrou em meus ouvidos: "Ahh safadinho, vai fazer o que durante a semana heiin??"


Bem sugestivo, não acham?? Depois dessa, me lembrei que Deus escreve certo por linhas tortas e tudo o mais o que dizem sobre o mesmo, e também aquela velha história de ter coisas escondidas nas entre-linhas e tudo mais. Foi um sinal, senhores! Um sinal! Fui tocado pela palavra do Senhor quando faltava só uma semana para a micareta mais aguardada do século. Arrepio-me ainda nesse momento ao transcrever essas palavras. Fui escolhido e isso me deixa feliz. Agora depois de toda a penitência que JÁ paguei, recebo o que de fato mereço. Eis aí minha agenda.


No primeiro dia, domingo de calor, começo de semana, devemos planejar o que faremos nos seguintes. Sei que é uma burocracia muito chata mas assim mesmo que deve ser. Como de praxe, nunca fui de seguir regras, quebrei mais uma e resolvi dormir ao invés de pensar. Mas Deus estava impossível e adentrou no meu sono pra me dizer coisas através do sonho! Sonhei como uma criança estando solta nas ruas, caminhando solene pela micareta com meu abadá azul púrpura brilhante e impecável. Mudei a rotina começando o primeiro dia sonhando...


No segundo dia, segunda-feira, dia de trabalho e estresse. Mas nem por isso devemos nos entediar, nem por isso devemos ficar tristes com as coisas que hão de acontecer. Relaxar e sentir que o dia está chegando, só pensar de leve naquilo que está programado pra ocorrer e conjeturar na cabeça as outras possibilidades; sempre devemos manter um plano B, C, e se possível até um plano K. Mas isso fica pra outra crônica. No segundo dia, segundo Apóstolo Paulo, deve-se bolar os planos...


No terceiro dia, dia bom, dia ímpar. 24 horas de muitos contatos com o mundo exterior, com o mundo que ainda não conhecemos, com o mundo que irá se reunir em um só lugar no tal dia. Porque como todos sabem, uma micareta é local de confraternização, local de se expandir o círculo (...?...) de amizades. Lá que iremos conseguir encher ainda mais nosso arquivo de show de belezas. Como um show de calouros, iniciantes e experientes. Cada um demonstrando o poder de convencer que conseguiram desenvolver durante os infinitos anos que já estão por aqui. Terceiro dia é dia de se fazer os contatos pra garantir a alegria, senhores...


Quarto dia. Mais um dia de trabalho, porém com um diferencial. A alegria que aumenta pois domingo está mais perto. Então devemos abrir o sorriso e mostrar a todos o nosso encantamento com qualquer tipo de problema que apareça pela frente e seguir tocando o barco sem olhar pra trás, só pensando naquilo que nos faz bem. Digo que o quarto dia é de uma utilidade grande pois é nesse dia que entramos em contato com o Nirvana; devemos manter uma relação muito boa com o nosso Deus Baco e Deusa Kátia pra que ambos possam abençoar o esperado dia. Isso é muito importante pois sem essas duas benções nada acontecerá da forma correta. Baco abençoa a putaria, e Kátia nos faz beber e não ficar bêbados. Conseguiram enxergar o tamanho da responsabilidade do quarto dia?


E no quinto? Baita quinta-feira que deverá ser de calor intenso a queimar nossa cabeça pensante no tão aguardado dia de buscar aquela vestimenta linda e maravilhosa, característica básica de uma micareta que se preze, que em minha opinião será da cor do mar, da cor do céu, da cor do sofá da minha casa, azul tão profundo quanto nossos pensamentos que estão a anos-luz da tristeza. Peguemos então o nosso abadá que ditará todas as outras regras do dia seguinte, assim espero, pois desde que consigamos penetrar algo na cabeça, devemos ir até o fim com aquele pensamento. O quinto dia é dia de pegar o abadá...


E no sexto dia, esse dia que começa com uma sílaba muito atraente aos meus ouvidos, esse SEX... Devo dizer que no sexto dia vamos nos preparar de forma maciça para o domingo. Uma vez sabendo a cor do abadá, vamos partir para os acessórios e penduricalhos que farão a beleza exterior aumentar drasticamente. Comprados todas essas besteiras, como cordões, pulseiras, tornozeleiras, anéis, bandanas, cadarços na cor do abadá, e a bermuda também. No meu caso incluo até mesmo uma cueca pois dias especiais pedem cuecas especiais. Sexto dia é dia de ir à compras.


