quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Fraca murcha flor

Na morte, a natureza renasce.

Vai por lá, o rapaz solto, no embalo dos seus ímpetos, família feita, guerreiro do asfalto, carteira cheia de assinaturas, meses jogados fora por falta de competência, logicamente.
É desses que não têm futuro, mas acaba caindo num buraco de sorte vez ou outra e se levanta quando não parecia haver mais saída, é desses que não se esforça e só promete, e por só prometer, jamais cumpre... e a criança, sem culpa, sem pai, sem mãe...
Mas não há de ser nada, o povo que somos, a raça que nos une, a nutrição dessa terra alimentada pelas lágrimas de outrem fará com que brote outras opções, possibilidades mil, todas elas servidas em pratos de tristeza, é bem verdade, mas não há nada de felicidade sem as pontas de sofrimento que nos espetam a bunda.
Vai ser assim, pois assim eu já sei. Vivido...
O que aumenta a saudade é a razão básica de a rua ter dois lados opostos. O bom e o ruim, o dia de sol e o dia de chuva, a risada e o choro.
Quando o mundo se faz pleno, quando nada nos falta, quando os amigos estão desocupados, quando o bolso está levemente recheado, o que há é suficientemente bom para o que tanto precisamos, essa baboseira de analgésicos para as dores do coração e tudo mais o que dizem.
Entretanto, no contrário, quando estamos caminhando sozinhos buscando as aventuras, quando o fim do mês é inimigo, quando os irmãos se esforçam na distância para fazerem suas responsabilidades, aí guerreiro, o telefone na sua mão é de um peso absurdo, as palavras são todas estranhas de cores mil, as músicas da rádio gritam verdades tão grandes nos teus ouvidos que melhor seria se surdo fosse.
A luta é grande, a guerra maior, o mundo te dá as costas, alguma maldita faz a pergunta que não deve, outro maldito comenta o que menos deve, as fotos se jogam em teus olhos, outra falsa felicidade tal qual a tua quando a vida sorria se mostra à vista tua e tu murcha. Tu murcha, cara, mas toda flor no outro dia, no outro raio de sol, se ergue.
É mentira minha que nós homens não somos como flores? Não, não é mentira... então, brother, tu continua murcho e desenganado.
Os ônibus passam por você lhe convidando a entrar, todos com o itinerário do qual tu corre, do qual tu foge, o qual tu briga e batalha até o fim, mas o fim, parceiro é papo de alguns minutos... tudo isso te consome por dentro, tudo isso te mói, e eu digo mais, tudo isso te mastiga porque tu é fraco.
Não é flor. Mas é fraco.
Desabonando as regras de matrimônio, meu caro, abandonando famílias, deixando de lado aquilo que mais te apetece e faz por ti, és fraco de uma fraqueza absurda, és garoto novo, burlando as mais intensas formas de sentimento, o de um pai, por mais que minhas palavras sejam do quilate de outros cobres, longe da pele do que te pinta, sujeito...
Que faz?
Senta e chora, vacilão, senta e chora...
Pois na hora do retorno, nada mais será como antes, e digo com palavras de conhecedor, na hora do certo retorno, tu vais ser o mais baixo dos homens, tu vai se rebaixar à altura de quem tu pegou ódio mas não vive longe, tu vai se arrastar pelos cômodos da casa, tu vai rastejar pelo chão como bicho traiçoeiro, vai ser infeliz na caminhada rumo à morte ao lado de loiros fios que pela tinta de falsas pedras, indômitos quilates outros, se enxerga no reflexo sujo do vosso espelho...
Julgam-me assim, pessimista para com a relação dos povos. Pois o que já nasce errado está fadado a ser cada dia mais equivocado.
Eu vou por aqui no meu canto, sempre disponível quando preciso. Para ambos os lados. 

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