quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Monólogos de Salvador - I

Quiseram os deuses do destino trocar-me de aeroporto, mas não teriam a coragem de trocar-me de destino pra que a eternidade me desse mais uma vez motivos pra não me separar da mulher que amo. Quiseram os deuses que eu curasse por mais alguns minutos a falta que já ia me cortando os pulsos de dor fazendo aguardar ao seu lado numa fila que não tinha mais fim. Porém cada alegria vivente nesse mundo passa pelo holocausto, toda felicidade é revista em moedas que se viram e mostram sofrimento. O pincel de ver-te duas vezes pinta um quadro também de duas dolorosas despedidas. Que seja, o melhor não há de ser remediado.
Fato concreto é a saudade que, na minha humilde opinião, já iria dar suas caras, mas, ao contrário do que fora imaginado, chegou bem mais rápido. Não que seja uma saudade de beijos, de abraços, palavras meigas que soam perfeitas quando ditas ao ouvido numa dessas tardes só nossas, mas sim, a saudade de querer dividir cada momento, de lhe mostrar minha cara de medo quando o avião decolou e pude sentir Deus me puxando pelas mãos para ir ao seu encontro, de lhe dizer qualquer coisa sobre a pequena tela que iríamos vendo durante a viagem, ou das comissárias de bordo que falam como bonecas de luxo, a turbulência, o mínimo tamanho de tudo que esta lá embaixo enquanto estamos cá em cima... e seria tão melhor se fosse assim.
Mas essa saudade é boba. Tenho certeza de que os anos serão muitos, assim como todas as oportunidades que teremos de poder fazer cada uma dessas coisas; o que fica de bom é que a experiência mostra um ponto positivo. Já não farei tantas caretas de medo, e será a minha vez de rir de ti...
Duvidas do meu sentimento pois não ouve uma expressão que lhe digo a todo momento, sempre ao pé do ouvido, sem que ninguém ouça, só pra que tu saibas... grito baixo a minha felicidade pois a inveja tem sono leve; não queira acordá-la, minha princesa. De todas as formas possíveis, de línguas que não se escrevem, pessoas indiferentes a nós e tudo que nos cerca, gritos, palavras, textos, gestos, formas inenarráveis de lhe mostrar, e quem estava perto foi testemunha, quem tem olhos ainda é testemunha, ouvidos também o servem, e sabem de cor o tamanho do meu amor por você.
Não se iluda, muito menos sofra com a falta de palavras, minha linda...
São só teimosias da sua cabeça, as quais posso entender, as quais consigo entender. Mas saiba que sua saudade é a minha saudade, seu sentimento se multiplica quando enxergado dentro de mim, sua dor se exaure quando estamos juntos e assim também espero que aconteça com a minha, e que as horas voem, e que os minutos não sejam percebidos, que os dias não existam... e que o avião desça mais uma vez, que eu possa correr pros seus braços, pegar-lhe no meu colo, te ninar, te fazer minha, matar essa pressão dentro do meu peito que me enverga, me oprime, mas que ainda assim, me deixa feliz, pois o que é eterno ninguém tira, muito menos o tempo, que dessa vez, há de trabalhar ao nosso lado.
Se pudessem, minha palavras falariam mais alto pra que ouvisse.
Eu te amo.
P.V. 02:16 02/02/11

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