sábado, 31 de janeiro de 2009

Uma onda que brotou

Sentimento de felicidade é o que há de melhor pra se sentir em qualquer fase da vida e nesses momentos de pós-adolescência-pré-idade adulta tudo parece tão incrível que quase chego a acreditar no que não digo. Só assim pra fazer brotar nos outros um pensamento de satisfação que me atinge e alegra meus dias.
Em certos momentos canso-me dessa variada mesmice e conjeturo mudanças de atitudes ou até de ares. Porém a reflexão me faz concluir que nada nem qualquer outro lugar me dariam mais prazer dos que ocupo nesse momento. E será que por toda a minha curta eternidade a vida andará assim? Será que não mudarei? Será que sentirei vontade de mudar? Um dia saberei e será mais uma aventura a ficar gravada nas incríveis histórias que ditam minha passagem.
O que tenho de melhor são as coisas que já fiz. Provas de tudo o que ainda sou capaz. Sei que o passado já ficou pra trás e não se levanta a não ser que se interessem por acordá-lo, mas estou recordando as glórias pra que consiga manter-me de pé todos os dias. Preciso superar meus medos, encarar desafios, enfrentar problemas e desfrutar do melhor que me será oferecido.
Um mar de oportunidades cresce na minha frente e sua descomunal onda me atinge sem dó mostrando toda a força que a natureza-destino acumulou. Quero me afogar, me perder no meio de todas as portas que se abrem nesse labirinto de sonhos que não quero acordar. Janelas escancaradas somente me esperando para entrar. Janelas brancas, amarelas, vermelhas e negras, essas que brilham com o Sol a bronzeá-las. E eu vou entrando. Pulo o muro, arrombo o portão, despisto o segurança que anda de quatro, entro pela janela.
Não sei o que me aguarda mas tenho certeza que é melhor que nada e isso já me satisfaz. Mais uma onda a me atingir; dessa vez de prazer, como já era esperado. Justamente agora aquele tal sentimento de felicidade me pega pelos braços e me faz levitar.
Foi só um sorriso que brotou no rosto dela e me atingiu.
Como uma onda.

P.V. 10:55 29/01/09

sábado, 24 de janeiro de 2009

Ó Pai

Ó pai, entenda-me dessa vez em que ponho-me de joelhos ao chão e, com as mãos juntas, rogo aos céus pra que um pedido meu seja respondido. Sei por tudo que vem ocorrendo que meus desejos são, na sua maioria, fora aqueles que seriam considerados milagres (esses dispensariam uma mão-de-obra muito grande, até mesmo para o Todo-Poderoso) são sim, atendidos de uma forma um tanto quanto ligeira. Mas dessa vez é um exagero de sinceridade e a banalidade dessa vontade pode mostrar o romantismo de uma alegria por trás da ironia que há de se seguir.
Ajuda-me a ter mais um desses perfeitos dias que começam bem e não terminam até o dia clarear. Deixa eu sorrir ao ver o chão balançar sob meus pés e a multidão a me segurar pra não cair. Faz com que a paixão exorbitante que é característica só minha possa ser dividida entre aquelas que estiverem próximas, bem próximas pois seus mandamento me ensinou a saber doar aquilo que em mim sobra. Afasta o cálice de tristeza que tentarem me servir durante as falsas trevas da noite e faça que essa mesma noite seja somente um ensaio, uma personagem Lua travestida de negro escondendo sob seu véu a claridade do Sol que abençoará com seu brilho a manhã do meu acordar. Traga pra junto de mim as belezas que a natureza criou para os homens de bem, esses mesmos homens que, como eu, somente aguardam em silêncio uma pequena oportunidade pra que os desejos deitados em mente possam se tornar realidade. Ilumine meu caminho e retire da minha frente quaisquer pedras que ousarem querer me derrubar; atire pra bem longe essas pedras, lugar distante que também não atrapalhe meus inimigos na bela batalha que iremos travar antes que a madrugada se vá. Perdoai meus exageros e todas as pederastias que hei de fazer, mas admito desde que já tudo isso isso pois Tu sabes que a carne tem das suas fraquezas e meu forte nunca foi resistir aos seus prazeres. Indica-me da forma correta os lados a se seguir no meio da multidão pra que meus destinos, já desenhados, possam ser alcançados fazendo-se caber dentro do pouco tempo que nos foi reservado. Daí forças para minhas pernas quando estas fraquejarem pois o ritmo será frenético e a necessidade do movimento é tal qual a de se alimentar quando estamos em jejum. Esteja presente nesse dia, pois sei que será num domingo, e Vossa Excelência costuma tirar uma breve folga, portanto acomode-se em uma nuvem qualquer que esteja pairando sobre o local e observe todos os atos que envolverem minha pessoa e evite quaisquer transtornos ao meu redor e do fiel escudeiro. Converse com Pedro, seu Santo amigo, tente fazer precipitar-se sobre nossas calorosas cabeças, uma abençoada chuva lá pelos meados da noite, naqueles momentos onde a alegria já estiver atingindo seu ápice, com intenção simples e pura de umidecer as vestimentas daquelas que nos rodearem pra que a visão seja ainda mais bela que de costume. Entre em minha alma e inspire minhas palavras todas as vezes em que minha boca for aberta com o fim de poder ludibriar uma pobre coitada que precisar ouvir consolações reconfortantes. Continue em minha alma pra fortalecer as ações que partirão de mim e atingirão as felizardas que merecerem, essas inocentes criaturas jogadas ao desdém que ainda não conheceram a possibilidade única em suas vidas de poderem desfrutar de um instante ao meu lado. Retarde o relógio, ó Pai, junte-se a Chronos e interceda por mim nessa célebre causa que faz tocar em seu coração a mais humilde canção em forma de prece que lhe rogo nesse momento: transforme em minutos, os segundos, em horas, os minutos,em dias, as horas. Faça durar como fosse a infinita eternidade onde o ócio não tem vez, onde a tristeza não foi convidada, onde o mal não entrará, onde as únicas lágrimas que rolarão serão de emoção ou genéricas por trás de um disfarce nos pingos de chuva, encomendada há pouco.
Sinto doerem-me os joelhos enquanto suplico aos céus, porém entendo essa dor como uma pequena penitência a ser paga em leves parcelas durante algumas semanas. Aceite, Senhor, essa minha dor como uma entrada, um simples adiantamento pra que consiga realizar os desejos que tanto quero. Não pense nisso como um suborno, pois seria muito abuso de minha parte se tentasse comprar o dono do universo, mas enquanto a intimidade nos permitir, vou continuar bajulando e oferecendo o que tiver em mãos.
No tal dia, assim que ele chegar, sinta-se à vontade de descer do firmamento, vestir um abadá todo especial confeccionado a Sua altura e deleitar-se da farra que Você mesmo há de abençoar.Estarei aguardando.
P.V. 14:05 23/01/09

