A verdade é bem mais plena do que a mentira, por isso insisto em fazer enganar, insisto nas palavras que podem substituir ações, calo meus êxitos pra dar lugar ao que não tem nome nem razão. E vejo todas as lágrimas rolando no rosto de quem estou acostumado a ver sorrir, e sorrir tão somente que me contagia com sua felicidade, que me deixa mais feliz do que já sou, que me transforma para melhor em dias sem noite.
Se eu pudesse modificar as coisas, e sei que posso, não optaria por retirar todas as lágrimas que derramam por mim, não optaria por fazer acabar o sofrimento de quem me ama, não gostaria que fossem somente felizes com tudo e nada lhes incomodasse; disse o poeta numa outra ocasião que a dor tem utilidade, o aprendizado só vem quando se machuca. Palavras duras, porém verdadeiras.
Tenho uma gama de possibilidades de fazer valer meu pensamento machucando quem mais me ama, porém não sei ensinar dessa forma. Ainda.
E aquele medo antigo já se desfez há tanto tempo que não há espaço sequer para mencioná-lo na crônica que teimo em escrever, pois do medo, eu não consigo escutar nada mais, do meu do medo, eu não posso seguir nada mais, o medo tem suas vertentes tão iguais, de braços dados com as lágrimas que correm nos rostos perfeitos de quem me quer bem, e a hipocrisia daria suas caras se eu chorasse também.
Porém, ultimamente, tenho me rebelado contra o sistema do sentimento; não que seja uma guerra com causas já ganhas, mas a intenção tem suas boas funções e não colocaria em risco toda a minha vida pensada no futuro para bem dizer quem tem pensamentos parecidos, também não deletaria todas as minhas vontades de jovem ainda sonhador para dar lugar ao mesmo pensamento alheio de futuro e destino, e a vida sem razão que é o que significa toda essa baboseira.
Não posso esperar acontecer.
A vida está correndo por mim.
Tenho por aí, perdidas nos lugares que já passei, algumas idéias jogadas, algumas cartadas certeiras e o tempo é curto, porém totalmente aceitável para o que se quer, totalmente certeiro a respeito do que se deseja, e não há espaço para falhas quando a intenção é o céu.
Sinto saudade de um monte de coisas boas.
Já descobri sozinho que as coisas boas que eu sinto saudade ninguém pode me dar. Ninguém. Só eu posso andar pelas ruas, só eu posso caminhar solene sobre o tapete vermelho de felicidade que se estende sob meus pés, catando de leve cada uma das alegrias que se perdem no caminho, que se esbarram comigo no meu caminho, o sentimento em forma de música, a multidão, o silêncio também, o mundo gemendo baixinho, a loucura da vida.
Pois então que sejam mais uma vez necessárias as lágrimas alheias pra que eu saiba de uma vez por todas qual o caminho seguir, que sejam utilizadas de maneira certa, sem desperdício, as gotas salgadas de sangue branco que escorre pelo rostos de quem me ama.
E que sejamos todos felizes.
P.V. 11:41 16/12/10
Nenhum comentário:
Postar um comentário