sexta-feira, 3 de julho de 2009

Réplica de um coração vagabundo

Mulher de uma noite, mulher de me fazer feliz por um único momento, mulher que me dedica sorrisos sinceros que não vão jamais me atingir por mais que pareçam ser da mais leve e apaixonante verdade. Só te quero pra curar o meu prazer louco e animal de jovem que ainda sou e necessitado, que sempre serei.
Saiba com todas as letras do meu pensar que tu não és mulher pra mim, a não ser de uma tarde ou outra perdida entre palavras vis, entre mentiras que arrancarão dos seus olhos as lágrimas que lavam a sujeira de falta do pudor de sua cara. Se precisas de mim, estarei aqui para ocupar o lugar que em ti se faz vazio, mas esse lugar não demonstra sentimentos, e sim a libido da carne que pulsa dentro de suas vergonhas, que não mais existem.
E se faz linda por fora. Tanto quanto quando caem suas roupas, pequenas...
Divago sobre a vulgaridade de suas palavras que invadem meus ouvidos nessas tardes chuvosas do mês de julho, posterior ao mês dos amantes. Talvez seja esse o mês dos adúlteros. Seu mês, meu amor... Nosso mês.
Me vejo em você, por mais que as críticas auto-protestantes sejam aqui gritadas pelos meus dedos que não param desde que o telefone se desligou. Você se faz suja, pois já cansou de todo o brilho da limpeza que jamais te trouxe a felicidade plena, caiu no antigo esquema dos “bonzinhos que só se fodem” e agora tenta recuperar o tempo perdido tragando aos goles a vida que se oferece aos seus pés.
Usar sua beleza excessiva para atos tais como esses que ouço é de grande burrice. Grandes poderes trazem grandes responsabilidades, mas vejo que a ignorância lhe atinge a cada dia mais fortemente. Continuarei me esbaldando de você...
Disse o irmão Antônio, em sua prosa poética, pregador das palavras do Senhor, moralista, sincero, arrependido dos erros do passado:

Escute as palavras que lhe digo
Não erre e evitará o pranto
Não pense só no seu umbigo
E sossega esse pinto branco

Mas ela é uma criminosa, as palavras da pregação, fruto da obra, não conseguirão me mudar, me transformar quando ponho lado a lado, letras, vozes, e seu rosto coberto pelos lisos fios de cabelo que lhe caem pelos olhos, pedintes, sedentos do amor... Gritem, minhas reticências; vocês podem.
És Lucíola, puta arrependida.
Sentes a vontade de se entregar ao prazer, sente todo o fervor que lhe sobe pelas pernas e, deveras, não consegue esconder esse sentimento que é bem mais forte que qualquer outra coisa que possam ter inventado e escondido dentro dos corações das pessoas. Mas ela sente também o que a razão lhe diz e a sensatez do sentimento lhe pede. Ambas as vontades farão mal se não forem bem administradas. E pessoas ignorantes não sabem utilizar o que a vida oferece, não sabem fazer simples coisas, como separar o prazer da razão, não sabem dar valor ao que tem em mãos, não sabem se dedicar a um grande amor sem que fira o sentimento daquele que está ao lado. Mais uma vez, ela gasta o dinheiro de um, nos fins de semana, pra se divertir comigo nos dias de feira...
E Paulo, personagem de José de Alencar, está completamente apaixonado por Lucíola...
P.V. 16:57 03/07/09

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