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A dor desta manhã


“Como se fosse o Sol desvirginando a madrugada, quem sentir a dor desta manhã...”

Adormeci feito criança, corpo mole e irresponsável, totalmente inerte e de posse dela. Nessas horas é que fica clara a total fraqueza de um homem perante uma mulher, também fraca e de posse indefinida ainda. Praguejei horríveis dizeres ao maldito celular que me despertou de um profundo sonho; tão profundo quanto o meu pensamento que paira sobre ela nesse momento. Mas esqueçamos o fim e comecemos por onde mais interessa: o início.
Justamente agora onde um falso frio envolve meu corpo, quando a chuva cai raivosa lá fora e os trovões dão o tom inebriante tal qual as batidas do meu coração, eu relato o que não pode (não pode?) e não deve (não deve?) se calar. Sei também que a confiança depositada deve ser mantida, porém estou vivendo um estado de êxtase em que algo parecido com uma paixão incontida revela-se em mim.
Já vinha sendo encantado pelo brilho de um sorriso há algum tempo, mas não acreditei em nada daquilo, talvez por já estar calejado com as inverdades da vida, talvez por acreditar que nem tudo que reluz seja ouro, ou talvez fosse aquele famoso medo do sofrimento alheio. Mas deixando tudo isso de lado, todas essas baboseiras do coração que não me fazem bem algum, falemos do tesão que não pára de queimar por dentro.
Muito calor mesmo com o tal frio que ainda cisma em querer enlaçar-me. Coisa estranha. Um fogo que arde até dentro de água, aceso de repente pelas mãos do prazer a consumir o tanto de virilidade que a adolescência me permite. Todas as quentes promessas que troquei tiveram utilidade grande ao fazer-me viajar deitado e inconsciente.
Deita-me de novo, ó Morfeu, faz-me sonhar mais uma vez, não me acorde mais, sempre preso sozinho e acompanhado nessa cama a delirar imóvel com o deleite de poder mandar no que é meu, com a vontade sendo realizada da maneira mais deliciosa que possa haver, fazendo as promessas tornarem-se realidade, sentindo por dentro o que já não se agüenta mais por fora, deixando fluir todas as maravilhas perfeitas que a vida pode oferecer, fazendo o que dá vontade, o que é dono de mim, o que posso fazer com ela... Ó Morfeu, não me deixe mais acordar desse sonho que tive a felicidade de ter, e faça melhor, faça com que um dia, quando a inevitável hora de se levantar chegar, faça com que seja ainda melhor ao vivo, faça com que tudo seja inesquecível e que a união de dois corpos mostre ao mundo que a perfeição existe, que o estado de Nirvana existe, que tudo é prazer e nada é problema. Ó Morfeu, deixe-me mergulhar nesse mar de perdição que me foi dado, deixe-me afogar nesse mar de beleza que é uma dádiva dos céus, deixe-me gozar das lindezas do mundo, deixe-me deitar com uma deusa e acordar como um deus.
Sei que às vezes exagero em minhas palavras e que nem tudo disso pode ser a total verdade, justamente pelo exagero já mencionado, mas é o que sinto no momento e torçamos pra que essa vontade seja uma crescente infinita a me fazer explodir por dentro. Quero um rosto doce e meigo a me olhar pedindo mais, quero sentir a dor da manhã seguinte sendo desvirginada pelo Sol, quero o prazer puro de acordar e não abrir os olhos, quero o escuro, quero o claro, quero no chão e na cama, quero num canto, onde ninguém nos veja, quero com barulho, quero em silêncio, quero o que quero, quero o que ela quiser...
Estou em suas mãos, estou entregue ao prazer...
P.V. 20:39 22/01/09

sábado, 17 de janeiro de 2009

Carta de despedida

Rejeitaste-me de forma normal até que meus pensamentos extrapolassem o nível de comodismo que povoa a mente de pessoas dadas ao desdém. Mas isso é só uma previsão, pois do futuro, discurso eu. Interpretar sentimentos é vocação e quem nasce com esse dom pode se considerar um infeliz sortudo. Li calado o pedaço de papel bem dobrado que chegou em minhas mãos. Continuo calado. Era algo como um pedido sufocado e desorientado em meio a frases e palavras. Calado, eu li:
"Do fundo do meu coração, local onde quase nada habita a não ser a pura verdade, eu te peço que me deixe viver. Não volte nunca mais pra mim. Por mais que eu implore, por mais que você veja loucuras inflamando em meus olhos a esperar somente uma resposta negativa de sua boca pra que se tornem fatos reais e trágicos, por mais que a pena se apodere de seu ser e consiga enxergar em mim alguma coisa que ainda lhe preste, por mais que intensos rios caudalosos jorrem de meus olhos e eu, desesperada a gritar da forma mais horrível como se arrancassem à força a metade do meu coração, órgão e sentimento, por mais que todos ao meu redor façam você mudar de idéia, por favor não volte mais pra mim.
A sintonia que minha mente formou com a dor é algo semenlhante a um vício extremo e eu, dependente de suas falsas verdades, embriago-me cada vez mais a afundar lentamente nessa poça de tristeza eterna e infernal que se formou em minha volta. Basta tudo que você me fez, por favor acabe com essa droga de uma vez e não volte mais pra mim.
Falta-me o ar ao lembrar de você, entrando e saindo, amando e me deixando, voltando com todas aquelas histórias que ainda acredito serem verdadeiras, com todas aquelas flores que ainda posso sentir o perfume, lembrando em palavras os momentos que passamos juntos como se pudessem novamente tomar vida pra nós dois, esses mesmos momentos que me deixam ainda anestesiada só de lembrar. Essa recordação fez-me derramar uma lágrima que correu sorrateira pelo meu rosto e depositou-se no papel que escrevo. Se chegar em suas mãos e notar algo de estranho, saiba que é uma ruga no papel; uma ruga que explica minha vida; uma ruga de sofrimento.
Pois se ainda existe compaixão em seu coração, não volte mais pra mim. Faça-me esse favor antes que o inevitável torne-se previsível."
Então calado continuei após ler todas as medidas palavras dedicadas a minha pessoa e seus respectivos atos. Nunca mais a procurei. Mas sei que em algumas ocasiões a visito em seus mais nostálgicos sonhos.
P.V. 13:25 17/01/09

