Mão cerrada, punho forte. |
Cada um vai pelo seu caminho, os candidatos maravilhosos,
trilhando becos e ruelas nas favelas, organizando comícios milionários com o
nosso dinheiro suado, trabalhando em prol da reeleição, tentando dar seqüência
aos seus devidos crimes de estelionato, corrupção, safadezas, e promiscuidade,
cativando eleitores sem mente, comprando votos por migalhas, fazendo girar a
enorme roda de imperfeições desse nosso país...
Pra exprimir um sentimento sincero que não cabe em mim e
atenta o desejo de ser escrito, eu lhes digo que venderia meu voto sim.
Pasmem...! com que razão vem esse jovem advogar em causa
própria tal façanha sem tamanho em rede pública contaminando puras e
revolucionárias mentes sociedade afora?
Pois do que cortam do meu salário todos os meses, pois da
maior porcentagem que fumam de meu cigarro, que tomam de minha cerveja, que abastecem da gasolina que eu boto no carro, da facada absurda que engolem em cada
parcela de tudo que eu tenho em meu nome, do ar que eu respiro quiçá também
eles talvez cheirem um pouco, do meu ir e vir garantido em lei que eu tenho que abrir
as pernas em cancelas cobrando pedágio, de siglas malditas de impostos que eu
não conheço que sempre terminam numa outra sigla chamada CPI para prender os
que gastam indevidamente o meu e o seu dinheiro sem que alcem sucesso,
nada disso vale a pena, senhores.
Pois se o favelado aceita uma cesta básica em troca do
seu sagrado voto no bandido que veste terno, eu aperto sua mão, pois pelo menos
em um mês ele irá comer às custas do eleito, nos outros quatro anos nada
acontecerá.
E não me venham com as grandes opiniões de que sim, há
por aí alguns bons e honestos que hão de lavar do governo toda a sujeira que lá
houver, há, perdidos por aí, alguns candidatos que vieram do povo e pelo povo
irão trabalhar contentando-se com somente o seu salário e nada mais, não
entrando em esquemas e nem patrocinando outros corruptos que dão proteção do
lado de fora da Assembléia, ou da Câmara, ou do Planalto, tanto faz...
Pois a verdade é uma só, senhores. O sujeito até tem a
boa intenção de adentrar e fazer algo pra mudar, mas é engolido pelo sistema, o
sistema é muito maior do que esse número já absurdo de parlamentares que lá
estão e dos que hão de entrar. Nada vai mudar, nunca vai mudar, quem nasceu pra
pano de chão não chega a edredom.
Mas a revolução começa de baixo, somos nós a população
que escolhe o governo, entremos então no mais alto patamar das lideranças e
arranquemos a cabeça de todos a começar por nós mesmos, pois todos somos
corruptos, todos nós nos corrompemos vez ou outra na vida; se o erro deve ser
erradicado, degolemo-nos uns aos outros até que os bebês apenas possam crescer
num país livre de más idéias... não poupemos idosos com suas histórias de passado, muito menos mulheres, cobras malditas, espécie venenosa a contaminar nossos futuros adolescentes guerreiros.
O sangue, esse sim vai escorrer pelas ruelas e becos das
favelas, sujando o sapato dos candidatos sedentos por votos nas comunidades mais pobres, aí então,
quando os eleitores todos já não mais existirem, quando as máquinas pararem,
quando o consumo cessar, enfim, passarão fome também os que estão na ponta da
pirâmide, se rebaixarão ao nível do que precisam e pela vez finita colocarão
ordem nesse prostíbulo chamado Brasil.
Admiraremos com orgulho nossa façanha, vendo crescer a
pátria amada em honestidade, em igualdade, em alegria e futebol, em cerveja e churrasco,
em praia e bundas... pois somos isso, senhores, somos praia bunda cerveja
churrasco e futebol, somos coisa boa, não somos terremoto, não somos vulcões,
não somos tsunamis, somos o povo mais feliz desse planeta dito redondo, mas
continuamos enterrados numa poça de merda, as moscas mudam a cada 4 anos, mas
enquanto não houver sangue o suficiente pra pintar o muro da burguesia com as
letras de revolução, nada mudará, nada.
Um comentário:
Genial! Sensacional! Magnífico! Na minha humilde opinião, esse é um dos melhores, quiçá o melhor, que escreveste. Não somente à abordagem do tema, mas também sua construção. Perfeito! E estou contigo, companheiro. Vamos guilhotinar cabeças!
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