quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A dor desta manhã


“Como se fosse o Sol desvirginando a madrugada, quem sentir a dor desta manhã...”

Adormeci feito criança, corpo mole e irresponsável, totalmente inerte e de posse dela. Nessas horas é que fica clara a total fraqueza de um homem perante uma mulher, também fraca e de posse indefinida ainda. Praguejei horríveis dizeres ao maldito celular que me despertou de um profundo sonho; tão profundo quanto o meu pensamento que paira sobre ela nesse momento. Mas esqueçamos o fim e comecemos por onde mais interessa: o início.
Justamente agora onde um falso frio envolve meu corpo, quando a chuva cai raivosa lá fora e os trovões dão o tom inebriante tal qual as batidas do meu coração, eu relato o que não pode (não pode?) e não deve (não deve?) se calar. Sei também que a confiança depositada deve ser mantida, porém estou vivendo um estado de êxtase em que algo parecido com uma paixão incontida revela-se em mim.
Já vinha sendo encantado pelo brilho de um sorriso há algum tempo, mas não acreditei em nada daquilo, talvez por já estar calejado com as inverdades da vida, talvez por acreditar que nem tudo que reluz seja ouro, ou talvez fosse aquele famoso medo do sofrimento alheio. Mas deixando tudo isso de lado, todas essas baboseiras do coração que não me fazem bem algum, falemos do tesão que não pára de queimar por dentro.
Muito calor mesmo com o tal frio que ainda cisma em querer enlaçar-me. Coisa estranha. Um fogo que arde até dentro de água, aceso de repente pelas mãos do prazer a consumir o tanto de virilidade que a adolescência me permite. Todas as quentes promessas que troquei tiveram utilidade grande ao fazer-me viajar deitado e inconsciente.
Deita-me de novo, ó Morfeu, faz-me sonhar mais uma vez, não me acorde mais, sempre preso sozinho e acompanhado nessa cama a delirar imóvel com o deleite de poder mandar no que é meu, com a vontade sendo realizada da maneira mais deliciosa que possa haver, fazendo as promessas tornarem-se realidade, sentindo por dentro o que já não se agüenta mais por fora, deixando fluir todas as maravilhas perfeitas que a vida pode oferecer, fazendo o que dá vontade, o que é dono de mim, o que posso fazer com ela... Ó Morfeu, não me deixe mais acordar desse sonho que tive a felicidade de ter, e faça melhor, faça com que um dia, quando a inevitável hora de se levantar chegar, faça com que seja ainda melhor ao vivo, faça com que tudo seja inesquecível e que a união de dois corpos mostre ao mundo que a perfeição existe, que o estado de Nirvana existe, que tudo é prazer e nada é problema. Ó Morfeu, deixe-me mergulhar nesse mar de perdição que me foi dado, deixe-me afogar nesse mar de beleza que é uma dádiva dos céus, deixe-me gozar das lindezas do mundo, deixe-me deitar com uma deusa e acordar como um deus.
Sei que às vezes exagero em minhas palavras e que nem tudo disso pode ser a total verdade, justamente pelo exagero já mencionado, mas é o que sinto no momento e torçamos pra que essa vontade seja uma crescente infinita a me fazer explodir por dentro. Quero um rosto doce e meigo a me olhar pedindo mais, quero sentir a dor da manhã seguinte sendo desvirginada pelo Sol, quero o prazer puro de acordar e não abrir os olhos, quero o escuro, quero o claro, quero no chão e na cama, quero num canto, onde ninguém nos veja, quero com barulho, quero em silêncio, quero o que quero, quero o que ela quiser...
Estou em suas mãos, estou entregue ao prazer...
P.V. 20:39 22/01/09

Um comentário:

Unknown disse...

Nossaaaaaaaaaaaaa adorei issooooo.............
Bjs!!!!