terça-feira, 18 de setembro de 2012

Gotas em potes de felicidade


Que na sala, que no quarto, que no banheiro e cozinha, eu me veja, eu me encontre ao teu lado ou atrás de ti, pois nessa minha condição de vontade, cada uma das tuas roupas eu hei de rasgar sem força, com pudor, sem medo, e na intenção da carne, essa carne que te cobre e que me alimenta, ainda mais essa saciedade que há de ser posta em fim, que há de ser colocada a parte pois do que sou e do que pretendo poucos loucos um dia conhecerão...
Quiçá saberão em alguma oportunidade os puritanos dessa minha época do que se trata o sexo selvagem e despretensioso que, por pretensão, tem somente dar cabo na libido que rodeia esse povo maravilhoso que me segue. E nas histórias alheias eu me encontro tão perdido que por lá ficaria pelo pouco tempo da eternidade...
Queria eu, com meus vinte e poucos anos, adentrar em toda essa serenidade de casos e adversidades, queria tanto poder dizer aos quatro cantos do mundo o que já fiz, e essas intempéries que rondam minhas cabeças nos dias mais monótonos da primavera. Em invernos outros eu já fui mais eu. Hoje estou um pouco encabulado...
Quantas e quantas saias já não levantei com meus olhos poderosos, quantas palavras perdidas num meio de álcool enorme que não me dava a sensação que eu pretendia naquelas tardes recheadas de amigos, quantas noites mal dormidas e madrugadas alucinantes, quantos carnavais? Já nem sei... quantos natais e anos novos, milhões de sensações escondidas por baixo desse pano sujo de lamentações.
Que no chão, que na cama, que na rede, que na areia da praia mais deserta, eu me veja entrando e saindo da felicidade pois na alegria se esbarra com a tristeza e com o sofrimento damos mais valor aos sorrisos bobos, que eu me atenha a um amor somente, que eu saiba dar valor a quem esteja do meu lado na caminhada, que eu saiba deliciar quem me delicia, que eu saiba dedilhar quem me dedilha e que eu não me canse jamais, pois no cansaço se vê o ócio de Satanás atentando o bom homem...
As minhas energias em ápice fazendo donzelas virarem mulheres, o meu poder de conquista cada dia maior, minha força em realizar os suspiros, cada um dos quesitos maravilhosos do ser moderno se espelhando em mim e não tenham medo, não se acanhem em se chegar pois mordo sim, mas mordo devagar... nada que não doa tanto sem que deixe guardado no fundo de sua ferida uma saudade saudável dos momentos que passar ao meu lado, e se for, que não se lembre de mim, pois do meu peito fraco pouco respondo, das dores que eu também sinto pouco digo, e me dizem, sim, me dizem desleixado, relaxado para com as pessoas, e me vejo mal, e me vêem mal, coração de pedra, quando na verdade é mais mole do que as lágrimas que dos meus olhos escorrem na sua partida...
Guardar em potes gotas de felicidade é trabalho árduo para quem tem pouco tempo na vida para amar, eu sou desses...
Prefiro torneiras abertas a me banhar nos lagos de alegria que a vida pode me proporcionar por isso não deixo de lado ninguém, não deixo de acordar todos os dias com o sorriso no rosto, reclamo às vezes mas me lembro que a moeda sempre sobe e cai virada para o lado que mais irá me apetecer...
Julgar-me-ão os tolos e sem opinião formada sobre seus próprios entendimentos e saciedades de seus corpos, mas não hei de me abalar pois a força do pensamento ultrapassa qualquer tipo de crítica proveniente de puritanos bobos e sem brilho nos olhos pelas aventuras vividas enquanto vivos foram.
E é isso.

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