quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O alienista

Em Copacabana, essa semana, o mar sou eu.
No Corcovado, quem abre os braços sou eu.

E se quiserem chamar-me de Deus , também não direi que estão blasfemando. Sejamos quem quisermos ser. Loucos são os que discordam de quem tem a absoluta razão naquilo que fazem, naquilo que pensam.
Loucos são os que não têm perspectiva de futuro, não planejam sonhos exagerados, não vão dormir com sentimentos estranhos na cabeça, loucos mesmo são esses que não correm, que brigam que gritam que se estressam, loucos são os que não têm graça, não têm humor, loucos são aqueles que não acompanham os mais felizes, não por uma vontade plena de querer acompanhar alguém ou seguir passos, mas por poder absorver um pouco da alegria alheia, semear sorrisos, dividir as histórias, agir como loucos mesmo não os sendo, loucos são os reservados, os medrosos, os que não arriscam, os que não gastam, os que não beijam com língua. Loucos e insanos são os homens que passam pelo mundo e não deixam nada pro futuro, aqueles que atuam no recatado ambiente de um lar, aqueles que semeiam a muda do amor no coração de uma única pessoa, aqueles que não tiveram que chorasse de saudade ou de tristeza por eles, aqueles que não adquiriram a experiência da conquista abordando números, fazendo a estatística crescer, atolando de nomes os arquivos virais.
Disse o Raul, maior dos malucos beleza desse tempo, que só são felizes os que não amaram, e equivoca-se na sua acertada afirmação, pois se amortizam-se de dor, são loucos, e se não sentem o fogo desse incrível sentimento queimando dentro do coração também hão de ser internados nos manicômios do mundo. Loucos são os que não amam, loucos são os que amam, loucos e devassos são os que só amaram uma vez, mentirosos são os que dizem ter amado mais de uma vez.
Certo direis de ouvir estrelas, certo perdeste o senso e vos direi no entanto, enquanto houver espaço corpo e algum modo de dizer não, eu canto. E continuo afirmando e enunciando os loucos desse meu tempo.
Loucos são os que não sentem as dores no corpo de um contato intenso com a natureza, loucos são os que deixam passar os melhores momentos da vida nos locais mais belos que podem existir por estarem cansados, loucos são os que ligam mais de uma vez para ouvir a mesma coisa, loucos são os que ligam, uma vez que podem se ver, loucos são os que não beijam de língua, mais uma vez só pra salientar que pelo telefone não há troca de saliva, loucos são os que não acreditam em si, os que não acreditam nas pessoas, os que não acreditam no Brasil, loucos são esses ridículos pessimistas, loucos são os que não riem dos pôneis malditos que moram dentro do motor do meu carro amado, loucos são os que não escutam as músicas boas que os nossos tempos nos deram, loucos são todos os outros diferentes de mim, são os que não concordam comigo nas minhas afirmações, são os que ficam me olhando de canto de olhos, são os que me odeiam, me invejam, são os que tentam ser iguais a mim, pois tão louco como eu talvez não exista, mas os loucos que se dizem loucos não são assim tão loucos, embora ainda precisem ser estudados e analisados pelas palavras que escorrem de meus dedos nas noites de café, nos monólogos intermináveis, nas madrugadas de trabalho, nas loucuras da vida...
Sinto falta da minha sanidade.

Chamam-me Paulo Victor, maior dos loucos, começo de noite dessa quinta feira que nada promete, agosto de dois mil e onze.

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