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

És dona Capitolina, menina-mulher

São coisas desse tipo que me deixam feliz, um ponto radiante de brilho a reluzir frenético solto no ar. Momentos puros de desesperado romance são tão raros e, talvez por isso, justamente por isso, que me deixam assim anestesiado, insensível a quaisquer outros fenômenos externos que possam querer tomar o meu caminho. Simplesmente entrego-me de olhos fechados e braços abertos, correndo sem direção, pois o destino é um corredor largo a nos levar sempre à mesma saída, natural a todos e, sabendo disso, me jogo mais uma vez desse desfiladeiro infinito, do qual ainda não parei de cair.
Menina que virou mulher. E a saudade dessa menina é tão grande quanto o impacto que tive ao vê-la mulher. Esconda-se de mim sob seu véu branco de pureza, a virgindade da vida, a verdade prestes a ser despida e por nós apreciada. Esconda-se de mim como mulher lembrando as meninices que construíram a base de nosso amor. Não tive pressa, não tenho pressa em rever-te, mesmo não podendo suportar a saudade que transborda de mim a cada segundo longe de você, ainda menina. É difícil pra mim mostrar a distinção existente entre o que foi ontem e o que é hoje, sabendo de cor o quão triste é a porta de saída do destino que me aguarda. Ou melhor, que nos aguarda.
A ingenuidade, ou inocência, admita como quiser, nunca foi característica sua, mas ainda assim conseguia, melhor que qualquer outra atriz, mostrar ao mundo uma falsa fragilidade. Uma das coisas que fez-me perder-me em seus encantos é isso de ter mais força que eu, ser mais sagaz que eu nos desafios simples que a adolescência nos traz.
Vivemos nosso amor eterno que foi marcado por juras das mais sinceras e emocionadas que poderiam existir. Claro que hoje posso ver com meus olhos mais abertos e olhando pra trás que eram apenas promessas de adolescentes. Na adolescência ainda existe alguma graça em se prometer e não cumprir, coisas que a idade ainda permitia, mas que aos nossos olhos eram da maior verdade. E seus olhos... olhos de ressaca, dissimulados talvez. Oblíquos? Nem tanto porque ainda hoje não sei o que possam ser olhos oblíquos.
Não podia me olhar em espelhos que tudo me remetia ao passado, tentando fugir daquilo que vivia no momento. Será mesmo que a menina ainda era mais forte e interessante que a mulher, por mais que essa nova experiência tenha me trazido muitas outras aventuras que antes eram presença somente em minha mente, ainda muito vazia por sinal. Nossa nostalgia era incrível. Acho de verdade que não deveria usar o pronome no plural, pois hoje vejo que nunca soube de fato o que escondiam seus olhos, o que estava deitado em sua mente, se as sinceras palavras que saíam de sua boca eram realmente confiáveis, não sabia e era feliz assim. É pena não ser burro, só assim sofreria menos, como já disse um antigo poeta.
Ainda assim, por mais que seja de todo uma grande aventura a desembocar num triste final, admito que nada jamais há de se comparar com o que senti e vivi ao seu lado. Ainda hoje lembro-me como fosse ontem nós dois a correr pelo quintal de sua casa e seus pais a lhe chamarem, você sempre atenta a todos os detalhes, com desculpas infinitas pra todas as situações em que éramos quase pegos. Sempre deixei em suas mãos (por não saber o que fazer) a tarefa de inibir qualquer sombra de dúvida que pairasse sobre nós. Incrível menina, você foi. Incrível mulher, você é.
Ainda sinto seus olhos a fitarem-me. Olhos de ressaca; isso mesmo, olhos de ressaca.
P.V. 22:03 14/01/09

domingo, 11 de janeiro de 2009

Uma surpresa

Foi naquele momento pioneiro da minha vida que passei pela situação da qual jamais hei de esquecer. Outras tardes, outros dias vieram depois, da mesma maneira que também ocorreram antes, melhores ou piores, talvez alguns deles ainda estejam definhando em minha memória, mas isso que digo aqui agora permanece bem vivo e se debatendo. Julgo assim por querer sempre manter o exagero nas minhas palavras; normais como outras quaisquer. Vezes primeiras, jamais esqueceremos.
Pois bem. Minha pessoa, que em busca de novas aventuras adentrou em um mar ainda desconhecido, apenas murmurado pelos cantos amigos pouco confiáveis, foi sem muita fé, com pouca esperança, doses bem medidas de medo e a cara lavada de álcool, como de costume.
Era a mais pura alegria tudo que se dizia, tudo que se cantava, o jeito de chegar, a velha condução que sempre dava no mesmo lugar. Lembro-me como fosse ontem. Tarde que não hei de me esquecer jamais. Acompanhado cheguei, acompanhado me fui.
Deixemos de lado começos e fins e partamos para o desenvolvimento da coisa. Aquilo que mais importa de verdade.
Caminhões com caixas de som gigantes são das melhores invenções que o Deus Todo-Poderoso pôde inventar (por mais que tudo o que aconteça em volta desse mesmo caminhão seja obra do Danado Do Diabo). Havia um caminhão lá, jogado ao marasmo, solto no meio de toda aquela gente, gritando por todos os lados o axé fucking music from Bahia.
Estava eu lá, andando solene e destemido, acreditando ter o poder todo em minhas próprias mãos. Que bobo eu fui.
De repente, o inesperado!
Momento de clímax, tirem as crianças da frente do computador, evitará traumas permanentes.

