quinta-feira, 16 de abril de 2009

Um caso ao acaso

Até caso com ela, caso ela aceite. E não seria só mais um caso. Comprazer aconchegaria seu dedo com ouro e diria "sim" dentro da mais bela igreja repleta de pessoas que eu jamais conheci, mas que me desejariam toda a felicidade do mundo. Passaria o resto dos meus dias a encantar-me todas as manhãs com o rosto lindo esculpido pelos mais criativos anjos do firmamento. Seria alegria demais pra mim se tivesse a sorte de tê-la todas as noites; como o beija-flor beija a flor, eu beijaria todos os dias a mais perfeita flor desse jardim que ainda não conheço: sua boca.
A ansiedade é um dos mais crueis e lindos sentimentos que se pode ter. Vivo meu dia em função de um momento único que talvez não dure mais do que alguns segundos e somente esse pouco já me alegra imensamente. Mas também aterroriza-me o coração pois a demora é grande e no tempo em que aguardo assassino-me diversas vezes imaginando quaisquer contratempos que possam vir de encontro com a utópica perfeição que sempre busco. Certas vezes torna-se uma dor prazerosa. São os meus sado-momentos.
Quando o dia é longo, a noite teima em não querer chegar. O claro é sufocante aos meus olhos e já não quero enxergar nada que não seja o escuro total que abrigará o nosso encontro. E pergunto-me mais uma vez se a Lua se fará presente. Pois sei do amor oculto que há tanto já cultivamos e não gostaria de mais uma vez ferir um sentimento que me pertence. Quero sentir a sua luz cair sobre nós como um néctar branco, como leite derramado que vai nos molhar e nos unir ainda mais. E as estrelas, princesas soberanas que voam sem destino no infinito do ceu, vão admirar e bendizer, como sempre, um casal que brilha tanto quanto elas aqui do chão.
Devo estar delirando, sintomas terríveis da doença que já suspeito estar carregando dentro de mim. E nem quero me curar, nem quero remédios. Vou andar descalço, vou beber gelado e correr na chuva. Quero ir pro CTI com paradas cardíacas de tanto amor que não caberá em meu coração. Nessa enfermidade eu serei o doente mais feliz do hospital. E que ninguém cuide de mim, por favor.
Uma pitada de exagero num pedaço de papel não faz mal a ninguém, muito menos a mim. Justamente por isso continuo rasbicando meias verdades pra que deixem de ser fantasia e tornem-se algo parecido com a realidade. Sei que sonho alto, mas a culpa nem é minha, acreditem. São meus olhos que filmam as cenas que continuam a se repetir dentro da minha cabeça nessa edição fantástica que me faz lembrar de coisas que ainda não vivi.
Eu vou lá, mais uma vez mergulhando em piscinas que não sei se têm água pra que me acomode. E o medo de se machucar já não faz parte do meu pensar pois agora evito o pessimismo pra tentar buscar a felicidade. E o sorriso dela pode me trazer felicidade.
Provoco sorrisos no seu rosto e só isso já me faz o homem mais satisfeito de todos. Saber que as palavras soltas que pulam de minha boca fazem a alegria momentânea dela me deixa imensamente completo.
Pois eu desejo sua boca como nunca antes desejei boca alguma. Desejo seu corpo como nunca antes desejei corpo algum. Mas seu sorriso...
É um jogo perigoso, esse que estou entrando...
P.V. 13:15 15/04/09

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