terça-feira, 16 de novembro de 2010

O comparativo do tempo

Nada mais poderia interessar a qualquer homem do que se fazer presente nos instantes mais, ou menos, calmos da vida que já passou, ou da vida que ainda vai passar, analisem, os senhores, como queiram.
Tenho minhas opiniões próprias, as pessoas que me cercam me olham com olhos tão devassos e gulosos que não consigo mais focar no que sempre quis, ouço em cada momento de respiração que já não sou mais o mesmo, gritam em meus ouvidos sensíveis palavras tão estranhas e idiotas que, uma vez ou outra, me deixo levar pelo pensamento se, realmente, sou eu mesmo quem está agindo de forma errada, ou todo o mundo foi concebido de uma maneira mais imbecil, tentam me dar conselhos que me fariam desviar do caminho escolhido, das marcas eternizadas na areia por quatro pés, não desistem nunca de todo esse intento cheio de pecados e parece que ainda não me acostumei, mesmo sabendo de tudo isso há mais ou menos 21 anos...
Deve ser por esses motivos que muitas vezes durante um único dia, a mente me leva a lugares tão distantes e tranqüilos que me sinto mal, como se as lágrimas esquecidas quisessem, de uma só vez, cair pelo meu rosto, rasgando de fogo o caminho que percorressem pra que todos vissem, quando me colocasse nas ruas da amargura, o quanto chorei calado sentindo falta do que mais me fazia feliz, do nada, do silêncio, dos conselhos que não eram ouvidos, das conversas sérias que não haviam, daquelas coisas que não tinham necessidade de acontecer, e justamente por essa falta de necessidade, não aconteciam.
Tem um tanto de pessoas nesse mundo que olha a maioria das coisas com olhos que eu nunca tive, enxergam as pequenas coisas com palavras tão absurdas, interpretam ações com tanta maldade dentro do coração, não se deixam abrir para o que está por vir, não prestam atenção nos perfeitos detalhes que fazem da vida algo mais interessante e belo, cometem erros que se repetem de tantas maneiras que chegam a doer dentro de mim todas essas bobeiras e palhaçadas incríveis, logo em mim que tenho todo o poder de não querer entender ou fingir que entendi tudo que se passa ao meu redor, logo em mim que vivo gritando aos quatro ou cinco cantos do mundo pra que deixem que as palavras entrem por um lado e saiam pelo outro, sem rastros largados, sem fragmentos de idéias, sem formações possíveis de opiniões podres e fétidas.
O ponto que me faz sentar nessa cadeira e ser obrigado a cuspir tantas hipóteses inúteis é um fato isolado que deveria, tão bem, ser estudado que chega a ser um tanto quanto ridículo e banal, mas a manhã da terça feira fez de mim um tanto quanto infeliz, no silêncio ignorado de um presente que não se compara com o saudosismo do antigo calar de bocas do passado, quando nada mais importava do que a felicidade ingênua da falta de responsabilidades, quando a alegria não precisava ser procurada ou querida, simplesmente existia e atingia meu corpo como chuvas torrenciais que caem quando se deseja o Sol. O fim de semana não mente...
Mas ainda assim, o filho sábio ouve o pai.
Deixei de lado minhas armas brancas e pretas pra que nada mais incomodasse o descanso de um presidente quando este necessitasse como louco da paz tão desejada. Fiz uma curva à direita, coloquei-me a deriva, deixei que o exército passasse por mim, recuei minha tropa, retirei-me da guerra...
Lavo minhas mãos... e o resto do corpo também.
P.V. 10:01 16/11/10

Nenhum comentário: