São coisas assim que me tiram toda a falsa esperança, que me entristecem por estar fazendo tudo que venho fazendo, e é um erro tão grande da minha parte que me sinto mal comigo mesmo e com o rumo que vou dando à minha própria vida desde que meus sonhos tendam a se concretizar da forma equivocada, da forma que não me agradará no futuro...
Vazio.
É assim que eu fico quando me ponho a pensar nas histórias que estão sendo escritas e o quanto disso tudo pode se comparar às coisas que fizeram parte do meu passado, as antigas aventuras que eram eternizadas em tantas e tantas vozes e palavras e letras que mal caberiam num singelo livro dedicado a alguém.
Posso bem mais do que isso, essa minha certeza é que me coloca no chão, é essa minha convicção, esse meu atual esforço pela transformação que me dão ainda mais pena de mim mesmo, essa minha intenção plena de querer me livrar não me dá esperança alguma, me sufoca, me amarra ao pedestal que não sai do solo, não há heróis que possam mergulhar nessa água para arrancar, num último esforço de bravura, fazendo-me boiar para o infinito, lar do destino que me reserva ainda muitas aventuras...
Subir um morro não é nada. A única certeza que se leva disso é que dele há de se descer em um momento. E desde que coisa outra alguma seja colocada em evidência a não ser a certeza de que o fim se dará, o morro jamais irá vencer o mochileiro.
Pois não nasceste para mim, não nasceste para a aventura que corre no meu sangue, da luz das estrelas que não vi no céu até o brilho do mar ofuscado pelos raios do Sol, não mereceste o mérito de poder desfrutar desses prazeres da natureza.
O herói saberia o que fazer.
Mesmo que a onça terrível adentrasse em seu caminho, se Ceci a quisesse para si, se o mundo conspirasse e a guerra acontecesse todos os dias de formas diferentes, a sagacidade do herói põe em primeiro lugar a verdade da vida que é a capacidade interna que cada um tem de salvar a própria vida da morte terrível que nunca fora a física, e sim a mental. Tentem, vocês puritanos, prender um homem livre, um animal por assim dizer, tentem domar uma fera, um herói pra mim, tentem enjaular um leão das matas que vive por viver, utiliza-se de tudo que o cerca para improvisar, para crescer, para ficar mais forte, para alimentar seu amor ingênuo pela mais delicada e cretina mulher que poderia aparecer pelas pradaria da selva brasileira, ou que seja qualquer um desses outros lugares intensos que o mundo nos reserva.
Não me coloco no lugar de Peri, não saberia agir nem com um terço de seu poder, não poderia de forma alguma entreter alguém por tanto tempo, não salvaria uma mesma vida por tantas vezes, não seria adorado e odiado sem me opor, não passaria o resto da minha vida nessa subserviência eterna, não sei se conseguiria sentir todo esse amor que se espelha em pura dedicação, mas uma coisa eu digo. Traduzirei todo o seu esforço eternizando sua caminhada da mais intensa forma que as palavras me permitirem.
Eu poderia muito mais que isso, mas estou aqui tão preso quanto Peri poderia estar, a selva não me deixa sair por aí pulando de galho em galho, torturando onças como antigamente, fazendo corações chorarem de saudade sempre que passava por algumas das esquinas mais quentes dessa minha floresta, não sou mais o mesmo índio de antes, não me coloco em guerras que não são minhas só pra salvar o amor da minha vida, não entro em buracos malditos só pra dizer que lá estive, não acordo de madrugada e fujo da cela pra que me procurem loucos no outro dia...
Admiro de longe, e só.
Mas a realidade ainda pode imitar a ficção.
Verão.
Chamam-me Paulo Victor, fã de Peri, meio do mês de agosto, nove horas da manhã, dois mil e onze.
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