Era um desses dias normais que começam pela manhã e só terminam no próximo nascimento do Sol. Louvamos ao funeral da Lua que nos acompanhou de perto durante toda a madrugada. Esses inícios do sétimos mês do ano são sempre promissores e revelo que dessa vez não está sendo diferente.
No último dia da semana, levantei antes do galo começar a cantar a galinha e me dirigi rumo à responsabilidade. Decorridas 12 horas de árduo trabalho, segui mais um dos conselhos de minha velha mãe: “Primeiro a ralação, depois a putaria.”
E já vinha ouvindo rumores sobre acúmulos de pessoas em busca de um mesmo ideal, todas reunidas clamando pela felicidade com seus respectivos copos na mão, dos mais variados líquidos, cantando sempre numa só voz a música que gritava pelas enormes caixas de som, lá numa terra distante onde o fim do mundo deve ter seu começo.
Porém sozinho eu não poderia ir. Tenho isso dentro de mim, essa necessidade louca de estar sempre acompanhado para que no futuro haja testemunhas dos mais ridículos fatos que parecem seguir-me. E foram Thaisinha, a Foca Preta, Joyce Dançarina, e a Cristiane, vulgo Kikity. Belas testemunhas, diria meu advogado. Rômulo, o Orlando Ronaldo também estava presente.
Thaisinha é uma pessoa de difícil gênio. Isso pode ser bem exemplificado com a guerra que esta adolescente trava com seus inocentes fios de cabelo, motivo de nosso exorbitante atraso. As pessoas têm que entender que os ditados populares possuem toda a razão quando explanam suas teses em forma de palavras. Da mesma maneira que um pau que nasce torto, morre torto, os cabelos que nascem duros, morrem duros. É bem verdade que Deus castiga, mas o que ele fez na cabeça de Thaisinha foi esculacho.
Passada a crise inicial e com os cabelos penteados, partimos rumo à alegria nas longínquas de Itaguaí City.
Pessoas inteligentes se programam e traçam um plano de trajeto quando se destinam a algum lugar do qual não conhecem bem. Posso dizer com bastante convicção que nós não fazemos parte desse tipo de pessoas. Tem gente que diz que quando as coisas dão errado, a tendência é que piore ainda mais e, com isso, o ideal seria retroceder. Também digo que não somos gente assim.
Em uma das conduções que pegamos pra tentar chegar ao local da festa, Joyce e toda a sua incrível capacidade de se achar feia dentro de um casulo de perfeição, indagava a todo momento se o seu cinto dourado estava descombinando com sua pulseiras e brincos prateados. Mas é claro que estavam descombinando! Mas ninguém liga pra isso, pois o mesmo cinto dourado que ela usava estava bem abaixo de algo que chamava muito mais atenção, se me permitem a franqueza.
E eis que entra na van, um jovem no alto de seus quase 19 anos, esbelto, magro, com o rosto desenhando com algumas espinhas e outros fiapos de barba, características básicas de quem vive essa idade de transição do menino para o homem. Eu, que queria informações sobre a Expo para a qual estava me dirigindo, perguntei se pra lá ele ia. Disse-me que não, que iria em uma festa onde havia muitas mulheres. Senti em sua afirmativa um ar de zombaria com minha cara e um pouco de ironia, mas logo concluí que uma pessoa como aquele jovem não saberia diferenciar esse tipo de atitude. Tive a certeza que ele ia mesmo para o puteiro.
A casa das primas, a casa da luz vermelha, a casa das mulheres de costumes fáceis... quantos nomes poderiam ser dados ao lugar para o qual ele se destinava, mas especificamente West Night Club era a que ele ia junto de seus amigos que já lhe aguardavam no local. E Joyce não pôde se conter e teve que indagar o rapaz sobre sua roupa. Quase que babando em cima dela, ele ficou sem palavras, engoliu a seco a vergonha, corou as bochechas espinhosas e disse alguma coisa que agora eu não me recordo, perdão, mas foi engraçado e eu lembro que a gente riu.
O relógio no meu pulso já me dizia que o sábado tinha ido embora para dar lugar ao domingo e ainda estávamos parados em frente a uma Van, pertencente ao maravilhoso transporte alternativo carioca, sem combustível. Uma Van sem combustível rumo à festa é a mesma coisa um homem broxa na cama com a mulher mais gostosa do mundo. Mas a raiva não supera a vontade de querer ser feliz, então os deuses da noite nos enviaram uma kombi maravilhosa que pôde nos levar ao nosso destino. Ou pelo menos quase lá. Porque, coincidentemente, o motor desse veículo também parou, mas o som alto da festa nos indicava que a proximidade era tal que poderíamos ir andando seguindo o barulho.
Sem mais contratempos, partimos em direção ao povo, esse povo maravilhoso, esse povo itaguiense, se é assim mesmo que escreve, esse povo que nos aconchegou com toda sua hospitalidade, nos dando a oportunidade de adentrar em sua cidade histórica e absorver dela tudo sem pedir nada em troca.
Fomos andando pelo mar de gente, atropelando tudo e todos, abrindo espaços pois as estrelas da noite haviam chegado um pouco atrasadas, é bem verdade. E por todos os lados, sorrisos estampados nos rostos eram vistos pois a festa do amor traz alegria ao coração de todos aqueles que nos cercavam e nos contagiavam. Decerto que a música não fazia muito jus à perfeição do momento, porém tudo se releva e até mesmo eu que não sou fã desse pagode extremamente romântico, me peguei cantarolando as canções que o rapaz em cima do palco gritava.
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Um comentário:
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Esse texto está parecido com as minhas histórias com as minhas fiéis escudeiras!!!!
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Te amu!!
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