domingo, 26 de abril de 2009

Um cachorro adestrado

Vamos reviver aquilo que já atormentou meus anos mais jovens.
Na verdade, nesse momento aproveito pra dizer que o pior já passou e agora só fica a sensação do que poderia ter sido e as lembranças de algo que não aconteceu; nossa mente faz questão de inventar todas as situações possíveis, brincando como criança nesses jogos perigosos. E eu embarco nessa onda, ou surfo nesse barco, pois o ócio toma conta do meu instante e nada mais interessante do que mexer nas coisas do sentimento passa pela minha cabeça.
Eu, do fundo do meu coração, me desculpo por te culpar por todas as coisas que eu não pude fazer. E eu me machuquei machucando você. É assim mesmo que aconteceu ou só a letra da canção que sopra nos meus ouvidos uma inspiração momentânea? Sei lá, nem me interessa saber. Tudo o que poderia oferecer caiu por terra e ainda vejo escorrendo pelo ralo sem vontade de fazê-lo voltar só por um orgulho que cultivo dentro de mim há tantos anos e não me desfaria dele por nada. Como uma mãe que tem no filho o amor mais sincero do mundo mesmo sabendo de sua má índole.
E sempre disse que mulheres difíceis apaixonam meu sentimento. Mas esqueci de mencionar o simples fato de que meu orgulho é pai da dificuldade e não poderiam jamais se bater para que faíscas de amor queimassem nossos rostos. Uma família separada traz menos dor do que uma vida inteira de diferenças juntos.
Mas ainda assim, se tudo fosse menos egoísta e o coração não fosse tão cruel com todas as suas posses e más intenções para com os seus portadores, a vida a dois seria bem interessante pra nós. Claro que o meu convencimento é notável nessa hora, mas não digo isso como um tom humorístico, digo do fundo do meu coração que minhas ações seriam todas as possíveis pra que brotasse a cada segundo um sorriso no rosto lindo que Deus lhe deu. E também brotaria um sorriso no rosto meu sempre que lembrasse que o rosto seu pertencia a mim.
Mas ainda assim veríamos o futuro de outra maneira. Dois olhos quando miram um horizonte enxergam bem mais longe, e não seria exagero se dissesse ao pé do seu ouvido que te amo e que te quereria pro resto da minha vida. Por mais que não fosse verdade, por mais que a hipérbole se fizesse dona das minhas palavras, por mais que tudo em volta provasse o contrário, sei que você acreditaria... sei que você sorriria de novo pra mim e diria que seu desejo também era de estar comigo nos momentos eternos que a vida nos reservaria.
Bem utópico, o meu amor. Mas eu sou todo uma utopia infinita. E nem sequer tens a intenção, a boa vontade de ler as letras que dedico à sua beleza, cruel como és, pisas na minha paixão sempre com um sorriso no rosto e uma palavra que me conforta e me faz acreditar que a verdade é essa que está mesmo estampada no ar. Tu és assim e nada te mudará. Linda e indecente na sua vergonha e não depende de mim pra ser feliz, pois ainda não se envenenou com minhas mentiras. Ouve tudo e nada em ti fica.
Morro de medo de saber que seres assim existem e preocupo-me imensamente com o futuro, antes promissor, das minhas paixões incontidas. Temo pelo meu sofrimento pois amo como ama um amante desesperado. Como um cachorro de apartamento que é solto nas ruas pela primeira vez.
Morro de medo de ser atropelado.
P.V. 20:22 22/04/09

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