No sétimo dia, sábado, o último, o derradeiro, aquele que não acaba quase nunca, a gente não vai fazer nada além de descansar pois foi justamente assim que O Pai fez. Então plagiemos sem dó nem piedade e deitemos em nosso leito de paz que é a cama, e botemos todos e quaisquer pensamentos pra fora, bons ou ruins, limpemos a cabeça pra sujar bastante no dia seguinte. Cabe dizer que nesse dia, podemos cortar o cabelo, fazer as unhas, confirmar contatos... Desde que o salão seja perto, a manicure também, e que o telefone não fique muito longe de sua cama. Vale lembrar que durante todo o sábado não devemos ingerir alimentos pesados, muito menos beber. Só água e saladinhas sem muito sal... Sétimo dia é dia de descansar.


Eis que o domingo chega e fazemos o quê? Entregamo-nos a tudo que passar por perto. É o dia da festa da carne, dia da micareta, dia de colocar a roupa e partir sem hora pra voltar. Sem muitas palavras pra esse dia pois a boca será usada de maneira diferente no decorrer das horas. Simplesmente deixemos fluir e fazer virar realidade os sonhos que povoaram nosso sono no primeiro dia dessa semana trabalhosa. E Deus que se cuide pois também consigo fazer muita coisa em uma semana...


P.V. 18:03 03/02/09

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A nostalgia romântica?

Um encanto realmente. Apenas alguns encantamentos como este último conseguem deixar-me vagando em êxtase, com a alma purificada, limpa de todo dejeto humano que é a realidade da vida. Mas o que são palavras jogadas ao léu, sem rumo nem destino? São sinceros e verdadeiros sentimentos que só têm um simples intuito: o de convencer.
Sempre trabalhei em prol de mim mesmo e com o passar dos anos aprendi a observar tudo que estava em volta; o que se movia e o que parado estava. Tudo o que olhava parecia não fazer sentido algum aos meus então jovens e negros olhos, tão rasos quanto qualquer outra coisa rasa. Talvez fosse culpa da inocência ou da ingenuidade que era dona de mim. Sentia dó e pena de qualquer pessoa que olhasse em minha direção. Doía-me o coração sem motivo algum, então a tristeza me consumia até me encontrar de frente a uma depressão que decretava o fim do meu dia. No seguinte, tudo se repetia. Estava preso à dor alheia e não sabia como me libertar.
Certa tarde de um janeiro chuvoso, as coisas mudaram de forma repentina. Até hoje guardava meus louros pra que o dia exato chegasse pra, somente então a coragem tomar conta de minha mão e, assim, poder transcrever tal experiência. Atropelando toda a burocracia da inspiração, resolvi pular barreiras e adiantar-me sem pressa de chegar. Naquela tarde meus sentimentos entraram em ebulição. Dentro de mim ocorriam profundas transformações; tão profundas quanto meus olhos que passavam pelas mesmas metamorfoses. Algo parecido com uma revisão completa de todos os meus atos e suas desastrosas conseqüências foi o que aconteceu nos infinitos bosques malditos que eram a única diversão da minha mente, essa floresta sem fim, que há tempos vinha sendo desmatada, dona de minhas atitudes.
Decisões drásticas são tomadas nos momentos de maior pressão e comigo não foi diferente. Senti que algo deveria ser feito mesmo sem saber o que era. Portanto, saí, corri, pulei e não alcancei o céu. Concluí de foma rápida que de um salto não alcançaria o céu, mas estaria mais perto que antes;e cada pulo, uma nova aventura travestida de história iria ser contada. Por isso que até os dias de hoje continuo correndo, pulando, saindo pela vida até que um dia, quem sabe, eu alcance o azul do céu.
Tudo muito incrível e absurdamente estranho, mas foi assim mesmo que sucedeu. De lá pra cá, venho evoluindo de uma forma que julgo ser muito perigosa. Sinto medo do que posso me tornar e isso atrapalha o andamento das missões que devo cumprir. Falávamos antes sobre palavras jogadas ao vento que têm a função de convencer. Dois sentidos eu emprego para este fim. Convencer com o significado de fazer a cabeça, formar opiniões, criar ideias; e convencer com o significado de elevar o moral, o ego, encher a bola. É o efeito mortal básico e terrível que sempre irá estar presente nas mentes martelantes e pensativas de quem sabe o que diz pra quem diz. Poderes desse tamanho trazem responsabilidades ainda maiores. É o medo que tenho. Foi a inocente palavra de uma menina (também inocente) que trouxe à tona essa verdade em minha cabeça e obrigou-me a escrever.
Foi um convencimento sincero, se é que isso pode ser real. Mas atingiu-me em cheio e jogou em minha cara, a nostalgia dos velhos tempos, onde as facilidades eram mais difíceis e o romantismo, somente uma palavra que incita a saudade num futuro bem mais interessante.
Agora estou aqui, todo dono de mim mesmo, gritando minhas verdades pro mundo inteiro ouvir e aceitar, convencendo (como ela fez) as fracas mentes que optarem por me rodear, pobres criaturas como eu era naquela velha infância.
P.V. 09:45 31/01/09