Eu vi. Sei que vi pois olhos eu já os tinha naquela ocasião. Correndo desvairada, vinha em minha direção alguma coisa realmente fantástica com duas pernas e dois braços. Logo percebi que era uma mulher! Tinha sido inventada. Uma coisa bela daquela maneira não poderia sair à mesma forma que outras. Era um verdadeiro espetáculo. Um harém reunido em uma só mulher. Continuava a correr pra mim. Seus olhos miravam e fuzilavam os meus com total verocidade a ponto de me fazer querer desviar, porém o álcool presente nas veias fazia de mim só um servo a obedecer apenas. O ritmo da corrida era grande mas em minha vista, aquela deusa vinha devagar, lenta, sem pressa de me possuir, tal qual as rainhas planam soberanas ao passar pelos seus súditos. As coxas que a traziam pareciam brilhar com o Sol que jazia alto no céu e jogava sua luz (fraca perto dela) a fazer ricochetear em mim e cegar-me de leve. Um pequeno e bobo short jeans envolvia aquilo que vinha pra mim a longas passadas. Minha visão teimou em querer falhar quando subi mais um pouco e notei o que estava por me esperar. Torneada barriga, rasgado abdômen, cor do jambo, bronze de praia, piercing como cereja do bolo, gotículas de suor a dançar naquela pista inalcançável que fazia nascer em mim uma sede absurdamente misturada com algo parecido com vontade de remexer. Cambaliei, mas não caí. Prefiro não mencionar o tamanho do decote por sérios motivos de saúde e a vertigem seqüencial que adquiri depois desse dia. Pulemos os peitos que também pulavam. O rosto... algo parecido com uma pintura à base das mais raras tintas, pincéis de ouro, embranquecendo de leve a já alva tez que era típica de algum anjo dos céus que talvez tenha perdido suas asas e caído aqui perto de mim e agora corria na minha direção. Qual não era minha alegria por ter noção de que aquilo era verdade...
As coisas que me falavam desse tipo de festa eram realmente verdadeiras. As mulheres de fato pulam em cima de nós. Altas, magras, baixas, gordas, feias e lindas. Que maravilha que é a vida. Senti até mesmo mais amor pelo próximo, uma compaixão para com os necessitados, uma vontade louca de fazer o bem só pelo fato de também estar recebendo; e recebendo muito além do que merecia. Será que não merecia?

E ela continuava a vir em minha direção com um fogo muito grande nos olhos que despertava em mim pensamentos dos mais pederastas que já possam ter imaginado. Meu coração começou então a bater mais forte com a ansiedade de tudo que estava pra acontecer, já conseguia até mesmo sentir o gosto de sua boca, sua pele macia a esfregar-se loucamente em mim e me apertar com toda a força. Ou talvez fosse mais carinhosa e chegasse de leve, tocasse o meu rosto olhando dentro de meus olhos e como num passe de mágica encostasse seus lábios nos meus e aqueles famosos sinos tocariam ao longe fazendo despertar um amor que seria pra toda a vida. Conseguia até mesmo ver nossos filhos correndo pela casa brincando enquanto nós, marido e mulher, fiéis e sinceros em nossa eterna paixão, de mãos dadas sentados no sofá a conversar com a amada sogra. Que cenas lindas a colorir minha mente.
Por falar em colorir, com a aproximação de minha musa, pude ver algo vermelho em sua mão. Não liguei, nem dei muita atenção pra esse fato, só queria ser feliz e aproveitar ao máximo a alegria que aquele momento me proporcionaria. Joguei meus lábios para frente, inclinando minha cabeça num famoso e querido biquinho pra melhor receber o seu beijo de boas vindas que já esperava ser na boca, visto o quanto seus olhos de tarada dissimulada* me desejavam. Então ela chegou. E abriu um sorriso que fez meus olhos arderem de tanto brilho. Eu lá com meus olhos miudinhos e meu biquinho esticado e aquele deusa na minha frente a me encarar faminta de desejo. Então ela levantou a mão e pude ver aquilo que reparara de longe, mas não tinha dado a devida atenção momentos antes. Vi, mas ainda não tinha identificado. Mas qual seria a importância daquilo não é mesmo? Parti pra cima dela pra conseguir o meu primeiro beijo com a mulher que criaria meus filhos, mas ela fez uma cara de nojo, apertou um papel vermelho sobre minha testa e saiu correndo ainda mais desvairada do que quando vinha. Chegou-se junto de algumas meninas que a acompanhavam, e ficaram apontando pra mim e rindo escandalosamente. Fiquei embasbacado, e nem sei mesmo se essa palavra existe!
Continuei ali olhando as meninas rindo quando uma delas partiu em direção de outro cara e fez a mesma coisa que a primeira fizera comigo.

