terça-feira, 29 de junho de 2010

A revelação do silêncio

Eu li um anúncio no jornal. Letras garrafais: "Educação Sentimental". E o povo, louco e intenso, abarrotando as bancas em busca de um exemplar, todos famintos pelo saber, todos em busca desse antídoto, palavras que trariam a analgesia amorosa que sempre buscaram e, enfim, era revelada.
A mentira me inspira. Nascem daí todas as idéias perfeitas que os autores fazem questão de cuspir no papel... comigo não poderia ser diferente. Tenho certeza que escolhi a profissão errada. O futuro me dirá.

Eu observo. Vejo resquícios de vício. Vejo caminhos de lágrimas caudalosas. Vejo ausentes tristezas. Vejo menos que isso. E o rosto fino de quem sofre é o saldo positivo do fim de um relacionamento?? Pois que venham todas as gordas ao meu encontro, venham com o coração tão inchado de amor quanto suas barrigas inchadas de comida e sairão satisfeitas, o prazer na boca, a saudade no peito, e a silhueta mais esbelta.

Pasmem, os senhores que me leem, e as senhoritas virgens que me seguem, ou talvez que me ceguem mesmo, pois veio a cabeça minha, esta que anda tão cheia e tão vazia, o supra sumo do intento de por mãos à obra e evidenciar um trabalho único, um dever para a sociedade, o sermão da ovelha desgarrada, dirão os mais céticos sobre uma literatura vagabunda e eu, autor, juntarei meu grito ao coro, pois na verdade nunca tive tais ambições de tomar cadeiras como a de Machado.

Pois deixe que o segredo se faça e a curiosidade tome conta do recinto, uma vez que não tenho pressa nenhuma em revelar meus íntimos fatos muito menos meus desejos de amor.

Vocês correram vales pelados e foi por isso que eu pude enxergar tudo aqui de cima dessa fria pedra. Lá embaixo, correm na planície e não há árvores que possam esconder suas podres vergonhas. E vão em direção à banca de jornais, sedentos por amor, um amor educado; aprender a amar é o que precisam. E não sabem... deve ser coisa da idade. Tampouco sei eu. Mas só o digo pra manter a humildade...

Calarei meus pretextos.

Minha possível decepção é voltar no futuro e não retirar o verdadeiro significado das palavras expostas. Sei que vou me esforçar por querer aprender um pouco mais, porém deixo por aqui tudo que já passou e adoto a postura do que fez a consagração.

Os senhores do passado brindam à vitória. Os senhores do futuro aguardam meu sucesso. Eu, senhor do presente, trabalho calado.

P.V. 21:20 29/06/10

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