terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Relembrando os motivos

Nuns primórdios da minha vida, há bem uns oito anos, tinha pra mim apenas uma caneta e um maço de papel, com folhas bem brancas e delineadas. Olhei ao redor, analisei tudo que me cercava, sinceramente não sabia o que fazer com o que tinha. A verdade é que o que eu tinha não servia de nada na minha concepção jovem de sonhador do futuro, sem saber que as possibilidades não viriam no dia seguinte, e sim, naquele instante se assim eu quisesse.
Pensei outra vez ainda, e não pude deixar de me levar pela pouca inteligência que era minha, rabisquei o papel com a caneta e vi uma ou duas palavras. Julguei boas aquelas palavras; escrevi mais meia dúzia; agradaram-me também. Escrevi até o dia morrer, até que a noite tomasse conta do dia, até que o outro dia tivesse seu início também, só então pude parar e ler tudo que havia escrito. Tive orgulho de mim mesmo. Todas as frases escritas eram recheadas de verdades, eram todas minhas, eram verdades que me pertenciam, fatos que eu tinha realizado com um pouco de suor, boa imaginação e criatividade, eram feitos só meus que se espelhavam em outras pessoas que gostariam de ler tudo aquilo e saber que alguém próximo tinha essa capacidade, não de escrever, mas sim de fazer tudo aquilo.
E então, desse dia em diante, parei de sonhar de olhos fechados. Cheguei a conclusão de que o sonho somos nós, o sonho é agora, a realidade é dura demais, e sonhar a fantasia é bem melhor que sofrer a verdade. Vivo sonhando desde então e não quero saber de coisa diferente do que isso, pois minhas palavras exprimem o que eu não sei dizer com a voz, minhas palavras me lembram que acordado eu sei bem mais do que dormindo, minhas palavras abrem meus olhos e não me deixam perder nenhum dos detalhes que soube aproveitar. Que soube aproveitar...
De uma hora para outra, de repente, eu vi que o mundo poderia muito bem caber na palma da minha mão e o que não estava certo, se continuasse errado não me incomodaria tanto quanto eu imaginava. O que não me pertence não me diz respeito, cheguei a essa conclusão de uma forma tão rápida que parecia não ser verdade.
Vi que o mundo é um tanto quanto relativo quando a intenção é boa e um tanto quanto complexo quando se quer fazer o mal. Optei pela relatividade da vida que é o que mais me interessa, vi que o mal não se deve ser propagado, somente o amor, jamais a exclusividade do mesmo... por uma outra vez, julguei que essa máxima estava errada e tentei ser domado. Jamais consegui.
Falei para um e para outro sobre o que mais me atormentava, ninguém até hoje conseguiu entender. Por outro lado fiquei feliz de não chegarem ao êxito de entender o que tenho pra dizer, isso me dá mais força pra continuar dizendo, gritando, cada vez mais alto, para quem quiser e puder, ouvir.
Mas a idéia que fica, a principal meta, o objetivo maior que há de ser sempre alcançado é o sonho que não deixa de ser sonhado, é a fantasia da vida que dá vida ao ato de viver, é o medo que se desfaz embaixo da nossa borracha de coragem distribuída aos milhões para que todos possam desenhar a vontade seus rascunhos de felicidade, apagando de leve os erros, absorvendo no papel todo o aprendizado que hão de adquirir enquanto vivos formos, enquanto ativos formos, enquanto ainda pudermos contar todos os fatos incríveis e impossíveis que o destino faz questão de nos emprestar...
P.V. 21:14 03/01/11

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