Caros amigos, qual não foi minha surpresa ao retirar de minha testa o tal adesivo vermelho que continha uma frase em letras garrafais, com pontos de exclamação dos mais gritantes, e essa cor vermelha, de sangue, e não de paixão como eu imaginara.
Estava escrito com todas essas letras: NUM VÔ!!!!
Triste, não??
P.V. 11:18 11/01/09

sábado, 10 de janeiro de 2009

Passatempo

Foi um passatempo. Autores começam suas obras com uma frase solta e a partir dela criam sábios e épicos textos. Tive vontade de começar com um passatempo mesmo sem saber onde esse hobby me levaria. Coisas desse tipo acontecem a toda hora. Vivo entrando em conduções das quais não sei o itinerário, muito menos o destino. infantilidades e faltas de responsabilidade certas vezes trazem uma nostalgia e alegrias que há muito não reconhecíamos e são sim, necessárias em nossa vida.
Deixei passar o tempo. Sabe esses momentos em que nada de exterior importa mais do que aquilo que estamos vivendo em seja lá qual for a intensidade do instante? Relógio não marca um sentimento, marca os segundos derradeiros desse mesmo sentimento, tornando-se assim um de seus maiores inimigos. Uma baita contradição dentro de mim, pois também não sou muito seu fã nessas horas. Por isso mesmo o arranco de meu pulso, talvez pela raiva que sentia dele em fazer meu tempo escorrer ou talvez foi porque tive que me molhar na chuva, água que também escorria.
Molhar é ação tenebrosa da qual só deve ser partilhada a dois, visto que dois corpos molhados juntos formam uma grande utilidade, enquanto um sozinho só traz dor de cabeça. Tocar nesse assunto faz tocar em mim outras coisas. Belas, é verdade.
E nem mesmo seria bom mencioná-las aqui nesse momento pra evitar um óbvio problema que também não é necessário de ser relatado em público. Muitas idéias vazias que não levam a lugar nenhum só servem pra encher a cabeça de quem não tem alguma coisa mais importante a pensar. Tipo eu. Pode ser utilizada uma coisas dessas como um passatempo, não é mesmo??
Conforme passa o tempo, vejo que conheço pessoas das quais jamais imaginaria conhecer há algum tempo. Coisas desse tipo realmente me deixam feliz, não só pelo simples fato de serem interessantes ou porque venham a ocupar um tempo meu que esteja na ocasião, vago. Mas também porque é necessário a mim, isso de expandir o círculo, dividir experiências, apaixonar-me sem intensidade, com o único intuito de ter histórias a mais pra contar naqueles momentos jogados em uma sala velha e empoeirada com os netos, novos e limpos.
Passaria meu tempo a contar-lhes tudo o que passei, tudo o que já tenho programado em minha cabeça, e tudo também o que ainda vou viver; e espero que seja muito a não ser que resolvam levar-me pelos pés daqui. Felizes ficariam todos com as mentiras exageradas, donas da maior verdade que poderiam um dia acreditar, feições lindas e sinceras a me encarar todas de uma só vez, e eu pregando minhas falácias; eu, dono do martelo mais improvável que já existiu.
E o tempo ia passando não é mesmo?
E a chuva ia caindo.
E eu sempre a me molhar e retirar o relógio, inimigo do sentimento.
Um ciclo vicioso que forma o mais agradável passatempo...
P.V. 19:56 10/01/09

Paixões didáticas

Tinha suspirado. Foi somente esse suspiro que bastou pra que minha vontade transbordasse em atitude. O momento era ideal e nada em volta parecia conspirar negativamente em nossa direção.
Palavras nem sempre são necessárias quando a intenção é sentir. Meu olhar junto ao dela, mesmo que mergulhado na penumbra, brilhava de forma única e gritante a declarar qualquer sentimento que ainda estava por nascer, desenvolver-se e tomar o lugar daquele que reinava na ocasião.
Inebriados estranhos a nos encararmos sem medir forças com o tempo que se mostrava um aliado nosso a fazer correr o relógio aumentando o tesão escaldante que já tomava conta do lugar. Não me contive e o que tinha em mente foi botado em prática pois já era o momento certo pra que o contato se desse.
O escuro já trouxera o costume aos meus olhos e pude, pela segunda vez, encarar seus lábios. Encarava seus lábios pois era o que mais me interessava nela. Queria tê-los pra mim da maneira correta, da maneira completa, diferente de alguns instantes passados. Antes mesmo que qualquer outra parte de mim encostasse em seu corpo, foi minha boca que tomou a iniciativa e, assim com uma fome além do normal, possuiu aquilo que faltava a sua segunda parte, sua outra metade.
Não senti o retorno em seu beijo. Admito que triste eu fiquei ao saborear o gosto do desdém. Não pude raciocinar a respeito de nada naquele momento e mantive-me imóvel simplesmente encarando aquele lindo rosto que há tanto tempo foi dono dos meus mais longos sonhos. Recuei. Analisei mais uma vez a beleza exagerada daquela boca em forma de morango, vermelha e doce.
Pela minha cabeça, indisfarçáveis pensamentos de indignação pela recusa calada que acabava de sofrer, porém ainda assim continuava intocável, ainda me deliciando, mesmo que triste, da sua respiração tão próxima de mim que, talvez pelo mero capricho de minha mente tornava-se um pouco ofegante.
De tão hipnotizado que estava, tive vontade de desviar o olhar um instante, mas seus olhos escuros, sorridentes por natureza, pareciam me puxar cada vez mais perto. Não quis tentar uma nova investida contra seus lábios temendo uma nova ilusão. Recuei um pouco mais.
Não havia mais o que fazer. O ciclo estava completo. Teorias machistas que foram desenvolvidas pela antiga trupe já não funcionavam mais. Entendi por dentro o que estava acontecendo. Fora vencido e derrotado. Caído na lona admirando a perfeição de minha inimiga. A paixão já tinha tomado conta de mim e tornar-me-ia um subalterno perante vontades alheias. Era o fim. Resolvi me retirar.
Levantei de um pulo e sentei com as pernas esticadas como um trabalhador que sofrera intensamente com a labuta diária. Em minha cabeça, os mais confusos pensamentos mais uma vez se embaralhavam de tal forma que nem mesmo essa forma eu sei transcrever.
Talvez tenham passado alguns longos e intermináveis 7 segundos. Infernais momentos onde o orgulho ferido queria me obrigar a sair correndo, mas a submissão da recente paixão me pregava àquela cama. Aguentei com toda a força que me restava e permaneci durante essa eternidade parado ali.
Digo tudo em longas e exageradas palavras, mas a verdade é que tudo o que relato até aqui não durou mais que alguns instantes, alguma coisa parecida com pouco, bem pouco, ainda menos do que possa se imaginar por quem quer que esteja lendo.
E no ímpeto de tudo estava a ferver dentro de mim, tive acessos estranhíssimos de loucura incontida pois não sabia, pela primeira e única vez em minha vida, o que fazer. Parado estava, parado permaneci. Quando as forças e esperanças davam as mão pra partir e me abandonar lá largado, eis que algo do que não se espera ocorre
Sempre é assim. Em todos os contos, em todas as narrações. Algo inesperado sempre acontece e dá novo ar de otimismo a quem precisa ler aquilo que não consegue mais ficar imóvel em um pedaço de papel.
Pois digo com todas as palavras que jamais havia pensado na delicadeza e mente incrivelmente única que só uma mulher pode ter e, ao mesmo tempo, com minha paixão momentânea, pude aprender mais do que queria, ou sequer imaginava.
A beleza que antes admirava, de repente foi posta em minha frente mais uma vez pois de um pulo, tal qual o que eu havia dado pra tentar fugir sem sucesso, sua boca encarava meus olhos e seus olhos beijavam minha boca. Não é exagero algum dizer que isso é impossível, mas os caros leitores não estavam presentes então não poderiam entrar em discussão. Só eu sei o que foram aqueles poucos segundos em que a alegria de uma simplicidade pode fazer em um homem.
Deixei-me ser levado por ela. Ela era minha dona e sabia o que fazer, sabia justamente onde tocar, onde beijar, o que dizer, por mais que eu não entendesse e nem mesmo fizesse questão de querer entender. Só queria que o amigo tempo deixasse tudo parado em um único segundo que duraria até agora, justamente agora quando passo de minha mão pro teclado as letras que formam as ações que ocorreram naquele dia.
Foi algo como jamais acontecerá, nem mesmo aconteceu com outra pessoa qualquer que tenha tido a felicidade única de se apaixonar por um instante. Fui levado por ela durante todo o tempo em que quis o que tanto desejava, e a negação foi a resposta que consegui obter. Quando já me encontrava sem esperanças e desiludido, a mesma sensação que senti antes foi transferida pra cabeça dela, que mais forte que eu, soube me dominar mais uma vez. E que me domine de novo, se quiser...

