ô Pretinha, você tá que tá
ô Pretinha, você tá a fim de dar...
ô Pretinha, você tá a fim de dar...
Mas ora, vejam só. Só porque a pretinha linda que passava do meu lado me beijou (ou será que fui eu quem beijei?) o povo já acha que o que seria dado é pederastia. Mas a pederastia mora mesmo na cabeça daquela pretinha. Ou se não mora na cabeça, esconde-se por trás de seus lindos olhos azuis esverdeados com um leve tom de cinza assim que a noite cai, como caem também seus cílios, negros e longos...
Uma introdução à altura de um texto épico que há de se seguir, pois todos os que partem de mim são épicos e maravilhosos, ainda mais quando relato fatos verídicos (ou não) dentro do antro de poluição que é a festa das festas. Vamos ao que interessa, pois minha modéstia já não se compara mais ao meu ego.
Vinha eu, cantarolando um desses funks eternos e maravilhosos, canções que adentram em nosso ser, quando os relâmpagos de uma câmera digital, invenção de nosso tempo moderno, ofuscaram minha visão, arderam meus olhos e pude enxergar ao longe uma trupe de meninas que posavam como Power Rangers num ensaio de paparazzo no meio da multidão. O degradê de cores era evidente*. Do mais claro pro mais escuro, desde Leilinha, passando por Alinezinha, chegando em Biazinha. Não podia estar enganado. Na verdade, nunca me engano. A única vez, em toda minha vida, que estive enganado foi quando pensei ter me enganado.
Meus vinte anos que acabei de completar, duas décadas de prazer carnal e histórias mil acumuladas em pedaços de papel, donos de meus olhos que viram a nostalgia de meus nem tão áureos tempos. O ouro de tolo que consumia em antigos anos já me satisfazia. O verdadeiro brilho do dourado que vejo hoje me completa como nunca. Mas ainda assim corro em busca do que é meu, do que me pertence, do que me preenche.
Menina Leilinha me prometeu um bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Deu a desculpa de que o tempo feio que pairava sobre as terras de Campo Grande poderiam prejudicar seus planos de me levar o tal bolo. Suas mandigas e macumbas, os três negros patos que jaziam na esquina próxima ao local, o quilo de farofa amarela jogada da terceira janela esquerda do cemitério, o bangalô três vezes e as promessas a São Longuinho fizeram chover como nunca antes choveu durante uma semana e o consequente prejuízo ao falecido dono das Sendas, onde seria comprado o meu doce.
Mas ainda acreditava que conseguiria comer meu bolo, pois meu sangue precisava de glicose, o combustível necessário pra que pudesse continuar na batalha. Fui em busca de menina Leilinha como vai o coiote em busca da alva lebre a saltitar pelos campos do chuchuzal. Olhava em todos os cantos, procurei por trás da equipe pois lá ela poderia estar perdida ou sendo abduzida por uma sonda peniana, procurei na grande árvore que deitava suas raízes no solo, cuja copa parecia beijar as nuvens de tão alta e imponente que se mostrava aquela maravilha da natureza plantada dentro do recinto. Em todos os locais que olhei, nada achei. Mas o flash revelador pôde iluminar meu caminho e me guiar à pederastia. Em fotos assim, o fotógrafo não precisa indicar o passarinho pra que menina Leilinha comece a rir, ela simplesmente já pensa no passarinho durante as 24 horas de um dia, razão óbvia de seu eterno sorriso...
Os brancos dentes de Leilinha iluminaram minha vista e pude, de longe, enxergar o que tanto procurava. Fui ao seu encontro correndo frenético como o famoso Forrest Gump e pulei em seus braços, guloso, em busca de meu bolo, que fora prometido antes. Estava faminto, não comia há dias e aquilo seria a glória para meu estômago. Quando tive a notícia terrível de que a ausência do bolo de cenoura com cobertura de chocolate era certa, entristeci-me. As luzes do local baixaram, a alegria retirou-se, o sorriso murchou, a música parou, o povo não mais se beijou, e meu coração minguou.
Um comentário:
Onde q eu sou macumbeiiiiraa ???????????
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Ô meu paii.....rsrs
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