Estão dizendo por aí, bocas nervosas em cada solitária esquina das ruas por onde não passo, que o presidente está apaixonado. Mas o nervosismo dessas línguas é realmente incrível, vejam só... Belos e malditos são os que perpetuam o nome meu em vão e ainda têm a coragem de explanar boatos dos quais não têm a mínima certeza de concreticidade. E o abstrato é tão mais interessante.
Pois que gritem e joguem na cara de quem for que o presidente também tem sentimentos e a previsível ebulição já começa a se formar na panelinha que me foi oferecida desde os princípios. Não é a primeira vez e algumas ocasiões dessas passadas horas já desejei que seja a última. Mas os fatos que ainda não aconteceram, os mesmos que não tenho conhecimento, não deixam o egocentrismo que me engole digerir tais ideias que se fazem tão absurdas na minha jovial mente; a mãe da razão que não se mete com o sentimento.
Então só ouço os boatos e calo-me. Pois um presidente calado mostra sua força pelos atos deixando de lado as inúteis palavras que poderiam sair erradas de minha boca. Deixo que ouçam, deixo que leiam, algumas vezes até faço questão que saibam. Gosto de curtir o eco de meu nome na boca alheia e a sensação positiva ao atingir meus ouvidos.
Prefiro que gritem meu nome do que calem meu coração. E nem sou assim tão dramático como parece ser. É que penso muito e isso atrapalha as ações que deveria tomar sem ponderar consequências. Depois que as duas décadas tomaram conta do meu corpo pude ver o quanto evolui em relação a algumas coisas e o quanto continuo estático quando o assunto envolve crises de sentimento. O presidente não mudou. O presidente ainda ama. O presidente ainda é bobo.
E o que seria de mim sem uma musa que abençoasse minha criatividade, o que seria de mim se não pudesse expor no papel tudo o que se afoga dentro de mim, se não pudesse ser quem realmente sou por trás de toda essa pomposa forma que Deus me deu? Seria um tanto quanto chato...
Mas os tempos são outros por mais que o clima ainda seja o mesmo. O reino ainda espera muito de seu eleito, o reino ainda espera as grandes promessas que foram feitas e não decepcionarei meu povo que tanto acreditou em mim quando, na posse, jurei amor aos que me amassem também. Mas a exclusividade não seria um pecado sem perdão. Entenderiam, os mortais, que um presidente também se aposenta um dia e seu lagado fica pra que as próximas gerações entendam que o mundo precisa de um líder, que o mundo não pode continuar regredindo, que a história marcada deve continuar e nunca estacionar.
Pergunto-me se é o certo a se fazer, se conseguirão dar conta do recado, se o talento é realmente insubstituível. Perguntas difíceis me estressam por isso deixo de lado o forçado questinário que fico me oferecendo.
Prefiro pensar que domingo à noite eu conheci uma guria; nem era tão tarde como canta a música e o dia ainda estava longe. Mas quem liga para defeitos em palavras quando o sentimento que elas exprimem é tão sincero quanto um beijo?
Gostaria de saber da sinceridade de um beijo negado...
P.V. 20:12 16/04/09
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