sexta-feira, 17 de julho de 2009

A escolha do vinho

Deus é um safado.
“Mas cara, como pode você dizer uma coisa dessas, uma blasfêmia de tal tamanho sobre a maior das entidades, sobre os reis dos reis, sobre o maior de todos, o poderoso e tudo mais...?”
Pois não há nada que possa justificar o que me aconteceu nessa noite que ainda não acabou, essa noite que ainda mostra sua escuridão e lentidão para que meus dedos possam escrever o que lhes tenho a dizer. Tudo é muito intenso quando se bebe do vinho sagrado e gelado a obserrvar calmamente tudo que diz a mais bela das princesas que já puderam dividir o espaço comigo.
E diz que vai me ligar, e diz que vai me procurar, e sairemos juntos... tudo na mais linda das verdades por mais que se esconda por baixo desses panos um interesse mútuo. Mas isso não importa pra mim, não importa para a minha vontade que irá ser saciada, custe o que custar, morra quem morrer, sofra quem sofrer, por mais egoístas que sejam as palavras. Pois o amor, quando brota da paixão é impune. Nada pode incriminá-lo...
O garçom serviu-me vinho.
‘Lonely is the night’ como já dizia algum desses poetas saxônicos e suas letras sempre melancólicas e tristes. Mas no meu caminho de casa não consegui imaginar a tristeza depois de ter encarado fixamente o sorriso e os olhos de Durique, esses que me hipnotizam como a mais peçonhenta cobra que não sabe o que fazer quando seu algoz toca a maldita música que a faz dançar.
A paixão me arrebatou e isso só pode ser culpa de Deus. Já disse o feiticeiro que o feitiço há de se voltar contra o mesmo, e devemos sempre tomar cuidado com o que desejamos. É justamente isso que acontece; os únicos que não veem são aqueles que olhos não têm. E meus olhos...? Todos dedicados às palavras que rolam pela sua boca, às palavras que deslizam como pétalas a cair das mais belas flores da primavera.
Estou extremamente ansioso para que a cama me abrigue em seu sono eterno pois sei que antes que meus olhos se fechem durante a eternidade de um momento que durará algumas horas, irei pensar nessa maravilha que me tira a fome para eternizar o que sinto.
Durique e Deus estão arquitetando um plano secreto e sem-vergonha contra mim, para me jogarem ao chão, fazerem-me pagar por tudo que já pequei, mas enganam-se, bobos!! Sou mais forte que vocês com minhas idéias preparadas para atingi-los e derrubá-los antes de mim. Deus eu não sei... Mas Durique tem o sorriso que pode me derrotar.
Na verdade, deveríamos chamá-la de Karol, pois é assim que a trato no dia a dia, linda e bela com suas prováveis covinhas e sinceras promessas que não me deixam mentir. Suas verdades agora me atingem de uma forma que me fazem cair em contradição pois já não consigo mais encarar seus olhos, ouvir sua voz sem que acredite piamente no que sai de sua boca, no brilho intenso dos seus olhos quando me olham. Uma coisa tão linda assim deveria ser minha.
“Cara, se eu te disser que estou apaixonado, acho sinceramante que não acreditaria em minhas palavras, mas admito que o amor me pegou de um jeito que não há nada mais importante nesse momento do que ouvir as palavras que Durique pronuncia com a mais pura leveza e simplicidade que Deus pôde dar a uma mulher.”
Ela vai dizendo tudo que sente, vai entrando em mim, vai me contagiando com sua energia adormecida e seus amores do passado que ainda se fazem presentes, e não sabe mais o que diz, se perde em todas as suas afirmações exageradas, assim como eu também me perco em minhas respostas sem perguntas... Durique é tudo o que há de melhor para se olhar e olharia pelo resto da minha eternidade os olhos que dela saltam sempre que se enchem de lágrimas contidas e retidas... Ela consegue chorar sem derramar a água que banharia seu rosto. Uma mulher de verdade em toda a sua meninice.
E tenta gritar aos sete cantos do mundo que não existe mais amor em seu coração de garota. Claro que a mentira é aquilo que mais encanta seu pensamento para que uma verdade inexistente possa se tornar concreta. Durique não precisa disso, Durique é única na sua perfeição que pude verificar hoje...
“Não quero mais falar, meu grande amor, das coisas que aprendi nos discos...” e nem nada disso que estou vendo agora pois não quero acreditar no que diz meus olhos, no que vê minha boca, no que sente meus ouvidos e tudo isso que está aqui bem na minha frente, tudo que faz parte de mim agora e pode se perder amanhã, ou grudar-se ainda mais em minha pele... a verdade é nua, e não há roupas que lhe vistam nessa hora da noite, tudo que se diz é a mais pura verdade pois não sou dono de mim, não comando meus dedos, é a imaginação, é a mente que diz, que grita o que penso e que sinto nesse instante.
E Deus quer me derrubar só porque pedi algo que ele talvez não vá aceitar pois sabe que minha tristeza irá se aguçar. Estou pouco me lixando pelo sangue que há de escorrer pelo meu coração quando a provável facada adentrar em meu peito. Só quero viver a dor de uma paixão para daqui a algum tempo poder relembrar com saudade dos beijos quentes e intensos que Durique me proporcionou.
E nem sequer sei como desliza sua língua dentro de minha boca pois ainda não tive o prazer de prová-la, sou um virgem dos lábios da minha deusa.
"Durique, saia da minha vida por favor, pois já não sei o que fazer com tanto amor que escorre por mim sempre que te vejo falando as coisas mais fúteis e inúteis que possam existir."

Sofro por antecedência só de pensar em algum dia ouvir palavras de sua boca em direção a mim mostrando sentimento...
É muito mais do que só imaginar, é bem mais do que se querer, é algo tão forte que transcende a mente, e o coração, e o que chamam de sentimento, e tudo isso que escrevo e tento colocar no papel.
Nunca acreditei na exclusividade do amor, e não será dessa vez que também que acreditarei. Ela nem quer nada disso, ela está adepta da poligamia, a vida dela é tudo que eu imaginei pra mim, tudo que respira parece ser meu ar, tudo que come parece ser o que mastigo, um espelho se põe em sua frente sempre que encara suas feições e minha imagem se joga em seus olhos. Somos dois em um.
Disse um homem aos meus olhos essa manhã: “Por que sofrer se o amor lhe aguarda?? Por que derrubar lágrimas se a felicidade está lhe esperando na virada da próxima esquina??”
Achei bonito, fechei o livro.
E pedi vinho ao garçom.
P.V. 23:58 16/07/09

2 comentários:

Leilinha disse...

Aii c tá mto chatoO....Coloca uma parada engraçada aii pra eu dar boas gargalhadas....

Karoline disse...

sou apaixonada pela sua chatisse s2