Saiba com todas as letras do meu pensar que tu não és mulher pra mim, a não ser de uma tarde ou outra perdida entre palavras vis, entre mentiras que arrancarão dos seus olhos as lágrimas que lavam a sujeira de falta do pudor de sua cara. Se precisas de mim, estarei aqui para ocupar o lugar que em ti se faz vazio, mas esse lugar não demonstra sentimentos, e sim a libido da carne que pulsa dentro de suas vergonhas, que não mais existem.
E se faz linda por fora. Tanto quanto quando caem suas roupas, pequenas...
Divago sobre a vulgaridade de suas palavras que invadem meus ouvidos nessas tardes chuvosas do mês de julho, posterior ao mês dos amantes. Talvez seja esse o mês dos adúlteros. Seu mês, meu amor... Nosso mês.
Me vejo em você, por mais que as críticas auto-protestantes sejam aqui gritadas pelos meus dedos que não param desde que o telefone se desligou. Você se faz suja, pois já cansou de todo o brilho da limpeza que jamais te trouxe a felicidade plena, caiu no antigo esquema dos “bonzinhos que só se fodem” e agora tenta recuperar o tempo perdido tragando aos goles a vida que se oferece aos seus pés.
Usar sua beleza excessiva para atos tais como esses que ouço é de grande burrice. Grandes poderes trazem grandes responsabilidades, mas vejo que a ignorância lhe atinge a cada dia mais fortemente. Continuarei me esbaldando de você...
Disse o irmão Antônio, em sua prosa poética, pregador das palavras do Senhor, moralista, sincero, arrependido dos erros do passado:
Escute as palavras que lhe digo
Não erre e evitará o pranto
Não pense só no seu umbigo
E sossega esse pinto branco
Mas ela é uma criminosa, as palavras da pregação, fruto da obra, não conseguirão me mudar, me transformar quando ponho lado a lado, letras, vozes, e seu rosto coberto pelos lisos fios de cabelo que lhe caem pelos olhos, pedintes, sedentos do amor... Gritem, minhas reticências; vocês podem.
És Lucíola, puta arrependida.
Sentes a vontade de se entregar ao prazer, sente todo o fervor que lhe sobe pelas pernas e, deveras, não consegue esconder esse sentimento que é bem mais forte que qualquer outra coisa que possam ter inventado e escondido dentro dos corações das pessoas. Mas ela sente também o que a razão lhe diz e a sensatez do sentimento lhe pede. Ambas as vontades farão mal se não forem bem administradas. E pessoas ignorantes não sabem utilizar o que a vida oferece, não sabem fazer simples coisas, como separar o prazer da razão, não sabem dar valor ao que tem em mãos, não sabem se dedicar a um grande amor sem que fira o sentimento daquele que está ao lado. Mais uma vez, ela gasta o dinheiro de um, nos fins de semana, pra se divertir comigo nos dias de feira...
E Paulo, personagem de José de Alencar, está completamente apaixonado por Lucíola...
P.V. 16:57 03/07/09
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