quinta-feira, 21 de julho de 2011

Na madrugada

O escuro da noite, nesses últimos tempos, tem sido muito iluminado pelo forte farol dos carros, inclusive do meu, principalmente do meu, o que me obriga a levar uma vida um tanto quanto mais sedentária, o que me obriga a fazer tudo que eu quero nos instantes que eu quero e não me coloco aqui rasbiscando o papel para reclamar do prazer que sinto de poder mandar no que sou mas, infelizmente, a saudade de caminhar descalço furando a sola sensível dos meus pés nos asfaltos desse meu Rio de Janeiro faz com que eu queira jogar ladeira abaixo minha ferrari maravilhosa...

Introduções terríveis como essa fazem de mim um péssimo escritor, eu sei, mas são meus olhos e minha massa cinzenta que obrigam as letras a saírem dessa forma, muito sincera e muito pura, da mesma forma que sou eu, muito puro muito sincero, muito maravilhoso por assim dizer.

Ok, deixando de lado todas as mentiras absurdas, prossigamos.

Falei ali com um dos companheiros que queria outra vez sentir aquele frio louco e intenso que corre somente por algumas ruas desse mundo, aquele calor intenso que só chega em algumas horas da madrugada, aquele medo terrível de ser assaltado que só existe em quase todos os lugares, aquela lua inspiradora que me guiava por onde quer que eu estivesse, a não ser que malditas e enfadonhas nuvens resolvessem entrar na frente da maior bailarina do céu, com suas piriguetes estrelas a lhe acompanhar, subindo e descendo, caindo e voltando todos os dias, embriagada pelos raios fortes e cancerígenos do Sol que nela somente davam uma leve tontura e um brilho nos olhos... e que brilho, presidente!

Pois o companheiro nada entendeu, olhou de cima a baixo e resolveu abordar para si todas as coisas que ele sentia falta de verdade, coisas que não tinham nada a ver com meus sentimentos puros, falou das mulheres fáceis, dos arranhões, das línguas que dançavam serelepes de bocas em bocas, das cantadas que não falhavam jamais, falou da alta música que chamava o corpo feminino para dançar, aquelas batidas intensas endemoniadas e tão loucas que jogavam todos para o chão, depois da tão querida chuva (e tive que chorar) a deixar tudo como uma única poça de lama, o chão, o ar e as pessoas...

Jamais entenderão, esses que me cercam, do que é a felicidade plena, do que é amor de verdade, do que é sentimento de nostalgia e saudade daqueles instantes únicos em que a madrugada nos chamava para bailar e mostrava no seu cú de ponta de horizonte o primeiro raio vermelho rosado do Sol, convidando os que ainda estavam de pé para um belo café da manhã na padaria mais próxima, e que fosse pão requentado, e que fosse leite estragado, quem ligava para detalhes depois de uma noite tão perfeita...?, pois do que sobra de uma noite perfeita são histórias, e essas estão em plena ordem na mente fresca de quem pensa, essas estão ali pulando na ponta da língua direto na piscina louca de leite estragado à nossa frente, e é o instante exato em que a voz se põe a serviço do homem eternizando a verdade e propagando a existência de um presidente e seus feitos incríveis, assim como os aspirantes que o cercam e desejam um dia chegar perto de tudo que pôde fazer...

E tenho dito.


Chamam-me Paulo Victor, matador e ex-pegador, intenso nas suas palavras, vinte e um de julho desse ano que antecede o do fim do mundo, altas horas da noite, outros copos de café...

Nenhum comentário: