sábado, 18 de abril de 2009

Vestido estampado

Já saí da mesmice momentânea que havia coberto meu ser com uma cor negra dessas que não se vê todos os dias, dessas cores monocromáticas que só fazem mal à vista de quem se interessar por algo mais colorido. Nem sei o que estava fazendo da minha vida nessa última semana que poderia ser um tanto quanto proveitosa se fosse da melhor maneira utilizada, mas os poréns que o destino nos entrega mostram o que não gostaríamos, mas infelizmente temos que ver. E não fecho meu olhos para as adversidades. Enfrento de peito aberto com o coração na ponta dos dedos tocando de leve o rosto da tristeza pra que ela sinta escorrer pela face meu sangue vermelho que vibra com as histórias que já viveu. Molha-se a tristeza e parte pra longe de mim pois eu não lhe pertenço mais.
Certas vezes na vida temos pensamentos que nos fazem contradizer aquilo que tanto pregamos durante os tempos passados. Mas nem por isso devemos nos crucificar e conjeturar sobre estarmos ou não equivocados. São só pensamentos que querem invadir o fazer e mostram-se fracos quando a razão e o sentimento vivido dão as mãos pra proteger o patrimônio que lhes pertence.
E comigo nem foi assim que aconteceu pois a diferença sempre me atinge pra mostrar novas tendências ao mundo, pra fazer evoluir o homem, pra que o futuro seja melhor para o resto das pessoas. Simplesmente acordo e meus olhos são instintivamente abertos pra que a visão seja aceita, pra que veja o que me aguarda, pra ponderar as alternativas e dizer a mim mesmo que isso não é característica que se encaixe no meu ser pensante.
Um presidente apaixonado seria a utopia maior que se possa dizer em tempos modernos onde a gritaria exagerada se mostra presente nos ouvidos que não querem nada ouvir. E os meus estão sim, muito interessados em absorver tudo o que me chega. Foi uma semana de surdez, uma semana de que não se deve acreditar em muita coisa, ou quase nada, ou bem menos do que isso. E o presidente que se faz homem mais uma vez prova que não tem escrúpulos ao se contradizer em tão pouco tempo o que só nos leva a crer que Deuses também sangram como já bem disseram os 300 guerreiros que me cercam.
É muito pouco pra me fazer feliz. Ou talvez seja muito diferente pra me fazer feliz. Sempre precisei de mais do que podiam me oferecer, sempre fui muito exigente em relação a tudo, sempre quis no meu tempo e não no alheio. O relógio que gira no meu pulso deve girar no meu pulso. Não interessa a mim que eu pergunte a quem tende a estar estático na minha frente as horas pois sei que eu posso enxergar com meus olhos o tempo que passa. Dependo de muito pra ser feliz e não dependo de ninguém pra depender do resto.
Estou velando minha paz. Estou jogando fora o vestido estampado de preto que pairava sobre mim durante sete dias da vida que me foi ofertada há vinte anos. E nem mesmo o carnaval voltou pra que eu espere pra usá-lo mais uma vez. Simplesmente aguardando feriados, jogado num canto escuro da casa onde se camufle pra que fique fora da minha vista, mas intacto. Intacto...
O que não nasce não morre.
E os abortos provam o contrário.
Aborto agora um vestido estampado de luto.
P.V. 20:43 18/04/09