Estarei sempre aqui esperando, desiludido e sem esperanças...
P.V. 15:50 10/01/09

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Uma história a ser contada...

Certa noite, dessas que parecem não ter mais fim, mas que ainda assim deixam marcas de tristeza por simplesmente sabermos que nada é infinito, estava eu e meu fiel escudeiro-aprendiz-irmão-brother-conselheiro a vagar na escuridão iluminada pelas mais variadas luzes de um certame do qual começo a dominar lentamente e vivi uma dessas experiências que não podemos jamais esquecer.
Claro que sou desses que costumo não lembrar os exatos pormenores na manhã seguinte da noite em que os atos foram de fato efetuados, mas como ando prevenido com amigos que estão ali pra aguçar minha memória, pude estar aqui agora e relatar com os detalhes preciosos aquilo que foi feito durante a tal ocasião; gloriosa, diga-se de passagem.
Eu, com minha incrível sagacidade, andava solto no meio da multidão, mirando sempre o horizonte pra não dar confiança a ninguém, até mesmo porque não iria gostar de me misturar com gente dessa laia, freqüentadores assíduos do local. Poderia, com um simples e inocente olhar, apaixonar uma das menores de idade que lá estavam a se chacoalhar, vulgarmente chamadas por uns e outros de 'novinhas', e isso seria, pra mim, uma grande derrota, visto que uma vez apaixonadas essas meninas realmente sofrem com uma verdade que não querem acreditar.
Pois bem, andava eu, já precavido a respeito das 'novinhas' com meu fiel escudeiro, quando de repente vi um vulto, um vuco-vuco, uma nuvem de felicidade a pairar sobre meu ser quando deparei-me com o passado; a nostalgia de um sorriso ao longe fez meu coração bater mais rápido trazendo à tona saudades de um tempo em que nem tudo era tão sério, da mesma maneira que não era mais fácil, mas mesmo assim era longínquo, e tudo aquilo que há tempos não temos, nos trazem o interesse. Vi minha amiga Bianquiinha no meio daquela multidão, já tomada pelo terrível vírus dessa tal de micareta que come o cérebro deixando no seu lugar o som inigualável do axé fucking music from Brazil.
Corri, fui em sua direção trazendo pelo braço, o fiel escudeiro que justamente naquele momento fazia algo do qual minha pessoa desaprovava. Estava ele a apaixonar sem dó nem piedade uma das 'novinhas', erva daninha que parecia brotar do chão a devorar sem dó nossa consciência, flor da juventude que ainda era regada de hormônios mais fortes que nunca naquela ocasião onde o vinho sagrado de Baco já tinha sido jogado sobre nossas pétalas.
Quando gritei seu nome, Bianquinha olhou-me com desconfiança, mas logo a seguir reconheceu em mim aquele jovem promissor, estudante de enfermagem sempre dedicado aos livros que havia conhecido há alguns anos. Grande futuro, ela achava que eu teria, porém via-me ali agora jogado ao léu, irreconhecível em uma roupa que todos usavam, inebriado pelo sangue da uva que, dos pés das mais belas mulheres da Itália era amassada, pra que chegasse e fosse apreciada pela minha boca, sedenta. vermelha e carnuda.
Foi uma alegria só, beijos e abraços, saudades e recordações, básicas perguntas feitas a todos que se encontram depois de muito tempo. Vistas as apresentações necessárias, chegou a hora de conhecer aquelas que eram as tais fiéis escudeiras de minha amiga. Do mesmo jeito que eu carregava um ao meu lado pra que me segurasse caso o álcool, bobo, quisesse me dar uma rasteira, ela também tinha as suas. Ela deveria ter duas fiéis escudeiras porque deve beber mais que eu e o seu respectivo álcool deve dar uma banda ainda mais forte que em mim.
Conheci Alineziinha, menina legal que fala pouco, observa muito e logo foi atraída pela beleza exagerada de meu amigo Allanzinho que, sem perder tempo, começou a jogar em seus ouvidos palavras que antes, durante algumas semanas, ficamos decorando frente ao espelho pra poder dizer naquele dia. Somos espertos.
Então conheci a menina Leiliinha.
Menina Leiliinha estava ali deslocada, no seu jeito tímido de ser segurando a câmera e registrando em uma máquina digital aquilo que acontecia no momento. Claro que meu instinto UCMlístico não deixou-me ficar parado e, talvez por isso, que mantive-me a balançar-me de lados para lados seqüencialmente enquanto falava coisas das quais não me lembraria se não fosse sua ajuda no dia seguinte. O que me impressionou logo de primeira vista foram seus olhos que fuzilavam os meus com uma sede, com uma fome, com alguma coisa que não sei dizer o que era. Quase perguntei se em sua casa não havia comida, dada a fome com que suas órbitas oculares fitavam-me.
Fui educado e limitei-me a elogiá-los como todo cavalheiro faria.
