quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Monólogos de Saquarema

Falaram por lá, na verdade, por aqui também, que o homem, no auge de suas intenções, deve se retirar pra que o mundo entenda suas possibilidades, pra que o futuro seja melhor enxergado, pra que nada mais possa incomodar as decisões que foram tomadas com o coração e só com o coração. E queriam o Sol como aliado, mas a fraqueza do astro não impede que um presidente vença sozinho...
Sentei minhas nádegas pomposas naquele banco frio e ainda úmido pelas águas torrenciais que caiam, não só na Região dos Lagos, mas também em todo o resto desse meu estado grandioso. Admirei ao máximo as inúmeras intenções que o mar me proporcionava, deliciei-me aos goles enquanto as idéias borbulhavam dentro da minha cabeça, como sempre acontece quando me embriago de sensações e principalmente de amor, deixei que a vida corresse lentamente por mim, da mesma forma que me cortava o vento rasante da brisa fria do mar...
Poucos poderiam entender o que significa as pequenas coisas que um homem sabe pensar quando se coloca de frente pro mar e entende sua insignificância perante o resto de tudo, e ao mesmo tempo se coloca tão grande, tão maior que esse mesmo mar, pois se fosse de sua vontade poderia lhe domar com um estalar de dedos... céus e mares ainda me pertencem... mas prefiro continuar solto, correndo pela terra.
Disse uma vez e volto a repetir. Retirei minha tropa da guerra pra poder admirar um pouco de paz. Quanta crueldade vi, quanta morte, quanto sangue derramado e a sujeira que sempre tinha que ser retirada pelas mãos minhas dando lugar à limpeza que seria outra vez derramada de vermelho... mas tudo passa, nada fica, a intenção é sempre olhar pro horizonte, ainda que este se mostrasse monocromático e tão retilíneo que a vida pudesse ser subjugada e colocada de castigo só por ser tão obediente à Física e todos os seus podres parâmetros lineares. Estranho... o mar tão nervoso, e seu horizonte tão calmo... Parece um presente nervoso e um futuro mais calmo, abordando explicações para que não tem essa capacidade plena...
De onde estava, nada mais era tão importante quanto o que eu tinha para falar, quanto o que eu tinha guardado na minha mente em forma de pensamentos tão meus e de mais ninguém que poderia jurar por uns instantes que eu conversava comigo mesmo sem perceber outras vozes ao meu redor. Por mim, ainda que me chamem de egoísta, eternizaria momentos assim, penduraria em molduras tão belas e imponentes que sempre poderia me lembrar quando passasse próximo...
E o Sol não deu as caras pois não fora convidado.
As nuvens têm muito mais a dizer do que um simples raio forte de luz que só faz irritar aos olhos do que deveras dizer alguma coisa construtiva, mostrar algo que realmente importe, fracas tentativas de se comparar com a Lua, esta sim, que fez uma falta enorme ao não se mostrar em toda sua sabedoria, toda sua beleza, a perfeição no céu que faltou no fim de semana...
Queria dizer um monte de outras coisas, um tanto quanto de troços perdidos na minha cabeça, queria dissertar como quando jovem, queria me livrar de inúmeras dores que vão martelando aqui dentro de mim, mas já estou preso ao que não me solta, à censura da verdade que é tão boa, mas mal interpretada...
Retiro-me.
P.V. 13:30 18/11/10

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