Quiseram-me assim.
Não fui eu que cheguei pedindo cheio de mãos e argumentos, levando em conta todas as coisas incríveis que vinha praticando, não fui eu de forma alguma que julguei melhores e piores para que chegasse onde cheguei, não sou falso a ponto de dizer que não queria e uma ou outra vez não pensava na possibilidade, mas a coroa me veio à cabeça sem que eu soubesse e desde então chamam-me de presidente... ou nem tanto.
É bem verdade que a vida dá oportunidades a todos aqueles que se fazem um tanto quanto interessantes por si sós, e eu, eterno escritor da minha história, faço parte de um seleto grupo de pessoas que tem a capacidade vital de saber adentrar e sair da vida alheia deixando um tanto tão enorme e incompreendido de saudade que não poderia ser catalogado, não poderia ser descrito, a morte e a vida não conseguiriam dar conta do sentimento, a não ser que outras e outras vidas fossem agregadas a essa...
Pensarão os mortais, “convencidinho, o garoto...”
E não me deixo levar pelos comentários alheios, não me elevo ao ego quando a vida se faz um pouco menos interessante nos dias de sol ou nos dias de chuva, pois sei que os dias de trabalho são bem mais notórios que os dias de paz exagerada. Não escolho o que tenho que fazer, simplesmente aceito o destino ainda que não concorde com o mesmo em uma ou outra oportunidade.
Fiz todas as escolhas que poderia ter feito, algumas delas são tão péssimas que hoje em dia tenho muito orgulho de tê-las feito. Outras, tão elogiadas por muitos, não me trouxeram satisfação alguma.
Sou assim, um todo fragmentado de muita gente, um mundo de idéias fertilizadas que nunca dão tão certo quanto deveriam mas me ensinam a gostar da quantidade de felicidade que me trazem; sou assim, um medo incrível do que ainda não foi conhecido até dominar o que me rodeia e chamarem-me outra vez de presidente. Sou eu, o autor da história, o diretor de qualquer um dos filmes que estejam rolando ao meu redor, o ator principal, protagonista eterno de todos os dramas, de todas as produções desde a comédia ao pornô, tudo que passa por aqui é bem desenvolvido e a clientela tem o costume de voltar sempre e sempre, geralmente mais de uma vez durante os dias...
Quis me encher de glória, quis me encher de paz, quis fazer tantas e tantas coisas que ainda não consigo entender porque a grande vontade dessas coisas que não dão futuro algum, não trazem nenhum aprendizado, pois da paz nada se leva, uma vez que somente a guerra provoca os verdadeiros frutos do futuro, pois a glória em si nada é se não houver a tal da batalha antes que nos dará a vitória... chega-se à conclusão de que nada se alcança quando se está parado esperando que nos tragam a felicidade, esperando que o dia acabe (que absurdo!), fazendo das horas, minutos, fazendo dos dias, horas...
Acordo com a vontade plena e verdadeira de ter algo bem tenso para se pensar antes de dormir, para que a vida tenha valido à pena, para que tudo que se foi não tenha ido a toa, pra que eu possa ser lembrado no dia seguinte por quem passou por mim nesse dia que vai acabando... uma pessoa só pra sonhar com você é muito, muito pouco.
Mas aqueles que me chamaram presidente no começo ainda me prestarão muitas e muitas homenagens...
Chamam-me Paulo Victor, dezessete horas, quatorze minutos, terça feira maravilhosa de sol extremo, vigésimo sexto dia do sétimo mês de dois mil e onze.
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