Via que seus olhos ficavam pra lá e pra cá a me encarar pois eu também estava pra lá e pra cá. Devia ser o instinto UCMlístico? Talvez seria o ritmo alucinante do Funk fucking music from Rio de Janeiro? Talvez fosse alguma urticária presente em minha cueca naquele momento? Essa última opção cai por terra, pois acabo de me lembrar que não utilizava qualquer tipo de roupa íntima naquela ocasião, a não ser uma calcinha que havia ganhado de uma menina alguns instantes antes e guardara em meu bolso; um presente pra que me recordasse de seu odor na manhã seguinte e seguisse onde meu faro me levasse, assim talvez chegasse ao canil em que ela estava morando. Não sei qual era o motivo, só sei que me balançava.
Era hora então de dizer-lhe a verdade. Há algumas semanas já havia procurado um psicólogo, mas o seu ordenado me deixara um tanto quanto decepcionado e decidi deixar pra uma melhor ocasião esse papo de querer me consultar e dialogar sobre meus problemas internos. Abri-me pra menina Leilinha. Disse que era um príncipe e que estava caçando a minha princesa. Coisa verdadeira, visto que esse era mesmo o único motivo da minha presença naquele recinto. Certa vez um amigo disse-me que uma micareta era local de se conhecer pessoas e ficar bem íntimo delas mesmo que seja por um instante. Essa coisa me interessou e então parti em direção à primeira micareta que vi na minha frente. Foi quando disse isso que Leilinha começou a rir descaradamente de minha cara, o que avermelhou minhas feições...
Pensei por dentro em sair correndo dali, refugiar-me em algum lugar distante, talvez uma caverna onde ninguém pudesse me ver, tal era a tristeza que se abatia sobre minha alma no momento. Então, minha antiga amiga Bianquinha me chamou de lado e disse: "Liga não, Pauliinho, essa menina é maluca..."
Aliviei-me.
Eu, que tímido nasci, e tímido morrerei, não queria encarar aquela pessoa que acabava de conhecer pois seus olhos eram profundos, sérios, loucamente tarados. Disse à amiga Bianquinha que sendo assim iria beijá-la na boca pois não queria mais vê-la rindo de mim, nem pra mim, teremos que dar uma nova função aos lábios, bem melhor que falar, mais prazeroza que rir.
Fechar os olhos e esquecer o que acontecia do lado de fora. Deixar o tempo passar por nós e simplesmente mergulhar de boca no que não existe. Pensei em tudo isso naquele milésimo de segundo e, quando menos esperava, estava alucinadamente engolindo salivas e mordendo línguas.
Pulei sobre Leilinha e agarrei-a com força. Experiência acumulada dos anos em que era adepto da poligamia, bons tempos. Estávamos ali naquele lésco-lésco infinito quando lembrei-me de minha batalha, lembrei-me que a guerra ainda estava a explodir por todos os lados e não poderia deixar que o inimigo vencesse enquanto encontrava-me ocupado, lembrei também que minha busca eterna pela princesa não havia chegado ao fim, lembrei do fiel escudeiro que ainda jogava palavras doces no ouvido de Alinezinha e tendo tudo isso armazenado na memória depois de tantas coisas a lembrar, depedi-me de menina Leilinha, a qual deixei sorrindo ainda mais do que quando, naquela clareira aberta no meio da multidão, achei quando chegara.
Subi em meu cavalo e parti rumo à esperança; acompanhado do fiel escudeiro, segui as batidas dos sons que gritavam por todos os lados. No caminho ainda senti o tal odor que havia sido programado pra sentir no dia seguinte. Mas era a filial no meu bolso que cheirava e não a empresa matriz, que a essa altura já deveria manter um novo aroma, do qual não gostaria de experimentar.
Adeus, crianças... No Jammil, estarei de volta.
P.V. 22:10 08/01/09

A memória de uma alegria

O sacrifício, em certas ocasiões, pode ser uma dádiva que desce dos céus. Claro que um cansaço qualquer que seja não traz assim tanta alegria, mas o que pensamos e as conseqüências dos atos praticados são sim, um presente do qual fizemos questão de pedir. Continuaria com as dores a me torturar pelo tempo que fosse só pra usufruir um pouco mais de tudo de bom que acontecia. Sei que são fatos que não se repetem a todo moomento e justamente por isso que a intenção de aproveitar cada instante era tão grande.
Mas tudo acaba uma hora e não foi diferente dessa vez. Tanto quanto em outras oportunidades, saí feliz, saí radiante e martelando em minha cabeça tudo de bom que fiz pra que possa ser perpetuado durante alguns meses na cabeça de quem almeja um lugar no topo como o que eu gosto de ocupar. Nem todos conseguem, é verdade. Inclusive eu, me demorei um tanto pra alcançar essa tal felicidade que brota de dentro toda vez que a escuridão é iluminada por luzes que não sei de onde vem, toda vez que o som fala mais alto que minha própria voz, toda vez que a imobilidade fica frágil e passa a não existir simplesmente pelo motivo banal de que o que se mexe é mais interessante do que aquilo que parado está.

Deixo-me estar acabado pelo tempo mais extenso que possa sentir pra que sempre me lembre do motivo pelo qual estou nessa situação. O prazer da dor é observado quando paramos e encaramos as circunstâncias que envolvem aquilo que faz doer. A memória de uma alegria é algo inexplicável, talvez ainda mais forte que a própria alegria vivida, visto que no momento do ato não tínhamos a exata noção do que acontecia. Lembrar depois e sagrar-se glorioso por ter obtido êxito traz mais felicidade do que se espera.

Foi bom. Foi muito bom.

Fazia tempo que não me sentia livre de tal forma, e sentir isso depois de tanto é algo comparável ao nascer do sol depois de meses de madrugadas infinitas. Solto estava de uma forma tão bela que nada do que acontecia em volta parecia me incomodar. Nada é tão forte quanto a liberdade que voa pelos meus braços, confundidos com asas brancas a brincarem de bater no meio de toda uma multidão que sente o mesmo que eu, com intensidade menor, é verdade, justamente pelo fato de meus exageros serem tão notórios.Um exagero de alegria.

Estarei exageradamente ansioso pra que um dia como esse se repita.

P.V. 07:21 24/12/08

Falsos desabafos

Não, não quero dizer o que penso dessa vida.
Não quero dizer simlesmente nada, quero somente ficar quieto, calado num canto escuro, isolado do que não me faz bem. Mas quem disse que minhas palavras são verdadeiiras??Quem disse que as coisas que costumo dizer com tada veracidade são da mais plena verdade??
Nunca foram, nunca serão..
Continuarei a levar toda a alegria a quem estiver próximo tagalerando sobre tudo que não é possível, tudo que é incrível e que justamente por essa banalidade, tornam-se creditáveis na cabeça de quem ainda não me conhece, ou seja, todos.
Sou sincero a tal ponto de dizer que minhas mentiras fortificam meus pensamentos, deixam claras as idéias que um dia tentaram se esconder de minhas intenções e agora prometem muito mais que antes. Continua da mesma maneira: promessas são sempre mentirosas, todos que prometem já procuram antes de dizê-lo alguma desculpa pra burlar as regras que nós mesmos tentamos criar. Mais uma vez: regras são feitas para serem quebradas; regras são mentirosas, então, desde o berço.
Mas tudo vai melhorar, tudo irá de encontro à vida boa que nos aguarda mesmo com todos os problemas que vem nos afligindo. Um dia irá chegar de que a mentira tomará conta de todas as verdades e esse termo já tão defasado irá cair por terra e nada nem ninguém jamais irá lembrar de que aconteceu um fenômeno chamado verdade na face da Terra.
Vivamos, de maneira correta, de maneira que não desagrade a ninguém, pois só assim, vamos chegar em qualquer lugar, qualquer posição que queiramos almejar, em qualquer época da vida, estação do ano, hora do relógio... quem faz o bem, recebe o mesmo.
P.V. 09:19 28/12/08

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Vocês verão...

Nossa, que decepção. Mas nem tanto, do mesmo jeito que fica claro a grandeza daquilo. Super estranho, né??

2008 teve altos e baixos, mas essa perda foi muito grande pra mim. Sim, eu que me acostumei a estar sempre na frente, eu que me acostumei a cultivar vitórias estive de fora da maior prova do ano, da maior tentação que poderia haver em 365 dias de puro tédio. Mas foram forças tão grandes que se abateram sobre minha humilde e singela pessoa que nem mesmo da cama pude sair, enquanto pulavam os descarados a rir de minha cara, a debochar de todas as formas possíveis fazendo de mim um nada, como se todo aquele meu passado de glórias caísse por terra, visto que na batalha final, eu me retirei.

Mas a guerra continua e mostrarei que ainda tenho muito gás a dar pela frente pois meu forte é a reviravolta, justamente naqueles momentos em que todos não esperam mais nada de mim, justamante nessa hora que minha força vem à tona e mostro o que todos só desconfiavam, o que todos ouviam pelas esquinas sobre meu nome, aquilo que temiam, que faziam questão de crer que era pura balela, puro blefe inventado com o único intuito de amedrontar os inimigos.

Temei, cretinos! Pois hei de voltar ainda mais forte que antes, com todo o poder que Deus Baco depositou em mim durante essa estiagem de tristezas e desamores. Voltarei ainda mais brabo que antes pois eu pertenço ao mundo canibal onde nada pode deixar de ser comido. Aquele que não come, de ser comido, há.

Mas as forças eram tão maiores que eu que não pude relutar, tive que baixar minhas armas e aceitar uma breve derrota. Todo grande homem sofre derrotas em sua vida, por mais que a vontade seja extremamente ao contrário. Comigo não havia de ser diferente e encarei meu destino como um guerreiro que tem sua espada tomada pelo maldito algoz a espreitá-lo no fronte de batalha, sorrindo terrível com sua armadura branca e laranja, reluzente carrasco a caminhar solene sem nada poder perturbá-lo, a me encarar de longe como se desejasse meu mal, como se se deliciasse com o néctar do prazer que somente a vitória pode trazer. Assisti a tudo isso, calado, deitado, imaginando em meu leito as mil maneiras de poder devolver toda a dor e desgosto que em mim borbulhavam, toda a humilhação que sofri, toda a tristeza que me foi enviada com simples notícias de como decorria o certame sem minha presença. Ainda hoje posso sentir como naquele momento a dor de uma ausência.

Foi duro, mas superei e posso dizer que o que vem a seguir será de muito interesse de todos, o que vem a seguir irá mostrar pro mundo a raiva que sofre a tal metamorfose, que a transforma em algo que ninguém ainda pôde experimentar. O êxtase de sentir a felicidade brotar pelas veias...

Aguardem, cretinos, e verão...
P.V. 19:39 02/01/09